O ENIGMA DE TALOS (1998)

Filme de múmia, lançado em 1998, que foi eclipsado pelo seu “primo rico” no ano seguinte, A MÚMIA (99), de Stephen Sommers. Hoje ninguém mais lembra de O ENIGMA DE TALOS (Tale of the Mummy), dirigido pelo grande Russell Mulcahy. Mas não vou julgar… O filme é mesmo meia boca, um tipo de produto barato que, muito provavelmente, produziram às pressas pra tentar lançar no mercado de home video à tempo de aproveitar o sucesso do filme de Sommers. Acabaram se adiantando até demais. Só não deve ter dado muito certo sobre “aproveitar o sucesso”. O resultado é uma desgraça, a trama é toda bagunçada, cheia de momentos ridículos e constrangedores.

Mas lá fui eu ver, porque sou grande admirador do trabalho do Mulcahy (HIGHLANDER, RAZORBACK, etc…) e nunca tinha visto este ainda. E apesar de concordar com tudo que disse ali em cima, eu gosto dessa tralha. O que posso fazer? É o tipo de filme todo errado que me diverte, tem um elenco bacana e percebe-se que tentaram fazer algo… Diferente? Original? Por exemplo, um filme de múmia sem que aparecesse uma múmia na maior parte do tempo. Ao invés disso, a múmia é representada apenas pelas suas bandagens, sem corpo, que voam, rastejam e atacam as pessoas nas mais diversas formas. Se tivessem orçamento para fazer algo decente, acho que isso não soaria tão bizarro. Mas, bem, não tinham…

Senhoras e senhores, o assassino do filme.

A premissa de O ENIGMA DE TALOS até que é interessante, envolvendo o básico dos filmes de múmias – antigas maldições, reencarnação e ressurreição de algum feiticeiro egipcio de tempos longínquos. O filme começa no Egito, na década de 40, com uma escavação arqueológica malfadada que desenterra a tumba de um tal Talos. Liderando a expedição está Sir Richard Turkel (o inigualável Christopher Lee, que já foi múmia para a Hammer Films), que percebe tarde demais que a tumba contém uma força maligna. Sir Richard é forçado a se sacrificar e selar a tumba antes que o mal possa escapar.

Essa sequência inicial talvez seja a melhor de todo o filme. E demonstra o contraste da direção de Mulcahy, que é ótima, com suas composições elaboradas, bom trabalho de câmera, de atmosfera, mas com os efeitos especiais em CGI dos mais ordinários que os anos 90 nos proporcionava. Coisa do nível de MORTAL KOMBAT ANNIHILATION. Ou seja, uma maravilha!

Ainda na trama, passam-se décadas e a neta de Sir Richard, Samantha Turkel (Louise Lombard), que também se tornou arqueóloga, reabre a tumba na esperança de descobrir o que realmente aconteceu com seu avô. Dentro da tumba, Samantha e uma equipe de cientistas descobrem uma câmara mortuária incomum contendo o sarcófago de Talos. No entanto, em vez de encontrar uma múmia dentro do sarcófago, apenas suas bandagens são tudo o que parece ter sobrado do misterioso Talos.

E nisso temos outra sequência sensacional comandada pelo Mulcahy, com direito a participação de um jovem e desconhecido Gerard Butler…

Uma vez removidos dos confins da tumba, e levados para um museu em Londres, os envoltórios assumem vida própria, reivindicando órgãos de suas vítimas pela cidade. As mortes vão acontecendo com essas bandagens assassinas e o filme se transforma numa trama de investigação policial, tendo como protagonista Jason Scott Lee, um americano, investigador de polícia, que se envolve no caso e acaba tendo que proteger Samantha da força que foi libertada quando ela abriu o túmulo de Talos.

E pra deixar tudo ainda mais doido, quando Talos finalmente surge na tela, o sujeito tem um aspecto de alienígena, peladão, com pés de bode… Não sei que tipo de drogas os caras usaram pra conceber algo dese nível, mas queria também. É uma das coisas mais tronchas e engraçadas que já vi na vida.

Enfim, eu realmente não sei o que pode ter acontecido, mas a impressão que dá é que o dinheiro para a pós-produção desapareceu, acabou, alguém passou a mão, e no final das contas eles fecharam um filme muito bem realizado, bem dirigido, mas com efeitos especiais e outros detalhes realmente pífios. Claro, o roteiro não é mesmo dos melhores, a coisa é totalmente desconjuntada e sem sentido em alguns momentos e os últimos 20 minutos de filme deixa isso ainda mais evidente (embora o desfecho tenha umas surpresinhas que me deixaram com um sorriso no rosto), mas fica o sentimento de que começaram algo com uma ideia em mente e depois cagaram tudo…

Mas é aquilo, se você olhar para além da tosqueira, é um terrorzinho bem divertido e imaginativo, com Mulcahy em alta forma. O filme tem bom ritmo (existe uma versão que possui vinte minutos a mais e eu, sinceramente, dispenso), é altamente visual, as ideias, claro, são bizarras (como a cena do cara sendo sugado pra dentro de um vaso sanitário numa boate) mas funcionam de alguma maneira e os atores estão muito bem. O elenco conta ainda com Sean Pertwee (um dos destaques do filme), Jon Polito, Jack Davenport, Honor Blackman e a “Olívia Palito” Shelley Duvall.

É como se O ENIGMA DE TALOS fosse concebido para ser uma obra muito maior, um filme de múmia visionário. Vai saber o que aconteceu, acabou negligenciado de alguma forma… Mas os fãs de terror que conseguem separar um momento para serem menos exigentes e curtir umas tralhas certamente terão um tempinho de entretenimento com o filme. Nem que seja pra dar umas risadas das ataduras assassinas…

A MALDIÇÃO DE FRANKENSTEIN (1957)

A Hammer Films já existia há um bom tempo e tinha obtido um sucesso considerável com algumas produções, sobretudo com o excelente THE QUATERMASS XPERIMENT em 1955. Mas foi A MALDIÇÃO DE FRANKENSTEIN (The Curse of Frankenstein), em 1957, que realmente colocou a produtora no mapa e, no processo, lançou uma onda de filmes de monstros clássicos, do terror gótico, como franquias bem lucrativas.

O próprio diretor da bagaça, Terence Fisher, já havia dirigido muitos filmes para Hammer, incluindo exemplares de ficção científica e alguns da safra de film noir britânico que a produtora fazia aos montes na sua primeira fase. Foi uma escolha óbvia para assumir este projeto aqui, o mais ambicioso da Hammer até aquele momento, o sujeito demonstrava um talendo superior a todos os demais diretores da produtora. E para dar o pontapé inicial, a Hammer decidiu trabalhar com um dos mais famosos monstros da literatura e que também já tinha virado ícone do horror pela Universal nos anos 30. Só que agora seria em cores, widescreen e com um teor a mais de sexo e violência. Foram decisões acertadas, assim como colocar Peter Cushing e Christopher Lee como as figuras centrais da parada.

Mas o roteiro de Jimmy Sangster para A MALDIÇÃO DE FRANKENSTEIN não se apega muito ao romance de Mary Shelley, muito menos à versão de 1931 da Universal – até porque a produtora americana estava ameaçando processar os ingleses da Hammer se qualquer elemento ou detalhe de seus filmes fosse copiado… Melhor assim. Sangster acabou escrevendo algo “original” e um dos motivos de sucesso do filme foi justamente o fato de que parecia uma abordagem completamente nova do mito de Frankenstein e sua criatura.

Nesta versão, o assistente do Barão Frankenstein (Cushing) é seu tutor, Paul Krempe (Robert Urquhart), que se tornou colaborador. Até que os experimentos de Frankenstein começam a se tornar mais radicais e seus métodos moralmente duvidosos. Paul se mantém no local apenas porque tem medo de deixar a bela prima – e noiva pretendida – de Frankenstein, Elizabeth (Hazel Court), sozinha em casa com o Barão cada vez mais obsessivo. Paul tenta persuadir Frankenstein do perigo representado por seu experimento, a criação de um indivíduo artificial composto de várias partes de vários corpos, mas os esforços de Paul para impedir o Barão resultam em danos ao cérebro que fora reservado para a criatura. Isso não só tem consequências desastrosas para o monstro, mas também empurra Frankenstein ainda mais à beira da loucura.

O que há de mais revolucionário nesta versão é a atuação de Peter Cushing como Frankenstein. O livro de Mary Shelley e a maioria das adaptações cinematográficas levantam a questão de quem é o verdadeiro monstro, Frankenstein ou a criatura, mas nesta versão não há nenhuma dúvida. O foco é todo no barão Frankenstein em vez de sua criação. Aqui, Cushing é quem brilha, tem um de seus melhores momentos – é o vilão que você ama e odeia. É quem o público vê assassinando e provocando o caos, uma máquina diabólica, desmembrando cadáveres e utilizando partes de corpos, é o “cientista maluco” clássico, com seu cinismo latente e sua moralidade jogada às favas em prol da ciência. O tipo de sujeito que senta perto do fogo e bebe um bom vinho tinto depois de ter empurrado um velho para a morte só para utilizar seu cérebro; ou, depois de um passeio noturno ao agente funerário, orgulhosamente exibe à Paul um novo par de olhos ou mãos decepadas para usar nos experimentos. E ele não é um cientista idealista que sucumbe gradualmente à tentação de brincar de Deus, nem é um homem bem-intencionado, que lentamente perde sua bússola moral conforme seus experimentos fogem do controle. Com o Frankenstein de Cushing, fica claro que as sementes da loucura e do mal estavam lá desde o início. Desde o início de sua carreira científica, ele estava preparado para perseguir fins e utilizar meios que não eram apenas moralmente duvidosos – eram clara e inequivocamente imorais.

Nisso, Christopher Lee acaba ficando meio que relegado ao segundo plano. Boris Karloff, em 1931, havia dotado a criatura com uma certa dignidade e até bastante simpatia. Por aqui, a criatura de Christopher Lee é um reflexo hediondo do vácuo moral na alma de seu criador. Mas todas as suas poucas cenas, com aquela maquiagem grotesca (imagem acima), são geniais. São momentos pelos quais o filme ganha uma força seminal, mostra um novo tipo de horror surgindo na tela, cheio de vigor e cores contrastantes. A primeira meia hora de A MALDIÇÃO DE FRANKENSTEIN pode até ser um pouco lenta, mas depois disso o ritmo acelera e Terence Fisher demonstra porque foi um dos grandes mestres do horror. Alguns de seus filmes anteriores são bons, mas está claro que o terror gótico era o gênero perfeito para seus talentos.

A amizade de Lee e Cushing também deu-se início por aqui, quando Lee invadiu o camarim de Cushing, reclamando que seu personagem não tinha falas… Cushing gentilmente respondeu: “Você tem sorte. Eu li o roteiro“. Mas A MALDIÇÃO DE FRANKENSTEIN é realmente ótimo, não é meu filme favorito da “franquia” de Frankenstein da Hammer, mas sem dúvida alguma foi um começo de um ciclo que impressiona a cada revisão.

CINE POEIRA – EPISÓDIO 05

No programa desta semana do CINE POEIRA, a equipe se diverte ainda mais do que o de costume ao conversar sobre OLHO POR OLHO (An Eye for an Eye, 1981)! Dirigido por Steve Carver (de MCQUADE – O LOBO SOLITÁRIO), o filme é uma pérola do período pré-Cannon na filmografia do nosso querido Chuck Norris.

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Hammer Time: O VAMPIRO DA NOITE (Dracula, 1958)

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Começando o carnaval, época boa pra ficar em casa e assistir a uns filminhos de terror… Estava meio receoso de começar uma série de textos tratando de TODOS os filmes sobre o universo Drácula que a Hammer criou nos anos 50, 60 e 70, porque o meu amigo Paulo Blob já fez isso recentemente no site Boca do Inferno. Todos textos obrigatórios, diga-se de passagem. Mas como resolvi rever alguns exemplares e finalmente conferir os que ainda não tinha visto, acho justo que eu faça pelo menos alguns breves comentários pra ficar registrado por aqui. Começando pelo começo, fiz uma revisão de O VAMPIRO DA NOITE, a primeira incursão da Hammer ao personagem de Bram Stoker e que gerou oito continuações oficiais. O filme reúne novamente Christopher Lee e Peter Cushing, os astros do primeiro filme de monstros clássicos da Hammer, THE CURSE OF FRANKENSTEIN (57), com o diretor Terence Fisher, que é responsável pela grande maioria desses filmes.

Ainda pretendo peregrinar nas outras séries de monstros que a produtora britânica realizou, mas vale destacar, a princípio, sobre essas obras seminais, algumas sacadas que os realizadores tiveram para conseguir atrair de volta a atenção do público a um tipo de horror que já estava em baixa no período e que favorece bastante, por exemplo, O VAMPIRO DA NOITE. A primeira coisa foi evitar o preto e branco tradicional das fitas de horror e colocar cores vivas estourando na tela, ou seja, agora era possível ver o sangue vermelhão derramado, e violência gráfica era algo que Fisher abusava bastante em seus filmes e que, querendo ou não, em plena década de 50 tinha um impacto danado. Em segundo lugar, esses filmes introduziram um bocado de erotismo às obras clássicas do horror, o que não seria comum nas versões da década de 30 e 40… E ver uma senhorita com um belo decote e olhar insinuoso era tudo que um senhor britânico de meia idade poderia querer ao entrar numa sala de cinema naqueles dias.

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O roteiro de Jimmy Sangster em O VAMPIRO DA NOITE não faz questão alguma de ser fiel aos escritos de Stoker. Entre as principais mudanças há o personagem de Jonathan Harker, interpretado por John Van Eyssen, que aqui aparece como aspirante a caçador de vampiros, assistente de Van Helsing (Peter Cushing), chegando ao castelo de Drácula (Christopher Lee) já ciente da natureza vampírica do Conde, mas passando-se por um bibliotecário. Drácula, que não é bobo, descobre a jogada e lasca uma mordida no pescoço do sujeito, que acaba se transformando num vampiro. Já Van Helsing deve ter ficado com saudade e, sem notícias do jovem Harker, acaba indo procurá-lo, seguindo seus passos até chegar no Castelo, descobrindo o que aconteceu com seu pupilo. Nada que uma estaca no coração não resolva. O problema é que o Conde já partiu para a Inglaterra em busca de uma nova vítima: Lucy, noiva de Harker. Van Helsing retorna a Londres para tentar impedir as intenções do vampirão.

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A partir daí, o filme se desenrola nos mesmo moldes dos tradicionais filmes de Drácula, até chegar no ponto onde Van Helsing e o Conde têm um duelo final. E aí, meus caros, a diferença está exatamente em ter em cena um Peter Cushing e Christopher Lee para tornar tudo mais genial. Cushing, especialmente, está excepcional como o caçador de vampiros incansável, uma mistura de cérebro com coragem, embora lhe falte porte físico. Já Christopher Lee tem presença física de sobra, tanto que seu Conde Drácula possui o total de apenas treze falas durante todo o filme. Mas nem faz muita falta, basta seu olhar esbugalhado, com sangue escorrendo da boca, sua expressividade incrivelmente magnética. Não à toa O VAMPIRO DA NOITE consagra Christopher Lee, assim como seu antecessor, Bela Lugosi, três décadas antes, como um ícone do horror vampiro para toda uma nova geração. O elenco de apoio também ajuda bastante e o destaque vai para Michael Gough, que interpreta o irmão de Lucy. Gough é lembrado bem mais velho por ser o mordomo Alfred dos filmes do Batman dirigidos pelo Tim Burton e Joel Schumacher.

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Em termos de direção, estética, fotografia e cenários, que belo filme é O VAMPIRO DA NOITE! Os planos nos interiores são muitíssimo interessantes, com o uso das cores vibrantes. E do lado de fora, aquelas paisagens pintadas à mão que tanto me encantam. A sequência final do já citado confronto entre Van Helsing e Drácula mostra bem do que esses caras eram capazes de fazer na construção da tensão, na elegância da ação, ao mesmo tempo tão seco e cru. Fisher não tava de brincadeira não… É um baita diretor, embora quase nunca seja lembrado como o mestre do horror que é.

Agora preciso ver o resto da série. Mas antes, mais uma revisão, AS NOIVAS DO VAMPIRO (60), novamente dirigido pelo Fisher e estrelado pelo Cushing, mas infelizmente sem Christopher Lee no papel de Drácula. O sujeito tava com medinho de ficar estigmatizado no personagem e tentou variar um bocado, mas acabou retornando em DRACULA – O PRÍNCIPE DAS TREVAS, em 1966… Mas a gente chega lá.

THE WHIP AND THE BODY (La Frusta e il Corpo, 1963)

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Muitos sites famosos de cinema por aí estão dando a notícia da morte do grande Christopher Lee relembrando seus “principais trabalhos”, ou seja, Saruman, na série O SENHOR DOS ANÉIS, e o Conde Dooku na última trilogia de STAR WARS. E tem gente que ganha dinheiro escrevendo essas merdas… Como eu não ganho nada para estar aqui escrevendo, também não vou tentar fazer jus ao nome deste magnífico ator, um dos últimos ícones do cinema clássico que nos deixa e que merecia vários artigos e resenhas de seus filmes espalhados para todo canto. Mas deixo aqui as minhas impressões sobre um filme especial, um dos meus favoritos com o Chris Lee, e que dificilmente será lembrado nos obituários dos grandes veículos de comunicação: THE WHIP AND THE BODY, dirigido pelo mestre Mario Bava. Continuar lendo

BURKE AND HARE (2010)

Eu não ando muito ligado nas comédias atuais, mas resolvi me arriscar neste aqui porque a) me pareceu ser um bom caso do típico humor britânico; b) além do tipo de humor, me pareceu ter uma mescla interessante com mistério e terror; c) tem o Simon Pegg, que é dos poucos rostos do gênero que acho bacana atualmente e d) o motivo principal, é que BURKE AND HARE é o retorno de John Landis à direção depois de não sei quantos anos sem fazer algo para cinema.

Duas escolas de anatomia na cidade de Edimburgo, por volta de 1820, competem pelo posto de melhor instituição, uma liderada pelo Dr. Monro (Tim Curry) e outra pelo Dr. Knox (Tom Wilkinson), que se vê obrigado a adquirir corpos por meios ilegais, já que Dr. Monro consegue um monopólio sobre a oferta de cadáveres na cidade. É aí que entram Burke (Pegg) e Hare (Andy Serkis), dois malandros que estão dispostos a tudo para ganhar uns trocados, o que incluí conseguir alguns defuntos para o Dr. Knox, mesmo que nem sempre encontrem o artefato sem vida.

O filme é ligeiramente baseado em histórias verdadeiras, inspiradas em assassinatos reais da época, e possui um tema interessante para criar situações engraçadas. Pena que na prática a coisa não funcionou tão bem pra mim. BURKE AND HARE não é ruim ao ponto de você desistir no meio do filme, mas também não possui nada de mais para chegar ao fim como uma experiência agradável. É longo demais e perde tempo com situações desinteressantes (como o romance de um dos protagonistas) e, já que estamos falando de algo assumidamente dentro do gênero comédia, falha por ser sem graça na maior parte do tempo. Não existem sequências memoráveis que ficam marcadas na mente, a não ser a curta cena onde Christopher Lee dá as caras.

Por outro lado, John Landis mantém a mão firme para o suspense e em alguns momentos envolvendo uma atmosfera mais densa o filme ganha um pouco de força. Não deixa ainda de ser meia boca o resultado final, mas prefiro um Landis ou John Carpenter fazendo filmes menores como este do que vê-los “coçando o saco em casa”.