Soube há poucos dias que TWILIGHT ZONE está de volta em 2019, uma nova versão da série, agora capitaneada pelo diretor Jordan Peele (CORRA e NÓS), dando uma de Rod Serling, fazendo o mesmo que o criador do seriado original, o qual além de roteirizar grande parte dos episódios, fazia as famosas narrações que tornaram o programa tão peculiar. Não vi ainda nenhum episódio dessa série nova, mas pela lista de diretores, nomes da nova geração que, se não são grandes mestres, possuem alguns bons trabalhos da safra atual do horror, acho que vale a pena uma conferida. Qualquer hora dou uma chance. Por enquanto, vou continuar peregrinando aqui nos episódios clássicos, ainda na primeira temporada.
Entramos agora na década de 60, estamos no décimo terceiro capítulo. THE FOUR OF US ARE DYING foi escrito pelo próprio Serling e dirigido por John Brahm. A trama é sobre um sujeito, Arch Hammer (Harry Townes) que possui a habilidade especial de poder mudar seu rosto, literalmente metamorfosear sua face para se parecer com outras pessoas. Geralmente, pessoas que já morreram… Durante o episódio, Arch usa sua habilidade para tentar melhorar sua vida (amorosa, financeira…) independentemente de seu efeito sobre os outros à sua volta.
Primeiro, personifica o falecido trompetista Johnny Foster para conseguir com que sua namorada, Maggie (Beverly Garland), uma cantora, concorde em fugir com ele. Mais tarde, ele se faz passar por Virgil Sterig, um gângster recentemente assassinado, para tirar dinheiro do Sr. Penell, o bandido que matou Sterig. Seu plano dá errado e foge sendo perseguido por dois brutamontes. Para escapar, Hammer assume o rosto de um jovem boxeador, Andy Marshak, que ele vê num cartaz estampado num beco escuro. No entanto, ele encontra o pai do verdadeiro Marshak, que pensa estar diante de seu filho, o qual partiu o coração de sua mãe e acabou com a vida de uma doce moça. Hammer empurra o homem para o lado e volta ao seu quarto de hotel. Mais tarde, no entanto, quando ele retoma o rosto de Marshak, a fim de fugir de um detetive de polícia, ele encontra novamente o pai de Marshak, só que desta vez o homem tem uma arma em punho…
No início de 1959, George Clayton Johnson, um jovem escritor, que viria ainda a contribuir com a série, e amigo de Charles Beaumont (que já havia roteirizado o nono episódio desta primeira temporada, PERCHANCE TO DREAM), escreveu um conto intitulado “All of Us Are Dying“, que era sobre um jovem que se aproveita do fato das pessoas o enxergarem como ” o indivíduo que mais querem ver no mundo” (sua queda ocorre quando ele entra em um posto de gasolina e o atendente o vê como um homem que há dez anos ele queria matar). Johnson apresentou a história a um certo agente, que encaminhou para Rod Serling.
Serling gostou logo de cara da ideia de um homem que pudesse ser visto com outros rostos. Ele comprou a história, e começou o trabalho de adaptação para a série e intitulou THE FOUR OF US ARE DYING. Como era o habitual de Serling, apenas um conceito, uma premissa, era utilizado, e escreveu um história bem diferente do original.
Inicialmente, a produção considerou trabalhar apenas com um ator e, através de processos de maquiagem, mudar sua aparência para se adequar a cada personagem. Essa ideia acabou sendo descartada por causa da intensa composição que o ator teria que sofrer e da grande quantidade de tempo que iria se gastar. O que não era o normal no processo de produção e filmagens desses episódios, curtos e de baixo orçamento. Depois de um longo processo de casting, foram escalados os quatro atores que aparecem como “protagonistas” em THE FOUR OF US ARE DYING, todos com o intuito de fazer acreditar que por trás daqueles quatro rostos existia um único personagem, um único homem. O que deixa evidente a ideia de uma certa busca por uma identidade, ou a fuga de ser “quem você é” como forma de sobrevivência, o principal tema a ser investigado pelo episódio.
É o que dá sentido a THE FOUR OF US ARE DYING. E o roteiro de Serling é impiedoso ao tratar do assunto contando a história de um homem tão especial, mas que no fundo é triste e que tem um fim implacável. A direção de John Brahm – que já havia realizado dois episódios, JUDGMENT NIGHT e TIME ENOUGH AT LAST, que é um dos meus episódios favoritos – é bastante engenhosa, imaginativa, e aproveita bem os econômicos, mas muito criativos, espaços e cenários estilizados que representam a grande cidade, cheias de placas, neons e atrações noturnas de várias espécias. O elenco está bem afiado, especialmente os quatro atores “protagonistas” e vale destacar a participação de Beverly Garland, que curiosamente também participa do filme que comentei no último post, O EMISSÁRIO DE OUTRO MUNDO. Chama a atenção também a notável trilha sonora do grande Jerry Goldsmith, em relativo início de carreira.
THE FOUR OF US ARE DYING é desses episódios essenciais de TWILIGHT ZONE.
Acho que esse novo “Além da Imaginação” vai ser uma droga assim como os filmes de terror estão indo pelo o mesmo caminho sem ousadia e roteiro com finais surpreendentes ,gostei do último “Além da Imaginação ” narrador por Forest Whitaker que era exibido no SBT nas madrugadas lá em 2010 e da serie clássica,que você esta analisando episodio por episodio com um texto espetacular e gostoso de ler e eu assisti essa primeira versão pela á TVS (Atual SBT) nas noites de quinta na década de 80 as 11 da noite e depois na TV Gazeta na década de 90 e á repaginação dela ( ou segunda versão ,como queiram ) que foi exibido na Globo em 1985 eu não assisti,por causa do horário era muito tarde na época para eu acompanhar.