NOTAS SOBRE FILMES RECENTES

JUNGLE CRUISER (2021)

Dir: Jaume Collet-Serra

Inchado até o talo e bem irregular. Até gosto do toque feminista, tem algumas ceninhas bacanas de ação, o conceito visual dos exploradores espanhois amaldiçoados é bem feito, criativo, e o Jesse Plemons parece se divertir como vilão alemão. Mas é um filme que me deixa com sono a maior parte do tempo. E não convence de maneira alguma com a química entre The Rock e Emily Blunt, que tá mais pra uma versão forçada da Bela e a Fera. Mas também ninguém estava esperando um filme mais “Collet-Serra” do que um “Disney Movie”, não é mesmo? Não precisava de um diretor autoral pra fazer isso aqui. Podiam chamar um Gary Ross ou Francis Lawrence que dava na mesma. 

Torcendo pro Collet-Serra voltar a fazer filmes com o Liam Neeson.

O ESQUADRÃO SUICIDA (2021)

Dir: James Gunn

Nem sou tão detrator do primeiro ESQUADRÃO SUICIDA (apesar de ser mesmo fraquinho) e acho o David Ayer um diretor bem interessante. Mas ele realmente se fodeu quando se meteu com a Warner/DC. James Gunn parece transitar melhor pelos corredores dos grandes estúdios e leva muito jeito pra trabalhar nesses tipos de projetos, com esses orçamentos volumosos (de um cara que surgiu ali no underground, da TROMA, é algo a ser estudado). E, sobretudo, consegue impor sua visão pessoal. O nível é MUITO superior aqui, o tipo de espetáculo divertido, engraçado, subversivo e violento que se espera desse material e de um filme do James Gunn.

DUPLA EXPLOSIVA 2 – E A PRIMERA-DAMA DO CRIME (2021)

Dir: Patrick Hughes

O australiano Patrick Hughes mantém as coisas num bom ritmo, em constante movimento durante toda a duração, que é mais longa que deveria, quase duas horas pra um filme desse é praticamente auto sabotagem. Mas entrei na onda e deu pra se divertir… Gosto bastante do primeiro filme, que postei aqui há um tempinho, acho até um bocado subestimado. Achei esse aqui ainda melhor, trabalha uns temas interessantes, de forma boba, mas que não prejudica o que interessa. A coisa tem potencial pra ser uma franquia, se não no mesmo nível que um MISSÃO IMPOSSÍVEL, VELOZES E FURIOSOS ou JOHN WICK, pelo menos agradável, com um universo muito próprio e personagens engraçadíssimos (Salma Hayek em especial…). E apesar de ter OS MERCENÁRIOS 3 no currículo, Hughes filma bem ação. Evidente que o tom cartunesco do filme permite certos exageros e humor abobalhado na ação, o que pode não agradar a todos. Mas é inegável o talento do sujeito em filmar perseguições, pancadria e tiroteios com bastante energia. Que venham mais filmes da série.

NEM UM PASSO EM FALSO (2021)

Dir: Steven Soderbergh

Cai numas armadilhas bestas que poderiam ser evitadas: excesso de personagens, reviravoltas e subtramas que deixa a coisa inchada bem mais que deveria, em especial na segunda metade. Mas o filme é tão consistente naquilo que propõe, em tecer uma teia curiosa de crime, roubos, assassinatos, traições, com um humor ácido peculiar e uma atmosfera noir interessante, que acaba tendo sua graça no fim das contas… Óbvio que o elenco acaba sendo um destaque, sobretudo Ray Liotta, um Brendan Fraser incrivelmente obeso e Bill Duke genial como sempre.

VAL (2021)

Dir: Leo Scott e Ting Poo

Obviamente que eu queria ver o Val Kilmer falando sobre as produções de ação e terror vagabundos direct to video dos anos 2000, mas aí já seria pedir demais… De todo modo, é um belo documentário, um retrato interessante e sensível de uma figura fascinante, bizarra e problemática do cinema americano que foi do ápice do estrelato ao fundo do poço e resolveu filmar tudo em vídeo. Uma vida inteira toda registrada. Vale a pena. Produção da Amazon, então tá disponível no streaming deles.

NARC (2002)

bscap0189

Para quem descobriu o diretor Joe Carnahan lá em 2002 com essa porrada chamada NARC, é até bizarro notar as escolhas que o sujeito fez ao longo da carreira. Não acho ruim os seus trabalhos seguintes (pelo menos os que cheguei a assistir – inclusive adoro THE GREY, com Liam Neeson) mas NARC me fez pensar na época que Carnahan seria um diretor ao estilo do que um David Ayer e James Gray foram por um tempo e Craig S. Zahler vem sendo hoje. Ou seja, um realizador de obras mais sombrias e pesadas do universo policial, adaptando autores como James Ellroy… Carnahan acabou deixando uma espécie de lacuna. E NARC se tornou, ao longo dos anos, um pequeno cult movie para os amantes de um bom e velho filme policial.

NARC segue a tradição dos grandes filmes de tiras corruptos e investigadores infiltrados dos anos 80 e 90, com a mesma crueza e o realismo duro de filmes como e COP, de James B. Harris, O PRÍNCIPE DA CIDADE, de Sidney Lumet, VÍCIO FRENÉTICO, do Ferrara, DONNIE BRASCO, de Mike Newell, COPLAND, de James Mangold, JUSTIÇA CEGA, de Mike Figgs… Em resumo, Carnahan nos oferece um mergulho na vida cotidiana de policiais incapazes de lidar com uma vida “normal”, que vivem apenas para o seu trabalho, e acabam afetados de todas as formas possíveis pela imersão em universos dos quais não fazem parte.

bscap0168

Quando o filme começa, Nick Tellis, o policial interpretado (com intensidade inesperada) por Jason Patric, tenta se reconstruir com sua esposa e filho, alguns meses após uma investigação que deu errado e durante o qual ele acabou causando a morte de um inocente. Portanto, nada o levaria a aceitar a nova missão que lhe é oferecida: investigar o assassinato de um policial acompanhado do ex-parceiro da vítima. Nada o obriga a sair de volta às ruas, à violência das ruas… Mas ele tem isso encravado na alma: ser policial é mais que um trabalho, é a sua vida.

Aos poucos Nick vai voltando às atividades e quando se dá conta, já está completamente absorvido pela investigação. Obviamente, a descida ao inferno é total. Mais profunda do que podemos imaginar, especialmente depois da sequência devastadora dos primeiros minutos de filme. Aliás, que puta começo! A sequência de abertura de NARC é antológica, tensa pra cacete. O espectador é simplesmente arremessado na situação em que Nick, ainda sob disfarce, persegue um criminoso a pé, sem nenhum contexto, com uma câmera chacoalhando freneticamente que faria os caras do Dogma 95 se morderem de inveja, mas que se justifica de tão bem utilizada. E a coisa toda termina de um jeito trágico e violento. Uma violência que prenuncia o resto do filme.

bscap0142

O outro policial de NARC é Henry Oak, encarnado por um Ray Liotta assombroso. Oak é um sujeito dedicado da velha escola que usa força bruta pra cima dos criminosos e acredita que o departamento de policia deseja enterrar as investigações sobre o seu parceiro assassinado e por isso precisa agir por fora do livro de regras para solucionar o caso. De vez em quando Liotta encontra papeis dignos de seu imenso talento, como é o exemplo de NARC. Com o rosto todo esculpido, os olhos alucinados e uma raiva incandescente, Liotta devora o filme evocando, com a mesma determinação inabalável, uma espécie de Popeye Doyle de OPERAÇÃO FRANÇA.

O próprio Friedkin elogiou pra caramba NARC, chegando a dizer que era melhor do que seu próprio filme. Uma modéstia, claro, não chega a tanto, mas o filme de Carnahan não tem nada do que se vergonhar da comparação.

OS BONS COMPANHEIROS (1990)

CKYsaqbW8AAkCgS

Mais um para o esquenta do THE IRISHMAN, novo filme de Martin Scorsese que está aproximando cada vez mais da estreia na Netflix. Na verdade, acho que essa semana já teremos cinemas passando o filme, se não estou enganado. Bom, enquanto não tenho certeza, vamos de OS BONS COMPANHEIROS (Goodfellas), que foi o segundo grande filme de máfia do Scorsese depois daquela lindeza que é CAMINHOS PERIGOSOS, que eu comentei aqui na semana passada.

Gosto de fazer um paralelo de OS BONS COMPANHEIROS com os filmes de máfia do Coppola, a saga d’O PODEROSO CHEFÃO, que é uma visão mais romantizada do crime organizado, representando a nata da máfia que governa como monarcas. Enquanto o filme de Scorsese é uma espécie de refutação, que retrata os bandidos e soldados que povoam o submundo da máfia e a fragilidade de suas próprias existências. Não os bandidinhos ralé de CAMINHOS PERIGOSOS, mas criminosos que chegam a atingir certo status, mas ainda estão longe do topo. Isso não quer dizer que uma abordagem é melhor que a outra, apenas são diferentes. Em vez de ver homens honoráveis, quase míticos, como Don Corleone, em OS BONS COMPANHEIROS somos levados a ver como a coisa funciona para aqueles que estão tentando sobreviver no submundo: assaltos, brigas, tráfico de drogas, a violência que deflagra completamente sem sentido…

Goodfellas_Screenshot_0070Goodfellas_Screenshot_0081

OS BONS COMPANHEIROS foi baseada no livro Wiseguy do jornalista Nicholas Pileggi, que conta a vida do gângster, que se torna informante, Henry Hill. O sujeito é um meio-siciliano meio irlandês que cresceu no Brooklyn e desde novo idolatra os gangsters que trabalham do outro lado da rua. Vendo-os indo e vindo como bem entenderem, Hill fica determinado a ser um deles. Isso acaba o levando a trabalhar para Tuddy (Frank DiLeo), cujo irmão, Paul (Paul Sorvino), é o chefe do bairro. Ignorando os apelos de sua família, que tenta mantê-lo longe dos bandidos, o jovem Henry (Christopher Serrone) decide que essa é a vida que ele levará. Não tem mais necessidade de estudos, trabalho “normal” ou outras atividades comuns dos adolescentes. Ele só quer aprender a ganhar dinheiro.

Goodfellas_Screenshot_0303

A história avança e Henry (agora encarnado por Ray Liotta) cresce, unindo forças com os compatriotas Jimmy Conway (Robert De Niro) e Tommy DeVito (Joe Pesci). Em Jimmy, Henry encontra um mentor. Um criminoso experiente e um homem que realmente gosta do crime e da política do submundo. Mas como ele é irlandês, nunca poderá ser um “homem feito” oficialmente, ou seja, nunca vai subir os níveis na “cadeia alimentar” da Cosa Nostra. Mas Jimmy tem bastante poder trabalhando para Paulie, supervisionando os vários esquemas de Henry e Tommy. Este último é a dinamite prestes a explodir. Um psicopata que rotineiramente rompe em fúria assassina.

EIeSkreXsAE9LZPEI71sM6XsAEGCwJ

A vida dos caras se resume em fazer todo tipo de crime – desde simples assaltos de caminhões de carga à um complexo roubo em um aeroporto – e desfrutar de um certo prestígio que essa vida lhes dá, ganhando “respeito” no submundo e frequentando os melhores restaurantes da cidade. Após assassinatos indevidos, passagens pela prisão, o movimento nos 70 para o mundo do narcotráfico, o caminho de todos começa a mudar, para o bem ou para o mal. Mais para o mal, na verdade… Até o ponto em que Henry precisa fazer a escolha da sua vida: arriscar a sobrevivência nesse mundo ou testemunhar contra seus amigos.

Para um filme de duas horas e meia de duração, OS BONS COMPANHEIROS se move num ritmo frenético e vertiginoso que é simplesmente uma delícia de se acompanhar. Scorsese tem o completo domínio de seu filme, que é um bom exemplo para se recorrer quando se pensa no virtuosismo de Scorsese como diretor. Há sequências que são verdadeiras aulas de cinema, como os famosos planos com a câmera deslizando pelas boates enquanto os personagens interagem entre si. Ou então na sequência em que os corpos dos membros da equipe do assalto da Lufthansa começam a aparecer por toda a cidade. A câmera se move graciosamente e vai revelando corpos em Cadillacs, caminhões de lixo ou pendurados em congeladores de carne, com as tensões do piano da clássica “Layla” tocando ao fundo.

Goodfellas_Screenshot_3247Goodfellas_Screenshot_3272

São várias sequências clássicas. Como o arco que envolve o assassinato brutal de Billy Batts (Frank Vincent), e o trio principal se livrando do corpo. Mas um dos momentos que mais me impressionou nessa revisão – e que já não lembrava da sua intensidade – é o capítulo próximo ao final do filme, quando a vida de Henry fica completamente fora de controle. O sujeito sabe que já não pode contar muito com Jimmy e Paulie e depende cada vez mais da venda de cocaína como sua única renda. E em um dia específico, Scorsese mostra os malabarismos de Henry em realizar várias tarefas – entregar silenciadores de armas para Jimmy, encontrar seu contato do tráfico, pegar seu irmão, organizar a próxima viagem de contrabando para uma garota – enquanto vai ficando cada vez mais surtado, estressado e paranoico além do seu limite. Especialmente por conta de um helicóptero que o protagonista acredita de pés juntos que está o seguindo aonde quer que vá.

Goodfellas_Screenshot_3486

E Scorsese retrata sensorialmente esse sentimento de paranoia e estresse apenas pela maneira como filma e edita. Em parceria com sua colaboradora de longa data, a editora Thelma Schoonmaker, a montagem é cheia de cortes rápidos para mostrar o ritmo frenético em que a mente de Henry funciona, à mil por hora, e realmente sentimos o cara à ponto de explodir a qualquer momento. Além disso, a trilha sonora de toda essa sequência é perfeita, pulando entre estilos e humores, como “Monkey Man”, dos Rolling Stones, “What Is Life”, de George Harrison e “Manish Boy”, de Muddy Waters… Tudo embalado de forma descontrolada, como deve ser.

O elenco é uma das forças de OS BONS COMPANHEIROS. Não consigo pensar em nenhuma outra performance na carreira de Ray Liotta que seja tão expressiva quanto seu desempenho como Henry Hill. Robert De Niro certamente tem melhores atuações, inclusive trabalhando com Scorsese, mas seu Jimmy, com a natureza calculista e insensível necessária para o personagem é sem dúvida mais um dos destaques de sua carreira. Lorraine Bracco também merece reconhecimento como Karen Hill, a esposa de Henry que também é consumida pelo estilo de vida dos mafiosos. É interessante observar sua progressão de dona de casa ingênua para basicamente uma comparsa nas operações de drogas do marido. Além dos já citados, o filme ainda tem uma participação bacana de Samuel L. Jackson, Michael Imperioli e algumas pontinhas ao fundo de Vincent Gallo.

EIdIna2X0AAAjrh

Mas o grande destaque, o tour de force de OS BONS COMPANHEIROS, é Joe Pesci. Ele é a versão moderna dos personagens vividos por James Cagney nos dias dourados de Hollywood. O homem é um psicopata e suas repentinas e inesperadas explosões de violência são realmente chocantes. Cenas como o assassinato à sangue frio do jovem Spider (Imperioli) por não lhe trazer uma bebida causa certa impressão até mesmo a quem já está acostumado com filmes de máfia. Ao mesmo tempo, Tommy é um sujeito leal e que pode ser incrivelmente engraçado. Todo mundo lembra da famosa cena “Funny how? What’s funny about it?” entre Tommy e Henry, mas há outros momentos que sempre me fazem rir. Coisas como Tommy tentando convencer Henry a ir a um encontro de casais, ou depois que ele atira em Spider e Henry declara que o garoto está morto e Tommy responde com naturalidade: “Good shot. What do you want from me? Good shot. Fuckin’ rat anyway.

Goodfellas_Screenshot_2163Goodfellas_Screenshot_2164

Enfim, é um filme muito rico, com vários momentos marcantes e imagens icônicas e eu não saberia como continuar abordando tudo o que gostaria sem que soasse chato e repetitivo e uma punhetagem (que é o que este texto já virou há muito tempo)… Ficaria dias falando sobre tudo pelo qual sou apaixonado em OS BONS COMPANHEIROS. Pelo que me lembre, foi o primeiro filme de Scorsese que assisti, quando ainda era moleque nos anos 90 e nunca me canso de rever. Richard Linklater diz que este filme só se revela mesmo como obra-prima lá pela terceira ou quarta vez que você o vê. Como eu já perdi as contas de quantas vezes já vi, “obra-prima” é pouco pra ele. Até hoje me impressiona como OS BONS COMPANHEIROS é um filme que pode ser tão popular e divertido e, ao mesmo tempo, atingir o nível mais alto de sofisticação das maiores obras de arte do cinema.

PS: Apesar de tantos elogios, ainda prefiro CAMINHOS PERIGOSOS.

EM NOME DO REI (In the Name of the King: A Dungeon Siege Tale, 2007)

In-The-Name-of-the-King-LB-1

Resolvi fazer uma revisão de EM NOME DO REI antes de conferir a continuação, lançada recentemente lá fora no mercado de DVD, estrelado por um dos action heroes favoritos do blog, Dolph Lundgren. Mas mantenham a ansiedade por mais alguns dias, em breve faço o post de EM NOME DO REI 2, que aparentemente não possui qualquer ligação com este aqui. Por enquanto, fiquemos com o filme de 2007 que se revelou uma bela surpresa! Na minha cabeça, era uma tralha ruim de doer, mas divertido à beça pelos motivos errados. Na verdade, continua sendo isso mesmo, mas as suas virtudes se destacaram com mais ênfase dessa vez.

Ok, falar em virtudes num filme do Uwe Boll talvez seja um exagero, mas eu gosto de EM NOME DO REI! A história é simples, os diálogos são de rachar o bico de tão ridículos, tem muita ação, um elenco impressionante de rostos famosos fazendo cara de “que roubada que eu me meti!” e, claro, a direção do alemão maluco, pretensiosa até o talo, achando que está filmando um episódio da série O SENHOR DOS ANÉIS! Porra, Boll, coloque-se no seu lugar! Isso aqui é muito MELHOR que o O SENHOR DOS ANÉIS!!!

In The Name Of The King (2007)

Baseado em um jogo de video game, pra variar, a trama é uma típica aventura de fantasia comum, sem nenhuma complexidade, com um Rei precisando defender seu reino de uma mago maléfico e seu exército de Krogs, criaturas semelhantes aos Orcs, abalando a vida de um simples fazendeiro, que entra na situação para se tornar herói, mudar o seu destino e se descobrir como alguém muito mais importante do que esperava. Relevando a desnecessária longa duração, o negócio é meio que desligar o cérebro e embarcar neste universo criado pelo Boll e, naturalmente, observar os sub-astros de Hollywood pagando mico…

ugvH4zLq9rfZ4lBGbJxPscoh0Um002 Leelee Sobieski as Muriella

Começando pelo protagonista, vivido pelo Jason Statham, que na verdade até que se sai bem como herói de ação, com aquela mesma expressão facial de todos os seus filmes. Ainda assim, acho o Statham um bom herdeiro das truculentas figuras de ação dos anos 80 e 90. Falta-lhe um pouco de carisma de vez em quando, mas gosto do trabalho dele em algumas coisas. Prosseguindo ainda com a lista de atores que o Boll, milagrosamente, conseguiu reunir aqui, temos Ron Perlman, Leelee Sobieski, John Rhys-Davies, Claire Forlani, Matthew Lillard, e as cerejas do bolo: Burt Reynolds, encarnando o Rei, e Ray Liotta, vivendo o mago malvado que deseja o trono.

in-the-name-of-the-king-slechte-fantasy

Estes dois últimos merecem um parágrafo à parte. Quando Reynolds surge em cena, vemos um ator deixar claro o quão empolgado ele está por fazer parte do filme. O sujeito mal se mexe na cadeira e cospe as falas com um desânimo subversivo… é de dar pena! A maior parte do tempo, Reynolds fica sentado ou deitado, mas até que participa um pouco de umas sequências de batalha. Aliás, sua participação é até maior do que eu esperava, especialmente depois da primeira aparição, com o olhar de arrependimento, mas louco pra receber o cheque logo e voltar pra casa. Mas a canastrice rola solta mesmo é com Ray Liotta! O sujeito está engraçadíssimo e muito à vontade! Diferente de Reynolds, percebe-se que Liotta se diverte com seu personagem, soltando aquelas gargalhadas que só ele faz… não tem como não se divertir com ele.

In The Name Of The King (2007)

Eu só não consigo entender de onde tiraram que o Uwe Boll é, ou foi, o pior diretor do mundo! Tá certo que fez ALONE IN THE DARK e HOUSE OF THE DEAD, mas pera lá! O cara também fez BLOODRAYNE, TUNNEL RATS, POSTAL e outros, que não são obras primas, mas demonstram um diretor com colhões e que sabe o que faz. Existem vários diretorezinhos de estúdios americanos que não chegam aos pés do Boll. São tão sem personalidade que nem são lembrados na hora de apontar o pior diretor da atualidade.

As sequências de guerra e confronto corpo a corpo de EM NOME DO REI, por exemplo, não fazem feio diante das realizadas pelos grandes estúdios. São bem elaboradas e executadas, embora não tenha muito sangue. Mas é realizado à moda antiga e sem frescuras, quase não se vê CGI sendo desperdiçado… No meio da batalha na floresta, há um longo travelling que mostra a extensão da batalha, com vários figurantes e muita noção de espaço e arquitetura de ação. Perto de algumas coisas que vi no cinema nos últimos anos, isso aqui é uma aula de direção.

Vamos ver agora como o Dolph Lundgren se sai sob a direção do Boll. Se for tão divertido quanto este aqui, já fico muito satisfeito.