Elvis Presley pode ter sido o Rei do Rock, mas no cinema seu trabalho se resume a um punhado de bobagens ingênuas em veículos para o sujeito entoar suas canções e beijar garotas. Nada contra, mas também nada muito estimulante. Mas aí vem um diretor badass da estirpe de um Don Siegel, se metendo a dirigir um western que não se priva de tratar de temas delicados, não se esquiva de cenas de extrema violência (em comparação com as produções do período), e lhe é exigido que Elvis, o ator/cantor mimado e mais preocupado com sua imagem do que na qualidade de seus filmes, seja o protagonista.
Para a nossa sorte, prevaleceu o lado mais interessante dessa história. E o resultado do encontro Siegel x Elvis não poderia ser diferente: FLAMING STAR é considerado a obra-prima e o “filme sério” de Elvis Presley, mas mais do que isso, o filme é uma das mais perfeitas demonstrações de como Siegel era um diretor talentoso em vários aspectos. E já que estamos de volta com o especial do homem, nada melhor ressaltar sua grandeza defronte de uma produção como essa, que poderia ter sido mais um exemplar banal de Elvis usando um chapéu e tocando violão, mas que acaba por ser uma joia, um dos grandes westerns do período e maior do que tudo que Siegel havia feito até então.
Sim, e me me refiro em comparação com VAMPIROS DE ALMAS e THE LINE UP, seus grandes trabalhos até aqui. E Siegel até permite, logo no início da fita, que Elvis pegue um violão e toque e cante para seus familiares, num clima leve de faroeste matinée. Mas esse clima logo se dissipa quando um personagem leva uma machadada na cabeça num ataque índio e o diretor não nos poupa de toda brutalidade. E ele deixa bem claro: estamos diante de um filme de Don Siegel e não de Elvis Presley.
Elvis é quase um souvenir nessa história, que está brilhante, diga-se de passagem. Seu personagem, Pacer, é extremamente complexo, um jovem fazendeiro mestiço, filho de pai branco, com irmãos brancos, mas com sangue índio correndo nas veias por conta de sua mãe. Na trama, a situação na região fica complicada quando o novo chefe dos Kiowas entra em conflito com fazendeiros sem escrúpulos que tomam na cara dura a terra dos nativos, o que leva a um clima tenso de guerra. E coloca Pacer numa posição desconfortável, bem no meio de um fogo cruzado tanto físico quanto psicológico, num dilema sobre pertencimento, sobre quem ele é realmente… Dá pra ter uma ideia?

Sorry, Elvis… Sem “Love me Tender” desta vez…
Some-se a isso questões características do western, como família, honra, apimentado com o tema do preconceito, índios x homem branco, de uma forma ousada e muito bem trabalhada pelo roteiro. Aliás, o roteiro foi escrito pensando em Marlon Brando no papel de Pacer, o que seria algo interessante de se ver. Mas não tenho do que reclamar da performance de Elvis, que surpreende com uma atuação firme, forte e corajosa. Em entrevista a Peter Bogdanovich, Siegel tece vários elogios ao ator/cantor, mas com consciência de suas limitações e das poucas chances que o futuro Rei do Rock tinha até então no cinema (e que acabou nunca tendo outra igual).
Mas o que realmente torna FLAMING STAR algo impressionante é o fato de Don Siegel nunca ter demonstrado tanto cuidado com as imagens quanto aqui neste belo filme, mais uma vez fazendo um uso simplesmente fascinante da tela larga. É impossível escrever qualquer coisa sobre esta obra sem destacar o trabalho notável de direção, de câmera, de enquadramentos, que dá ao filme uma riqueza estética de encher os olhos, equivalente aos grandes mestres do gênero, como Ford, Hawks, Walsh, Boetticher, Fuller, Ray, Mann… O que é a sequência em que a mãe de Pacer sai ferida de casa e caminha sem direção? O que é aquela câmera a acompanhando por trás? Uma das coisas mais belas que Siegel filmou em sua carreira…
Enfim, ainda temos as sequências de ação… ah, Siegel domina a gramática do cinema de ação como poucos de sua época e realiza sequências incríveis. E a forma como encerra o filme, digamos que FLAMING STAR termina exatamente onde deveria terminar, mas fica com um gosto amargo, pesado… mas ao mesmo tempo tão sublime, tão genial… Sem dúvida alguma, o melhor filme de Don Siegel até aqui e um dos melhores de toda sua carreira. Bom, depois de tudo isso só posso dizer que o Especial Don Siegel finalmente está de volta…
E só a título de curiosidade artística, foram as imagens promocionais de FLAMING STAR que Andy Warhol utilizou de base para sua série de obras do Elvis, em 1963.
Flaming Star ou Estrela de Fogo , é o melhor filme da carreira de Elvis e olha !eu que sou fã do saudoso Elvis Presley e assistia á maioria do filmes dele quando passava no Sessão da Tarde e Corujão na Rede Globo.. mas esse é sem duvida o melhor filme da carreira dele,destaque para atuação de Steve Forrest da serie S.W.A.T como o irmão dele e da veterana atriz Dolores Del Rio como á mãe de Elvis.. o filme não já algum tempo da TV Aberta sua ultima exibição foi no Canal 21 no começo dos anos 2000.. por ai.