Filme totalmente deslocado na carreira do prolífico Fred Olen Ray, HONEY BRITCHES foi produzido no início da década de setenta quando o sujeito não tinha completado nem vinte anos de idade e, mesmo assim, é muitas vezes confundido como o seu primeiro trabalho como diretor. Mas calma lá que vou explicar, até porque se trata apenas de uma picaretagem usual desses diretores de filme B.
HONEY BRITCHES realmente foi filmado no início da década de 70, mas por um tal Donn Davidson, e foi muito mal lançado comercialmente pela Something Weird. Fred Olen Ray só entra na parada em meados dos anos 80, quando descobre a existência do filme e decide comprá-lo. O sujeito reeditou a porra toda, filmou e acrescentou algumas cenas do bom e velho John Carradine como o contador da história, dizendo-se o “Juiz do Inferno”, falando qualquer baboseira só pra ter um apelo comercial, colocou seu nome nos créditos como diretor e vendeu essa “nova obra” para a famigerada Troma, que o relançou com o tal título DEMENTED DEATH FARM MASSACRE… THE MOVIE.

John Carradine com expressão de felicidade por estar participando desta maravilha
E se não fosse por tudo isso, talvez nunca assitiriamos a esta tralha. Até porque HONEY BRITCHES é uma porcaria de qualquer forma, então só mesmo o nome do Ray e Carradine nos créditos pra me fazer parar e conferir.
A trama é sobre quatro ladrões de jóias da cidade grande, dois casais que acabaram de cometer um roubo e tentam fugir pelas zonas rurais enquanto estão sendo procurados pela polícia local. O carro deles fica sem gasolina, decidem procurar abrigo para se esconder e acabam indo parar na cabana de um velho fazendeiro e sua jovem esposa sexy. Quando um dos ladrões começa a dar em cima da tal esposa, todo o plano para não serem descobertos começa a ruir, acarretando numa onda de violência e morte.
Um dos grandes problemas que eu tive de cara com HONEY BRITCHES é com o ritmo. O filme é chato e lento pra cacete, apesar da curta duração que não chega a 90 minutos. Logo no início do filme é preciso ter paciência para acompanhar as loooongas e intermináveis cenas dos ladrões de joias andando por florestas… Faz sentido se é o Tarkovski filmando uma de suas obras de arte, mas por aqui… Não sei o que esse Donn Davidson tinha na cabeça. E não acontece muita coisa, afinal, ao longo do filme, mas se você for paciente vai ver uma moça sendo morta à pancadas na cabeça com um jarro, um tridente na garganta de um sujeito e um tiro na testa de outro já perto do fim… Tudo filmado ao melhor estilo Herschell Gordon Lewis: exagerado e com muita tinha vermelha, que parece tudo, menos sangue.
O elenco também não ajuda muito. Um dos ladrões, que tem todo o ar de intelectual, possui um sotaque britânico que é extremamente irritante. Mas é engraçado ver o velho Carradine, quase próximo à morte, sendo a voz incosciênte da narrativa num cenário totalmente fora do contexto do filme. A coisa é tão deslacada que suas cenas parecem filmadas no quintal da casa de Ray. E temos pelo menos Ashley Brookes, que faz a esposa sexy. Não é boa atriz, mas se esforça, além de ser a única que mostra seus atributos numa rápida ceninha.
Enfim, HONEY BRITCHES é uma picaretagem indicada para fãs hardcore de exploitations setentistas de orçamento risível, apreciadores de Fred Olen Ray e pessoas que possuem um gosto duvidoso, como é o meu caso. Não que eu tenha curtido, mas que tem sua graça justamente por ser tão bagaceiro, ah isso tem…
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BIOHAZARD
RESPOSTA ARMADA
HOLLYWOOD CHAINSAW HOOKERS