CRIME SEM SAÍDA (2019)

Eu já tava bem interessado em ver CRIME SEM SAÍDA (21 Bridges), mas acabei deixando passar. Com essa morte do Chadwick Boseman que pegou todo mundo de surpresa, foi o primeiro filme que veio à mente para homenageá-lo. Que me descupem os fãs de PANTERA NEGRA e outros filmes da Marvel, mas às vezes tudo o que preciso é de um thriller policial classudo que parece saído dos anos 90… E CRIME SEM SAÍDA dá conta do recado.

Boseman é o detetive de homicídios da NYPD Andre Davis, desses incorruptíveis, que diz que ser policial está no seu DNA. Mas que é pintado como “gatilho solto” pela rapaziada da corregedoria por conta do alto número de bandidos que eliminou no cumprimento do dever. Todas as ocorrências foram consideradas justificadas, mas há sempre um foco constante sobre ele por conta disso e também por um histórico familiar muito forte: era moleque ainda quando seu pai, um oficial respeitado e altamente condecorado, foi morto em ação. Seus superiores acham que esse trauma talvez seja a resposta para o seu alto número de meliantes despachados.

Mesmo assim, Davis é chamado para investigar um tiroteio no Brooklyn que deixou oito policiais mortos após o roubo de um enorme estoque de cocaína no porão de uma vinícola. Os dois autores da façanha são veteranos de guerra que agora trabalham como mercenários: Ray Jackson (Taylor Kitsch) e seu relutante cúmplice Michael Trujillo (Stephan James). Jackson se revela um matador sangue frio e foi quem realmente matou todos os policiais, enquanto Michael tentava sem sucesso conter a situação. Agora eles são forçados a descarregar toda a coca que puderem pegar, lavar o dinheiro e sair da cidade.

O problema é que Davis já mandou trancar Manhattan, interditou todas as 21 pontes (que é o título original da bagaça) que levam à ilha e os agentes do FBI dão a ele até 5h30 da manhã para encontrar os assassinos antes que eles assumam o caso. Por ordem do capitão McKenna do 85º distrito do Brooklyn (J.K. Simmons), Davis terá a detetive de narcóticos Frankie Burns (Sienna Miller) como parceira, e eles partem pra descobrir onde estão Jackson e Trujillo.

No entanto, quanto mais Davis se aprofunda nos detalhes, mais as coisas parecem cheirar mal. Várias questões envolvendo a participação da polícia no caso deixam o detetive com a pulga atrás da orelha…

Já deu pra perceber que estamos em terreno conhecido por aqui. Quem já viu meia dúzia de filmes de policiais corruptos consegue matar algumas questões facilmente. CRIME SEM SAÍDA não faz muito suspense sobre quem são policiais corruptos e alguns parecem ter isso estampado na testa. Mas o roteiro de Adam Mervis e Matthew Michael Carnahan (THE KINGDOM) não tá muito interessado em prezar por originalidade e alguns diálogos e situações dão aquela sensação de “putz, já vi isso em outro filme”. O que realmente importa por aqui é a tensão de como as coisas se desenrolam, numa única noite, num ritmo que mantém o espectador ligado do início ao fim.

Ajuda muito CRIME SEM SAÍDA ter um protagonista tão sólido em Chadwick Boseman, o cara manda muito bem. Realmente perdemos um herdeiro de um Denzel Washington… O elenco de apoio também é muito bom e vale a destacar a pequena, mas simpática, participação Keith David (ELES VIVEM) como um chefe de polícia.

A direção é do veterano da TV Brian Kirk (BOARDWALK IMPIRE, GAME OF THRONES), que faz um bom trabalho em manter o ritmo e a tensão das coisas em ponto de bala. Sabe também onde colocar a câmera para filmar tiroteios e perseguições bem feitas. A sequência do tiroteio no assalto do início, que resulta nos oito policiais mortos, por exemplo, é ótima e muito bem conduzida, mostra que o sujeito não tá pra brincadeira. Belo trabalho também do diretor de segunda unidade, o grande coordenador de dublês Spiro Razatos (VELOZES & FURIOSOS 8 e vários filmes da Marvel, onde deve ter topado com os Irmãos Russos, que são produtores deste aqui).

CRIME SEM SAÍDA não tem nenhuma pretensão além de entreter como um exemplar de thriller policial bastante competente. Como eu disse, não há nada de muito original, mas não deixa de ter bons momentos de tensão e ação e boas atuações. E ainda não vai ser a despedida de Chadwick Boseman das telas, aparentemente deixou um trabalho completo, que deve estrear ainda este ano. O rapaz tava indo bem…