O HOMEM PUMA (1980)

Eu já gostava de O HOMEM PUMA (The Pumaman, L’uomo puma), de Alberto De Martino, sem sequer ter assistido. Tô nem aí… Vejam esse poster (abaixo), o tal herói, o Pumaman, voando à frente da Estrela da Morte de STAR WARS! Tem como dar errado? Na verdade, depois de finalmente assistir, descobri que tem. E muito. O filme não tem absolutamente nada dessa vibe que o poster queria transmitir.

E não tem a Estrela da Morte. 😢

Mesmo assim eu continuei gostando de O HOMEM PUMA, só que agora pelos motivos errados, obviamente.

Considerando que SUPERMAN, de Richard Donner, foi lançado em 78, é fácil pensar que os italianos produziriam um filme como O HOMEM PUMA na esperança de tentar lucrar com o sucesso do clássico seminal de Donner na seara dos filmes de super-heróis, assim como outros países também o fizeram no período (lembro agora do SUPERSONIC MAN [79], de Juan Piquer Simón, que também saiu em VHS no Brasil). De fato, a Itália era conhecida por produzir imitações de franquias mais bem-sucedidas. Isso não é exatamente uma novidade e aqui no blog já dei vários exemplos disso.

Então vamos à trama d’O HOMEM PUMA, que é a seguinte: milhares de anos atrás, seres alienígenas visitaram os astecas e foram reverenciados como deuses. Eventualmente, alguns desses seres se relacionaram com humanos e geraram um filho, que recebeu incríveis poderes, que alegam ser semelhantes aos de um puma, embora muitos desses poderes não tenham nada a ver com pumas. Aumento de agilidade, força e habilidade de enxergar no escuro até fazem algum sentido. Mas quando o sujeito começa a voar e atravessar objetos sólidos dá pra perceber que os caras não tavam nem aí pra nada…

Nem mesmo sua roupa tem a ver com puma. Se olharmos para o Pantera Negra da Marvel, por exemplo, parece algo que combina com o tema de pantera. A roupa do Pumaman, no entanto, consiste em uma camisa preta com um rosto dourado no peito, uma capa preta e vermelha, calças caqui e um par de botas. Nada disso traz à mente o animal pelo qual ele é nomeado.

Enfim… O primeiro Pumaman recebeu a missão de usar esses poderes para proteger a humanidade. Seus descendentes também herdariam seu poder e continuariam a missão de seus antepassados. Seja lá por qual motivo, o povo asteca também recebeu dos visitantes uma grande máscara dourada que seria capaz de controlar a mente das pessoas.

Já nos tempos modernos, em Londres, jovens são jogados pela janela dos prédios pelos capangas do Dr. Kobras (o inigualável Donald Pleasence), que está desesperado para encontrar e matar o mais recente descendente da linhagem do Pumaman. E aparentemente jogar pessoas aleatórias pela janela é a melhor maneira de determinar se a pessoa é ou não é um super-herói…

O Professor de Antropologia Tony Farms (Walter George Alton) é o atual Pumaman, apesar dele não ter consciência disso. Até que um sacerdote asteca chamado Vadinho (Miguel Ángel Fuentes, de FITZCARRALDO) tenta lhe convencer que ele é o lendário Pumaman e lhe dá um cinto que permite que ele acesse seus poderes.

Claro, antes há toda uma discussão filosófica entre eles, um auto descobrimento, não é fácil reconhecer que você é o escolhido para proteger a humanidade. Mas não demora muito, Farms se vê voando toscamente e enfrentando o Dr. Kobras, que, aliás, já possui a máscara dourada mencionada anteriormente e planeja usá-la para conquistar o mundo.

A partir daí, somos apresentados a um festival de absurdos e bizarrices no que há de melhor – ou pior, depende do seu ponto de vista – do cinema tosco, do cinema péssimo, do cinema do “tão ruim que é bom” que os italianos sabiam bem como fazer. Os efeitos especiais, por exemplo, são tão horríveis até para a época que chego a me questionar por que eles se deram ao trabalho de fazer. Mas basta o Pumaman começar a voar que eu agradeço aos realizadores, em especial à falta de competência – e até de noção mesmo – do diretor Alberto De Martino, por não desistirem. É simplesmente uma das coisas mais ridículas e engraçadas que já colocaram em película.

Os diálogos de O HOMEM PUMA parecem escritos por uma inteligência artificial que não entende como os humanos se comportam ou comunicam entre si. A trilha sonora é uma das piores escolhas auditivas que já fizeram, não combina em nada com o tom do filme, se é que possui algum tom definido….

Algumas atuações são simplesmente constrangedoras, com destaque para Fuentes como Vadinho, que tem a mesma entonação emocional que uma porta. Em contrapartida, Donald Pleasence não precisa de esforço algum pra nos fazer sorrir. Fica bem evidente que o sujeito aceitou o trabalho pra cumprir tabela e arrancar um cheque dos produtores, mas até fazendo um papel de vilão no piloto automático demonstra porque ele foi dos grandes.

O elenco ainda tem a bela Sydne Rome, que interpreta o principal interesse amoroso do Pumaman e que está sendo controlada mentalmente pelo Dr. Kobras. Ela já teve atuações melhores, adoro ela em QUE? (1972), do Polanski. Aqui é apenas um rosto bonito sem muita expressão.

O pior do filme – ou melhor, dependendo mais uma vez do seu ponto de vista – é o desempenho do próprio Pumaman, o tal Walter George Alton. O ator é simplesmente desprovido de qualquer carisma e não consegue o suficiente pra fazer com que nos importemos com seu personagem. Sem contar que é estranho um ator caucasiano escolhido para interpretar um homem descendente dos astecas, mas esse tipo de coisa eu nem me importo. O que realmente me importo, e retomo aqui o assunto, é o seu ato de voar. Ah, isso sim eu me importo. Repito, é uma das coisas mais ridículas que eu já vi na vida e é preciso reforçar isso.

Enfim, O HOMEM PUMA é daqueles exemplares especialmente recomendado pra quem gosta de assistir a filmes de baixa qualidade, baixo orçamento, baixo tudo… Para dar boas risadas da incompetência alheia, se divertir às custas de efeitos especiais baratos, atuações terríveis e a natureza sem sentido do roteiro e tudo que deu errado na produção. Ou seja, para pessoas que sabem apreciar um legítimo filme ruim.

5 pensamentos sobre “O HOMEM PUMA (1980)

  1. Esse eu não assisti, mas já conhecia por conta do cartaz. Observando as imagens do Donald Pleasence como vilão caricato penso que ele teria sido um excelente Lex Luthor. O ator possuía uma presença inconfundível em atuações de vilania, como visto em Estranhas Mutações e em O Guerreiro do Mundo Perdido.

    • Ola,Jorge Vernetti ! Não se esqueça de ” 007 só se vive duas vezes “fazendo Blofeldele esta impecavel nesse filme desta franquia ,ele deveria ter voltado fazendo o personagem em outro filme desta franquia ,mas pena que ele não voltou,tenho um filme que ele tambem faz um vilão maravilhoso chamado Loomis o filme em si é o ” O GRANDE SEQUESTRO” lançado em VHS pela extinta Mundial Filmes,para mim e um ator que fez muita falta,um abraço de Anselmo Luiz.

      • Bem lembrado, Anselmo Luiz. Não citei o Blofeld por ser seu personagem mais famoso, ao lado do Dr. Loomis de Halloween.

  2. Deve ser tão bom ou pior do que o “Super-Homem Turco” ou “Capitão America Turco”.. esses italiano que criatividade,pena que o cinema de lá morreu, não se fazem mais perolas como essa ,apesar que eu nunca assisti ,só conhecia de nome esse filme ,boa postagem,um abraço de Anselmo Luiz.

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