A série Blood Island chega ao fim de um jeito bem diferente se comparado ao seus antecessores. BEAST OF BLOOD até consegue manter o mesmo clima, elementos, ambientações, mas desta vez assume uma postura mais de filme de ação e aventura em detrimento do horror, do monster movie, que era a tona dos dois primeiros episódios.
Outro detalhe curioso é sobre as minhas suspeitas de que cada filme da série era independente um do outro. Eu não estava totalmente correto. Apenas o primeiro exemplar, BRIDE OF BLOOD, não possui relação narrativa com os demais, enquanto BEAST OF BLOOD é uma continuação direta de MAD DOCTOR OF BLOOD ISLAND. É o que fica claro logo no prólogo, com o Dr. Foster (novamente John Ashley, a prova definitiva de que o ator realmente decidiu aproveitar ao máximo sua passagem pelas Filipinas) indo embora da Ilha exatamente após os eventos de MAD DOCTOR. Mas o monstro ainda está vivo! E ataca todos na embarcação com um machado, causa uma enorme explosão e o único que sobrevive é o pobre Dr. Foster, boiando em alto mar… E, claro, o monstro, que volta à ilha em que foi criado.
Um ano mais tarde, Dr. Foster retorna à Blood Island para tentar terminar o serviço mal feito do filme anterior, já que não conseguiu parar o monstro. Acompanhado de Myra, uma repórter americana interpretada pela belezinha Celeste Yarnall, o nosso herói descobre não apenas que os indivíduos contaminados com a clorofila do Dr. Lorca ainda tocam o terror na ilha, como também que o próprio Dr. Lorca, o cientista maluco do filme anterior, também está vivo e realizando suas macabras experiências em humanos. Na trama, logo que chegam à ilha, Myra é capturada pelos homens do Dr. Lorca e cabe ao valente Dr. Foster organizar uma rebelião e transformar Blood Island num palco de batalha contra a tirania do cientista maluco.
Só não podemos esquecer do monstro, apesar do próprio filme esquecê-lo na maior parte do tempo, infelizmente. Até porque é neste terceiro filme da série que resolveram dar uma caprichada no visual da criatura, com uma maquiagem mais elaborada, detalhada e até perturbadora. Nada muito genial, mas realmente se sobressai em comparação com as tosqueiras que eram os monstros dos outros exemplares. Embora o mostro aqui seja muito mal aproveitado, nas poucas cenas em que aparece é mágico, fica no laboratório do Dr. Lorca, decapitado como a moça de O CÉREBRO QUE NÃO QUERIA MORRER (62), observando seu corpo de longe e gemendo “Loooorcaaahh”.
A ação na selva acaba por ser o verdadeiro foco de BEAST OF BLOOD. E levando isso em consideração, deixando um bocado de lado que trata-se de um filme de horror, temos aqui um sólido exemplar de ação classe Z, de baixíssimo orçamento, mas feito com muita criatividade e energia. E claro, os elementos de horror acabam sendo uma peculiaridade que não veríamos normalmente num filme de ação do tipo. Acho que essa mudança de tom tem muito a ver com o fato de que a direção seja apenas do Eddie Romero, diferente dos filmes anteriores, que eram dirigidos em parceria com Gerardo De Leon. Romero dirigiu bastante horror, mas sua filmografia é mais marcada por exploitations de ação em selvas filipinas, então não é nenhuma surpresa que o filme entre em consonância com o currículo de seu diretor.
O nosso herói passa mais tempo lutando e trocando tiros contra os capangas do Dr. Lorca do que com o monstro. Aliás, o confronto dos dois acontece mesmo só na sequência inicial, no barco. O resto do filme, Dr. Foster só quer saber mesmo de resgatar a repórter (e, obviamente, amassar o capô do fusca, porque ninguém enfrenta um exército de capangas por uma mulher à toa, como podemos reparar na imagem acima) e a situação do monstro acaba se resolvendo sozinha.
Portanto, BEAST OF BLOOD acaba gerando reações diversas. Como um filme meio independente, de ação, é um material rápido, divertido e agradável para os amantes de um bom clássico exploitation, mas quem espera um desfecho épico para a Blood Island Films pode sair decepcionado com a lógica frágil de filme de monstro que temos aqui. Particularmente, prefiro apreciá-lo como um bom passatempo de ação e aventura na selva com uma pitada de monster movie para animar ainda mais as coisas.
Os outros filmes da série aqui no blog:
BRIDE OF BLOOD
MAD DOCTOR OF BLOOD ISLAND
como sempre o terceiro filme de uma franquia acaba se tornando mais fraco ,claro tivemos outros exemplares de filmes de franquias ate exaustivas se tornando muitas vezes repetitivas coisas de Hollywood mas as vezes o terceiro filme fica ate melhor que o primeiro,logico! não em todos os casos.Valeu Perrone! por nos brindar com um filme underground e encerrado esta trilogia.ate a proxima resenha ,um abraço de Anselmo Luiz.