ROEDORES DA NOITE (1995)

Com o DRÁCULA (92) do Coppola trazendo Bram Stoker e o horror gótico novamente às atenções no início dos anos 90, uma série de filmes de baixo orçamento, dos mais variados níveis de qualidade, procurou surfar na onda e tirar proveito do hype. E obviamente o rei dos B Movies, Roger Corman, não ia ficar de fora dessa. ROEDORES DA NOITE (Burial of the Rats), produzido pelo sujeito e dirigido por um cara legal chamado Dan Golden, é o resultado da empreitada.

Produção para TV, filmado na Rússia, nos estúdios Mosfilm – quando estavam praticamente falidos após a queda da União Soviética – ROEDORES DA NOITE não é lá um filme que eu classificaria como “bom” no sentido tradicional, mas é aquele tipo de produto que acabo gostando, e até me surpreendendo de alguma maneira, pelos motivos errados. O tipo de porcaria que pode ser muito divertido quando realizado por pessoas que realmente sabem o que estão fazendo. E que têm muita força de vontade pra fazer algo legal…

A “força de vontade”:

A trama de ROEDORES DA NOITE é inspirada num conto de Bram Stoker e protagonizada pelo próprio escritor. Em algum lugar na França do século IXX, o jovem Stoker (vivido por Kevin Alber) é sequestrado por um culto de mulheres guerreiras, que usam pouquíssimas roupas, odeiam homens e se auto intitulam “Rat Women“. Uma das integrantes é a bela Madeleine, interpretada por uma das habituais aqui do blog, Maria Ford. As “Rat Women” são lideradas por uma Rainha, que é encarnada por ninguém menos que a ex-Senhora John Carpenter, Adrienne Barbeau. Com ela à frente, essas mulheres guerreiras comandam hordas de ratos famintos e carnívoros para se vingar de todos os homens misóginos da região. E é nessa situação que o pobre Stoker foi parar…

Enquanto isso, o pai do futuro escritor enfrenta a indiferença da polícia local na busca por seu filho. Mas Stoker consegue dar seus pulos, sobrevive à tortura num pêndulo balançando sobre um poço de ratos, e ainda consegue atrair a atenção da bondosa Madeleine, apesar da desconfiança e ciúmes de uma colega, Anna (Olga Kabo). Além disso, seu talento para a escrita convence a rainha a deixá-lo viver e participar de algumas missões para documentar seus grandes feitos, registrar ao restante do mundo esse universo de mulheres peculiares. Aos poucos também, o mancebo Stoker conquista o coração (e outras coisas mais) de Madeleine… A situação do sujeito melhorou, não é mesmo?

ROEDORES DA NOITE lembra um pouco os filmes do ciclo Edgar Allan Poe, produções baseadas nesse escritor que o Corman dirigiu nos anos 60 e que resultou em alguns dos melhores filmes de horror do período. O tipo de produto que, realizado nos anos 90 com orçamento reduzido, feito nos moldes clássicos, já não fazia o menor sentido, exceto se os realizadores explorassem aquilo que não podiam trinta anos antes. E aqui exploram. Podem ter certeza disso… Aquela “força de vontade” a qual me referi ali em cima…

No entanto, nem só de molecagem e safadeza vive ROEDORES DA NOITE. Não que seja um daqueles filmes que se transformam em obras místicas transcendentais, nada disso. Mas me peguei prestando atenção em como o filme se torna em algum momento numa aventura realmente divertida, que me prendeu, com uma agradável veia romântica… Claro, não dá pra exigir muito do tal do Kevin Alber, que não é lá muito talentoso, além de ser feio pra burro, mas Maria Ford consegue fazer o seu lado com graciosidade e honestidade. Uma heroína exemplar: espirituosa, boa de esgrima e escassamente vestida.

Enquanto isso, temos Adrienne Barbeau, que praticamente passa o filme inteiro sentada no seu trono de rainha, maravilhosa, sob sua enorme peruca. E com um bando de ratos em seus pés. E o animal que não lhe agradar pode sofrer um terrível fim, como na cena em que Barbeau ordena que um dos ratos seja decapitado numa mini-guilhotina, seja lá por qual motivo… Só sei que é dos momentos mais bizarros – e engraçados – de ROEDORES DA NOITE.

Aliás, falando sobre os ratos, eles acabam tendo uma participação bem menor do que o esperado, já que os títulos, tanto no original quanto na nossa tradução nacional, remetem a eles. No entanto, sempre que aparecem, vale a pena. Em quinze segundos, esses dóceis animais são capazes de devorar um corpo deixando só o esqueleto de suas vítimas. A sequência final, quando Barbeau escolhe deixar seu destino cruel nas mãos desses ratinhos, é algo a se destacar…

Ainda no elenco, temos as participações especiais de Linnea Quigley e Nikki Fritz. As duas deviam estar perdidas nos sets na Rússia, fazendo sabe-se lá o que, e o Dan Golden deve ter chamado pra filmar alguma coisa. Juntas, as duas participações não dura nem dez segundos.

Aliás, que final! Uma batalha de proporções épicas – calma, estou considerando para o tipo de produção que temos aqui – com o exército francês invadindo o castelo das “Rat Women” e sendo recebidos pelas guerreiras em lutas de espadas frenéticas. Por mais risível que seja a encenação e o óbvio baixo orçamento da produção, Corman e Dan Golden conseguiram criar um espetáculo minimamente divertido que remete aos clássicos filmes de espadachim dos anos 40 e 50…

E enterrado sob a fartura de bobagens, mulheres com pouca roupa e muita luta de espada, existem lá no fundo algumas ideias bastante interessantes sobre a escrita/literatura como uma força de libertação ideológica e um discurso feminista de mulheres que procuram vingar os erros de uma sociedade dominada por homens. Mas os roteiristas de ROEDORES DA NOITE – e acredito que o público também – não estavam muito interessados em explorar com grande profundidade esse tipo de coisa num filme como esse.

Aqui é mais Corman garantindo que tudo funcione como um bom exploitation, com o elenco tirando a roupa com a maior frequência possível, uma boa dose de sangue, descolando cenários inusitados e bem legais lá na puta que pariu pra dar aquele ar de produção bem mais cara do que a realidade. A direção de Dan Golden (NAKED OBSESSION e HAUNTED SEA) também ajuda. Não é nada magistral, mas ele sabe onde colocar sua câmera.

Vejamos um exemplo e analisemos o talento do homem na direção:

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NECRONOMICON: O LIVRO PROIBIDO DOS MORTOS (1993)

Taí um filme que nunca tinha visto e que tem vários sujeitos legais envolvidos. Pra quem não conhece, NECRONOMICON tem três diretores relativamente respeitáveis – pelo menos pra quem se interessa por cinema de gênero – cada um fazendo um episódio que forma uma antologia inspirada em H.P. Lovecraft.

Bom, na época apenas um deles era mais conhecido, Brian Yuzna, que falei dele recentemente por aqui, os outros dois eram estrangeiros em Hollywood: o francês, então iniciante, Christophe Gans, bem antes de fazer coisas como PACTO DOS LOBOS e a adaptação do jogo SILENT HILL. E o japonês Shusuke Kaneko, da trilogia GAMERA.

Temos uma história base que mantém três outras histórias conectadas, que segue a tradição das antologias de horror. Nessa trama, somos apresentados ao próprio H. P. Lovecraft, vivido por ninguém menos Jeffrey Combs (RE-ANIMATOR), carregado de tanta maquiagem que até demorei pra reconhecê-lo, em busca do lendário Necronomicon numa biblioteca cheia de mistérios e guardada por monges. Proibido de frequentar certos aposentos do local, Lovecraft dá um jeito de despistar os monges e encontra o livro escondido num cofre. E então, o sujeito começa a escrever ali mesmo as histórias que veremos durante o filme.

THE DROWNED é o primeiro e mostra um Christophe Gans como um diretor bem promissor, com talento para o visual. O rapaz só havia realizado até aquele momento um curta metragem no início dos anos 80. Na trama, Bruce Payne (o vilão de PASSAGEIRO 57) é o herdeiro de um antigo hotel caindo aos pedaços, local que guarda algumas lembranças ruins. Payne descobre que seu antepassado (interpretado por um brilhante Richard Lynch) usou o amaldiçoado Necronomicon para trazer de volta sua esposa e filho mortos, só que as consequências desse ato foram terríveis… E acontece que o personagem de Payne recentemente perdeu sua mulher amada num acidente. Como o sujeito não aprendeu com os erros do seu antepassado, ele usa o livro para trazer de volta seu amor perdido (encarnada pela musa do cinema erótico noventista Maria Ford), obviamente com resultados não lá muito agradáveis. Mas para o espectador é só alegria. Dirigido com estilo e aquela energia de iniciante, o episódio tem boa atmosfera, momentos perturbadores e ótimos efeitos especiais.

O segundo episódio é THE COLD, de Shusuke Kaneko, um conto sobre uma jovem que aluga um quarto numa casa onde um cientista solitário e recluso (interpretado por David Warner) reside no andar superior estranhamente gelado e que talvez seja mais velho do que aparenta. Quando a moça faz amizade com o triste e frágil cientista, ela descobre que ele encontrou o segredo da imortalidade. Claro, esse tipo de porcaria tem um preço… O sujeito só pode permanecer vivo aplicando constantes injeções de fluido espinhal humano fresquinho.

Ainda que eu goste da premissa e algumas ceninhas (especialmente no final quando abusam de efeitos especiais práticos, com muito sangue e gosma verde), é o episódio mais fraco de NECRONOMICON. É sabido que Kaneko não falava inglês quando filmou e provável que a barreira da comunicação deve ter sido um problema, embora em alguns momentos dá pra sentir o diretor tentando extrair uma dramaticidade considerável desta parábola sobre o preço horrível que se deve pagar por enganar o destino. Mas no geral THE COLD não é lá grandes coisas.

O filme volta nos trilhos com WHISPERS de Yuzna. É o meu favorito, o mais surtado e absurdo de NECRONOMICON. Yuzna realmente mostrou pros outros dois colegas como se faz! A história se passa, curiosamente, em um ambiente moderno, urbano; uma policial segue um suspeito até uma instalação aparentemente abandonada que abriga horrores inimagináveis e os monstros mais antigos da humanidade. Atraída para as profundezas, a policial é empurrada para dentro de um buraco que na verdade são as entranhas de um monstro e tem que lidar com criaturas sugadoras de medula óssea e até o corpo oco reanimado do seu parceiro num cenário saído de um filme do Mario Bava. Yuzna, que é um grande fã do bizarro e surreal, preenche seu segmento com imagens “porraloucas” e um banho de sangue daqueles, que vai satisfazer os fãs de um horror mais visceral.

Depois o filme retorna à história base, com Lovecraft agora tentando fugir da biblioteca. Acho que não disse ainda, mas essa parte também é dirigida pelo Yuzna. E Jeffrey Combs arrasa até o último minuto. Vale destacar alguns nomes responsáveis pelos efeitos especiais old school de NECRONOMICON, elemento fundamental por aqui, artistas soberbos do nível de Tom Savini, Todd Masters e Screaming Mad George.

Mas NECRONOMICON é bem mais que efeitos especiais e imagens grotescas, violentas, ou monstros com tentáculos que sugam o sangue de suas vítimas. É também uma meditação provocativa e interessante sobre o domínio do homem em relação à sua realidade, à um submundo assustador que, se invadido por nós, indivíduos estúpidos e curiosos, pode se tornar uma jornada fascinante, mas também mortal.

Infelizmente, NECRONOMICON não conseguiu ser lançado nos cinemas nos EUA, sabe-se lá porquê. Mas como teve dinheiro investido por produtores japoneses e franceses, os caras lançaram o filme nos cinemas em seus territórios para recuperar o investimento. Em seguida, a New Line adquiriu os direitos de distribuição, mas decidiu que era mais seguro lançar direto em vídeo do que arriscar dinheiro em uma campanha para lançar nos cinemas. Três anos depois, acabou chegando nas prateleiras das locadoras. Até hoje tenho a impressão de que é um filme pouco visto. Não é nenhum marco obrigatório do cinema de horror, mas é um filme que merecia uma conferida.

MORELLA: O ESPÍRITO SATÂNICO (1990)

Uma das fases mais emblemáticas do produtor e diretor Roger Corman foi o seu ciclo Edgar Allan Poe nos anos 60, adaptando livremente vários contos do autor e criando algumas maravilhas do cinema de horror americano do período. E tendo como presença quase constante o ator Vincent Price, no seu auge, a coisa se torna ainda mais obrigatória a qualquer amante do gênero. Já comentei alguns desses filmes aqui no blog (clique aqui).

Nos anos 80 e 90, Corman resolveu produzir refilmagens de seus filmes, sobretudo vários sci-fis que havia realizado nos anos 50, colocando seus pupilos para dirigir e atualizar seu imaginário para este novo momento. E obviamente retoma sua abordagem em Poe, como por exemplo MORELLA: O ESPÍRITO SATÂNICO (The Hauting of Morella), um conto gótico atmosférico bem ao estilo do que fazia nos anos 60 com Vincent Price, cujo conto original havia sido adaptado por Corman numa das historinhas que fazem parte da antologia MURALHAS DO PAVOR (1962).

E o diretor da vez, para esta nova versão, foi o grande Jim Wynorski.

O enredo é vagamente baseado no conto intitulado Morella, publicado em 1835. Na história original de Poe, a personagem Morella estuda os filósofos alemães Fichte e Schelling, conhecidos por seu “idealismo transcendental”, teoria sobre o qual os objetos da cognição humana são aparências e não coisas em si mesmas. Um troço filosófico pra cacete. Ainda no conto original, quando Morella morre, ela amaldiçoa sua filha recém-nascida que cresce para se parecer com ela. Após seu batismo, é possuída por sua mãe. Já nessa versão de Corman/Wynorski, Morella, interpretada por Nicole Eggert (uma daquelas moças de maiô vermelho da série SOS MALIBU), é brutalmente morta, queimada na fogueira, como uma bruxa e amaldiçoa sua filha recém-nascida na esperança de renascer nela.

Dezessete anos depois, sua filha Lenora (novamente Nicole Eggert, em papel duplo), é agora uma adolescente super protegida pelo seu pai, Gideon (David McCallum), arrasado e decrépito desde a morte da esposa. A governanta da casa, Coel Devereux (Lana Clarkson), serva de Morella e que sabe da maldição, acha que é hora de sua ama retornar e deixar Lenora ser possuída por sua mãe. Mas Lenora é forte e a possessão não dura o suficiente. Então o próximo plano é ressuscitar completamente o corpo de Morella dos mortos, e isso significa sacrifícios humanos, cujo sangue reconstrói o cadáver da mulher.

MORELLA: O ESPÍRITO SATÂNICO representa uma rara digressão a um horror mais sério para Jim Wynorski, evitando o humor irônico que tipifica seu trabalho. Algo que refletiu durante um tempo em alguns dos seus melhores trabalhos subsequentes, como 976-EVIL II (1991) e TENTAÇÃO (1995), e que redefinem várias das ideias e cenas de MORELLA: O ESPÍRITO SATÂNICO. Especificamente em situações que envolve a linha fina que separa fantasia e realidade. E Wynorski demonstra boa mão para criar uma atmosfera mais densa e trabalhar situações de puro horror. As sequências que envolvem o cadáver decomposto de Morella são especialmente interessantes, e quando Lenora navega por uma paisagem infernal, depois de atravessar um espelho, é um espetáculo visual de fantasmagoria que lembra bastante alguns momentos do próprio Corman em seus filmes dos anos 60.

Eu realmente fiquei surpreso com o resultado aqui. Tem tudo o que você espera de um horror gótico; cemitérios nebulosos, antigas catacumbas de pedra, candelabros por corredores de uma mansão escura, cerimônias macabras, banhos de sangue e elementos sobrenaturais pairando a trama. Como estamos em 1990 por aqui, o período em que MORELLA: O ESPÍRITO SATÂNICO foi realizado proporcionou alguns ingredientes a mais para misturar nessa receita gótica. Então temos uma adaptação de Poe com tudo aquilo que Corman não podia colocar trinta anos antes: boas doses de sangue e de peitos balançando na tela. O resultado é puro CINEMA!

E quem já está familiarizado com o cinema de Jim Wynorski, diretor que contribuiu bastante até com exemplares de filmes que passam (sim, ainda passam) no Cine Privé, sabe que não vai faltar por aqui uma quantidade admirável de pele aparecendo na tela. E nesse sentido, é impossível não destacar a presença escultural de Lana Clarkson, que além de permitir que seus dotes respirem um ar puro em algumas cenas, ainda está magnífica em seu papel como a ameaçadora Devereux.

A mulher está de arrasar por aqui. Maldito seja o Phil Spector! Gosto como até em momentos mais singelos, Clarkson consegue deixar a coisa estranhamente erótica, como a cena em que Eggert senta com o rosto numa altura bastante propícia ao lado dela, tudo muito bem enquadrado por Wynorski (imagem abaixo). A sequência em que ela dá uns amassos em Maria Ford (outra beldade habitual nos filmes do diretor), antes de assassiná-la e oferecer seu sangue à Morella, debaixo de uma cachoeira, é uma das mais belas de toda a carreira de Wynorski (também abaixo). E sim, nós sabemos que esse tipo de vestimenta não era usada no período que o filme se passa… Mas quem liga pra isso?

Nicole Eggert tem um desempenho bem decente como Morella/Lenora (mais como Morella, pra ser sincero) – papéis inicialmente oferecidos a Traci Lords, ex-atriz pornô que já havia trabalhado com Wynorski em NOT FOR THIS EARTH. Nada que fosse despertar a atenção de um prêmio de talento dramático para a moça, mas ela consegue convencer sua situação de crise existencial enquanto lida com sua linhagem contaminada por uma maldição.

É evidente que se você for um admirador mais purista do horror gótico de uma Hammer Films, Mario Bava ou do próprio Corman no Ciclo Poe dos anos 60, talvez ache THE HAUNTING OF MORELLA um bocado caído e apelativo. E realmente não é lá um grande filme. Mas, pra quem só quer ter 90 minutos (e isso aqui não chega nem a isso tudo) de diversão, é um filme que oferece vários atrativos. O enredo é simples. O visual é legal. E a quantidade de mulheres nuas é generosa. Então pra mim já tá muito melhor que a maioria dos filmes de horror da atualidade.

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NAKED OBSESSION (1991), de Dan Golden

Frank (Willian Katt) é um sujeito pacato, vivendo sua vida quadrada enquadrada pela mulher e pelo trabalho: um político prestes a se candidatar à prefeitura da cidade onde mora. Mas em uma bela noite, sua vida se transforma num inferno disfarçado de paraíso após conhecer o misterioso morador de rua Sam Silver (Rick Dean) e ficar obcecado pela stripper Lynne (Maria Ford) que leva o pobre Frank a um perigoso jogo de traição, assassinatos e a uma trama de suspense que até o mestre Alfred Hitchcock se surpreenderia.

Naked Obsession é o primeiro trabalho de Dan Golden atrás das câmeras, embora seja velho de guerra colaborador de grandes nomes do cinema de baixo orçamento americano, como Jim Wynorski. E até que se sai muito bem como um contador de história bem econômico e objetivo, trabalhando os elementos do thriller com precisão e tendo em mãos um material criativo (escrito por ele mesmo e Robert Dodson), cuja produção e suas baixas limitações permitem o charme que só este tipo peculiar de filme possui.

O roteiro é excelente, intrigante para quem se propor mergulhar de cabeça na história, rico em metalinguagem, quase uma versão de Fausto do cinema B (como disse o Osvaldo Neto quando me indicou o filme). Vale ressaltar a participação das figuras ilustres que preenchem o filme como a belíssima Maria Ford, demonstrando que não é necessário ser uma atriz muito expressiva quando não precisa de figurino algum, e claro, Rick Dean, como um bizarro e enigmático “anjo da guarda” que surge para apresentar um lado da vida que Frank ainda não havia experimentado.