HELL COMES TO FROGTOWN (1988)

Assisti a este aqui outro dia e SIM, o filme é tão divertido e engraçado quanto o título e o cartaz sugerem! HELL COMES TO FROGTOWN tem como protagonista ninguém menos que Roddy Piper, de ELES VIVEM, e é sempre um prazer poder acompanhá-lo durante 90 minutos de canastrice e frases de efeitos em uma produção sem grandes pretensões, a não ser a de entreter seu público com uma série de ingredientes imperdíveis reunidos num mesmo filme.

Pra começar, Piper vive o último homem fértil do planeta em um futuro pós apocalíptico, onde guerras nucleares deixaram grande parte da população estéril. Ele é, então, recrutado pelo governo para uma missão peculiar. Colocam-lhe um cinto de castidade explosivo – para que não tente fazer bobiças – e junto com duas gostosas (entre elas Sandhal Bergman) precisa resgatar algumas ninfetas férteis que estão mantidas como reféns em uma cidade de mutantes bizarros que possuem corpos humanos e cabeças de sapo!

Apesar de todo esse potencial aparente de obra prima do cinema B americano oitentista, HELL COMES TO FROGTOWN não deixa de ser bem problemático e, provavelmente pelo baixo orçamento, pode desapontar quem espera ação de qualidade. É muito lento, em determinado momento, e acaba não sendo o clássico cultuado que eu gostaria que fosse… Na verdade, o filme, dirigido pela dupla Donald G. Jackson e R.J. Kizer (que eu não faço a menor idéia de quem sejam), é praticamente esquecido atualmente.

Mas putz, como é divertida essa bobagem toda! Roddy Piper é muito carismático, um dos atores mais engraçados do cinema americano – e não me lembro dele ter feito alguma comédia – e aqui está impagável com a sua desconfortável situação, sempre rodeado de mulheres, sem poder aproveitar, gerando uma série de gags hilárias a partir disso. O filme não explora a nudez de suas atrizes, mas não chegamos a sentir falta (o que não deixa de ser um filme sexy). O elenco está todo muito bem e conta com a ilustre presença de William Smith!

A premissa, as situações cômicas que surgem a partir daí, e o elenco já garantem uma diversão que contagia tranquilamente e compensa, por exemplo, a ação que é bem fraquinha (a não ser a do final, que é bacana). Quem já está acostumado com o ciclo de filmes pós apocalípticos de baixo orçamento dos anos 80 já sabe o que esperar por aqui. Além disso, há os “homens sapos”, um elemento a mais que prende a atenção, especialmente com as maquiagens incríveis, numa época em que os realizadores ainda se preocupavam em criar algo do tipo sem a ajuda de CGI.

POSSESSED BY THE NIGHT (1993), de Fred Olen Ray

Este aqui é uma bizarrice estrambólica do mestre Fred Olen Ray, além de ser um prato cheio para os fãs de produções modestas que nunca tiveram atenção do grande público. POSSESSED BY THE NIGHT é um suspense erótico com um pé no horror estrelado pela musa do Cine Privé, Shannon Tweed, muito à vontade por sinal. Especialmente na caudalosa sequência onde malha com uma blusinha branca que é de um erotismo quase transgressor! Além dela, temos Sandahl Bergman, outra atriz sem frescura que não se inibe ao tirar a blusa em frente às câmeras (e o faz em vários momentos por aqui, mesmo no auge de seus 42 anos).
Para não dizer que eu sou um tarado que só pensa “naquilo”, o filme ainda possui uma pequena dose de porradaria com o ator Chad McQueen. O protagonista é vivido por Ted Prior, astro do cinema de ação cujos filmes passavam todos os dias no Cinema em Casa no início dos anos 90, grande parte dirigido pelo seu irmão, o “talentoso” (leia-se um dos piores diretores de todos os tempos) David A. Prior. Curioso é que os dois atores são muito semelhantes a outros astros de fama mais notável. Chad é uma espécie de Mickey Rourke dos pobres, enquanto Prior é a cara do Christian Bale… é por isso que eu amo tanto esses filmes B.

Bom, eu ainda não acabei (eu disse que era um prato cheio, não disse?). O eterno Henry Silva marca presença como um mafioso, soltando frases impagáveis. Ele entra em cena recebendo massagem de duas garotas de topless e, ops, vamos mudar de assunto. Para completar, um recipiente com uma espécie de cérebro com olho influencia de forma negativa os personagens ao seu redor! Já é o suficiente para convencê-los a correr atrás desta pérola o mais rápido possível?

Prior interpreta um escritor sofrendo de bloqueio criativo. Vai a uma loja de artefatos orientais e compra o tal recipiente achando que vai lhe trazer inspiração… como uma coisa horrorosa daquela vai trazer inspiração a alguém é um desses mistérios no qual só poderia ter surgido na cabeça do Fred Olen Ray mesmo. Enfim, logo que volta pra casa com seu novo adorno, as coisas começam a ficar estranhas. Tudo é mostrado já na cena em que Prior tenta dar umazinha com a patroa (Bergman), mas age de forma agressiva demais para ela e acaba ficando na mão, passando a noite no sofá.

Seu empresário, vivido por Frank Sivero (o Carbone de GOODFELLAS), lhe envia uma secretária para digitar seus manuscritos, a exuberante e insaciável Shannon Tweed. Brigado com a mulher e com uma secretária dessas malhando de blusinha branca suada em seu maquinário de musculação, não há coração que aguente… e não vamos esquecer do jarro oriental com o cérebro dentro enfeitando a mesa e espalhando cargas negativas entre os habitantes da casa, fazendo ferver os desejos eróticos de cada um deles.

É, difícil aguentar desse jeito!

Paralelo a isso tudo, há uma subtrama onde acompanhamos um gangster (McQueen) que cobra as dívidas de seu chefão (Silva), mas também passa por uma crise tentando sair dessa vida criminosa. Obviamente as duas estórias se encontram em algum ponto.

Esta subtrama dá ao filme alguns momentos mais agitados de ação, pois nem sempre as pessoas querem pagar o que devem e aí a coisa tem de ser resolvida à base do kung fu. É o exemplo da sequência na oficina, quando surgem algumas figuras ilustres, como o diretor Jim Wynorski, aparecendo apenas para apanhar, e também o ótimo Peter Spellos, o grande Orville de SORORITY HOUSE MASSACRE 2, dirigido pelo Wynorski. Até o próprio Fred resolve fazer uma ponta, mas nada de violência em sua participação, ele se apresenta apenas como um garçom comum em outro momento.

“Ah, vai ficar lindo na cômoda do escritório!”

Lançado diretamente para o mercado de vídeo, POSSESSED BY THE NIGHT se sobressai perante as muitas produções do gênero com as quais as locadoras viviam infestadas na época. A direção de Fred é um exercício único de economia. Devido ao tipo de produção, ele não perde muito tempo tentando amarrar as pontas soltas deixada pelo roteiro, elimina personagens de forma banal e explora somente os elementos que realmente importa: bastante sexo e um pouco de violência!

“Deixa eu te ajudar a desabotoar esse colete amarelo…”

O elenco também é fraco, deixando o filme ainda melhor, principalmente Ted Prior que é de fazer vergonha. Tweed não precisa atuar, basta fazer cara de safada e agir de maneira sexy. É o que sabe fazer muito bem, independente do tipo de personagem que representa. Os únicos com certo destaque na interpretação é o Henry Silva, velho de guerra neste tipo de personagem, e Sandahl Bergman, surpreendendo com a atuação mais expressiva do filme.

Recebeu o título no Brasil de FLUIDOS DO MAL ou apenas POSSUÍDA e não me recordo com precisão se chegou a ser lançado em vídeo no Brasil, mas do jeito pelo qual este mercado funcionava por aqui, eu aposto minha melhor camisa que sim.