GODZILLA (Gojira, 1954)

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Revendo o primeiro GODZILLA, de Ishiro Honda. Uma metáfora pesada dos horrores provenientes de armas nucleares. É um filme que carrega ressonância alegórica muito séria… Quero dizer, deve ser o único filme dentre os mais de trinta que compõe a série GODZILLA que até mesmo um “crítico sério” poderia admitir ter gostado sem medo de ter sua credibilidade revogada. Bem, no meu caso não sou nem crítico nem sou sério, portanto curto até as bagaceiras divertidas e exageradas que são as continuações… Não vi todos ainda, vou aos poucos. Mas este aqui é um clássico obrigatório.

A sequência do ataque à Tóquio é um dos momentos mais marcantes. Claro, quem se propõe a ver GODZILLA espera mesmo ver o caos causado pelo monstro em todo seu esplendor. Mesmo assim a coisa surpreende, as cenas de destruição são um espetáculo de primeira. O reinado de terror de Gojira é brutal, deixando Tóquio às migalhas, em chamas, com seus hospitais abarrotados de mortos e feridos. Mas entre todas as imagens, precisamente criadas a partir de efeitos especiais, há uma que me assombra sempre que me lembro do filme. Em meio a destruição, um plano de uma mãe que abraça e consola seus filhos, prometendo que logo todos estariam junto com o pai deles, provavelmente morto também pelo monstrão. Não consigo imaginar o quão tocante e assustador deve ter sido ver uma cena dessas no Japão em 1954…

Outro momento que não dá pra esquecer é essa cena da imagem aí debaixo, quando Gojira aparece pela primeira vez e ecoa o rugido mais amedrontador da história do cinema. É de arrepiar!

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Aparentemente, a única maneira de destruir Gojira é utilizando o “Oxygen Destroyer“, do Dr. Serizawa, uma arma tão terrível que seu seu inventor hesita em relação ao seu uso. É mexer com um poder que está além do seu alcance, da mesma forma quando experimentamos armas nucleares, adverte o filme. A princípio, Serizawa recusa, dizendo que a arma seria usada em última instância para o mal. Quando a televisão transmite um coro de crianças cantando uma oração pela destruição de Gojira, Serizawa finalmente cede e concorda em usar seu dispositivo. Junto com Ogata, um dos protagonistas da trama, ele desce às profundezas do oceano e enfrenta Gojira com o seu “Oxygen Destroyer“. Mas Serizawa também sabe que o segredo de sua invenção deve morrer junto com o monstro

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Os efeitos especiais de GODZILLA até hoje impressionam. São eficazes para o seu período, Honda soube aproveitar bem e combinado com a fotografia em preto e branco o resultado é ainda mais dramático. Se eles tivessem filmado em cores acho que não teria o mesmo efeito. Claro, visto hoje GODZILLA não é perfeito nesses quesitos, percebe-se os “truques” facilmente… Mas quando se pensa nessas cenas como algo seminal, o primeiro filme de sua espécie na indústria de cinema japonesa, é preciso reconhecer o talento de um sujeito como Eiji Tsuburaya, o diretor de efeitos especiais, e toda a sua equipe.

Tsuburaya era influenciado pelo stop-motion, mas o curto tempo que teve para trabalhar em GODZILLA tornou impossível o uso desse tipo de efeito. Imaginem só, uma única sequência pode levar várias semanas para se filmar em stop-motion. Em vez disso, Tsuburaya optou por construir um traje de monstro, que seria operado por um sujeito dentro. Acabou que deu certo, Gojira é imponente, um monumento, consegue ter certo realismo na medida do possível, e o visual ficou famoso no mundo todo.

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GODZILLA até hoje se mantém fascinante como um filme sci-fi catástrofe, mas também é uma obra-prima que serve de reflexo ao seu tempo, produzido ainda na ressaca do pós-guerra, aproximadamente 10 anos depois que as bombas atômicas cairam no Japão. O impacto cultural do filme é enorme, Gojira é um ícone! E seu legado, mais de 30 filmes, é simplesmente notável. Curioso que dois anos depois, foi lançado no mercado americano com um corte totalmente diferente e o título GODZILLA – KING OF THE MONSTERS, que omite referências à bomba atômica com receio de chatear o público norte-americano. Nessa versão também filmaram outras cenas e incluiram a participação de um repórter americano que acaba entrando na aventura… Nunca vi essa versão, mas vale ressaltar sua existência.

4 pensamentos sobre “GODZILLA (Gojira, 1954)

  1. Pingback: GHIDORAH – THE THREE-HEADED MONSTER (1964) | dementia¹³

  2. Pingback: KING KONG VS GODZILLA (1962) | dementia¹³

  3. Pingback: GODZILLA RAIDS AGAIN (1955) | DEMENTIA¹³

  4. Esse filme do ” Godzilla” é melhor de todos filmes , os outros filmes não dá para levar a serio,por que depois o poderoso lagarto niponico virou um super guerreiro em favor da humanidade destruindo tudo que era monstro quando esse ameaçava á paz na Terra,tirando esse filme que eu acho o melhor, outro que me chamou á atenção isso lá nos anos 80 que era exibido na velha TV Record era ” Godzilla Vs. King Kong ” esse é classico colocando os dois maiores monstro do cinema reunidos nesse filme com direção de Ishiro Honda e os efeitos especiais de Eiji Tsuburaya ( criador da serie ” Ultraman (1966) & Ultraseven (1967) ” ,foi lançado em DVD pelas as Obras – Primas do Cinema “Godzilla-Origens ” contendo três filmes ” Godzilla” (1954 ) ,a versão americana ” Godzilla – The King of Monster !” (1956) com ator Raymound Burr ( o advogado Perry Mason da TV ) e o “Monstro do Mar ” (1953) com os efeitos especiais do grande mestre Ray Harryhausen.um Abraço de Anselmo Luiz

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