ZERO WOMAN: RED HANDCUFFS (Zeroka no onna: Akai wappa, 1974), de Yukio Noda

Para quem está a fim de uma dose na veia de violência estilística, artsploitation apurado, nada melhor que este primeiro filme da série ZERO WOMAN, que rendeu diversas sequências ao longo dos anos, inclusive na década de noventa e nesta atual, que acabaram direto no mercado de DVD’s. Não cheguei a ver nenhum filme mais recente da série, mas não devem ter o mesmo nível criativo e contextual deste clássico do cinema de exploração japonês.

ZERO WOMAN: RED HANDCUFFS é um autêntico Pink Violence, bastante elegante na sua concepção visual, na combinação dos filmes policiais dos anos setenta com uma brutalidade explícita e estilizada que rendem um belo culto à violência visceral. Infelizmente, peca um bocado pela misoginia, hoje vista pelos maus olhos da sociedade com muito mais afinco, mas na época devia fazer a alegria das bichas enrustidas, mas isso não estraga a diversão…

Resumindo consideravelmente a trama, Miki Sugimoto vive a policial de um departamento especial, a “Zero Womam” do título, com a missão de resgatar a filha de um poderoso político das mãos de seis seqüestradores, sem que a situação se torne pública, o que acarretaria num escândalo para o inescrupuloso homem do governo, que pretende se candidatar a primeiro ministro do Japão. Para isso, a heroína precisa exterminar todas as provas do crime, isso inclui os seis meliantes.

O líder dos criminosos é interpretado por Eiji Go, num excelente desempenho, bastante expressivo. O filme retrata os bandidos como sujeitos de índole profundamente má, capazes de praticar as mais puras bestialidades sem arrependimento, deixando gente como Frank, de Henry Fonda em ERA UMA VEZ NO OESTE ou o reverendo Harry Powell, de Robert Mitchum em O MENSAGEIRO DO DIABO, de cabelos arrepiados!
Mas tudo isso torna ainda mais gratificante quando o espectador assiste os vagabundos sendo tratados como lixo humano, bem ao estilo da Pink Violence, principalmente numa cena de tortura envolvendo um maçarico. Na verdade, a nossa heroína só consegue entrar em ação pra valer no final, já que, durante todo o processo da missão, Miki infiltra-se no bando e não ajuda em nada os policiais que estão prestes a encher os bandidos de chumbo.

Além da violência, há uma grande quantidade de nudez gratuita, quesito básico que não poderia faltar a este tipo de produção. Tralha que se aproveita de dotes femininos, situações perturbadoras como crueldade sexual e assassinatos com muita violência exagerada, mas com um tratamento visual acima da média, feita especialmente para os fãs de abobrinhas urgentes, mas muito divertida!

SEX & FURY (1973), de Norifumi Suzuki

Ocho (Reiko Ike) toma banho tranquilamente numa banheira e de repente precisa defender-se de um grupo de bandidos que a ataca com espadas. Ela se levanta e começa a lutar e o fato de estar completamente nua não parece fazer muita diferença para os seus adversários (mas para nós, meros espectadores, faz) que vão caindo um a um a seus pés, nem sempre inteiros. A luta é levada para um cenário coberto de neve e aos poucos, a nudez e a neve ficam manchadas de sangue criando um efeito estético muito interessante.

Mas o visual neve e sangue remete a outro grande clássico do cinema exploitation Japonês: LADY SNOWBLOOD, de Toshiya Fujita, que fora lançado no mesmo ano que SEX & FURY. Mas enquanto o primeiro é um exploitation em seu estado puro, o segundo é um belo exemplar do subgênero Pink Violence, e se você ainda não conhece ou não sabe que tipo de filme verá neste estilo, a antológica cena citada no primeiro parágrafo define muito bem a sua essência.

Então não importa se a protagonista está em busca de vingança (da mesma forma que no filme de Fujita), mas sim os detalhes e os elementos que o diretor Norifumi Suzuki trabalha para enfatizar a violência e o tom erótico da bagaça.

Um fator que ajuda em muito nestes quesitos é o desempenho de Reiko Ike como a protagonista sexy e vingativa, que se entrega à personagem de maneira formidável. Outra presença ilustre é a da sueca Christina Lindberg, famosa pela sua interpretação em THRILLER – A CRUEL PICTURE (precisando de uma revisão para eu escrever algumas linhas sobre ele), um verdadeiro clássico do cinema físico!

Christina Lindberg não poderia ficar de fora da ação!

Suzuki era um mestre dos filmes de ação japonês e as cenas de luta em SEX & FURY são bem violentas e sangrentas, ainda mais com a beleza e sensualidade de Reiko Ike que não se importa de pagar peitinho enquanto perfura ou rasga seus oponentes sem piedade, como na seqüência final. Chega a ser poético!

OBS: Uma perguntinha básica: vocês preferem que os posts tenham muitas ou poucas imagens? (e quando eu digo muitas, seria este post um exemplo; e poucas é o que eu venho fazendo regularmente)