ALÉM DA IMAGINAÇÃO 1.3 – MR. DENTON ON DOOMSDAY (1959)

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Uma das coisas mais legais de ALÉM DA IMAGINAÇÃO é o diálogo entre gêneros. Além do sci-fi, do horror e da fantasia, que são o básico da série, sempre teremos uns episódios mais dramáticos, outros mais cômicos, teremos policiais noir, guerra, aventura e até western. Este último é o caso de MR. DENTON ON DOOMSDAY, terceiro episódio da primeira temporada.

Em 1959, os filmes de bangue-bangue ainda dominavam os olhares do público. Mas não esperemos a linguagem básica do western totalmente presente aqui nessa curta história de redenção e destino. O protagonista, por exemplo, não é nenhum cowboy ou xerife durão, mas o retrato exato de um bêbado. A história se passa numa pequena cidade do velho oeste americano e o nosso “herói” é Al Denton, vivido por Dan Duryea, constantemente humilhado por um jovem pistoleiro chamado Dan Hotaling, interpretado pelo inigualável Martin Landau. Tudo o que Denton gostaria era de poder se redimir, de uma nova chance na vida, mas acaba sempre perdido em mais uma garrafa de uísque.

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O elemento fantástico da série vem na espécie de um anjo da guarda transvestido de um vendedor ambulante (Malcolm Atterbury), que chega à cidade e resolve misteriosamente se intrometer no destino de Denton. Agora o sujeito tem a sua segunda chance, se redescobre muito mais homem do que achava que ainda era. Mas será que vai aproveitá-la devidamente?

Novamente escrito pelo criador da série, Rod Serling, MR. DENTON ON DOOMSDAY é um dos episódios sobre “perdedores”, onde o personagem principal é um ferrado que está do lado errado da sorte. Em seguida, acontece algo “mágico”, algo inacreditável que invade a realidade infeliz do personagem, cujo efeito muda para sempre sua vida e sua visão sobre o futuro. Em cada uma dessas histórias, no entanto, há uma escolha fundamental que deve ser feita pelo personagem. O milagre nunca vem de graça e nunca sem a necessidade de uma ação humana como catalisador. MR. DENTON ON DOOMSDAY exemplifica exatamente esse tema, que ainda serão explorados em vários episódios da série.

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Enfim, é um episódio agradável. O cenário do Velho Oeste funciona bem como palco para esse jogo de moralidade. Vale dar ênfase ao elenco, no qual temos um ator gabaritado como Dan Duryea, que já tinha realizado, por exemplo, diversos filmes noir de Fritz Lang. Mas meu destaque vai para um jovem Martin Landau, demonstrando um talento incrível e indícios do grande e expressivo ator que seria futuramente, recebendo o Oscar de melhor ator coadjuvante em ED WOOD, de Tim Burton. Uma pena seu falecimento recente. Malcolm Atterbury tem uma participação menos expressiva, mas sua presença também chama a atenção. Fez uma carreira mais voltada para séries de TV, tendo recebido mais de 150 créditos como ator.

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A direção do episódio ficou por conta de Allen Reisner, prolífico diretor de séries, embora MR. DENTON ON DOOMSDAY seja seu único trabalho em ALÉM DA IMAGINAÇÃO.

CYCLONE (1987)

… aka DURO NA QUEDA

Da fase oitentista de Fred Olen Ray, CYCLONE, ao lado de RESPOSTA ARMADA, é um dos filmes mais divertidos do diretor! O título se refere a uma moto ultra avançada, cheia de parafernalhas bélicas e de design futurista (pra época) e que possui uma fonte de energia secreta. Até o capacete solta lasers! Jeffrey Combs, de RE-ANIMATOR, interpreta Rick Davenport, um sujeitinho estranho, meio nerd, que é justamente o cientista que desenvolveu cyclone

Por algumas razões que eu não consegui descobri, a namorada de Rick é Teri Marshall, interpretada por Heather Thomas, uma loura devastadora, linda e exuberante. E parece gostar mesmo dele! Enfim, ela acaba se transformando na nossa protagonista quando Rick é assassinado e precisa fugir de tudo e de todos que desejam colocar as mãos na fonte de energia da moto, inlcusive há toda uma conspiração que vai até o topo da cadeia alimentar capitalista sedenta pelo troço! Ah, e não reclamem, não chega a ser um spoiler tão gritante a morte de Rick, porque acontece logo no início do filme e não atrapalha o prazer de quem assiste. Aliás, prefiro bem mais acompanhar uma loura deliciosa fugindo de moto, do que o cuecão do Combs, por mais que eu seja fã dele!

Além do Combs, CYCLONE reúne um elenco bacana, com alguns nomes de peso, como Robert Quarry, Troy Donahue e Martin Landau! Mas é Heather Thomas quem carrega o filme com muito carisma, mas é óbvio que com esse time de atores em cena a coisa fica melhor ainda.

Em RESPOSTA ARMADA já dava pra perceber que o Olen Ray tinha talento para a ação, dirigindo cenas de tiroteios sem frescuras e etc. CYCLONE apenas confirma que o sujeito sabe o que faz. O final, por exemplo, tem umas perseguições em alta velocidade com ótimo trabalho de dublês, muita explosão, tiros e raios lasers pra todo lado! Há também um boa dose de sangue e uma pancadaria entre garotas! Vale a pena uma conferida na obra, especialmente pra quem curte Fred Olen Ray, boa ação, elencos interessante e, claro, uma loura estonteante como protagonista!

ALONE IN THE DARK (1982)

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Um divertido filme de terror do glorioso inicio dos anos 80, dirigido por Jack Sholder, e que nos presenteia pela reunião de três grandes figuras do cinema de gênero: Donald Pleasence, Martin Landau e a “cereja do bolo”, Jack Palance. Este é o pequeno clássico ALONE IN THE DARK, chamado no Brasil de NOITE DE PÂNICO.

Pleasence interpreta o Dr. Leo Bain, diretor de um hospício onde se encontram, além de pacientes comuns, figuras extremamente perigosas sob tratamento psiquiátrico. Dois deles são vividos Landau e Palance. O primeiro é um ex-padre que colocou fogo em sua própria igreja e o outro é um ex-prisioneiro de guerra e que acabou se tornando o líder de grupo psicopata do tal manicômio. O que inclui ainda mais dois malucos para completar o time: um sujeito extremamente obeso e um perigoso assassino conhecido como Bleeder, já que seu nariz sangra toda vez que comete um assassinato.

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A trama de ALONE IN THE DARK tem seu inicio quando o psiquiatra Daniel Potter (Dwight Schultz) é contratado pelo Dr. Bain (que é tão louco quanto seus internos) para substituir o Dr. Harry Merton, antigo responsável pelos pacientes mais perigosos acima citados e que foi transferido para outra clínica. Mas vocês sabem como são os loucos, não é mesmo? Quando colocam alguma ideia na cabeça é difícil tirar. Sendo assim, o personagem de Palance comenta que o Dr. Potter, na verdade, assassinou o Dr. Merton para tomar o seu lugar, então o grupo de perigosos desequilibrados decidem bolar um plano para matar seu novo psiquiatra.

No “campus” do hospício, os pacientes podem vagar tranquilamente, inclusive os quatro psicopatas desvairados, embora sejam muito bem vigiados. À noite, a única circunstância que os mantém presos é o sistema eletrônico de segurança que depende de energia. Para nossa sorte, acontece um inusitado apagão que coloca a pequena cidade do filme num verdadeiro caos (com direito à invasão de lojas e crimes em massa) e os quatro loucos varridos aproveitam para escapar e ir atrás do Dr. e toda sua família.

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A trama é bem simples, como podem perceber, mas são vários os pontos que se destacam para uma boa degustação. Uma delas consiste na direção de Jack Sholder, que está longe de ser perfeita, mas passa a impressão de que seja o trabalho de um veterano que dirigiu vários exploitations de terror nos anos setenta, com muita bagagem nas costas, etc. Só que ALONE IN THE DARK é o primeiro filme do cara (que faria mais tarde alguns filmes legais do gênero, como A HORA DO PESADELO – PARTE 2 e THE HIDDEN), apresentando ótimo domínio de cena e na criação de atmosfera de terror. Além de saber como aproveitar a presença quase mística de alguns do atores envolvidos sem mostrá-los demais.

Jack Palance, por exemplo, aparece em pouquíssimas cenas, mas só de saber que é o sujeito que está cercando a casa do Dr. Potter com toda sua família dentro, no meio da noite, já é suficiente para impressionar, mesmo que a câmera do diretor mostre, quase sempre, dentro da casa onde estão as prováveis vítimas dos lunáticos. É o caso de uma forte presença do ator que vai além do “estar” em cena ou não. A mesma coisa acontece com o Martin Landau (que aparece um pouquinho mais).

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Palance inclusive se recusou a filmar uma sequencia em que seria visto matando um motorista antes de roubar-lhe o carro. Ele disse que não era necessário expor tanto o personagem desta maneira para mostrar ao publico o quanto ele era perigoso. E estava totalmente certo. Seu personagem é de longe o mais sombrio, assustador e ameaçador e sem precisar de muito esforço. Sem dúvida alguma, é o que o filme te de melhor. Ainda conta com efeitos especiais do mestre Tom Savini e várias situações antológicas, como o sonho surrealista do personagem de Martin Landau ou o final com o Palance entrando no Pub punk.

Outra coisa legal é o fato do personagem Bleeder nunca mostrar seu rosto. Em determinado momento, ele utiliza uma mascara de hockey que lembra a mesma que outro famoso assassino oitentista viria a usar algum tempo depois, mas que surgiu na mesma época deste aqui… seria alguma coincidência?

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Não importa, o que vale mesmo é a diversão, e é o que ALONE IN THE DARK concede com garantia. Dificilmente vou ver um filme sobre louco(s) psicopata(s) sem antes pensar nesta belezinha.