O EMBAIXADOR (The Ambassador, 1984)

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Hoje assisti a’O EMBAIXADOR, uma produção da Cannon Films, estrelada por um velho Robert Mitchum, só pra não perder o costume aqui no blog. O filme foi uma das oito colaborações entre os notórios produtores israelenses, Golan & Globus, com o mestre subestimado do cinema de ação clássico J. Lee Thompson (OS CANHÕES DE NAVARONE) e trata-se de um dos thrillers políticos dos mais sinceros que eu já vi.

O roteiro nem é lá grandes coisas e, na trama, temos Mitchum vivendo um embaixador americano em Israel tentando selar a paz entre judeus e palestinos, tema que até hoje é complicado de tratar. Mas os esforços do sujeito são dificultados quando sua esposa (Ellen Burstyn) acaba pulando a cerca e é filmada na cama com um dos líderes da OLP (Organização para a Libertação da Palestina). A coisa é tão ingênua que as ideias do embaixador para a paz no local é tentar reunir jovens estudantes palestinos e israelenses para conversar, bater um papinho, acender umas velas, gritar por paz… Mas Mitchum passa tanta segurança e credibilidade no seu desempenho que não fica muito difícil relevar certa inocência.

Mas o grande destaque de O EMBAIXADOR é a presença de Rock Hudson, em sua última performance. O sujeito parece se divertir como o braço direito e conselheiro de segurança da Mitchum, e não aparenta nenhum sinal de alguém que sofria com o vírus da AIDS. Hudson morreria um ano depois. 

É Hudson que protagoniza algumas das melhores cenas de O EMBAIXADOR, fazendo o trabalho de investigação, encarando bandidos, colocando a vida em risco para descobrir o paradeiro do filme de sexo com a mulher de seu chefe no submundo de Tel Aviv. Curioso que Telly Savalas que estava cotado para viver o seu personagem.

Obviamente fica impossível não curtir um cinema em que duas lendas como Bob Mitchum e Rock Hudson ainda podiam dividir a tela. Basta tê-los na mesma cena que o nível do filme aumenta automaticamente. Ainda que, dizem os bastidores, ambos tiveram vários desentendimentos entre si durante a rodagem do filme por besteiras… Hudson acusava Mitchum de estar sempre bêbado, e Mitchum reclamava de Hudson que, por conta da saúde, atrasava a produção.

Ainda no elenco, Ellen Burstyn está ótima como esposa cansada e infiel de Mitchum. E é preciso elogiar, não é qualquer uma que aos 52 anos de idade faz uma cena de nudez tão quente e sexy como na sequência da trepada com o grande ator italiano Fabio Testi, que faz o tal sujeito da OLP. Donald Pleasence também dá as caras por aqui, num pequeno papel, mas sempre competente e sólido como lhe é habitual.

O EMBAIXADOR foi escrito por Max Jack (com uma ajuda não creditada de Ronald M. Cohen) e foi levemente baseado no romance de Elmore Leonard, 52 Pick-Up (na verdade, pegaram emprestado o lance da chantagem do rolo de filme), que ganhou uma adaptação oficial pela própria Cannon dois anos mais tarde no ótimo A HORA DA BRUTALIDADE, de John Frankenheimer e estrelado por Roy Scheider.

A produção do filme, rodado em Israel, é bem caprichada e competente, só não apresenta toda a carga de ação que o cartaz do filme pretende passar. O EMBAIXADOR é mais lento do que eu esperava… Mas é um detalhe típico da Cannon e os produtores sabiam como trabalhar todos os ingredientes para fazer o filme vender. Um bom slogan, atores famosos e populares, um cartaz explosivo e chamativo e voilá!

Mas até que O EMBAIXADOR consegue prender facilmente. Como disse, é um filme sincero em sua simplicidade e inocência em tratar um tema delicado, mas que ganha força nos desempenhos de atores que estão maravilhosos em seus papeis, especialmente Rock Hudson. Foi editado por Mark Goldblatt (que dirigiu mais tarde O JUSTICEIRO, com o Dolph) e o veterano diretor J. Lee Thompson sempre busca manter o filme em movimento, num bom ritmo, construindo gradativamente uma historinha básica que, se não possui grandes cenas de ação, ao menos sabe como criar sequências poderosas quando precisa, como o ousado clímax, um banho de sangue violentíssimo que deve ter causado certa repulsa no politicamente correto e colocado o filme no limbo da obscuridade… O que é um bocado injusto, porque O EMBAIXADOR é um bom filme e inegavelmente divertido.

3 pensamentos sobre “O EMBAIXADOR (The Ambassador, 1984)

  1. Eu também acho que Ellen Burstyn é muito boa neste filme. Eu achei muito bom. A verdade superou as minhas expectativas, o ritmo da historia nos captura a todo o momento. Uma historia cheia de incríveis personagens e cenas muito criativas. Acho que é um dos melhores de Ellen. Por certo eu a vi faz um pouco em um HBO filme chamado The Tale. Definitivamente é um dos melhores filmes do gênero, tem uma boa história, atuações maravilhosas e um bom roteiro. Também recomendo se você gosta da actriz. É algo muito diferente ao que estávamos acostumados a ver.

  2. Perrone !continua á sua saga de Filmes do briolhante ator americano Robert Mitchum e esqueceu de colcar o obituario no qual ele brilhantemente colcava uma foto do artista que nos deixou ha uma semana atras morreu o meu idolo da infancia Adam West (1929-2017) o ” BATMAN ” da serie de TV (1966-1968) e na sexta- feira morreu o diretor de “ROCKY” & ‘KARATE KID (1984)” John G. Avildsen (1935-2017),que ambos descanse em paz ao lado de Deus.O Embaixador é um bom filme não chega á ser uma Brastemp ( referencia á famosa frase de uma comercial do anos 90) mas tambem não é ruim salva se pela brilhantes atuações de Hudson ( para mim é um canastrão de primeira linha),Mitchum o que falar dele aparece pouco mais da conta do recado com sempre o fez e Ellen Burstyn ( á eterna mãe da Regan “O Exorcista”) ele linda de qualquer jeito vestida ou nua é uma grande atriz americana ,o filme passou varias vezes na Rede Globo e já faz anos que ele não é exibido na TV Aberta e foi lançado em VHS pela á America Video e em DVD pela á Flashstar Home Video,eu mesmo tenho que tambem assistir esse filme ,pois eu já nem lembro dele direito ,mas é um bom filme de trama politica e espero que venha mais resenhas desse grande ator.Um Abraço de Anselmo Luiz.

    • Grande Anselmo, tô esquecendo mesmo de postar as perdas das grandes personalidades que nos deixaram… Só postei na página do blog no Facebook. Mas vou corrigir isso! Valeu, grande abraço!

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