
De vez em quando a produtora PM Entertainment, especializada em filmes de ação de baixo orçamento, que fez a alegria da moçada nos anos 90, conseguia atrair um ator relativamente mais renomado para um papel principal em uma de suas fitas. Em ZERO TOLERANCE, de Joseph Merhi, eles conseguiram o grande Robert Patrick. O sujeito nunca chegou a se tornar um astro, mas sempre teve um certo respeito pelos admiradores de cinema de gênero, sobretudo naquele momento, em meados dos anos 90. Obviamente que ser o vilão de um dos melhores filmes de ação de todos os tempos, dando vida ao T-1000 de O EXTERMINADOR DO FUTURO 2 (91), de James Cameron, contribuiu bastante pra isso. Mas mesmo em outros trabalhos, Patrick sempre demonstrou talento, carisma e aquele “olhar” peculiar que se precisa ter para ser um verdadeiro herói de filme de ação… ou o vilão, como na maioria dos casos de Patrick. hehe!
Em ZERO TOLERANCE Patrick interpreta o agente do FBI Jeff Douglas, que tem a tarefa de escoltar o traficante Ray Manta (Titus Welliver) de uma prisão mexicana de volta aos Estados Unidos. Manta, tendo à sua disposição as vantagens de ser membro de um sindicato de traficantes poderosos, consegue atrapalhar um bocado o trabalho dos agentes do FBI, preparando uma emboscada no trajeto de escolta e fazer com que a família de Jeff seja sequestrada para coagir sua libertação. O problema é que após conseguir o que queria, a mulher e os filhos do protagonista são mortos sem piedade. Agora, sem nada a perder, Jeff parte em uma boa e velha caçada humana para derrubar as cabeças do cartel, uma por uma.


A partir daí, ZERO TOLERANCE se torna uma típica jornada de vingança com os desenvolvimentos habituais que esse tipo de trama exige. Nada fora do comum, apesar do diferencial em ter um ator acima da média como Robert Patrick encarnando esse homem em fúria. O filme acaba tendo uma carga de emoção dramática mais intensa para o tipo de filme que temos aqui. Quem já se enveredou pelo universo dos filmes de ação da PM tá acostumado a sentar para assistir a um bagulho sem esperar os melhores exemplos de atuações ou tramas intrincadas, ninguém vai ver um filme da PM esperando ver algo do nível de um Orson Welles ou Ingmar Bergman. O que geralmente temos é uma trama direta, que justfique tiroteios e explosões, uma direção competente pra sequências de ação e um ator brucutu que possa chutar habilmente todos os meliantes que encontrar pela frente.
Neste caso, um ator sólido como Robert Patrick é o que torna ZERO TOLERANCE especial. Patrick é um ator que consegue colocar sentimento na tela, podemos vê-lo perdendo as esperanças com a vida e sendo despojado de tudo o que possui. e com suas emoções inundando, descarrega dor e ódio em seus desafetos. Patrick sabe como se comportar em um filme como este e realmente eleva o filme, trazendo algo para o roteiro padronizado e um toque de personalidade onde poderia não haver nenhum.


Outra escolha de elenco interessante foi Mick Fleetwood como um dos vilões da parada. Parece que os realizadores queriam ter Donald Pleasance, mas na ausência do grande ícone que foi Pleasence, o baterista do Fleetwood Mac foi uma escolha acertada. Ainda no elenco, Titus Welliver acaba tendo bom destaque como o sinistro Manta, o principal alvo do herói. Miles O’Keeffe, que também contribuiu bastante como action hero de filme de ação vagabundo em outras oportunidades também desempenha um bom vilão, com uma certa carga moral. E o filme ainda conta com a presença de Jeffrey Anderson-Gunter, mais uma figura reconhecível do cinema de ação B.
Mas o ponto principal é que ZERO TOLERANCE entrega o que promete. Em termos de ação, como esperado do grande Joseph Merhi na direção, ele faz tudo ao seu alcance para que seu filme pareça um blockbuster de 100 milhões de dólares, repleto daquelas explosões amareladas caracteríticas dos filmes da PM, tiroteios minimamente elaborados e frenéticos, nos mais variados cenários e ambientações, e com um belíssimo trabalho dos dublês. Ou seja, diversão garantida.


Veredito: ZERO TOLERANCE tem um enredo legal, um filme de vingança com um bom peso dramático; um herói convincente vivido por um ator que adiciona um toque de classe, capaz de quase levá-lo a acreditar que o filme poderia ter estreado num cinema em 1994, ao invés de ir parar direto nas prateleiras de locadoras; temos vilões odiosos e ação em abundância. O que mais você poderia querer? Ok, o filme é um pouco lento às vezes, mas quando a ação começa, é uma paulada, dá conta de alegrar o coração dos que vibram com pequenos filmes de ação.
E lembrem-se, quando virem esse logo antes de um filme, a chance de os próximos 90 minutos serem de pura diversão é praticamente uma certeza:
