RANKING PSICOSE

Já que estamos no mês de Halloween, nada mais justo que ver uns filmes de horror pra variar… Como se eu já não assistisse coisas do gênero o ano inteiro. Mas enfim, há alguns dias resolvi rever a franquia PSICOSE. Sim, o clássico de Alfred Hitchcock de 1960 teve algumas continuações nos anos 80 e 90, caso alguém não saiba. Eu já tinha visto quando era moleque e não me lembrava de nada. E foi uma boa jornada. Quero dizer, pelo menos alguns valeram muito a pena. Outros nem tanto. Então resolvi listar os filmes da série em ordem de preferência, do pior ao melhor.


6. BATES MOTEL (1987), de Richard Rothstein

O pior filme da franquia PSICOSE disparado é isso aqui. Entre PSICOSE III (1986) e PSICOSE IV (1990), tentaram fazer um spin-off da coisa toda, uma série de TV que acabou não indo pra frente. O piloto acabou virando esse TV movie meia boca que ignora as continuações produzidas até ali e imagina como seria se o serial killer Norman Bates tivesse ficado amigo de um garoto dentro da instituição que estava preso logo após os eventos do primeiro filme. 27 anos depois, Bates morre e deixa o famigerado motel de herança pro rapaz, que precisa reformar e reabrir o local… É o multiverso PSICOSE.

É fraquinho, uma comédia dramática sobre esse sujeito chamado Alex West (Bud Cord), um deslocado social tentando lidar com a vida fora da instituição onde passou a vida inteira preso, as burocracias para reabrir o motel, fazendo amizade com novas pessoas e, de vez em quando, encarando uma ou outra situação de horror, como se o mal que assombrou a família Bates ainda estivesse ligado ao local. Se o trabalho de suspense e horror não fosse nulo, talvez rendesse algo, mas nem pra isso BATES MOTEL presta. O arco da escritora, por exemplo, no terceiro ato, uma historinha de fantasmas totalmente deslocada da trama principal, é constrangedor e provavelmente dá um gostinho do que seria a série. Da mesma forma, a revelação final, ao estilo desfecho de Scooby Doo é um dos troços mais ridículos que já vi. Enfim, não vale muito a recomendação, a não ser que você seja um completista obcecado.

5. PSICOSE (1998), de Gus Van Sant

É o único filme que não revi, então nem vou me prolongar muito. Um experimento que o Van Sant fez de refilmar o clássico de Hitchcock quadro a quadro… Há quem defenda, mas eu particularmente acho uma inutilidade. Prefiro rever o original trocentas vezes. Mesmo assim, pelas minhas lembranças, ainda é melhor que BATES MOTEL.

4. PSICOSE IV (1990), de Mick Garris

O quarto e último da série PSICOSE também é um filme feito pra TV. Ao longo de quase 90 minutos assistimos Norman Bates (Anthony Perkins já imortalizado pelo personagem) tentar desempacotar toda a sua bagagem emocional e psicológica ao telefone num programa de rádio, com um monte de flashbacks da sua infância e adolescência, explorando as origens que o levaram a ser um serial killer e sua relação edipiana com a mãe (Olivia Hussey). Também descobrimos que Norman agora se casou e está tentando acabar com seus demônios para sempre. O que inclui matar sua esposa grávida para que o mal não passe para a próxima geração…

Mas é tudo meio decepcionante. Até curto algumas coisas do Mick Garris, mas acho que sempre foi mais simpatia pela sua boa vontade com o gênero do que realmente talento, mas temos alguns momentos aqui e ali mais inspirados em PSICOSE IV, como quando Henry Thomas (o garotinho do E.T. O EXTRATERRESTRE) assume o papel de Norman Bates adolescente, lutando com seus sentimentos inquietantes por sua mãe e propensão a esfaquear mulheres. Mas num geral as coisas não funcionam muito bem, é tudo muito chato e nem trazer o roteirista do original e a trilha sonora de Bernard Herrmann ajuda muito…

3. PSICOSE III (1986), de Anthony Perkins

Aqui começam as surpresas. Não lembrava que este terceiro filme era tão legal. Foi dirigido pelo próprio Anthony Perkins, que não se aguenta em criar uns fan service para homenagear o filme original (com alguns detalhes e enquadramentos que copiam o filme de 1960) e o próprio Hitchcock (a sequência inicial das freiras remete muito a VERTIGO), mas ao mesmo tempo transporta o material para o slasher dos anos 80 em toda sua essência: exagerado, com grande dose de nudez, um bocado de violência, muito neon, só coisa boa… Pode não ter um trabalho psicológico tão complexo, como o de PSICOSE II (1982), mas todos esses elementos típicos do horror oitentista compensam pra diversão.

Perkins, particularmente, tá um bocado over, mas ainda é maravilhoso assisti-lo como Norman Bates. E ainda demonstra um bom domínio na direção, na condução das coisas, construção de atmosfera tão peculiar do slasher e da estética do horror dos anos 80 num geral… Podia ter investido mais no ofício. Mas o que realmente se destaca em PSICOSE III é a presença insana do grande Jeff Fahey. O cara tá sensacional!

2. PSICOSE II (1982), Richard Franklin

Uma sequência que consegue expandir o cânone do primeiro filme, que é um dos maiores da história (e a essa altura já sabem que ficou em primeiro lugar neste ranking), ao mesmo tempo em que se aprofunda nos seus mistérios. Um filme com grande interesse em examinar essa figura que é Norman Bates (Anthony Perkins simplesmente genial aqui) sem transformá-lo em um rato de laboratório, simpático ao espaço mental do personagem, interessado em descompactar as camadas de uma vida inteira de trauma, culpa e medo na sua psique, 22 anos depois dos eventos do primeiro filme.

Há também uma boa dosagem de momentos de tensão e horror para equilibrar o drama, com algumas mortes realmente divertidas (e como já estamos nos anos 80 aqui, um pouco mais de violência gráfica que o clássico) e algumas boas reviravoltas. Ótimo roteiro de Tom Holland e a direção sempre competente de Richard Franklin, o “Hitchcock australiano”. Pode não chegar aos pés do original (poucos filmes do gênero chegam) mas temos aqui um dos melhores filmes de psicopatas dos anos 80.

1. PSICOSE (1960), de Alfred Hitchcock

Por fim, a cereja do bolo. Não tinha como ser diferente. E talvez neste momento, revisto pela milésima vez, PSICOSE seja o meu Hitchcock preferido… Desses filmes que eu já coloquei numa prateleira especial dos exemplares que nunca vou cansar de rever. É perfeito. Quantos filmes podem se orgulhar de terem reformulado um gênero? Não acho exagero nenhum dizer que essa obra-prima de Hitchcock, talvez o mais famoso filme de serial killer da história, criou o horror moderno.

Dessa vez fiquei atento nos detalhes da atuação de Anthony Perkins como o jovem Norman Bates – seu rosto, no final, é uma das mais terríveis expressões do mal já vistas. É tão antológica que não surpreende o sujeito nunca mais conseguir se livrar do papel. Mas o que faz mesmo de PSICOSE um filme extraordinário é a brilhante construção de planos que Hitchcock usa para costurar uma história que é simplesmente fantástica. Desde o plano inicial, a Janet Leigh de sutiã, o domínio do suspense durante cada segundo de sua “fuga”, a trilha sonora do Herrmann entoando, o encontro com Bates, até chegar na cena do chuveiro, que é uma das mais icônicas da história e que desconstruiu toda a noção de protagonismo que o cinema havia trabalhado até então.

É brutal, tenso, tesudo pra cacete e com aquela ironia macabra tão inerente ao velho Hitch.

Enfim, tudo já foi dito sobre PSICOSE. Essa revisão, mesmo depois de tantas e tantas ao longo de décadas, foi primordial só pra perceber ainda mais o quanto amo esse filme.

SEXTA-FEIRA 13 (1980)

Mês de outubro, clima de Halloween, etc, aproveitei para revisitar SEXTA-FEIRA 13, o clássico slasher que tá completando 40 anos em 2020. Já fazia umas duas décadas que não assistia, mas guardava boas lembranças. Então fiquei feliz de ter essa impressão confirmada agora. Não acho nenhuma obra-prima, mas é um horror bem eficiente e, levando em conta o seu contexto, a coisa se torna especial, estamos mexendo com as raízes do subgênero slasher por aqui…

Claro, PSICOSE pode ter plantado a semente; BAY OF BLOOD, de Mario Bava, e BLACK CHRISTMAS, de Bob Clark, serviram de base e muita inspiração; e HALLOWEEN deu o pontapé inicial. Outros filmes surgiram no meio do caminho que de certa forma dialogam com o subgênero (MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA, por exemplo). Então é evidente que SEXTA-FEIRA 13 não criou nada do zero. Mas é fascinante perceber como o diretor Sean S. Cunningham e o roteirista Victor Miller pegaram todos os ingredientes possíveis desses filmes anteriores, misturaram e conceberam a alma do slasher movie, um produto final de pureza absurda, estabeleceu todos os clichês do gênero. Provavelmente um dos mais copiados de todos os tempos. HALLOWEEN pode ser um filme melhor em vários sentidos. Esse sim, uma obra-prima. Mas SEXTA-FEIRA 13 é o filme definitivo quando se trata de slasher movie.

Essa revisão deixou ainda mais evidente como SEXTA-FEIRA 13 é um filme muito bom. É direto, a trama é simples, mas gosto do seu primitivismo. E como foi tão copiado ao longo das décadas, fica a impressão até de um filme meio genérico – tirando a reviravolta no final, ele nunca sai do formato narrativo que estabelece desde o início. Mas quando você para e pensa que a coisa aqui ainda tava em sua gênese, é incrível.

E é interessante como a memória às vezes engana, o filme não é tão violento quanto eu lembrava e, apesar disso, não senti falta de algo mais brutal. Obviamente temos algumas ceninhas gráficas de violência com muito sangue e corpos perfurados, rasgados e decepados para dar aquela alegrada e poder elogiar o trabalho fenomenal de Tom Savini – especialmente na cena da morte de Kevin Bacon (único no elenco jovem que conseguiu desenvolver uma carreira depois?). Mas em comparação com slashers posteriores, é suave.

Mas como disse, não senti falta de mais violência, acho que compensa o trabalho atmosférico, a câmera em “primeira pessoa” que observa furtivamente o grupo de jovens que em breve vão virar presunto… E o cenário que é estabelecido captura perfeitamente o terror mágico das florestas, com a chuva cintilante caindo em Crystal Lake, cada vez mais descendo às trevas. Chega num ponto que não se vê merda nenhuma na tela, de tão escuro, mas ao mesmo tempo é precisamente iluminado para que se veja o que é necessário. Está no nosso DNA, sabemos que é preciso ficar perto do fogo, da luz, e fingir que não há nada lá fora nos observando. Mas a gente sabe que a qualquer momento uma lâmina bem afiada pode surgir pra cortar a nossa jugular… Esse é o poder de SEXTA-FEIRA 13.

Mas peraê? Até gora não falei do maior ícone da série SEXTA-FEIRA 13! Talvez o principal motivo da franquia durar tanto tempo. Na verdade, é provável que seja o maior ícone do slasher movie de uma forma geral. Acho que não chega nem a ser um spoiler o que vou dizer, mas se você, por algum motivo, nunca teve notícias sobre o primeiro SEXTA-FEIRA 13, esteve em coma nos últimos 40 anos ou chegou agora no planeta terra vindo de marte, sugiro que não leia o próximo parágrafo antes de ver o filme.

O fato é que neste primeiro filme, o inigualável Jason Voorhees, com sua inconfundível máscara de hóquei, não é exatamente um personagem, ele é “o motivo” de todas as mortes… Não ficamos sabendo muito da história do Acampamento Crystal Lake, apenas que é chamado de “Camp Blood” por causa de alguns assassinatos que rolaram no passado (mostrados logo no início do filme) e tentativas de reabrir o acampamento falharam. No final do filme, Betsy Palmer aparece como a lunática Pamela Voorhees, que começa a falar sobre o garotinho que se afogou no local e revela que era seu filho, Jason. Ela culpa os conselheiros do local por não cuidarem do moleque o suficiente, e totalmente surtada confunde qualquer filho da puta que cruza seu caminho com os conselheiros. E é isso, essa senhorinha é quem de fato perfura, corta e decepa os vários personagens de SEXTA-FEIRA 13.

Inclusive, um dos pontos altos é a luta final entre a final girl do filme, Alice (Adrienne King) e Pamela Voorhees. Elas realmente partem pra grosseria, rolam no chão, dão pancadas, é uma briga bem digna. Mas não demora muito, Alice decepa a cabeça da velha com um facão, o que é algo que já torna SEXTA-FEIRA 13 obrigatório… Não é sempre que vemos uma senhorinha simpática de suéter tendo a cabeça cortada.

Agora tenho que rever a parte 2, que a única coisa que lembro é que, agora sim, teremos Jason em todo seu resplendor para mais uma contagem de corpos, apesar de ainda ser sem a máscara de hóquei… Vamos ver como se sai hoje. Se for tão divertido quanto este aqui, já fico no lucro.

ESCOLA NOTURNA, aka OLHOS DO TERROR (Night School, 1981)

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ESCOLA NOTURNA não é lá dos melhores slashers que eu já vi. É um exemplar bem comum de um modo geral, com algumas ideias decentes que acabam prejudicadas pela previsibilidade do roteiro, que não consegue segurar por muito tempo a identidade do assassino ou suas motivações… Mas tem algumas peculiaridades redentoras que fazem valer a pena uma conferida. Ei, é um filme que tem um assassino de capacete de motociclista com uma faca decapitando moças! Então momentos de diversão é o que não falta.

É curioso que ESCOLA NOTURNA teve o “privilégio” de constar na famigerada lista dos “Video Nasties“, filmes que foram censurados, mutilados ou proibidos, especialmente em território britânico no período; este aqui acabou tendo lançamento por lá só em 1987. Vendo hoje, me surpreende essa decisão porque ESCOLA NOTURNA está longe de ser dos mais sangrentos ou subversivos filmes de horror em comparação com vários outros exemplares da época. A quantidade de elementos sexuais e nudez é pouca e em termos de violência, a maioria dos assassinatos acontecem fora de campo… O que se vê são as consequências dos crimes. Uma cabeça que acaba em um vaso sanitário ou outra que desce lentamente entre os peixes de um aquário público, sob os olhos horrorizados dos visitantes, e por aí vai… Porque nosso assassino não apenas decepa-lhes a cabeça, mas também as mergulha na água, uma particularidade que intrigará o investigador da polícia, interpretado pelo italiano Leonard Mann.

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E essas execuções absurdas e misóginas (as vítimas são todas mulheres) são mais como rituais, e a suspeita então volta-se para um professor de antropologia libertino que não hesita em praticar “aulas particulares intensivas” com suas alunas, se é que me entendem… Além disso, ele é o único professor do sexo masculino numa faculdade para moças (na qual as vítimas eram estudantes). Descobrimos também que ele não é o único garanhão da escola. A diretora do colégio parece, er… gostar das mesmas coisas que ele, e não pretende ter competição. Mas a verdade por trás dos assassinatos será bem diferente no fim das contas…

Quem dirige ESCOLA NOTURNA é o veterano Ken Hughes, bom artesão que brinca com todos os clichês do slasher: assassino neurótico emergindo dos mais variados lugares, vítimas jovens, câmera subjetiva, enquadramentos peculiares… Para ser justo, eu curti o filme porque tem mais a cara de um Giallo do que slasher. Lembra muito os filmes italianos feito na mesma época. Desde a trilha sonora de Brad Fiedel até a presença de Leonard Mann, mais conhecido pelos papeis em Spaghetti Western, tudo contribui para dar a impressão de que estamos diante de um suspense policial italiano.

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Algumas sequências são bem interessantes e vale destacar, como a do restaurante, onde o diretor literalmente brinca de esconde-esconde com o espectador e a cabeça de uma das vítimas; na parte erótica, temos uma excêntrica cena de sexo num chuveiro em que o professor de antropologia esfrega um tolete de tinta vermelha em sua aluna/amante (Rachel Ward). No final, sobra tempo até para uma frenética perseguição de carro e moto pelas ruas apertadas da cidade… No entanto, ESCOLA NOTURNA também pode desapontar pelo fato de ter esse motociclista armado com um facão decapitando as moças, algo muito promissor, mas, como já disse, quase nunca vemos as tais decapitações de fato.

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Mas é um filme de detetive/assassino honesto, com boa atmosfera de horror em alguns momentos e alguns toques de um humor ácido (voluntários ou não). Cabeças rolando, mistério (embora fácil de resolver), lesbianismo, excentricidades antropológias… Os entusiastas do slasher vão se divertir.

HALLOWEEN (1978)

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Este ano não fiz o meu habitual Especial de Halloween, com filmes de terror… Não tive nenhum motivo, apenas não me apeteceu. Mas como hoje ainda dá tempo de trazer algo aqui no blog sobre o tema, que tal falar um pouquinho de um dos maiores clássicos do gênero em todos os tempos e que carrega a data comemorativa estampada no título?Não sou muito chegado em escrever sobre as obras-primas já celebradas que existem por aí, prefiro comentar umas coisas obscuras e de qualidade duvidosa. Acho mais divertido. E considero HALLOWEEN, do John Carpenter, um filminho simplesmente GENIAL. Mas já que estamos exatamente nesta data especial, vou arriscar alguns comentários.

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Só pra provar o efeito que este filme teve no período do lançamento, basta observar o seu sucesso comercial. Com um orçamento de cerca de 300 mil dólares, arrecadou uns 60 milhões, tornando-se a produção independente mais lucrativa do cinema americano na época. Outra maneira de entender o fenômeno HALLOWEEN é de fato sentar a bunda no sofá e ver e rever e comprovar que se trata de uma das experiências mais fascinantes dentro do gênero do horror americano.

A trama, se formos parar pra analisar, é um fiapinho de nada sobre um assassino maluco e mascarado à solta numa pequena cidade na noite de Halloween, aterrorizando adolescentes. O que acontece é que essa historinha foi transformada, nas mãos de Carpenter, numa verdadeira aula de cinema, com uma assustadora coreografia de câmeras, iluminação, trilha sonora, em uma sucessão de planos/imagens que absorve o espectador num universo de horror de maneira única.

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HALLOWEEN cria um dos principais ícones do slasher americano, o serial killer Michael Myers, que é apresentado neste primeiro filme como um garoto que, no Dia das Bruxas, resolve pegar uma faca e descobrir como era sua irmã mais velha… por dentro. Tudo filmado num plano sequência de grande força visual, com uma câmera subjetiva onde nós adquirimos o olhar do precoce assassino. Após dez anos de confinamento num manicômio, Michael foge e retorna para Haddonfield para aterrorizar e fazer novas vítimas. Uma delas é Laurie, Jamie Lee Curtis, que consegue sobreviver e na sequência lançada em 1981 descobrimos que ela é a irmã de Myers.

O meu personagem favorito da série é o Dr. Loomis, encarnado pelo grande Donald Pleasence. O sujeito caça Michael Myers como Van Helsing caça vampiros, porque após anos e anos de estudos como psiquiatra de Michael, Loomis parece ser o único com a noção de perigo que é ter o Myers à solta zanzando por aí. A forma como demonstra isso é andar sempre com um 38 carregado. Não só neste, mas em quase todos os filmes da série em que o personagem aparece, Pleasence possui um desses desempenhos expressivos digno de nota.

9201859_orig1284125_origMas o grande destaque de HALLOWEEN e que o eleva ao status de clássico é mesmo a direção de Carpenter, com todo o trabalho de câmera e apuro visual, que eu não canso de elogiar, bastante influenciado por Dario Argento. Howard Hawks sempre foi uma inspiração óbvia do Carpinteiro, mas tanto pelo uso da câmera subjetiva, a maneira como se move, quanto pela estilização visual das cores e iluminação, fica claro, especialmente aqui, que Carpenter deu umas assistidas em PROFONDO ROSSO e SUSPIRIA antes de filmar HALLOWEEN. E o resultado visto na tela, somado à estranha e minimalista trilha sonora do próprio Carpenter, cria um clima de puro horror e tensão, praticamente estabelecendo um padrão para este tipo de produto. Quase todos os elementos que conhecemos dos slasher movies nasceram aqui e por isso nunca me canso dessa belezinha…

QUEM MATOU ROSEMARY? (The Prowler, 1981)

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O diretor Joseph Zito pode estar um tanto esquecido atualmente, mas para um certo grupo de apreciadores de cinema de ação casca grossa oitentista, no qual eu me incluo, seu nome ainda possui muita representatividade no gênero e nunca será esquecido. E não é para menos, o cara tem no currículo MISSING IN ACTION, também conhecido como o primeiro filme do personagem Braddock, imortalizado pelo Chuck Norris; o filosófico e transcendental war movie, RED SCORPION, com Dolph Lundgren; e o clássico dos clássicos, o petardo INVASÃO USA, também com o Norris. Ou seja, mais respeito com o sujeito, por favor. E vale destacar também sua contribuição no horror, gênero que, na verdade, abriu caminho para Zito no mundo do cinema.

E já que estamos no mês do halloween, é no horror mesmo que vamos focar nossas atenções. QUEM MATOU ROSEMARY? é o terceiro trabalho de Zito (os outros dois são thrillers de horror que não tiveram muita expressão), um típico slasher com trama, personagens, direção, atmosfera, ritmo e elementos muito bem caracterizados pelo subgênero e que deu a ele a oportunidade de dirigir SEXTA-FEIRA 13 PARTE 4: O CAPÍTULO FINAL (84), um dos meus capítulos favoritos da série. Repito, portanto, mais respeito com o Sr. Zito. Continuar lendo

SILENT NIGHT, DEADLY NIGHT III: BETTER WATCH OUT! (1989)

99270257Na época que assisti a NATAL SANGRENTO da primeira vez, logo me interessei em ver a série inteira. Ao conferir quem eram os diretores das sequências me veio a surpresa: nunca imaginei encontrar o nome de Monte Hellman relacionado a um deles. Sim, estou falando de um dos grandes mestres do cinema independente americano, que nos brindou com obras do calibre de TWO-LANE BLACKTOP, GALO DE BRIGA e westerns existencialistas, e que surge aqui na direção desta continuação de um slasher qualquer dos anos 80. A única explicação que eu vejo pra isso é o desespero de um artista tentando ganhar um trocado para pagar as contas no fim do mês…

Até porque o fato de ser o Hellman na realização acabou por não significar muita coisa. SILENT NIGHT, DEADLY NIGHT III não possui qualquer ligação com o cinema do homem, apesar da tentativa. Geralmente, seus filmes são lentos, reflexivos, mas tentar fazer a mesma coisa por aqui só resultou mesmo num terror fraquinho, sem inspiração. Não chega a ser um desastre total, mas é ruim até diante do segundo filme da série, que apesar de infame, diverte facilmente.

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Confesso que esperava mais. Gosto de acreditar que alguém como Hellman poderia entrar no meio de uma série de slasher meia boca e fazer uma pequena obra-prima, botar os demônios pra fora e foder de uma vez a mente do espectador! Digamos que o Ingmar Bergman, por algum motivo, logo após FANNY & ALEXANDER, tivesse decidido fazer um dos episódios de SEXTA-FEIRA 13, ou o Martin Scorsese optasse, no início dos anos 90, tomar o lugar do Albert Pyun em KICKBOXER IV… os fãs desses caras iam ficar malucos! Eu ia achar o máximo! É mais ou menos com esse pensamento que eu encarei SNDL III.

A história começa num hospital, onde um médico faz experiências com uma garota cega, que é uma espécie de vidente, colocando-a para dormir cheia de fios ligados à cabeça, tentando fazê-la ter algum contanto, através de sonhos, com o assassino do segundo filme, que está em coma no quarto ao lado e desta vez é interpretado pelo Bill Moseley… o mesmo assassino que, pelo que consta nos autos, teve a cabeça decepada! A ideia que tiveram para trazê-lo de volta, e com vida, é absurda, mas é até interessante. O cara teve o cérebro reconstruído e agora tem uma cúpula de vidro no alto da cabeça que deixa seu cérebro à mostra, algo típico de um quadrinho ou desenho animado! Tá vendo? Nem tudo é de se jogar fora por aqui…

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Bom, a cega e seu irmão, junto com a namorada, vão para a casa da vovó passar o natal, numa propriedade afastada da cidade. Só que o assassino acordou do coma e voltou a fazer suas vítimas desenfreadamente. Uma conexão psíquica com a cega, sequelas das experiências, faz com que o sujeito vá atrás da moça, deixando um rastro de corpos pelo caminho até a casa isolada que os protagonistas se encontram.

O problema é que quase todas as mortes de SNDN III são off screen, os diálogos são horrorosos e a estrutura do filme beira o amadorismo, assim como a noção de tempo, especialmente no último ato. Até sei apreciar alguns exemplares ruins assim, especialmente quando dirigidos por certos diretores notórios pela falta de talento, como um Uwe Boll ou Albert Pyun. Só não esperava algo do tipo realizado por um verdadeiro mestre. A única cena que realmente presta é Laura Harring, em início de carreira, bem à vontade dentro de uma banheira. Robert Culp, que vive o tenente encarregado no caso, também não decepciona. A protagonista é interpretada pela bela Samantha Scully, que lembra um pouco a Jennifer Connelly. Acho que as pessoas tinham uma tara por essas morenas de sobrancelhas grossas, vide Dario Argento em PHENOMENA…

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No fim das contas, é uma tentativa torta do Monte Hellman no universo slasher, que recomendaria ao menos uma espiada… É possível que num bom dia alguém desfrute mais do que eu dessa chatice. Na época, o filme foi lançado direto no mercado de vídeo. No Brasil recebeu o título de NOITE DO SILÊNCIO.

NATAL SANGRENTO 2 (Silent Night, Deadly Night 2, 1987)

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O desfecho do primeiro filme deixavam as coisas em aberto para uma óbvia continuação onde o “mal” do assassino fantasiado de Papai Noel teria passado para seu irmão mais novo. Dito e feito, a trama de NATAL SANGRENTO 2, de Lee Harry, segue o irmão, agora adulto e vivendo atrás das grades. Por meio de sua narração, conversando com um psiquiatra, saberemos, à base de flashbacks, o que o levou para o xadrez, além de um resumo do primeiro filme. E quando eu digo resumo, entra aqui uma picaretagem das boas! Incluíram sequências inteiras, diálogos inteiros, resumiram NATAL SANGRENTO inteiro nos primeiros 40 minutos deste aqui.

Duas opções pra quem quiser encarar a série. Você pode pular o filme original e ir logo para o segundo tomando um conhecimento CLARO do que foi a primeira parte. Ou assista ao primeiro e veja o segundo com o controle na mão para avançar praticamente 40 minutos de picaretagem. Mas, caso tenha assistido ao filme de 84 há muito tempo e esquecido do que se trata, assistir a este aqui irá refrescar a memória. De qualquer maneira, demonstra quão pilantras são os realizadores.

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O importante é não deixar de assistir a TODOS os momentos em que o protagonista aparece em cena e analisar seu desempenho. Eric Freeman é o nome da figura e apresenta uma das piores atuações que eu já vi na vida. Eu adoro atuações ruins. Geralmente isso é um motivo a mais para minha diversão quando vejo uma tralha dessas. É fácil notar a ausência de vocação do sujeito em artes dramáticas ainda no início, contando sua história, mas a partir do momento que ele narra os acontecimentos que fizeram surtar como seu irmão e iniciar uma onda de assassinatos agindo como um louco, a coisa fica ainda mais evidente, beirando o genial! Depois ele ainda foge da cadeia e se veste de Papai Noel também, para não quebrar a tradição, e seu desempenho consegue piorar mais ainda. Hour concours das atuações ruins, de longe! Só pra dar um gostinho, recomendo esse trecho para sentir a expressividade do sujeito… a força que ele possui em cena, no olhar e na risada. Um gênio, sem dúvida.

Inferior ao primeiro, mas com momentos impagáveis por conta do indivíduo aí acima, NATAL SANGRENTO 2 vale uma conferida. Continuamos com a série amanhã, o terceiro capítulo, dirigido pelo Monte Hellman. Vamos que vamos!

NATAL SANGRENTO (Silent Night, Deadly Night, 1984)

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Uma boa opção em Dezembro é reunir a família ao lado da árvore de natal, comendo peru com molho de mostarda, refrigerante, bombons, e conferir toda a série de filmes natalinos SILENT NIGHT, DEADLY NIGHT! O primeiro filme é conhecido no brasil como NATAL SANGRENTO. Sua avó vai adorar! Nada melhor que Papai Noel segurando um machado pingando sangue em frente de um monte de criancinhas.

Dirigido por Charles E. Sellier Jr., NATAL SANGRENTO é um típico slasher movie que nunca foi celebrado como um HALLOWEEN ou SEXTA FEIRA 13, mas possui mais cérebro do que muita coisa estúpida do gênero lançada naquele período. O que não quer dizer que os exemplares estúpidos sejam ruins… Existe um monte de coisa boboca que me agrada e ainda me faz refletir bem mais como espectador do que algumas produções metidas a inteligente. É mais ou menos o caso deste aqui, cuja pretensão é apenas a de ser um bom filme de terror. No entanto, por um detalhe ou outro, consegue sobressair-se diante de alguns de seus “concorrentes” da época.

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Basicamente, os realizadores queriam um filme com um assassino vestido de Papai Noel. Só que até chegar ao ponto ao qual um sujeito entra na fantasia e sai cortando cabeças com um machado, o roteiro traça todo um painel ricamente detalhado do psicológico do personagem, abordando a sua infância e os acontecimentos traumáticos que levaram a agir de maneira tão brutal na fase adulta. Isso cheira à pretensioso por demais e daria um belo filme nas mãos de um Bergman, mas não é! Todo desenvolvimento do rapaz é tratado de maneira simples e visual, sem qualquer tipo de discurso psicoanalítico profundamente chato.

Gosto da cena no início da visita ao avô, que é essencial na construção do medo da figura do Papai Noel e culmina com o principal acontecimento que traumatiza o guri: a morte dos pais por um bandido fantasiado de bom velhinho. Outras sequências exploram esse trauma infantil com bom humor, como a que o protagonista, ainda criança, é obrigado a sentar no colo do Papai Noel e fica se debatendo até estourar um murro na cara do velhote, que cai todo ensanguentado perguntando: “What the hell is wrong with that kid?”.

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Já adulto, o machado come solto! As sequências de assassinatos não são lá muito criativas. O filme realmente fica a desejar nesse sentido. Apesar disso, em nenhum momento economizam em sangue e há um par de mortes interessantes, como a do garoto que tem a cabeça decepada pelo machado afiado do Papai Noel assassino enquanto desliza na neve com um trenó. Outra cena bacana é a que a jovem Linnea Quigley, antes de se tornar musa do horror oitentista, é empalada nos chifres de uma cabeça de veado preso à parede. A moça já aparece aqui mostrando seus belos dotes durante toda sua participação em cena… aliás, um dos bons motivos para não deixar de conferir NATAL SANGRENTO é a quantidade de nudez espalhada pelo filme.

Mas já dá pra ter uma noção de que NATAL SANGRENTO não é nenhuma obra-prima do horror e porque não possui o mesmo status de um HALLOWEEN, mas também não merecia ser massacrado pela crítica na época de seu lançamento, muito menos a campanha realizada por várias associações contra a sua exibição no cinema. Acabou fracassando comercialmente. Hoje é considerado cult, teve quatro continuações, o terceiro episódio é dirigido por ninguém menos que Monte Hellman e o quarto pelo Brian Yuzna, e vou comentar todos aqui no blog nos próximos dias.

ESPECIAL HALLOWEEN 2013 #02: THE FOREST (1982)

Estava com este slasher aqui num HD externo, nem lembro porque baixei ou se tive alguma referência do que se tratava, nem sabia se prestava… Bem, acabei vendo para o especial de Halloween e, se querem mesmo saber, não presta não. É um troço muito esquisito esse THE FOREST, dirigido por um tal de Don Jones, que tem apenas seis trabalhos como diretor, a maioria de horror. O filme falha miseravelmente como um slasher movie, mas acrescenta um elemento sobrenatural na trama, umas crianças fantasmas, que não sei se piora ainda mais a situação… Só sei que de tão ridículo, acabei me divertindo com essa tralha! Me lembrou um pouco o Lucio Fulci com suas viagens criativas em A CASA DO CEMITÉRIO e THE BEYOND, com a diferença de que este último uma obra prima do horror e este aqui é um desastre!


THE FOREST começa com uma longa sequência de abertura na qual um casal é brutalmente assassinado numa floresta durante uma caminhada. A criação da atmosfera de suspense é pífia aqui e já logo de cara notei na merda que tinha me metido… mas, prossegui com bom humor, até porque o filme se revelou uma ótima comédia involuntária.

Corta para a cidade grande onde dois amigos reclamam de suas esposas e decidem acampar juntos. Nada homossexual, são apenas amigos dando um tempo de suas mulheres indo para o meio do mato armar a barraca… Er… eu iria para uma boate de strip tease, mas cada um faz o que quer da vida, não? Só que o plano da dupla dá errado. Bem, parte do plano, já que a ideia de acampar no mato permanece. Só que as respectivas senhoras também querem ir junto, portanto, agora é uma viagem de casais. Decidem que vão em dois carros, eles em um e elas no outro. Elas chegam na frente, eles se atrasam e começa o slasher mais fajuto que eu já vi na vida…

Os elementos tradicionais do gênero começam a dar as caras, com os planos em primeira pessoa espreitando as duas possíveis vítimas, algumas tentativas de sustos, sabemos que algo ruim vai acontecer… Mas eis que surge um casal de crianças fantasmas, que aparece e desaparece do nada, alertando que o pai delas está a caça de carne fresca. Depois, aparece uma mulher de vermelho, também fantasma, afugentando as crianças… Claro, as moças já estão vendo a avó pela greta nessa altura, mas fazer o que? E finalmente o assassino entra em cena. Seu visual é uma beleza! Um senhor que parece um tiozão do bar da esquina. Deve ser o perfil de assassino de slasher mais cretino que existe! Enfim, uma das garotas consegue escapar, mas a outra, acaba virando churrasco.

E aí vem o toque de mestre de THE FOREST! Os dois esposos, perdidos, encontram a caverna onde o assassino está assando a carne. Como o sujeito parece inofensivo com aquele perfil pacato, eles o acompanham na ceia, obviamente sem saber de onde veio aquela saborosa picanha… Ugh!

Esta sequência ainda apresenta a história do assassino, que pegou a mulher dando para o encanador e ficou maluco… e os fantasmas são explicados. Sim, este não é daqueles slashers que os personagens “vêem coisas” e no fim descobrem que eram apenas ilusão. São fantasmas mesmo! Mas tudo mostrado de maneira muito rasteira, o roteiro é bastante estúpido… mas pelo menos há uma cena num flashback onde temos o assassino com um tridente vs o amante com um… pedaço de bicicleta!!! Que porra é essa?!?! Só essa cena já valeu ter conhecido THE FOREST!

Já no final, quando o terror toma conta daquela floresta, temos algumas cenas com um bocado de sangue, há aqui um ou outro momento mais tenso, bom uso das locações, embora Don Jones não tenha a mínima capacidade de criar um clima de suspense decente durante a maior parte do filme… Outro problema são os atores. O horror! O horror! As crianças, em especial, me dava vontade de gargalhar toda vez que apareciam em cena. E a trilha sonora é um caso a parte. Juro de todas as formas possíveis que se trata da pior que meus ouvidos já ouviram num filme do gênero!!! Portanto, depois de todas essas fortes emoções que não recomendo a ninguém, vamos torcer para que o próximo filme do especial Halloween seja um pouco melhor que THE FOREST.

HATCHET II (2010)

Não achei HATCHET II tão divertido quanto o primeiro, mas tem vários bons momentos e vale uma conferida pra quem gostou dessa homenagem ao slasher oitentista feita pelo diretor Adam Green. Tenho gostado do trabalho desse cara. Não é nada impressionante, mas até agora não vi um filme ruim. Além desses dois filmes da série HATCHET (o primeiro chegou ao Brasil com o título TERROR NO PÂNTANO), eu vi FROZEN, cujas impressões eu coloquei aqui.

HATCHET II inicia no exato momento em que o filme anterior acaba, só muda a atriz principal, agora com Danielle Harris (atriz mirim nos anos 80, participou da série HALLOWEEN) interpretando a única sobrevivente do massacre no pântano cometido pelo Victor Crowley, uma espécie de entidade brutamontes e deformada que volta do mundo dos mortos para se vingar dos causadores de sua morte. Se quiserem saber mais sobre o personagem assistam ao primeiro!

Temos um problema neste aqui com o ritmo. Depois de um começo promissor, a coisa demora pra voltar a entrar no trilho, é preciso esperar um bocado pra começar a boa e velha matança de personagens descartáveis. E no quesito “mortes violentas e criativas”, o primeiro também vence fácil. Claro que ver um sujeito ter sua cabeça decepada com as próprias tripas lhe apertando o pescoço é sempre legal… Mas de uma forma geral, as mortes acontecem rápidas demais, com poucas exceções, embora sempre com muito gore e exagero. E o filme é bem curtinho, não chega a 90 minutos, mas a enrolação logo depois do início faz com que o final, as mortes e até a construção de uma atmosfera de suspense, sejam feitas às pressas.

O primeiro também tinha a vantagem de mostrar várias mulheres nuas. Aqui, temos duas ceninhas, no máximo.

O bom é que Tony Todd não faz apenas uma apariçãozinha rápida como no filme anterior. Aqui ele é um dos principais personagens e está ótimo como sempre! Dá pra se divertir com seus discursos e canastrice enquanto esperamos o banho de sangue. No elenco, temos também a presença de Tom Holland, que nos anos 80 dirigiu dois clássicos do horror naquele período, como A HORA DO ESPANTO e BRINQUEDO ASSASSINO, e o grandalhão R.A. Mihailoff, que já encarnou o Leatherface em O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA 3, do Jeff Burr.

Como já disse, se colocado em comparação com o primeiro, o nível cai um pouco, mas motivos para conferir HATCHET II é o que não falta, nem que seja como um passatempo sem compromisso num domingão à tarde sem nada pra fazer. Apenas uma observação, como na minha resenha de HATCHET vários amigos demonstraram a sua indignação perante à obra, a esses eu recomendo distância deste aqui! E HATCHET III vem aí!

TERROR NO PÂNTANO (2006)

No texto sobre FROZEN, também dirigido por Adam Green, eu disse que daria uma chance a este filme aqui… percebi que havia algo neste cineasta que pudesse diferenciá-lo da grande maioria dos demais diretores “especialistas” americanos do gênero em atividade. E os amigos Herax e Otávio ainda chegaram a reforçar a ideia de que valia a pena conferir. E valeu mesmo, o filme conseguiu me fisgar de imediato. Logo nos primeiros minutos temos Robert Englund em uma pequena participação como um caçador de crocodilos sendo estraçalhado por um brutamonte deformado! Um filme que começa assim, deve valer a pena…

TERROR NO PÂNTANO (Hatchet) tem uma trama bem simples que mistura clichês clássicos do gênero, um tom de humor que lembra UMA NOITE ALUCINANTE, com elementos da série SEXTA-FEIRA 13 e etc. Ben é o nosso protagonista, um sujeito parecido com um “emo”, só que mais velho, que vai até o “carnaval” de Mardi Gras com um grupo de amigos para tentar se distrair e esquecer o fim de seu relacionamento, mas acaba não conseguindo naquele ambiente pecaminoso e ofensivo. Pra quem não sabe, esta festa de Mardi Gras é aquela onde as moças se sentem confortáveis e mostrar alguns atributos em troca de um colarzinho colorido… esses “emos” são meio estranhos mesmo.

De qualquer forma, ele consegue convencer um de seus amigos a fazer uma programação inusitada. Ao invés de ficar olhando para peitinhos a cada 3 passos nas ruas onde a festa acontece, algo bem chato, realmente, Ben arranja um passeio de barco para conhecer um local cuja lenda diz ser amaldiçoado. E lá vão eles, com mais um grupo de pessoas. E deparam-se com uma autêntica maldição, a típica história da casa isolada no meio do pântano onde no passado um violento crime ocorreu envolvendo Victor Crowley, um menino deformado. E agora seu espírito vingativo (ou será o próprio?) está a solta destroçando qualquer pessoa que se aproxime do local… por aí vai.

Tenho certeza que se TERROR NO PÂNTANO fosse realizado no início da década de 80, Victor Crowley seria um desses ícones do slasher e o filme, óbvio, seria um clássico! As mortes são lindas, exageradas, violentíssimas, criativas e, o melhor de tudo, sem efeitos de CGI. 100% de maquiagem à moda antiga e muita groselha para sujar o cenário! O desfecho também é legal. Os cinéfilos mais extremos vão perceber que não há nada de mais, no entanto, para um filme americano de horror recente, chega a ter um grau de ousadia.

De bônus, além de Robert Englund, temos a presença de Richard Riehle e do grande Tony Todd.

Em 2010 foi lançado o segundo filme da série, também dirigido pelo Green. Espero que ele consiga manter o mesmo nível e o excelente climão de slasher movie oitentista realizado fora de época.

HALLOWEEN: THE CURSE OF MICHAEL MYERS (1995) de Joe Chappelle

Vou fechar a conta por aqui com a série original de HALLOWEEN. Os próximos seriam o H20, que eu vi na época que saiu em VHS nas locadoras e é bem fraquinho, e HALLOWEEN RESURRECTION que passou outro dia na HBO e é meia boca também. A estes dois, não vou gastar meu tempo.

Já este sexto capítulo surpreende o espectador, no mal sentido, pelo caminho que os roteiristas levaram a série. O filme tenta explicar a origem do mal de Myers e porque ele insiste tanto em matar os membros da família. Tudo envolve uma seita satânica e baboseiras desnecessárias iniciadas com o abominável HALLOWEEN 5, realizado seis anos antes.

O roteiro foi reescrito onze vezes até que chegasse a este resultado visto na tela. Idéias demais, personagens demais, muita estupidez contribuem para afundar de vez a franquia e tentar encher os bolsos de produtores que queriam se aproveitar do título. Talvez fosse mais fácil investir num filme de terror sobre seitas e assassinatos sem envolver o universo HALLOWEEN. Também não sairia nada de muito interessante, mas acho que teria um pouco mais de chance.

Até porque estamos aqui em 1995, slasher como subgênero já estava praticamente enterrado. Levando em consideração este tipo de horror neste período, o filme até que se sai bem em vários aspectos que envolvem os elementos de suspense, tem boa atmosfera de terror em alguns momentos, além de ter uma contagem de corpos altíssima, talvez a maior da série. De certa maneira, sofre o mesmo mal de HALLOWEEN III, embora este sim seja um ótimo filme. HALLOWEEN 6 não deixa de ser fraco, mas é bem melhor que o filme anterior.

Uma cena rápida, já quase no final, Michael Myers está andando no corredor escuro de um hospital com as mãos vazias. De repente ele para ao lado de uma prateleira com alguns equipamentos cirúrgicos, objetos cortantes, escolhe sua arma favorita e a pega. Volta a seguir seu rumo para fazer novas vítimas. Não preciso de mais nenhuma explicação. Essa cena define muito bem o Myers e seu mal pra mim…

Existem muitas histórias de bastidores, problemas de diferenças criativas entre o diretor Joe Chappelle e o produtor (que chegou a lançar uma versão sua), a morte de Donald Pleasence, encarnando aqui pela última vez o papel mais marcante da carreira, já bem velhinho e pouco aproveitado… poderia ter se aposentado antes, mas preferiu trabalhar até o fim da vida, mesmo em projetos medíocres como este.

HALLOWEEN 5 (1989), de Dominique Othenin-Girard

Fiquei puto ontem à noite, pois quando terminei de ver HALLOWEEN 5 escrevi um texto bacana sobre o filme e de repente o notebook desligou e perdi o texto. Acabei escrevendo tudo de novo, mas não é a mesma coisa. Pra piorar a situação, o filme é bem ruinzinho…

Já haviam me alertado que a partir do quinto capítulo de HALLOWEEN, a série começaria a desandar. Realmente, se for levar em conta este aqui, eles devem ter razão. O filme inicia com o final do anterior – assim como o segundo começa com o desfecho do original (nos bons tempos de John Carpenter) – e mostra de forma verossímil como Michael Myers conseguiu sobreviver aos acontecimentos que fecham o quarto filme. Logo depois, o de sempre, Myers arranja uma faca bem afiada e retorna a Haddonfield para matar sua sobrinha e todos que entram em seu caminho. Mas a coisa não funciona muito bem em HALLOWEEN 5.

Mostrar detalhadamente como Myers sobrevive já começa com uma decisão infeliz. É totalmente desnecessário e retira o tom sobrenatural do personagem. No início do quarto filme, um sujeito apenas diz que Myers sobreviveu à explosão que aparentemente o matou no segundo, e isso basta. Não tem porque mostrar. É apenas uma das várias mancadas e incoerências que vamos acompanhando no decorrer do filme.

A ligação psíquica entre Myers e sua sobrinha, que culminou no magnífico desfecho do quarto filme, é muito mal utilizada aqui. Os personagens são extremamente burros, não da forma divertida como sempre temos no gênero, mas de maneira que ofende a inteligência do espectador. Até mesmo o Dr. Loomis age como um completo idiota em alguns momentos. Aliás, o próprio Donald Pleasence está meio deslocado e pouco à vontade no personagem que viveu tantas vezes. A atuação da garotinha Danielle Harris é a única que posso elogiar, embora a personagem não escape da estupidez.

O suspense é outro problema sério, porque o diretor Dominique Othenin-Girard parece não ter a mínima noção de construção atmosférica e de como fazer suspense. A sequencia do celeiro é uma teste de paciência. É tão demorada que quando Myers finalmente resolve entrar em ação, a cena já perdeu a força. O único momento que apresenta algum esforço criativo e que me causou alguma tensão é perto do final. Jamie (Harris) se vê sozinha sob a mercê do serial killer na casa, agora abandonada, onde Myers vivia quando era pequeno e cometera os seus precoces assassinatos. Especialmente a cena na tubulação da roupa suja, cujas filmagens foram muito complexas. O resultado é bom, mas não é suficiente pra compensar o restante que é muito fraco.

Já estou até desanimado em continuar essa peregrinação à série HALLOWEEN…

HALLOWEEN 4 – THE RETURN OF MICHAEL MYERS (1988), de Dwight H. Little

A idéia de realizar um filme de terror diferente para ser lançado a cada Halloween era bacana e acabou gerando o divertido e intrigante HALLOWEEN III. Mas como eu disse no post sobre o filme, o público não embarcou no projeto o qual não tinha relação alguma com os dois filmes anteriores. Eles queriam o serial killer Michael Myers de volta e os produtores acabaram atendendo a solicitação.

John Carpenter chegou a escrever um roteiro que foi logo rejeitado pelo teor psicológico, retratando mais as consequências e os efeitos nos cidadãos de Haddonfield em relação aos assassinatos ocorridos dez anos antes. Ao invés disso, os produtores optaram por um slasher movie comum, como muitos daquele período, embora já desse indícios de seu declínio. Carpenter abandonou a franquia e este foi o primeiro que não teve seu nome nos créditos (a não ser no tema musical criado para o primeiro filme).

Mas isso não siginifica que HALLOWEEN 4 seja ruim. Muito pelo contrário.

A trama se passa dez anos após os acontecimentos do segundo filme. Tanto Myers quanto o Dr. Loomis (Pleasence) sobreviveram milagrosamente à explosão que fecha HALLOWEEN II. Um personagem chega a comentar o assunto logo no início, quando alguns paramédicos vão transportar o moribundo Myers para um outro local. O sujeito aparentemente não oferece perigo algum, mas basta estar em movimento dentro da ambulância para demonstrar que ainda não perdeu a velha forma de matar pessoas violentamente.

Dr. Loomis, agora desfigurado, velho e acabado, novamente se encarrega em tentar deter Michael Myers que retorna a Haddonfield para acabar com a vida de sua sobrinha de uns seis anos (Danielle Harris) e de qualquer um que entre em sua frente, como de costume… O filme não explica claramente o que aconteceu com Laurie Strode, tudo indica que tenha morrido, mas em futuras continuações ela retorna. Se bem que isso não faz muita diferença para esses roteiristas picaretas. Enfim, sua filha vive com outra família agora.

Na verdade, o roteiro não é dos que podemos considerar entre os melhores do gênero. As falhas saltam aos olhos, mas podem ser relevadas facilmente, principalmente porque a atmosfera de suspense é ótima. Dwight H. Little não é um John Carpenter, mas sabe criar um clima, só lamento que grande parte das mortes aconteçam off screen. Aliás, o resultado ficou tão leve que foi preciso chamar o técnico de efeitos especiais John Carl Buechler (responsável por muitos filmes de terror e sci-fi daquele período e até hoje encontra-se em atividade) para deixar o filme mais violento.

Little futuramente dirigiria dois bons filmes de ação: MARCADO PARA MORTE (1990), onde Steven Seagal enfrenta uma gangue de jamaicanos adeptos ao vodu, e RAJADA DE FOGO (1992), que comentei aqui outro dia, veículo para Brandon Lee demonstrar o que sabia.

HALLOWEEN 4 vale muito também pela presença do Donald Pleasence, sempre a vontade neste que provavelmente seja o personagem mais marcante de sua longa filmografia. Ele ainda faria mais duas continuações na pele do Dr. Loomis antes de falecer em 1995.

O produto final é um bom slasher movie, bem dirigido, inferior aos dois primeiros (ao terceiro também, embora este não seja um slasher) na minha opinião, mas ainda capaz de gelar a espinha em alguns momentos. Até porque uma garotinha de seis anos totalmente indefesa como alvo do psicopata mais tranquilo do cinema é algo bem desconfortável de se ver. E aquele desfecho é sensacional!

HALLOWEEN II – O PESADELO CONTINUA (Halloween II, 1981), de Rick Rosenthal

Primeiro, uma confissão: da série HALLOWEEN original (e não essa bobagem do Rob Zombie, cujo segundo não me dei nem o trabalho de assistir ainda) os únicos filmes que realmente vi foram os dois primeiros. O do John Carpenter é uma belezura, puta aula de suspense, trabalho atmosférico sensacional, além da utilização magistral de vários elementos que serviram de base para toda uma cadeia de filmes de terror que brotou nos anos 80. Estou sempre revendo. Aliás, toda a obra do velho Carpinteiro deveria ser vista e revista incontáveis vezes…

A continuação de HALLOWEEN, até onde me lembro, foi um dos primeiros filmes de terror que assisti, antes até do que o original. Mas para um pirralho medroso isso não fez diferença alguma, borrei de medo de qualquer forma. Hoje, revendo depois de tanto tempo, continuo achando um bom filme, inferior ao primeiro, mas não deixa de possuir sua força dentro do gênero.

Escrito pelo próprio John Carpenter em parceria com a sua colaboradora, Debra Hill, HALLOWEEN II continua no mesmo ponto onde o primeiro filme termina. Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), depois de quase comer capim pela raiz nas mãos do louco varrido Michael Myers, vai parar num hospital praticamente deserto sobre o qual o filme transcorre como seu cenário principal. Enquanto isso, o Dr. Loomis (Donald Pleasence), que descarregou seu 38 em Myers, procura o corpo do sujeito, o qual simplesmente levantou, fugiu e desapareceu. O roteiro ainda aproveita para criar um laço familiar entre Myers e Laurie para botar mais lenha na fogueira.

Logo no início, seguimos os passos de Myers espreitando entre aquelas casinhas americanas sem muros. Essas sequências já apresentam o tom do filme, cheio de câmeras subjetivas e uma lentidão quase poética que faz todo sentido em relação ao seu assassino. Michael Myers é daqueles que nunca correm atrás de suas vítimas, deixando o espectador com os nervos à flor da pele com suas perseguições perturbadoras. Enquanto a criatura desesperada sai quebrando tudo pela frente numa correria desenfreada, Myers segue dando seus passinhos calmamente e, exceto os “mocinhos”, sempre alcança o alvo onde menos se espera.

Uma das melhores cenas de HALLOWEEN II se caracteriza justamente pela situação acima (tirando o desfecho, claro), quando Laurie corre freneticamente pra não ter a carcaça perfurada e tem de esperar o elevador abrir a porta enquanto Myers vem tranquilo em sua direção. Se ele tivesse apertado os passos um pouquinho, teria cortado mais uma garganta para a sua coleção, mas não seria também uma cena magnífica de puro suspense que simboliza a essência de um dos grandes elementos do slasher movie.

Acho que elogiar a direção de Rick Rosenthal é um tanto equivocada. Não sou o mais indicado a falar sobre o assunto, mas li em alguns lugares que após várias discussões e muitas diferenças de opiniões, Carpenter meteu um pé na bunda de seu diretor e assumiu o posto. Não seria surpresa se ele tivesse dirigido a cena do elevador, mas realmente HALLOWEEN II tem muito de John Carpenter. Se foi mesmo o Rosenthal que dirigiu a maioria das cenas, meus sinceros elogios a ele. Fez um ótimo trabalho!

Só sei que em 2002, Rosenthal dirigiu HALLOWEEN: RESURRECTION, cuja cara não é nada promissora…

Jamie Lee Curtis retorna ao papel que praticamente a lançou no cinema, mas fica meio apagada, até porque sua personagem é uma moribunda na cama do hospital em grande parte do filme. Quem se destaca mesmo é o sempre genial Donald Pleasence em performance inspirada e muito participativo.

Em tempos de HALLOWEEN’s de Rob Zombie, SEXTA FEIRA 13, de Marcus Nispel, e outras tralhas pretenciosas que aparecem nos cinemas atualmente, fico com qualquer slasher menor dos anos 80. Agora que revi esta segunda parte da série iniciada pelo Carpenter, vou procurar assistir logo as partes seguintes que ainda não tive o prazer (ou desprazer) de conferir.

PAGUE PARA ENTRAR, REZE PARA SAIR (The Funhouse, 1981), de Tobe Hooper

Havia pelo menos uns 150 anos que não assistia PAGUE PARA ENTRAR, REZE PARA SAIR, do Tobe Hooper, um diretor que adoro, mas preciso começar a rever algumas coisas dele que estão se apagando da memória, como foi o caso deste aqui. Não me lembrava de quase nada, apenas o essencial para dizer que gostava.
O filme ainda é muito bom, embora a narrativa seja um pouco lenta demais para o padrão, mas é um slasher elegante que merece ser celebrado. Na abertura Hooper cita PSICOSE, de Hitchcock, e HALLOWEEN, de John Carpenter, de maneira muito divertida. O filme se passa num parque de diversões onde um grupo de adolescentes fica preso e a mercê de uma criatura bizarra (concebida pelo genial maquiador Rick Baker).

Além da citação do inicio e cenários que parecem ter saídos de um filme de Mario Bava ou Dario Argento, THE FUNHOUSE ainda faz referências a vários símbolos conhecidos dos clássicos filmes de terror da universal. Hooper extrai um universo muito interessante do parque de diversões e que proporciona vários momentos perturbadores com clima de terror que só o cinema oitentista era capaz de nos brindar.

Tobe Hooper, taí um bom nome para iniciar uma peregrinação… rever alguns filmes, assistir o que ainda não vi… o problema é que sou desorganizado demais e nunca consigo ir até o fim.