TEASER DE BLADE RUNNER 2049 + TRAILER DE ALIEN COVENANT + ALIEN – O OITAVO PASSAGEIRO (1979)

Primeiro, vamos ao teaser de BLADE RUNNER 2049:

Sou grande admirador de BLADE RUNNER – um dos trabalhos visuais mais colossais e deslumbrantes da ficção científica – e todo o universo que o rodeia, curto até a bagunça das variadas versões que o filme possui… Não sei bem o que pensar, entretanto, dessa continuação. Me parece boa, respeitosa, com o Ridley Scott comandando o barco na produção. E o Dennis Villeneuve é uma escolha interessante. Não sou grande fã de alguns de seus trabalhos, como OS SUSPEITOS, mas acho SICARIO muito bom. Não vi ainda ARRIVAL, uma incursão do diretor no sci-fi, mas pelas imagens do teaser dá pra criar boa expectativa, especialmente pela presença de Deckard (Ford) em cena. Na torcida por algo legal…

Agora, o trailer de ALIEN: COVENANT:

Ok, ainda é uma incógnita pra mim. Acho o retorno do Scott ao universo ALIEN, com PROMETHEUS, uma coisa linda. Portanto, meio que confio que COVENANT esteja em boas mãos e deva sair algo instigante, claustrofóbico e tenso pra caralho, espero… Claro que não deve chegar nos pés deste aqui:

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O que esse trailer, na verdade, me causou foi vontade de rever ALIEN – O 8° PASSAGEIRO pela milésima vez. Foi o que eu fiz e resolvi republicar esse textinho que escrevi no blog antigo.

É sempre bom relembrar o surgimento dessa belezinha. Em 1974, o jovem Dan O’Bannon escrevia um roteiro de ficção científica que acabou sendo DARK STAR, dirigido pelo então marinheiro de primeira viagem, John Carpenter. Eu adoro o filme, mas O’Bannon parece não ter ficado muito satisfeito com o resultado. A trama, entre outras coisas, é sobre a tripulação de uma pequena nave atormentada por um alien feito de bola de praia… sim, é tão genial e ridículo ao mesmo tempo.

Então o sujeito resolveu pegar alguns elementos de DARK STAR, buscou inspiração de alguns outros clássicos da ficção científica, como O PLANETA DOS VAMPIROS, para escrever um novo roteiro. Além disso, O’Bannon aproveitou sua aproximação com o artista H.R. Giger, da época em que estavam preparando a adaptação de DUNA, que teria a direção de Alejandro Jodorowski, para trabalhar na concepção visual desse novo projeto. Ainda teve o dedo de Walter Hill na produção e a direção de Ridley Scott… Então qualquer coisa que saísse dessa combinação de talentos seria, no mínimo, interessante. Calhou de sair ALIEN – O 8° PASSAGEIRO, ou seja, um dos maiores clássicos do horror espacial.

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Ao contrário de vários cinéfilos que conheço, não compartilho do mesmo desprezo pelo Ridley Scott. Não é um mestre, mas quando acerta demonstra que realmente sabe o que faz. Especialmente no início de carreira o sujeito estava em estado de graça! OS DUELISTAS, BLADE RUNNER e este aqui são obras de grande vigor cinematográfico… o problema é que quando erra, demonstra uma incompetência absurda. Basta lembrar de coisas como ATÉ O LIMITE DA HONRA ou sua versão de ROBIN HOOD.

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Em ALIEN a coisa é diferente. Scott aproveita da melhor maneira possível da força visual, do primor estético concebido por Giger, dos efeitos especiais, trilha sonora, para trabalhar o tenso climão claustrofóbico dos corredores escuros e cenários fechados da nave Nostromo em um crescente suspense. Sei que todo mundo está careca de saber sobre tudo isso, mas até hoje me encanta os detalhes e escolhas que Scott faz para a construção do horror. Todas as cenas dos ataques do alien, por exemplo, se baseiam muito mais na atmosfera do que a brutalidade. Se existe um filme que transcende o sentido de horror atmosférico é este aqui.

Dessa forma temos várias cenas brilhantes, como a que o personagem de Tom Skerritt, Dallas, adentra os apertados dutos de ventilação em busca do invasor indesejado. É tudo questão de manutenção de luz, sombras e noção de como utilizar os cenários… A criatura mesmo mal aparece durante todo o filme e mesmo assim, Scott tem nas mãos o suficiente para fazer a platéia gelar a espinha. Até hoje, já perdi as contas de quantas vezes já assisti ao filme, sei cada cena de cor e ainda assim me mantém vidrado. De fazer inveja a muito filmezinho de terror da atualidade.

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Algumas sequências são célebres. A visita de parte da tripulação à nave alienígena abandonada cheio dos famigerados ovos estranhos e o pobre John Hurt curioso botando a cara a “ver melhor”; Ian Holm se revelando após a violenta pancada na cabeça desferida por Yaphet Kotto; Sigourney Weaver de calcinha se preparando para a peleja final; e claro, o sensacional parto de John Hurt, dando à luz a uma lombriga de dentes afiados. Sem contar o aspecto incrível do monstro espacial, que me deixava arrepiado quando era criança e até hoje impressiona.

OSCAR 2016: OS INDICADOS A MELHOR FILME

Daqui a uma semana acontece o Oscar 2016, o principal evento do cinema Hollywoodiano que vai premiar os filmes de 2015 e etc, blá blá blá… Sim, eu confesso que por mais que não dê muita bola para o cinema atual, eu paro pra ver os filmes que concorrem ao Oscar. Quero dizer, vejo na medida do possível, tem coisas que só de olhar a sinopse e o elenco me dá vontade de vomitar… Este ano mesmo eu não vou conferir todos os indicados a melhor filme, mas dentre os que vi, até que existem algumas coisas razoáveis.

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Não é o caso de THE BIG SHORT (2015, Adam McKay). Vi que muita gente tem gostado, deve ser mesmo um filme inteligente. Como eu sou uma verdadeira anta, fiquei perdido a maior parte do tempo, percebendo só por alto o que se passava, isso quando não me esforçava para me manter acordado. Ô, filme chato do c@#$%! A trama é sobre um grupo de empresários que conseguiu premeditar a crise que abalou a economia dos Estados Unidos em 2008 e ainda lucraram em cima disso com apostas altamente arriscadas. No papel a ideia até parece interessante, mas a coisa é tão caótica, bagunçada e confusa que o diretor Adam McKay teve que inserir explicações ao longo do filme pra não deixa o espectador voando… Só piorou ainda mais a situação, porque esses enxertos são ridículos e não tem graça alguma. A própria direção é algo questionável, com uma câmera balançante e uma edição frenética que me deixou enjoado (apesar de tentar refletir a atmosfera do universo das bolsas de valores). Até entendo as pessoas gostarem, especialmente quem saca e acompanha o mercado das bolsas e ações como se fossem campeonatos de futebol. Eu não entendo bulhufas. Caguei pra esse filme.

BROOKLYN (2015, John Crowley). Caguei pra esse também. Não vi e não quero ver.

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BRIDGE OF SPIES (2015, Steven Spielbeg). Este é um que eu poderia ter ignorado também. Mas como é Spielberg sempre dou uma chance, por mais que o sujeito tenha errado mais que acertado na última década. BRIDGE OF SPIES até que começa bem, é sobre um advogado especializado em seguros (Tom Hanks) que acaba aceitando a tarefa atípica de defender um espião soviético (Mark Rylance, muito bom) capturado por americanos em plena Guerra Fria. Mas aí o filme vai se desenvolvendo e quando era para as coisas esquentarem Spielberg não consegue se segurar e aos poucos começa colocar os vários elementos piegas e ceninhas ridículas habituais. E sempre dói ver Spielberg jogando fora o que poderia ser seu melhor filme em muito tempo com mais um festival de pieguice sem fim, com um tom apaziguador e feliz que marca suas obras recentes.

MAD MAX – FURY ROAD (2015, George Miller). Obra-prima e o meu favorito dos indicados. Mas não vai ganhar, obviamente. Não que ele não mereça o Oscar de melhor filme. O Oscar é que não merece um MAD MAX como premiado. Escrevi algumas coisas na época aqui.

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THE MARTIAN (2015, Ridley Scott). Curioso que não curti tanto esse filme quando assisti, mas ele foi crescendo, crescendo, e agora já vejo com muito bons olhos essa história do astronauta (Matt Damon) que é enviado numa missão em Marte e é dado como morto após desaparecer numa tempestade. Abandonado no planeta, tem que se virar para conseguir sobreviver e retornar à Terra. O grande problema de THE MARTIAN é que o filme gasta muito tempo com as pessoas na Terra, tentando resolver a situação daqui. Burocracias, reuniões, uma quantidade exorbitante de personagens que falam e falam e falam e não damos a mínima pra eles. E o que interessa no filme? Matt Damon se fodendo, passando fome, frio, e queimando miolos pra sobreviver! Quando o filme se assume como esse sci-fi de aventura e sobrevivência, a coisa melhora muito. E Damon está realmente ótimo no personagem, consegue ser tão carismático e engraçado mesmo numa situação tão extrema.

THE REVENANT (2015, Alejandro Gonzalez Iñarritu). Deve levar o prêmio principal. E de melhor diretor… E de melhor ator (finalmente, Leo DiCaprio!)… E outros vários prêmios técnicos. Até acho merecido. Não é nenhuma obra-prima, mas é bem divertido quando se aceita como filme de aventura. Escrevi sobre ele aqui.

ROOM (2015, Lenny Abrahamson). Passo…

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SPOTLIGHT (2015, Tom McCarthy). Vem sendo comparado a TODOS OS HOMENS DO PRESIDENTE, mas não consegue alcançar nem o dedinho do pé do filme do Pakula. Mas ainda assim é legalzinho, um bom filme, bem contado, me prendeu a atenção. Narra a história verídica de um grupo de jornalistas de Boston que reúne documentos que provam diversos casos de abuso de crianças causados por padres católicos e que rendeu aquele BOOM de padres pedófilos há alguns anos… Ajuda muito o elenco, com destaque para o Mark Ruffalo e o Michael Keaton, e a maneira sóbria e fria, sem muito confete, que o McCarthy dirige. Não acho nada maravilhoso, mas dentro do contexto do Oscar desse ano, é o único que pode tirar a estatueta do THE REVENANT. Se bem que tem sempre quem goste do THE BIG SHORT…

Agora, cadê o CAROL (2015)? Ótimo filme do Todd Haynes, em moldes clássico, um dos grandes filmes que vi em 2016 até agora. Recebeu algumas indicações, especialmente a dupla de atrizes, Cate Blanchet e Rooney Mara, que estão magníficas, mas foi esnobado na categoria principal… Vai entender. E minha torcida maior vai para o Stallone, é lógico. E vou fazer uma promessa. Se o velho Sly receber o Oscar de melhor ator coadjuvante por CREED, vou postar textos de todos os filmes da série ROCKY aqui no blog! GO ROCKO!

PROMETHEUS E CUMPRIUS!

Com o perdão da piadinha infame do título do post, mas cumpriu com folgas! PROMETHEUS é sensacional! Deve ser o melhor trabalho de Ridley Scott desde… quando? BLADE RUNNER, há trinta anos? E curiosamente marca o retorno do sujeito ao gênero que o consagrou (e ao universo ALIEN, que ajudou a criar, dirigindo o primeiro da série). Mas o que deve ser levado em consideração é que PROMETHEUS, cuja trama transcorre antes do filme de 1979, é um exemplar que caminha com as próprias pernas e não depende absolutamente em nada da franquia na qual está inserida. Utiliza de alguns elementos dos quais estamos familiarizados, mas desenvolve algo completamente novo, com seus próprios mistérios, personalidade e reflexões. E parece que isso não entra na cabeça da moçada que vem se decepcionando com o resultado. Metem o pau no roteiro, nas perguntas deixadas sem respostas (e talvez esperassem surgir na tela os famigerados aliens de dentes afiados babando aquela gosma transparente)… Tem defeitos? Tem. Mas como é bom poder conferir na tela grande um sci-fi cerebral que, ao menos em sua primeira metade, tenta  propor questões filosóficas, indagações metafísicas sobre a origem do homem, seguindo a tradição de clássicos da ficção científica existencialista, como 2001, do Kubrick, e SOLARIS, do Tarkovski, sem se preocupar em entregar respostas e soluções fáceis. Numa época em que a má vontade do público em botar a cachola para funcionar parece ser a regra, PROMETHEUS chega em boa hora para afrontar.

E como disse o amigo Leandro Caraça, “O filme começa como Kubrick e termina como uma produção zilionária do Roger Corman”. Então para quem reclama da falta de urgência, na segunda metade o filme chuta o balde e abre espaço para o bom e velho horror espacial, com direito a ataques de criaturas desconhecidas, personagens se ferrando bonito, inesperada dose de violência e sangue, suspense atmosférico de primeira qualidade, um clima tenso e crescente que culmina em deflagradoras sequências de ação… A cena que a personagem da Noomi Rapace precisa fazer uma cesária forçada, por exemplo, é de prender a respiração e se contorcer na poltrona! E quando as duas mocinhas (Noomi e Theron), ao final, tentam escapar de um esmagamento, correndo na mesma direção que a colossal nave alienigena está rolando (ao invés delas fazerem uma curva de 90º, um desvio óbvio), estava tão absorvido na ação em toda sua grandiosidade, que nem me importei com a imbecilidade das personagens (e se eu quiser realismo, vou assistir a um documentário).

Dizer que a parte técnica de PROMETHEUS é impecável, é chover no molhado. O visual é arrebatador do início ao fim; os efeitos especiais são deslumbrantes; o design de produção, de som, 3D, e o caralho à quatro, tudo em perfeita sincronia de acordo com as nossas necessidades sensoriais. No elenco (que é muito bom), destaco o desempenho da sueca Noomi, que faz uma protagonista forte e expressiva, além de ter uma beleza exótica de encher os olhos; e o Michael Fassbender, ator magnífico, que apesar de ser o andróide sem emoção da parada, consegue ser, de longe, o personagem mais tridimensional e interessante.

O veredito: Ignore por uns instantes a série ALIEN e suas baratas espaciais e aprecie PROMETHEUS sem moderação, um belíssimo sci-fi como há muito tempo não tinhamos, que te coloca para pensar e, de quebra, diverte à valer! Ridley Scott deve ter surpreendido até seus detratores com PROMETHEUS (que não fica devendo em relação às suas obras mais aclamadas, OS DUELISTAS, ALIEN e BLADE RUNNER), filmando com um rigor cinematográfico extraordinário que muita gente não esperava. Agora, quando o assunto for ficção científica, espero que o sujeito seja levado em consideração entre os grandes diretores do gênero.