THE ARENA (1974)

A New World Pictures, produtora de Roger Corman, financiou THE ARENA, uma variação do tema WIP (Women in Prison), filmes de exploração com mulheres passando sufoco em prisões, só que aqui ambientado durante os dias do antigo Império Romano. Mark Damon, que foi ator de alguns filmes de Corman nos anos 60, havia se aposentado das atuações e se tornou um produtor de cinema na Europa e pegou THE ARENA pra começar. Filmado na Itália com um elenco majoritariamente europeu, apresentando muitos rostos familiares de uma série de filmes de Eurohorror, como Paul Muller e Rosalba Neri, o filme é marcado também pela presença da então crescente musa do exploitation Pam Grier o que o torna um híbrido incomum de peplum italiano dos anos 1960 e um grindhouse americano dos anos 1970.

Grier e Margaret Markov (que já haviam se unido anteriormente em BLACK MAMA, WHITE MAMA, de 1972) co-estrelam como Mamawe, da Núbia, e Bodicia, uma sacerdotisa da Bretanha. Ambas são sequestradas de suas terras natais por soldados romanos e rapidamente, junto com outras mulheres, encontram-se no leilão no mercado de escravos. Acabam compradas pelo organizador politico conectado aos jogos locais, Timarchus, tanto como escravas sexuais para o entretenimento dos amigos poderosos de Timarchus quanto como garçonetes das arenas durante os jogos. Apenas Bodicia e Mamawe mantêm uma aparência de dignidade sob o jugo da servidão, desafiador até mesmo para a altiva supervisora ​​de Timarchus, Cornélia (interpretada por Rosalba Neri).

Quando as garotas se envolvem em uma briga de comida que destrói a cozinha, um dos amigos de Timarchus sugere transformá-las em gladiadoras para a arena. Ansioso para manter os cidadãos que compram ingressos interessados nesse tipo de entretenimento, Timarchus logo tem as mulheres treinando para o combate sob a tutela do mestre gladiador Septimus (Peter Cester), um lutador careca enorme que comete o erro de se apaixonar por uma de suas novas alunas, Lucinia (Mary Count).

A primeira competição pública entre as gladiadoras é um evento cômico, sem que ninguém seja ferida ou morta. Mas a multidão sedenta de sangue fica facilmente entediada. O próximo confronto deverá ser até a morte. Mamawe e Bodicia percebem que cada uma delas vão acabar morrendo em algum momento na areia encharcada de sangue da arena, a menos que tomem uma atitude, façam uma revolução, numa tentativa de liberdade.

Essencialmente, esses filmes nos convidam a desfrutar vicariamente os prazeres do poder, testemunhando uma sucessão de espetáculos sádicos e, quando a roda gira pro outro lado, vemos o ciclo se repetir com as posições de vítima e vitimizador invertidas. Portanto, ao final, ver os poderosos se ajoelhando diante do poder feminino dessas gladiadoras já faz valer o filme. O significado pode ser tomado como sadiano: pegue o que puder, antes que a próxima contra-revolução chegue. Ou até budista: que atitude tomar para escapar do ciclo cármico. Seja como for, reforça a validade da máxima de John Dalberg-Acton: “o poder tende a corromper e o poder absoluto corrompe absolutamente“. Sim, é muita besteira intelectual/filosófica para justificar um filme como THE ARENA. Na verdade, o que o justifica é bem mais simples: Grier, Markov e outras moças no modo “vamos vestir se o papel exigir” e uma abundância de sequências de batalhas e duelos em arenas.

Não é nem um filme muito notável ou particularmente bom, mas também não é uma perda de tempo, especialmente se você tem interesse nessas questões, nas aventuras de “Espada e Sandália” e, obviamente, em senhoritas com pouquíssimas roupas. O ritmo do filme é bom, há muita ação, sobretudo os quinze minutos finais, que é uma longa batalha frenética de libertação, e é um daqueles filmes que tem muita coisa para se olhar. Certamente se beneficiou do acesso aos Estúdios Cinecittà de Roma, que possui muitos cenários e figurinos prontos, então o visual de THE ARENA é incrível, se pensarmos que foi feito com pouquíssimo orçamento.

O diretor de THE ARENA é o pupilo de Corman, Steve Carver, que mais tarde faria CAPONE, com Ben Gazzara, e um dos melhores veículos de Chuck Norris, McQUADE – O LOBO SOLITÁRIO. Aqui era sua estreia na direção e já colocado numa prova de fogo por Corman: enviado à Itália, pra filmar uma produção de época, com pouco dinheiro e prazo apertado, com uma equipe italiana e maioria dos atores europeus. E sem falar o idioma. O tipo de experiência que o cara entra como um aspirante à cineasta e sai como um mestre do filme B.

Alguns talentos locais lhe auxiliaram na empreitada, como o seu diretor de fotografia, as lentes de ninguém menos que Aristide Massaccesi, também conhecido como JOE D’AMATO, um dos maiores gênios do exploitation italiano. Na pontuação musical, temos Francesco De Masi, então você percebe que a coisa é decente no fim das contas, mesmo que a mise-en-scene seja em grande parte sem inspiração. Claro, considerando a situação até que Steve Carver se sai bem, mas, por favor, não dava pra exigir tanto do rapaz, que estava mais preocupado em filmar dentro do prazo do que fazer composições estéticas…

Mas para aquilo pelo qual o filme se propõe, de ser um típico exploitation com o selo de Roger Corman, um passatempo curto com bastante batalhas e uns peitos de fora, até que THE ARENA funciona perfeitamente.

ENTREGA MORTAL (The Package, 1989)

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Houve um tempo em que Gene Hackman ensaiou uma de se transformar num herói de ação badass. Isso aconteceu especialmente nos anos 80 e início dos 90. Nada muito exagerado como fora sua “concorrência” no período, como Stallone, Schwarza, Van Damme… Também não foram muitos filmes assim, mas temos DE VOLTA PARA O INFERNO, O ALVO DA MORTE, DE FRENTE PARA O PERIGO, COMPANHIA DE ASSASSINOS, tem até a comédia de ação UM TIRO QUE NÃO DEU CERTO. Como Hackman era um baita ator, hoje gozando de sua merecida aposentadoria, vou dar uma debruçada nessa fase action hero dele a pedido de um leitor. Começando pelo thriller político ENTREGA MORTAL.

Hackman é Johnny Gallagher, um oficial do exército americano encarregado de transportar um soldado prisioneiro (Tommy Lee Jones) de volta aos EUA para a corte marcial. Já em solo americano, o soldado escapa e Gallagher descobre da pior maneira possível que se meteu numa encrenca daquelas, numa trama internacional intrincada envolvendo espiões, mercenários, polícia, o próprio governo e até mesmo uma conspiração com planos terroristas.

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Contando com a ajuda de sua ex-mulher, Eileen (Joanna Cassidy), e de um detetive de Chicago, Delich (Dennis Franz), Gallagher precisa agora encontrar de volta o seu “pacote”, ou seja, o soldado que escapou (o package do título original), no qual ele descobre se tratar de um assassino profissional contratado que precisava entrar nos EUA sem um passaporte para realizar sua missão – o assassinato do presidente dos Estados Unidos. Continuar lendo

THE BIG DOLL HOUSE (1971)

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A ideia de realizar THE BIG DOLL HOUSE chegou até o diretor Jack Hill como uma tentativa de fazer um spinoff de 99 WOMEN (69), do espanhol Jess Franco, um dos primeiros filmes do subgênero Women in Prison. Hill achava que poderia haver um público para este tipo de produto, então, reuniu uma pequena equipe, escalou um grupo de belas atrizes, recebeu a benção do mentor Roger Corman e partiu para as Filipinas, berço de produções exploitations naquele período. Como bom pupilo de Corman, o diretor filmou com tanta economia que acabou saindo de lá com dois WIPs debaixo do braço: Tanto este THE BIG DOLL HOUSE quanto THE BIG BIRD CAGE (72).

Boa parte da carreira de Hill é dedicada ao universo feminino, destacando a força da mulher em situações que deixariam machões no chinelo. Portanto, o subgênero WIP é o típico prato cheio para que o roteiro explorasse ao máximo esse tipo de situação. O roteiro, aliás, não precisava nem ser exigente demais em tentar criar enredos intrincados e verossímeis, bastava colocar as personagens nuas em chuveiros coletivos ou brigando na lama para surtir reflexões filosóficas e garantir a dose de emoção necessária que o espectador precisava.

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THE BIG DOLL HOUSE preenche com facilidade todos os requisitos, até porque é aqui que Jack Hill define vários princípios que ficaram enraizados ao gênero. O filme começa com a bela ruiva Collier (Judy Brown) sendo transportada para uma prisão de mulheres nas selvas Filipinas. Passa por uma inspeção médica, com os seios à mostra, para variar, e logo, na sua cela, é apresentada a um elenco feminino cheio de beldades, incluindo a musa negra, Pam Grier, que estrelaria dois clássicos blaxploitation comandado por Hill, COFFY (73) e FOXY BROWN (74). A partir daí, o filme continua misturando todos os ingredientes que fazem um típico WIP funcionar.

Portanto, temos os planos de fugas, cenas de torturas praticadas pela carcereira chefe, lesbianismo, uma luta na lama entre Grier e Roberta Collins, corrida de baratas, muitos tiros e explosões num final cheio de ação. Um dos grandes destaques de THE BIG DOLL HOUSE é a presença do ator Sid Haig, roubando todas as cenas em que aparece, em especial quando contracena com Pam Grier. Haig se especializou em fazer tipos estranhos em fitas de exploração e também já havia trabalhado com Hill, no clássico SPIDER BABY (68) e até mesmo no seu curta-metragem de estreia THE HOST (63).

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THE BIG DOLL HOUSE é um desses exemplares essenciais para os apreciadores dos subgêneros obscuros que o cinema tem para oferecer. E Jack Hill é nome fundamental nesse sentido. Faz aqui um trabalho excepcional, com um orçamento baixíssimo, mas muita criatividade e boa vontade, criando um autêntico clássico da era grindhouse.

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NICO, ACIMA DA LEI (Above the Law, 1988)

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Primeiro, uma constatação óbvia, a de que a cinefilia anda em círculos. Por aqui já girou e girou e girou e retorno ao tipo de filme que realmente me dá prazer em ver, escrever e divulgar. Por mais que às vezes tente me desvencilhar, gosto mesmo é do bom e velho cinema de ação casca-grossa dos anos 80 e 90. Dos Dolphs, dos Van Dammes, dos Stallones, dos Seagals… Me peguei pensando nisso porque resolvi rever mais uma vez o primeiríssimo filme deste último, NICO, ACIMA DA LEI, e me deu uma baita vontade de escrever (embora já tenha até comentado alguma coisa no blog antigo). Pois é, tanto filme novo pra ver, acabo preferindo “perder meu tempo” revendo um bagulho que já vi tantas vezes, mas que me devolve o prazer de continuar “blogando”. Mas é sintomático e não posso fazer mais nada a respeito, a não ser aceitar minhas preferências e obrigações com o blog… E vamos ao filme:

NICO, ACIMA DA LEI, possui tanto caráter de “primeiro filme”que o Seagal nem tinha ainda seu característico rabinho de cavalo cretino. Mas não chega a ser um detalhe preocupante, porque a ausência do excesso de cabelo na nuca do ator não interfere em nada seu desempenho nas artes dramáticas ou ao distribuir pancadas e tiros nos meliantes de plantão. Com exceção, é claro, do aspecto visual dos enquadramentos, já que Steven Seagal sem cabelinho balangando é a mesma coisa que Jack Nicholson assistindo a um jogo dos Lakers sem óculos escuros. No entanto, o filme já apresenta todos os elementos essenciais, sejam eles físicos ou filosóficos, do cinema de Seagal. O que quero dizer com isso? Quero dizer que já aqui, neste debut, o sujeito esgota o seu arsenal ideológico e de braços quebrados de uma tacada só, definindo a sua persona singular para o restante de sua longa filmografia que viria a seguir nas próximas décadas e que perdura até hoje, independente da qualidade lamentável de alguns trabalho atuais.

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Seagal interpreta em NICO, ACIMA DA LEI o policial do título, Nico Toscani, personagem com tons auto-biográficos, já que a produção e o roteiro tem o dedo de seu criador (não é a toa que Seagal já tenha declarado que Nico foi o papel que mais gostou de fazer). O personagem é o próprio Seagal e o filme começa como um autêntico documentário sobre a vida do ator, incluindo uma sessão de fotos pessoais nos créditos de abertura e uma narração em off sobre os primeiros passos de Nico no mundo das artes marciais, mais especificamente do aikido, e que possui paralelo com a própria história do ator, assim como sua relação com a CIA . Na vida real, Seagal foi instrutor de artes marciais de agentes. Já no filme, Nico realmente torna-se um, tendo até uma passagem bem desagradável na guerra do Vietnã no início da década de 70.

Mas a trama transcorre mesmo quinze anos depois dos acontecimentos no Vietnã, com o protagonista trabalhando na polícia de Chicago – o sujeito é desses tiras durões que gostamos de ver neste tipo de filme – investigando um intrincado caso de tráfico de drogas, que acaba resultando em algo muito maior e mais perigoso e que põe a sua vida e a da sua família em risco a cada nova descoberta (a esposa do cara é ninguém menos que a delícia Sharon Stone). Nico e sua parceira (a musa Pam Grier) se vêem envolvido numa conspiração da CIA com objetivo de assassinar um senador. Barra pesada! A coisa esquenta ainda mais quando, e aí voltamos às questões do Vietnã, descobre-se que a mente maquiavélica por trás do plano é justamente um desafeto de Nico, interpretado pelo grande Henry Silva.

E aí, meu caros, é pancadaria, tiros, uma igreja explodida ali, mais pancadaria… Ação da boa!

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Um dos grandes baratos de NICO é ver Steven Seagal por aqui tão ágil e magro em contraste com sua forma física atual. Chega a ser um choque. Por isso que é tão fácil tê-lo como alvo de chacota e esquecer o quão badass e cool ele podia ser. A prova está aqui. Seagal se apresenta com muita expressividade física e realmente parece intimidante durante as cenas de luta, sem contar que seu desempenho como homem de ação é muito bom. Acreditem, ele é natural e parece mesmo confortável na frente da câmera. Não iria exigir isso de ninguém, até porque não quero perder os poucos leitores que tenho, mas sintam-se à vontade para comparar a performance do sujeito em seus primeiros filmes com seus posteriores, onde aparece visivelmente preguiçoso, duro e com má vontade até mesmo para proferir suas falas. Claro, existem algumas exceções…

Outro detalhe que vocês já devem ter percebido com NICO foi a capacidade de reunir um elenco dos bons para este primeiro filme de um sujeito até então meio desconhecido. A musa do blaxploitation Pam Grier, Sharon Stone e Henry Silva como vilão com planos diabólicos e risada maquiavélica e que possui uma boa variação de técnicas para torturar pessoas de língua presa? Puta merda! E ainda tem uma pontinha “piscou perdeu” de um jovem Michael Rooker, numa cena logo no início, no primeiro bar em que Seagal faz seu primeiro quebra-quebra da história do cinema.

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A direção de NICO ficou por conta de Andrew Davis, que era um cara legal no inicio da carreira. Realizou algumas coisas bacanas como CÓDIGO DO SILENCIO, com Chuck Norris, THE PACKAGE, com Gene Hackman e Tommy Lee Jones, e voltou a trabalhar com Seagal em A FORÇA EM ALERTA, que é um dos filmes mais divertidos do ator. Mas depois de O FUGITIVO, Davis deixou seu nível cair bastante. NICO é seu quarto trabalho e ainda tinha pulso firme para sequências de ação e porrada, elementos que não podem faltar num filme como este, especialmente quando se pode explorar as habilidades de um Steven Seagal em cenas de luta (a sequência com um facão é sensacional). Mas não só isso: tiroteios bem filmados e uma sequência de carro em alta velocidade com Nico no capô são grandes destaques em termos de ação por aqui.

Aliás, o fato de Davis ser o diretor tanto de NICO quanto de CÓDIGO DO SILÊNCIO é meio estranho, porque são filmes irmãos. Ambos se passam em Chicago, abordam temas de policiais corruptos (inclusive com os mesmos atores) e em ambos Henry Silva faz o vilão… É igual, mas é diferente, sabe como é? Uma sensação de déjà vu… Enfim, mas o principal elemento que os diferencia é Steven Seagal e seu personagem auto-biográfico. Isso, aliado a boa história, que não traz nenhuma novidade, mas também não inventa moda, fazem de NICO, ACIMA DA LEI uma bela estreia do ator e até hoje continua um dos melhores trabalhos de Steven Seagal.

COFFY (1973)

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Eita porra! Isso aqui que é um autêntico exemplar do cinema blaxploitation que podemos classificar como FODA! Autêntico clássico do gênero, e não apenas por dispor da musa Pam Grier como protagonista, talvez a maior estrela deste nicho, mas para um filme exploitation de baixo orçamento, COFFY é surpreendentemente bem filmado, escrito, com personagens marcantes. Crédito do diretor e roteirista Jack Hill que teve muito bom gosto na condução desta pequena joia do cinema grindhouse!

O filme traz Pam Grier como Coffy, uma exuberante enfermeira que resolve se vingar dos traficantes que colocaram sua irmã mais nova no mundo das drogas e espancaram um policial que não se vendeu para o mundo do crime. É uma premissa bastante simples, e na verdade o único sentido nisso tudo é que, se tivesse oportunidade, Coffy colocaria uma bala na cabeça de todos os traficantes da face da terra. Mas são os pequenos detalhes e a maneira como Hill conta sua história que tornam o filme especial. E Pam Grier possui muita personalidade pra encarar uma personagem com bruto desejo de vingança e o apelo sexual, elementos que já elevam o filme num nível superior.

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Só pra ter uma noção, logo no inicio, ela age como uma espiã sexy disfarçada de prostituta. Através de seus atributos físicos, convence fácil um traficante a levá-la para um apartamento prometendo de tudo e mais um pouco. Já no local, ela surpreende o público ao tirar da bolsa uma garrucha e estourar a cabeça do sujeito com as calças arriadas. É tudo questão de estilo, algo que Pam Grier tem de sobra pra fazer a cena funcionar com timing perfeito, independente dos exageros típicos do gênero.

Há uma cena bem hilária onde Coffy acaba na casa de uma drogada lésbica para conseguir algumas informações sobre o caso do seu amigo policial. As coisas esquentam e as duas começam a brigar e de repente aparece a namorada da moça, uma negra do tamanho do Shaquille O’neal que confunde a situação achando que as duas estavam botando as aranhas pra brigar (se é que me entendem). E aí o pau come de verdade, mas Coffy dá no pé, já que seria impossível enfrentar aquele mamute.

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Pois bem, Coffy descobre que um cafetão chamado King George possui contato com os grandes chefões da máfia, mas em especial, Vitroni, que é o gangster por trás do acontecido com o seu amigo policial. Mais uma vez, ela se disfarça de prostituta para se infiltrar na organização. A primeira impressão que ela causa é de inveja nas outras garotas por conta de seus atributos “artísticos”.

Numa festa promovida pelo gigolô (que usa umas roupas supimpas!) está presente o alvo de Coffy, e é o momento de usar toda sua sensualidade para impressionar. Mas de cara acontece algo absurdamente impagável. Coffy cai na porrada com as putas invejosas com direito a muita pagação de peitinho, gilete no cabelo e sangue pra todo lado. E é justamente o que chama a atenção de Vitroni.

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Escolhida para uma noite de amor com o traficante, Coffy se prepara para a hora da vingança, mas é surpreendida por um capanga que impede que ela mate seu chefe. Coffy acusa o pobre King George como mandante do assassinato. Daí surge então outra sequência antológica para os amantes do cinema exploitation. O gigolô é arrastado pelo o pescoço por uma corda amarrada no carro dos bandidos de Vitroni. E lá se vai mais uma dose de muito sangue espalhado por quarteirões.

Enquanto isso, Coffy dá seus pulos pra escapar e meter muita bala durante o resto do filme, que ainda guarda muitas surpresas como uma rede de corrupção que envolve personagens ambíguos e inesperados e não quero ficar aqui contando tudo para não estragar a experiência de quem ainda não viu…

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Vale destacar a participação do grande Sid Haig, no papel de um dos vilões, e que está em quase todos os filmes do diretor, numa das mais interessantes parcerias do cinema grindhouse, o que inclui até mesmo um curta-metragem chamado THE HOST, primeiro trabalho de Hill, que realizou ainda como estudante de cinema.

Dos filmes de Jack Hill que eu vi até hoje, COFFY é o meu preferido. Possui todos os elementos que se poderia esperar de um filme como este e vai mais além, criando personagens profundos e até mesmo inovando em alguns pontos da essência do Blaxploitation. Até determinada altura, os filmes deste estilo eram protagonizados por homens, policiais, traficantes ou drogados que usavam a mulher como objeto sexual. E Jack Hill, que é branco, chega com COFFY, um dos primeiros filmes do gênero onde temos uma heroína que luta contra as drogas e representa a força da mulher na personificação perfeita de Pam Grier.