McBAIN (1991)

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O título McBAIN, é óbvio, instantaneamente me faz lembrar do personagem McBain d’Os Simpsons, que aparece no desenho tentando derrubar um chefe das drogas, um latino chamado Mendoza. “MEEEENNNNDDDOOOOOZZAA !!!”. Tinha esperança que Christopher Walken pudesse fazer algo parecido… Aqui ele é apenas um mercenário que aniquila um ditador colombiano e seu exército e ainda sobra tempo pra derrubar um jato com um tiro de pistola…

O filme começa quando a guerra no Vietnã já estava oficialmente encerrada. Santos (Chick Vennera) e seu fiel grupo de soldados de elite partem em retirada num helicóptero. Quando sobrevoam um campo de prisioneiros vietcong, percebem que o inimigo ainda não admitiu que a guerra acabou. Decidem descer no local, encher os facínoras de chumbo e resgatar os americanos que ainda se encontram presos. Um desses prisioneiros é McBain (Christopher Walken), que está em maus lençóis numa jaula de bambu servindo de entretenimento para seus sádicos captores… Em meio a uma leva generosa de tiros, explosões e arremesso de facas, McBain é resgatado e pergunta “- Como posso te retribuir?”. Santos rasga uma nota de cem dólares ao meio e diz que caso McBain veja a outra metade da nota novamente, vai saber que está sendo cobrada a dívida.

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Corta para dezoito anos mais tarde, na Colômbia. Santos, agora um guerrilheiro revolucionário, é assassinado à sangue frio por um ditador (Victor Argo) durante uma ação que tinha como objetivo destronar o famigerado déspota. Enquanto isso, nos Estados Unidos, McBain vive uma vida pacata trabalhando como soldador, longe de situações de risco. Está lá de boa tomando uma cerveja num bar, assistindo TV e se depara horrorizado com seu salvador, Santos, sendo executado ao vivo em rede nacional. Pouco tempo depois, Cristina, a irmã de Santos, aparece com a metade da nota de cem em busca de McBain.

O sujeito reúne, então, os remanescentes do grupo de soldados liderados por Santos, que agora mais velhos, fora de forma, aceitam entrar nessa missão suicida: Invadir a Colômbia, fazer uma revolução infernal no local, colocar abaixo o ditador e vingar a morte do antigo companheiro. O grupo conta com uma turma boa da velha guarda dos anos 80 e 90 como Michael Ironside e o grande Steve James… E tome sequências de ação exageradas bem ao estilo dos grandes filmes explosivos dos anos oitenta. Não existe tempo pra frescuras e a narrativa se resume a várias cenas de ação hiperbólicas, uma atrás da outra ou simultaneamente em alguns casos. Tudo em McBAIN serve de muleta para cenas de ação. E a contagem de corpos é altíssima, ultrapassa fácil a casa dos duzentos. Lógico que não sou doido de ficar contando, mas o imdb tem essa informação… De todo modo, tem mortes para todos os gostos, principalmente à base de chumbo, mas não faltam facadas e explosivos em vários formatos para aumentar o número. Não duvido que o Stallone tenha assistido isso aqui antes de filmar OS MERCENÁRIOS…

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A ação cartunista é bem divertida, mérito do diretor James Glickenhaus (do clássico cult exploitation EXTERMINATOR, de 1980) que realizou esta aula de pirotecnia e tiroteios desenfreados (grande parte filmada nas Filipinas)… Tá certo que o roteiro não se preocupa muito com alguns detalhes, situações plausíveis e profundidade dos personagens, mas quem é que vai ligar pra isso quando a contagem de corpos ultrapassa o número de 200? A coisa é totalmente exacerbada, inverossímil e nonsense ao extremo. E atinge os píncaros do absurdo na tal cena em que McBain derruba um jato inimigo com um único tiro de pistola disparado de outro avião em plenos ares!!!

Daqueles momentos inacreditáveis que só um filme desse pode oferecer… Mas acho que é daquelas ocasiões que vale a máxima “é ver para crer“. Mesmo assim vou explicar: Há dois aviões voando lado a lado, um deles é um caça da força aérea colombiana, estilo TOP GUN, e o outro é um pequeno avião sem qualquer tipo de armas, transportando apenas os protagonistas. O jato dá uma ordem de comando qualquer e Chris Walken simplesmente tira uma arma do coldre, uma pistola comum, absolutamente normal, e dispara de um avião a outro, acertando o piloto do caça… Tudo isto a uma altitude e velocidade ridículas e SEM PERFURAR OS VIDROS!!! É genial… Muito genial.

Vou fazer o seguinte, vou colocar o vídeo… Assista por sua conta e risco

 

Pronto, agora já sabem com o que estamos lidando aqui. E é aquela coisa, se você estiver na vibe de um filmeco recheado de cenas de ação sem-noção, McBAIN foi feito sob medida, ainda mais com a oportunidade de ver Christopher Walken pagando de casca-grossa, demonstrando que sabe ser badass. Agora, se você é daqueles que precisa de mais coerência e lógica em filmes de ação, pode se afastar. Fique bem longe de McBAIN.

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“MEEEENNNNDDDOOOOOZZAA !!!”

SHAKEDOWN, aka BLUE JEAN COP (1988)

Peter Weller é desses atores subestimados que deveria ter mais destaque aqui no blog, por isso grifei, negritei e sublinhei o nome dele… pra dar mais destaque. Piadas sem graça à parte, o cara é o Robocop, pô! Trabalhou com Cronenberg, Verhoeven, Kershner, Ferrara, Duguay, Woody Allen, e não podemos esquecer que dedicou grande parte da sua filmografia recente em produções de ação de baixo orçamento, assim como Cuba Golding Jr. e Val Kilmer vem fazendo atualmente… esses caras tem o meu respeito!

Mas em SHAKEDOWN, Weller estava no auge de sua carreira. Ele vive Roland Dalton, um advogado que possui um cliente, traficante de drogas, acusado de assassinar um policial. Sam Elliott, que também é um cara legal, encarna Richie Marks, um policial casca grossa típico dos filmes policiais dos anos 80. Durante as investigações do crime que envolve o traficante, a dupla começa a se deparar com suspeitas intrigantes de corrupção dentro da força policial. Ao mesmo tempo, o filme resolve focar num lado pessoal do advogado. A promotora que cuida do caso é uma antiga paixão de colégio de Dalton e os dois resolvem reacender o namorico, apesar do protagonista já ser noivo de outra mulher. Que drama…

A direção é de James Glickenhaus, um sujeito completamente maluco. O cara gosta de subverter de maneira escancarada certos elementos de seus filmes. Nunca vou esquecer de uma cena em McBAIN, na qual Christopher Walken derruba um caça da força aérea com um único tiro de pistola disparado de outro avião!!! É ver para crer. SHAKEDOWN possui uma ação plausível, até certo ponto. Há os exageros habituais dos filmes de ação oitentistas, tiroteios onde os heróis nunca são alvejados e suas balas nunca acabam, perseguições em alta velocidade, peripécias exacerbadas, especialmente do personagem de Sam Elliot, mas até aí tudo bem.

A insanidade do diretor pode ser diagnosticada com uma certa cena do final… Fico pensando na equipe de filmagem realizando tal proeza ou os editores tentando encaixá-la no filme. É algo inacreditável, uma trama até então “normal”, dentro do padrão, e de repente Glickenhaus resolve testar os limites entre o que é verossímil com o que é absolutamente ridículo dentro do cinema de ação. Genial, na minha opinião! Dei altas gargalhadas. Quem já viu, sabe que não estou exagerando. Não vou contar o que é, mas digamos que temos aqui uma espécie de homenagem bizarra ao Dr. FANTÁSTICO, de Stanley Kubrick. Hehehe!

Uma boa referência pra medir o impacto do final pode ser o DEAD OR ALIVE, do Takashi Miike, embora não seja tão devastador… é apenas ridículo mesmo. Mas não é só por isso que SHAKEDOWN vale uma redescoberta ou uma assistida obrigatória pra quem não viu. É um belo filme policial oitentista, com boas cenas de ação sem frescuras, diálogos impagáveis e maravilhosa performance de Peter Weller. Mas que o final absurdo é um bônus para os amantes de uma bizarrice, pode apostar que é…