Primeiro, vamos ao teaser de BLADE RUNNER 2049:
Sou grande admirador de BLADE RUNNER – um dos trabalhos visuais mais colossais e deslumbrantes da ficção científica – e todo o universo que o rodeia, curto até a bagunça das variadas versões que o filme possui… Não sei bem o que pensar, entretanto, dessa continuação. Me parece boa, respeitosa, com o Ridley Scott comandando o barco na produção. E o Dennis Villeneuve é uma escolha interessante. Não sou grande fã de alguns de seus trabalhos, como OS SUSPEITOS, mas acho SICARIO muito bom. Não vi ainda ARRIVAL, uma incursão do diretor no sci-fi, mas pelas imagens do teaser dá pra criar boa expectativa, especialmente pela presença de Deckard (Ford) em cena. Na torcida por algo legal…
Agora, o trailer de ALIEN: COVENANT:
Ok, ainda é uma incógnita pra mim. Acho o retorno do Scott ao universo ALIEN, com PROMETHEUS, uma coisa linda. Portanto, meio que confio que COVENANT esteja em boas mãos e deva sair algo instigante, claustrofóbico e tenso pra caralho, espero… Claro que não deve chegar nos pés deste aqui:
O que esse trailer, na verdade, me causou foi vontade de rever ALIEN – O 8° PASSAGEIRO pela milésima vez. Foi o que eu fiz e resolvi republicar esse textinho que escrevi no blog antigo.
É sempre bom relembrar o surgimento dessa belezinha. Em 1974, o jovem Dan O’Bannon escrevia um roteiro de ficção científica que acabou sendo DARK STAR, dirigido pelo então marinheiro de primeira viagem, John Carpenter. Eu adoro o filme, mas O’Bannon parece não ter ficado muito satisfeito com o resultado. A trama, entre outras coisas, é sobre a tripulação de uma pequena nave atormentada por um alien feito de bola de praia… sim, é tão genial e ridículo ao mesmo tempo.
Então o sujeito resolveu pegar alguns elementos de DARK STAR, buscou inspiração de alguns outros clássicos da ficção científica, como O PLANETA DOS VAMPIROS, para escrever um novo roteiro. Além disso, O’Bannon aproveitou sua aproximação com o artista H.R. Giger, da época em que estavam preparando a adaptação de DUNA, que teria a direção de Alejandro Jodorowski, para trabalhar na concepção visual desse novo projeto. Ainda teve o dedo de Walter Hill na produção e a direção de Ridley Scott… Então qualquer coisa que saísse dessa combinação de talentos seria, no mínimo, interessante. Calhou de sair ALIEN – O 8° PASSAGEIRO, ou seja, um dos maiores clássicos do horror espacial.
Ao contrário de vários cinéfilos que conheço, não compartilho do mesmo desprezo pelo Ridley Scott. Não é um mestre, mas quando acerta demonstra que realmente sabe o que faz. Especialmente no início de carreira o sujeito estava em estado de graça! OS DUELISTAS, BLADE RUNNER e este aqui são obras de grande vigor cinematográfico… o problema é que quando erra, demonstra uma incompetência absurda. Basta lembrar de coisas como ATÉ O LIMITE DA HONRA ou sua versão de ROBIN HOOD.
Em ALIEN a coisa é diferente. Scott aproveita da melhor maneira possível da força visual, do primor estético concebido por Giger, dos efeitos especiais, trilha sonora, para trabalhar o tenso climão claustrofóbico dos corredores escuros e cenários fechados da nave Nostromo em um crescente suspense. Sei que todo mundo está careca de saber sobre tudo isso, mas até hoje me encanta os detalhes e escolhas que Scott faz para a construção do horror. Todas as cenas dos ataques do alien, por exemplo, se baseiam muito mais na atmosfera do que a brutalidade. Se existe um filme que transcende o sentido de horror atmosférico é este aqui.
Dessa forma temos várias cenas brilhantes, como a que o personagem de Tom Skerritt, Dallas, adentra os apertados dutos de ventilação em busca do invasor indesejado. É tudo questão de manutenção de luz, sombras e noção de como utilizar os cenários… A criatura mesmo mal aparece durante todo o filme e mesmo assim, Scott tem nas mãos o suficiente para fazer a platéia gelar a espinha. Até hoje, já perdi as contas de quantas vezes já assisti ao filme, sei cada cena de cor e ainda assim me mantém vidrado. De fazer inveja a muito filmezinho de terror da atualidade.
Algumas sequências são célebres. A visita de parte da tripulação à nave alienígena abandonada cheio dos famigerados ovos estranhos e o pobre John Hurt curioso botando a cara a “ver melhor”; Ian Holm se revelando após a violenta pancada na cabeça desferida por Yaphet Kotto; Sigourney Weaver de calcinha se preparando para a peleja final; e claro, o sensacional parto de John Hurt, dando à luz a uma lombriga de dentes afiados. Sem contar o aspecto incrível do monstro espacial, que me deixava arrepiado quando era criança e até hoje impressiona.