
HATARI! (1962)
Hawks no seu modo tardio descontraído pós ONDE COMEÇA O INFERNO. Muito pouco a título de enredo, trama, não há antagonistas, apenas um amontoado de situações com o senso de aventura fenomenal do diretor, seu humor típico e a dinâmica entre os personagens. Um bando de marmanjos na África, à serviço de um zoológico, enchendo a cara e contando prosa, um rinoceronte ensandecido, três filhotes de elefante assanhados e uma italiana que chega pra balançar o coração do Duke. Como dizia o Carlão Reichenbach: a aventura maior do cinema.

O ESPORTE FAVORITO DOS HOMENS (Man’s Favorite Sport?, 1964)
Um renomado especialista em pesca, vivido por Rock Hudson, que sem o conhecimento de seus amigos, colegas de trabalho ou chefe, nunca lançou uma linha de pesca em sua vida. Um dia, ele cruza o caminho de uma garota irritante (Paula Prentiss) que acaba de persuadir seu chefe a inscrevê-lo em um torneio anual de pesca. A confusão está armada. Não é a comédia perfeita do diretor, mas há muito o que gostar em seu próprio jeito. Engraçado, leve, romântico e, afinal, quantos filmes de Hawks temos um urso andando de motoca? Uma despedida divertida, a última Screwball Comedy de um dos maiores mestres do gênero.

RED LINE 7000 (1975)
O filme gira em torno de corredores da Stock Car e todo um universo que os rodeia, as paixões, desilusões, relações, num turbulento retrato sobre indivíduos do mundo das corridas profissionais. Acho foda que Hawks já na reta final da carreira fez esse petardo esquisito, que mesmo sendo um filme tão hawksiano, parece mais um filme do Roger Corman produzido pela AIP. É troncho, uma grande novela da globo, tem alguns dos piores diálogos da filmografia do diretor, o próprio Hawks detestava, mas ao mesmo tempo é um dos filmes mais verdadeiros, humanos e com mais força emocional que o sujeito já fez. Lindo, o tipo de obra-prima imperfeita que eu não resisto…

EL DORADO (1966)
Hawks se reuniu novamente com John Wayne para este “remake espiritual” de seu clássico ONDE COMEÇA O INFERNO. É tipo um “copia, mas faz diferente“. O Duke faz um pistoleiro que se junta a seu velho amigo, o xerife bêbado de Robert Mitchum, para ajudar uma família de fazendeiros a lutar contra um rival que tenta roubar suas terras. James Caan também tá aqui, depois de trabalhar com o diretor em RED LINE 7000. Hawks cria mais uma mistura especializada de emoção, ação e boas risadas, apresentando os dois dos veteranos da era de ouro de Hollywood, Wayne e Mitchum, em estado de graça, entregando desempenhos divertidos de ver, embora o filme no geral não chegue no mesmo nível de seus melhores trabalhos.

RIO LOBO (1970)
Último filme que Hawks dirigiu. Após a Guerra Civil, o personagem de John Wayne procura o traidor cuja deslealdade causou a derrota da unidade de sua unidade e a perda de um amigo próximo. Durante a jornada, acaba se envolvendo numa aventura cheia de ameaças e figuras hawksianas. Embora não seja dos seus melhores westerns e colaborações com o Duke – o filme já nasce anacrônico para o período e com a trama cansada (Hawks recria pela terceira vez a mesma situação de ONDE COMEÇA O INFERNO e EL DORADO, encerrando a carreira numa espécie de trilogia com estes outros dois) – não deixa de ser divertido e ter seus momentos. Uma bela despedida de um dos maiores diretores que Hollywood já teve.

Acima, o último plano do último filme de Hawks. Fim da maratona.