REVENGE (1990)

Lembrei que assisti a REVENGE. Foi logo depois que o Tony Scott pulou de uma ponte há poucos meses. Quem me acompanha sabe que tenho costume de “homenagear” diretores/atores recém falecidos, vendo ou revendo um de seus trabalhos e postando alguns comentários e tal. Escolhi este aqui, primeiramente, porque é um dos filmes menos comentados do Scott e, segundo, porque meu velho amigo Daniel Vargas vivia me enchendo, dizendo que se tratava de um dos melhores filmes do “Toninho”. E não é que o sujeito tinha razão?

Até o Kevin Costner não decepciona em REVENGE, interpretando um piloto de caça da marinha americana que resolve se aposentar e ir para o México onde tem um amigo rico, chamado Tibey, também conhecido por Tiburón, vivido pelo monstro Anthony Quinn. Parece ser um sujeito legal e já não me recordo direito de onde surgiu a amizade entre os dois, já que Quinn é bem mais velho, mas a todo momento há um pressentimento ruim em relação a Tibey, sempre rodeado por guarda-costas de óculos escuros, e seu temperamento estranho.

Agora, eu preciso mencionar um detalhe fundamental em toda história. Um pequeno detalhe que, se não existisse, REVENGE seria apenas um drama sobre um jovem ex-piloto e sua amizade com um velho gangster que vive no México. Esse fator é aquilo que destrói os corações dos homens e apesar de todos efeitos malígnos que possam existir a seu respeito, não conseguimos viver sem. Estou falando de MULÉ!!! E das boas! O lance é que Tibey possui uma jovem esposa, encarnada pela Madeleine Stowe, que na época de adolescente era dessas atrizes que fazia meu coração parar… Hoje anda sumida. O último dela que vi foi aquela tralha com o Stallone que comentei aqui outro dia. Enfim, Stowe resolve se engraçar justamente com o jovem amigo de seu marido.

Estão me acompanhando? Vocês já devem ter adivinhado o tipo de situação que pode rolar entre esses personagens. O marido é um velho, ela é jovem e gostosíssima e com vontade de dar, e aí aparece um bonitão na pele de Kevin Costner (ui!)… é muito conflito dramático para um filme do Toninho. Mas se mesmo assim vocês ainda não estiverem entendendo o que eu quero dizer, as imagens abaixo falam por mim:

Pois é, eles não se aguentam. Mesmo depois de relutar, os pombinhos fazem de tudo e mais um pouco. E eu ficava falando “Não faça isso, Kevin Costner, eu sei que ela é de matar, mas isso literalmente vai acontecer com você se o marido descobre!“. Mas aí entra naquele paradoxo masculino… o que é melhor, comer a Madeline Stowe e ser espancado até a morte pelos cupinchas do marido ou não comer e passar o resto de seus dias imaginando como teria sido uma foda com a Stowe, por mais arriscado que seja? Mas, como disse antes, se o sexo entre os dois não acontecesse, REVENGE não teria motivos de existir. Obviamente, depois de comer Madleine Stowe, Costner é descoberto, espancado e deixado para morrer no deserto. Mas o que vocês esperavam? Ele comeu a mulher do Anthony Quinn!

A partir daí, poderíamos utilizar aquela anedota mais que batida de que “a vingança é um prato que se come frio”. Mas não vamos usar. Quero fugir dos clichês! No entanto, Tony Scott conduz lentamente sua narrativa, o que não significa que seja chato, ao contrário, é isso que me admira em REVENGE. Toninho sempre tachado pelos detratores de clipeiro e etc, constrói aqui um filme de duas horas, lento pra cacete, mas que mantém um grau de tensão do início ao fim. A segunda metade o filme se transforma num western moderno… isso me faz lembrar que Toninho tinha intenções de refilmar MEU ÓDIO SERÁ SUA HERANÇA, do Bloody Sam, uma atitude desnecessária, concordo, mas contrariando o mundo inteiro, fiquei curioso para saber o que saíria de suas câmeras, já que nos últimos trabalhos só entregara bons filmes. Agora que tinha acertado a mão, resolveu pular da ponte, uma pena.

Mas, estou divagando. Kevin Costner, todo arrebentado no deserto mexicano, é encontrado por um sujeito que leva-o a uma curandeira. Meses depois, já consegue agir dentro de seus planos, que não é exatamente se vingar, mas tentar encontrar Madeline Stowe, que não deve ter recebido um tratamento diferente do dele. Claro que, no caminho, esbarra com alguns capangas que lhe esmurraram e não custa nada retribuir a gentileza. Meu único problema com REVENGE é perto do final, o reencontro entre Quinn e Costner. A atitude dos dois é honrosa e ambos reconhecem seus erros. E isso é ótimo. Não vou dizer o que acontece. Mas eu esperava um pouco mais de… ação! Achei bunda mole da parte do Toninho nos fazer esperar tanto tempo para um climax tão sem graça (e minha reclamação não tem nada a ver com as atitudes dos personagens).

Aliás, Costner está muito bem. Não acho que seja um grande ator, mas sempre funcionou com esse tipo de personagem e nunca esteve tão bad-ass como aqui. E Anthony Quinn é um gigante da atuação. Consegue ser a simpatia em pessoa e o demônio no mesmo personagem. O filme ainda conta com a presença de John Leguizano e do sumido Miguel Ferrer. E temos Madeleine Stowe fazendo o que sabe fazer de melhor: sendo gostosa.

PS: Dois dos melhores filmes do ano assistidos: KILLER JOE, do Friedkin, e HOLY MOTORS, de Leos Carax. Provavelmente escreva algo sobre o primeiro. Mas ambos são recomendadíssimos!