THE HUMAN CENTIPEDE II (2011)

Estava discutindo com alguns amigos sobre a existência de THE HUMAN CENTIPEDE II, filme de extremo mau gosto, repugnante, absurdamente nojento. Enfim, encontrei poucas pessoas que realmente gostaram deste show de violência escatológica sem sentido que quase me fez colocar o almoço pra fora. Mas eu gostei! Como isso é possível? É simples: é exatamente o filme que eu esperava! Nojento, repugnante e de extremo mau gosto! Não é nenhuma obra prima ou algo parecido, mas é o típico filme que você recebe pelo que paga. Eu “paguei” pra ver uma centopéia humana e tive uma centopéia humana, com direito a todas as consequências que isso acarreta, por mais demente que seja!

Filmado em preto e branco, a trama é sobre Martin (Laurence R. Harvey), um sujeitinho esquisito que não solta uma palavra sequer durante todo o filme. O negócio é que ele possui uma obsessão bizarra pelo filme anterior, A CENTOPÉIA HUMANA, e simplesmente decide fazer a sua própria centopéia. Aluga um armazém e começa a coletar as vítimas que farão parte de seu experimento. A idéia é bem besta, na verdade, e vários detalhes desse processo são  questionáveis, mas e daí? Deixem o sujeito praticar seu hobby em paz.

Se no filme anterior, o diretor Tom Six conseguiu a proeza de ser bastante clean, elegante e mesmo assim mexeu com os nervos do espectador – além de criar um dos grandes vilões do cinema de horror da nossa geração, o médico maluco Dr. Heiter, vivido por Dieter Laser – em THE HUMAN CENTIPEDE II, o sujeito resolveu chutar o balde! Todo o sangue, visceras e excremento que ficaram de fora do primeiro filme é jogado na platéia sem concessão alguma!

Então não é muito difícil entender porque o filme ganhou tantos detratores. Além de visualmente pesado, a história é frágil e não justifica toda a violência que, realmente, só existe com a intenção de chocar gratuitamente. No entanto, ninguém pode culpar o filme por não entregar o que prometeu! Até concordo que seja um tanto doentio apreciar algo com esse nível de imbecilidade, que goza de uma fila de pessoas com suas bocas costuradas no ânus do indivíduo da frente. Só que ao mesmo tempo, é difícil pra mim não respeitar a ousadia de um diretor que tenta levar seu cinema além dos limites do que é aceitável, e que não dá a mínima para o “mimimi” do público. Um filme que causa tanto transtorno tem seus méritos, sem dúvida alguma!

E que venha logo o terceiro exemplar da série!

A CENTOPÉIA HUMANA (2009)

Goste-se ou não, temos que admitir que seria preciso ter estômago (além de ser muito chato) pra ficar indiferente diante de A CENTOPÉIA HUMANA (The Human Centipede), filme que arregalou alguns olhares em suas exibições e levantou muita discussão trazendo um dos conceitos mais perturbadores que eu vi nos último anos: três pessoas são sequestradas por um médico maluco que realiza um experimento que consiste em interligar as três cobaias num único sistema digestivo.

A coisa surgiu de uma ideia boba do diretor Tom Six, que dizia para seus amigos, enquanto assistiam TV  sempre que passava alguma reportagem sobre pedofilia, que as autoridades deveriam fazer o sujeito comer as fezes de um motorista de caminhão bem gordo como punição. Six sabia que isso poderia servir de base para um enredo de filme de terror e foi amadurecendo a ideia até chegar no resultado que foi visto na tela. Consultou até um médico cirurgião holandês que só aceitou ajudá-lo nos detalhes medicinais porque era fã de cinema (os desenhos do médico foram até utilizados no próprio filme, na cena em que o Dr. Heiter explica os procedimentos da sua operação).

Apesar do conceito ser realmente doentio e de revirar o estômago, e não faltam situações grotescas por conta disso, o resultado visual não é tão subversivo assim. É bem light e limpinho. Tá certo que chocar por chocar eu dispenso, mas acho que A CENTOPÉIA HUMANA poderia ser um pouquinho mais carregado no gore… Gosto do jeito que ficou, apesar de longe de ser perfeito, mas não consigo deixar de imaginar o que teria saído nas mãos de um diretor italiano no início dos anos 80, como um Joe D’Amato ou Lucio Fulci. Ou do alemão Jorg Buttgereit e o japonês Takashi Miike em seus dias de inspiração… haja estômago!

Algo que indiscutivelmente me agrada bastante é a presença do ator alemão Dieter Laser, que encarnou no Dr. Heiter, o médico maluco da trama, com muita força e expressividade. Um dos personagens mais bizarros e assustadores do horror moderno. O resto do elenco está bem, basicamente os atores que fazem as três vítimas. É preciso uma certa coragem para submeter-se a papéis como estes. Cheguei a ler que várias pessoas que apareciam para os teste de escolha de elenco abandonaram o local quando tomavam conhecimento do que se tratava…

A CENTOPÉIA HUMANA foi pensado como um filme de dois volumes. A segunda parte está prevista para 2011. Tom Six não revela nada do que teremos a seguir, mas estarei esperando por mais uma dose dessa sandice toda.