MERCENÁRIOS DAS GALÁXIAS (1980)

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O planeta Akir é habitado por indivíduos que renunciaram à guerra e à violência e estão prestes a descobrir o que acontece quando pacifistas são ameaçados por alguém que não renunciou à guerra e à violência… O malvadão do espaço sideral, Sador (John Saxon), e seu exército de mutantes, ameaça os pobres cidadãos do planeta à destruição caso não se curvem diante dele. Como não sabem se defender, decidem enviar o jovem Shad (Richard Thomas) na missão de encontrar e contratar mercenários espaciais que estejam dispostos a lutar pelo pequeno planeta Akir (cujo nome não é nenhuma coincidência, como veremos a seguir).

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Sim, MERCENÁRIOS DAS GALÁXIAS (Battle Beyond the Stars), produzido pelo grande Roger Corman, poderia ser definido como uma mistura entre OS SETE SAMURAIS, de Akira Kurosawa, e STAR WARS, num período em que fervilhava produções aproveitando do sucesso da clássica space opera de George Lucas. Se você já viu algum desses filmes (ou o remake do filme japonês, SETE HOMENS E UM DESTINO), o enredo não trará surpresa alguma. Mas a falta de originalidade da trama não é necessariamente um problema. A maneira como os realizadores brincam com essa mistura toda é o que acaba importando. São as sequências de ação, batalhas espaciais explosivas e muito tiro de raio laser, a variedade de personagens exóticos, maquiagens e efeitos especiais graciosos que esse tipo de produção classe B proporcionava…

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As filmagens não foram das melhores, apesar do orçamento ter sido dos mais abastados para os padrões de Corman (dois milhões de dólares). Atrasos na construção dos cenários e um mau tempo que fez o estúdio trabalhar com água até os tornozelos na maior parte do tempo não ajudava muito. O então futuro diretor James Cameron começou trabalhando aqui como um humilde modelador, mas pouco antes das filmagens começarem fizeram a preocupante descoberta de que o diretor de arte não tinha a menor ideia do que estava fazendo. E Cameron de repente se viu promovido à função. Mandou bem. O visual dos cenários e as miniaturas de naves e outros elementos estéticos são ótimos.

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O jovem James Cameron trabalhando em MERCENÁRIOS DAS GALÁXIAS

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Quem escreveu o roteiro foi outro futuro cineasta, o independente John Sayles, que dá um bom trato nos diálogos e na construção dos personagens, percebendo a importância de acentuar as diferenças entre os vários mercenários que pintam por aqui, com suas peculiaridades e culturas. Por mais bobinha que seja essa aventura, é esse tipo de detalhe que ajuda a tornar MERCENÁRIOS DAS GALÁXIAS um exemplar tão interessante e divertido.

No elenco, Richard Thomas tenta fugir de seu personagem mais famoso, John-Boy Walton, da série de TV THE WALTONS. Até que se sai bem, faz o jovem ingênuo, mas aventureiro que se arrisca em desbravar o universo em busca de salvar seu planeta. São curiosos os momentos em que precisar lidar com a dualidade da sua essência pacífica em contraste à necessidade de lutar e eventualmente tirar a vida de seus inimigos.

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Dos vários atores que retratam os mercenários, temos a presença de algumas figuras interessantes. Robert Vaughn, que estava em SETE HOMENS E UM DESTINO, faz um fascinante personagem trágico e atormentado. É praticamente o mesmo papel que fez no western de John Sturges. George Peppard, por outro lado, parece se divertir com o seu cowboy espacial. E Sybil Danning acrescenta um toque erótico ao filme, fazendo uma guerreira amazonas de outra galáxia com generosos decotes. Obviamente, vale destacar o desempenho de John Saxon como o tirano vilão imponente e cruel.

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A ação de MERCENÁRIOS DAS GALÁXIAS é um bom exemplo da abordagem de Roger Corman na produção, baseada em criatividade e imaginação – fazendo um pequeno orçamento durar mais do aparenta (até porque grande parte do dinheiro era para pagar os salários de Vaugh e Peppard) – e coube ao diretor Jimmy T. Murakami comandar sequências que não ficam nada a dever aos filmes B de batalhas espaciais do período. 

No fim das contas, temos aqui uma ópera espacial completamente agradável, um dos melhores dos muitos clones de STAR WARS.

O DIA DO COBRA, Il Giorno del Cobra (1980)

Outro dia parei para assistir a mais um Castellari, diretor que eu venho tentando fazer uma peregrinação, mas tenho me saído toscamente, já que os textos do diretor têm pintado esporadicamente por aqui. Pretendo consertar isso, porque se tem um diretor que vale a pena conferir toda a filmografia, é esse italiano maluco que eu considero um dos pilares do cinema de ação pós anos 70. E antes de Sylvester Stallone encarnar o marcante personagem Marion Cobretti, o tira casca gossa conhecido como COBRA, no filme de George P. Cosmatos de 1986, Castellari já havia chegado na frente e dirigido O DIA DO COBRA, em que o ator Franco Nero interpreta um policial com o mesmo apelido do “garanhão italiano”.

É a sexta parceria entre ator e diretor e, de alguma maneira, começa a demonstrar sinais de desgastes. O DIA DO COBRA já não possui a mesma energia pulsante de um HIGH CRIME ou VINGADOR ANÔNIMO, belos exemplares que a dupla já havia cometido alguns anos antes. Aliás, algumas cenas, detalhes da trama e até enquadramentos são cópias descaradas de coisas que o diretor já havia feito nos filmes que citei. Sem contar que o excesso de diálogos torna a obra uma experiência enfadonha.

No entanto, Castellari (quase) sempre é Castellari e (quase) tudo que faz dá pra tirar algum proveito. Apesar de insosso, problemático e sem o capricho de outrora, O DIA DO COBRA não deixa de ser um sólido filme policial, com mais um grande desempenho de Franco Nero, trilha sonora bacana e algumas sequências interessantes, como aquela bizarra na qual Nero enfrenta um transexual que luta kung fu! A produção ainda conta com uma femme fatale de resPEITO, a voluptuosa Sybil Danning, que fornece alguma nudez bem vinda, embora filmada de longe, não dando pra ver quase nada… mas tudo bem.

Castellari e Nero deram um tempo na parceria depois deste aqui e só voltariam a trabalhar juntos nos anos 90, no western JONATHAN DEGLI ORSI. O DIA DO COBRA é um filme recomendável. Mas se quiserem algo de qualidade mais certeira, recomendo mesmo HIGH CRIME, O VINGADOR ANÔNIMO, IL GRANDE RACKET e LA VIA DELLA DROGA para apreciar o melhor da maestria de Castellari no delicioso gênero poliziottesco.

MALIBU EXPRESS (1985)

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Uma boa maneira de se iniciar no cinema de Andy Sidaris é conferir, antes de qualquer coisa, MALIBU EXPRESS. Não tem erro! É o primeiro trabalho do sujeito que contém a sua assinatura, com todos os elementos característicos que fizeram-no ganhar, er… “notoriedade”, digamos assim. Entre aspas mesmo. É que Sidaris não chegou nem perto de ter alguma notoriedade no mundo do cinema. Apenas os fãs mais ferrenhos de tralhas classe B ainda lembram o seu nome quando vão citar os diretores de filmes B prediletos.

Uma injustiça, por sinal. Basta observar os tais “elementos característicos” para perceber que Sidaris, na verdade, é um dos diretores mais importantes da história. Se esta arte, que chamamos de cinema, não foi criada para mostrar mulheres com peitos de fora atirando com metralhadoras freneticamente, então eu não sei pra que foi… E nisso, Sidaris era um genuino mestre!

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Diretor de séries esportivas nos anos 70, Sidaris só foi arriscar em longas apenas duas vezes naquela década, com STACEY (73) e SEVEN (79), filmecos de ação com algumas gostosas de brinde, que serviram de ensaio para o que viria a fazer em MALIBU EXPRESS. Este seu terceiro longa impulsionou a carreira de Sidaris, que se especializou no peculiar estilo soft-core de ação. Todos os seus trabalhos seguintes são narrados como tramas criminais (com boa dose de humor) recheados de explosões, tiros, e mulheres de topless! Apesar do seu conteúdo e da vulgaridade da violência e do sexo, o cinema de Sidaris, por incrível que pareça, é muito inocente, sincero e possui estilo próprio… Você bate o olho e sabe que está vendo uma produção do Sidaris.

Há algumas semanas, postei aqui, todo orgulhoso, por ter adquirido o box contendo 12 filmes do diretor e prometi que comentaria cada um à medida que fosse assistindo. Comecei, então, pela revisão de MALIBU EXPRESS, um dos meus favoritos do diretor. A trama é uma bagunça deliciosa e apresenta o detetive particular decadente Cody Abilene, típico herói oitentista, bigodudo, fã de Dirty Harry, que mora num barco… o único problema é que é péssimo atirador. Ele é contratado pela Condessa Luciana (a musa Sybil Danning) para investigar a morte de seu marido e, para isso, precisa se infiltrar na mansão de Lady Lilian Chamberlain, pois os possíveis suspeitos se encontram todos no local. Só que o sujeito acaba, sem querer, descobrindo um complexo caso de conspiração internacional envolvendo espiões russos.

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A grande variedade de suspeitos inclui figuras interessantes que vão surgindo ao longo do filme, aumentando ainda mais a confusão narrativa, mas sem tirar o interesse do espectador, já que a maioria são belos exemplares do sexo feminino que não se acanha em tirar a blusa logo que surge em cena. Mas há também outros casos como o travesti, o motorista garanhão cheio de músculo, o trio de vilões que fica sempre na cola do nosso herói. Ao longo da trama, Cody recebe ajuda de mais algumas garotas, que também não demoram muito para mostrar os peitões, como a policial Beverly (Lori Sutton) e a corredora de carros Khnockers (Lynda Wiesmeier). Sem contar a constante aparição de uma família de caipiras querendo bater um racha com Cody…

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É tanta coisa acontecendo, um turbilhão de situações, peitos, ação, que em determinado momento eu já não fazia idéia o que Cody estava investigando. É claro que se você vai assistir a um exemplar de Andy Sidaris esperando acompanhar cada detalhe do enredo, vai perceber que escolheu o filme errado! O negócio é relaxar e se divertir com toda a zombaria. E Sidaris não decepciona o seu público, principalmente quando se trata de mulheres sem roupa. Não passa 5 minutos sem um peito balançando na tela.

Há uma cena no meio do deserto, num local cheio de carros usados cuja proprietária aparece apenas para tirar a blusa assim que Cody aparece lhe pedindo um carro pra fugir. Não satisfeito, Sidaris ainda cria mais mais situações e personagens apenas para encher a tela com mais peitos, como as duas ninfetas taradas que vivem no barco vizinho ao do protagonista, a telefonista que sempre põe o peito pra fora pra conversar com Cody.. Ih, são tantas… Mas claro, não podia faltar Sybil Danning, no auge da formosura, beirando os quarenta, não fazendo feio diante das mocinhas, apesar da participação pequena.

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Bom, se por um acaso eu ainda não consegui convencê-los de assistir a esta belezinha com meu texto, acho que as imagens que coloquei devem dar conta do recado! Boa sessão.