Uwe Boll ataca novamente neste segundo capítulo da jornada de Bill Williamson (Brendan Fletcher), o exército de um homem só, fortemente armado e blindado, que saiu atirando contra tudo e contra todos em RAMPAGE (2009), como vocês puderam conhecer no post anterior. Sim, esse cara está de volta e mais chateado do que nunca… E a A2 Filmes nos brindou lançando RAMPAGE 2 – A PUNIÇÃO no mercado de home video nacional.
Como não conseguiram pegar o rapaz no primeiro filme, Bill mais uma vez sai pelas ruas com seu traje de kevlar e artilharia suficiente para armar um pequeno batalhão depois de ficar um ano escondido. Mas neste novo capítulo da série RAMPAGE, Bill tem um plano definido, não é só matança desenfreada. Ele invade uma estação de notícias local, coloca um grupo de pessoas como refém e obriga a transmitir ao vivo em rede nacional seu discurso anti-sistema. Claro que quem entra em seu caminho eventualmente acaba levando uma dose de chumbo…
Inclusive, o filme abre com uma situação bem bizarra. Num beco qualquer da cidade, Bill senta numa cadeira, fuma um cigarro e tranquilamente espera uma pessoa qualquer passar. Atira. Depois de acertar um desavisado, ele levanta, arrasta o corpo para ficar fora da vista, senta-se na cadeira e repete o processo até acumular uma boa quantidade de corpos, sem que ninguém faça nada, ou que a polícia seja acionada… Dessas cenas que só poderia sair da mente perturbada do alemão maluco.
Mas o que temos aqui é bem menos um filme de ação e mais uma ostentação do discurso de Boll, numa violência mais verbal e ideológica do que à base de balas. Ainda que haja lá no fundo, bem lá no fundo mesmo, um sentido nos atos de Bill, o texto de Boll continua tão inofensivo quanto antes na dinâmica dos seus rasos discursos. Mas assim como no primeiro filme, sobra ainda um thrillerzinho que ao menos empolga e diverte o espectador que não liga muito para os mimimis problematizadores da sociedade atual. À favor de mais Boll e menos textão chato em redes sociais.
Um dos principais alvos de Bill é Chip, uma âncora de sucesso interpretado pelo sempre divertido Lochlyn Munro (que já havia trabalhado com Boll em IN THE NAME OF THE KING 2). Chip é o garoto propaganda da estação local que Bill escolheu para transmitir sua chamada às armas, então, naturalmente, ele é o primeiro a sofrer nas mãos do “revolucionário” Bill. E é legal ver esses dois atores que pouca gente conhece mandando bem nas performances, e Boll consegue extrair uma dinâmica bacana e tensa na relação dos dois. Quem também dá as caras por aqui é o próprio Boll, numa pequena e ridícula participação como diretor da estação local, soltando algumas das frases mais engraçadas do filme…
A maior parte da ação de RAMPAGE 2 acontece em um único local. Lá pelas tantas Bill tem um impasse com um esquadrão de polícia que tenta invadir sua zona de conforto, onde rola um bocado de tiros e explosões, com o protagonista encurralado e a lista de reféns capturados ficando cada vez menor. Mas como disse antes, a ação é bem mínima, deflagra mesmo só nos últimos 10 minutos. A contagem de corpos é moderada, bem menor que a do filme anterior.
Na verdade, as melhores partes de RAMPAGE 2 são quando Bill explode em monólogos com suas críticas sobre tudo o que atualmente está errado no mundo, acenando para que seus semelhantes se levantem e se revoltem… Por mais que seja um discursinho chulé, é quando o filme ganha em emoção, em entretenimento. Não sei nem se é consciente da parte do Boll, mas acaba funcionando como uma sátira social que se não é muito profunda e reflexiva, ao menos é engraçada de se ver, com um diretor com tamanha desenvoltura em vomitar seu ódio pelo mundo corporativo e capitalista.
O problema que tive com RAMPAGE 2 acaba sendo na sua estrutura em alguns momentos, com um excesso de flashbacks, uma reciclagem de cenas do primeiro filme que, caso você ainda não tenha assistido, é um bom resumo, mas se já viu só serve pra encher linguiça a fim de preencher o tempo de projeção e ser um longa com seus 90 minutos.
Mas se alguém por aí curtiu o primeiro filme, definitivamente pode dar uma chance a RAMPAGE 2 sem medo. Claro, talvez alguém saia decepcionado na medida em que não atende aos requisitos de uma sequência – geralmente maior, mais ousada, mais explosiva – mas funciona bem. E hey, estamos falando de Uwe Boll aqui, um sujeito que já foi considerado um dos piores no seu ofício. Ainda que tenha feito bons filmes no final da década passada, é sempre bom se precaver com as expectativas.
Mas RAMPAGE 2 é legal. Acaba um pouco prejudicado por seu baixo orçamento, recursos limitados, uma única localização quase o filme inteiro e incomoda o excesso de material reaproveitado do primeiro filme. Mas é no seu discursinho cretino, mas socialmente mordaz, forçado a alimentar monólogos e ocasionais ceninhas de ação é que faz valer o filme.
E é bom repetir, RAMPAGE 2 – A PUNIÇÃO está disponível em DVD, no acervo da A2 Filmes, através do selo Flashstar, e pode ser encontrado nas melhores lojas do ramo ou disponível para ser assistido hoje mesmo em algumas plataformas digitais como o Looke.
Filminho bem ridículo. Idéias torpes de “ui, não estou satisfeito com esta vida, e por isso vou matar todo mundo”. Poderia ter começado com ele mesmo.
Pois é, como discurso e ideias o filme é ridículo mesmo heheh! Mas eu ainda consigo curtir o lado thriller e como essa bobagem ideológica é transformada em imagem pelo alemão…rs
huuu huu aaaa
mamaco não poder compreender. ^^