Não queria ser o do contra, maaaas… fui dos poucos que curtiu PORTOS DOS MORTOS na sessão de estreia do filme no Cinefantasy 2010. Isso não quer dizer que seja uma maravilhosa também, ou que eu vá agora fazer um discurso de defesa. O filme tem suas problemas, só que não estragaram a minha sessão. O argumento de que a expectativa era a de um filme de zumbis ao estilo George A. Romero ou que o título engana, e que ouvi aos montes após a sessão, é muito besta, mesmo se tratando de um filme muito aguardado como um zombie movie e que demorou dois anos para chegar ao público. No entanto, prefiro julgar a obra pelo que é, e não pela expectativa que foi criada.
E a verdade é que PORTO DOS MORTOS tem uma visão muito pessoal do diretor e não dá lugar ao apelo popular para agradar. Não é um filme para se divertir, mas para sentir e refletir, mesmo que não funcione bem desta maneira em todos os momentos. A trama gira em torno de um policial vingativo que percorre as estradas de um universo pós apocalíptico em seu maverick preto e turbinadobuscando um serial killer dos infernos. Mas o filme acaba se arriscando muito ao trabalhar no limite da poesia anti-climática sem nunca atingir de fato um resultado comercial exploitation. É um western pós apocalíptico sem ação, um zombie movie sem zumbis, um road movie que não chega a lugar algum… por isso a frustração do pessoal que acompanhou essa primeira sessão foi quase unânime.
Mas aí também vai do gosto de cada um e acho que o filme vai encontrar o seu público, por menor que seja. PORTO DOS MORTOS é um raríssimo convite à contemplação dentro do gênero fantástico feito no Brasil. É preciso ter isso em mente para apreciá-lo, ainda que tanta poesia torne o filme arrastado em determinados pontos. Mas longe de ser ruim. Cumpre bem o papel de absorver o olhar do espectador com belas imagens e alguns momentos bem interessantes. Claro que também sinto falta sequências mais exageradas e absurdas, um banho de sangue daqueles! Mas não era essa a intenção…
Apesar da pretensão fora do comum, estamos diante do longa de estréia de um sujeito que viu muitos filmes e resolveu bancar do próprio bolso o seu exemplar de gênero e brincar com suas influências, por mais hermético e pessoal que tenha sido o produto final. Não quero dizer que isso seja desculpa para gostar do filme, nem que tenha influenciado minha modesta aprovação. Apenas curti esta experimentação maluca que o Davi fez… e só.
Sobre a minha passagem por São Paulo, foi uma tremenda satisfação rever alguns amigos como o Leopoldo, Edu, Vivi, Marcelo Carrard, Joel Caetano, Rubens Mello, Fritz Martiliano, também conhecer pessoalmente alguns amigos ilustres que eu ainda não havia encontrado, como o Leandro Caraça, Takeo, Felipe Guerra, o próprio Davi Pinheiro e, por fim, conhecer algumas pessoas que nunca tive contato, como o Isidoro Guggiana, Kapel Furman, Marcelo Milici e o mestre JOSÉ MOJICA MARINS, com quem tive o prazer de sentar à mesa para jantar e bater um papo. Eu e o Leopoldo tiramos mais uma vez a nossa tradicional foto com uma personalidade, como fizemos com o Marc Price, diretor do COLIN, no ano passado, mas dessa vez com o Zé do Caixão. Assim que me mandarem o retrato, eu posto para fazer inveja a vocês!!!!