CHILLERAMA (2011)

A idéia de CHILLERAMA até que é boa: uma antologia que serve de homenagem ao universo drive-in, juntando quatro cineastas especializados em terror de orçamento médio da atualidade. O grupo de camaradas responsáveis pelo feito é formado por Adam Rifkin, Tim Sullivan, Joe Lynch e Adam Green.

A história central se passa na noite de encerramento de um cinema drive-in e o cronograma, comandado por Richard Riehle, é uma maratona de autênticos filmes “trash”. Adam Rifkin (o veterano da turma de diretores) é quem solta o primeiro, WADZILLA. É um troço no mínimo hilário, sobre um sujeito que goza um esperma mutante, que se transforma num monstro gigantesto e aterroriza a população de uma cidade, remetendo aos sci-fi’s de monstros dos anos 50. Com participação de Eric Roberts bem canastrão e efeitos especiais tosquíssimos, o episódio é, de longe, o que temos de mais divertido na “programação” de CHILLERAMA.

Já o segundo, puta merda, é chato pra cacete! Dirigido por Tim Sullivan (da refilmagem de 2001 MANÍACOS), I WAS A TEENAGE WEREBEAR mistura JUVENTUDE TRANSVIADA, de Nicholas Ray, com filmes de lobisomem, sob uma temática homossexual e narrado como um musical. Sim, parece interessante, mas não é. Desnecessariamente longo e sem graça, serve apenas como um bom sonífero. Se forem realmente conferir CHILLERAMA, podem passar a fita pra frente nessa parte…

O episódio seguinte ajuda a subir o nível do projeto novamente. Adam Green (da série HATCHET, que eu já comentei aqui no blog), embora tenha detratores, é um sujeito criativo e consegue tirar boas risadas do público com seu THE DIARY OF ANNE FRANKENSTEIN. A história se passa na Segunda Guerra, temos um Hitler bancando o cientista maluco que resolve dar vida a uma criatura cujo objetivo é matar judeus. O resultado é um Frankenstein bizarro com costeletas de judeu ortodoxo. Filmado em preto e branco e cheio de falhas técnicas intencionais, o alvo de Green são os clássicos de horror dos anos 30, mas com os exageros habituais do diretor. 

Voltamos agora à trama inicial do drive-in, cujo responsável pela direção é Joe Lynch (de WRONG TURN 2). Intitulado ZOM-B-MOVIE, o bicho pega por aqui também com um ataque de zumbis de sangue azul e tarados por sexo. Na verdade, descobrimos no desfecho que também se trata de um filme… Metalinguagem de boteco à parte, a sequência final dos ataques de zumbis é carregada de violência, nudez gratuita e muito efeitos especiais old school, o suficiente para alegrar os fãs de um zombie movie sem muita exigência. O problema são as cenas que intercalam cada “episódio”, são bem fracas e prejudicam o andamento do projeto CHILLERAMA, que, no fim das contas, obteve resultados bem abaixo do que eu esperava, apesar de ter Richard Riehle.

No entanto, um filme como CHILLERAMA hoje é programa obrigatório para qualquer aficcionado por tralhas. De todo modo, minha recomendação é assistir apenas a WADZILLA e THE DIARY OF ANNE FRANKENSTEIN. Economiza tempo e pelo menos garante a diversão. Ou então, assista a esta belezinha AQUI.

HATCHET II (2010)

Não achei HATCHET II tão divertido quanto o primeiro, mas tem vários bons momentos e vale uma conferida pra quem gostou dessa homenagem ao slasher oitentista feita pelo diretor Adam Green. Tenho gostado do trabalho desse cara. Não é nada impressionante, mas até agora não vi um filme ruim. Além desses dois filmes da série HATCHET (o primeiro chegou ao Brasil com o título TERROR NO PÂNTANO), eu vi FROZEN, cujas impressões eu coloquei aqui.

HATCHET II inicia no exato momento em que o filme anterior acaba, só muda a atriz principal, agora com Danielle Harris (atriz mirim nos anos 80, participou da série HALLOWEEN) interpretando a única sobrevivente do massacre no pântano cometido pelo Victor Crowley, uma espécie de entidade brutamontes e deformada que volta do mundo dos mortos para se vingar dos causadores de sua morte. Se quiserem saber mais sobre o personagem assistam ao primeiro!

Temos um problema neste aqui com o ritmo. Depois de um começo promissor, a coisa demora pra voltar a entrar no trilho, é preciso esperar um bocado pra começar a boa e velha matança de personagens descartáveis. E no quesito “mortes violentas e criativas”, o primeiro também vence fácil. Claro que ver um sujeito ter sua cabeça decepada com as próprias tripas lhe apertando o pescoço é sempre legal… Mas de uma forma geral, as mortes acontecem rápidas demais, com poucas exceções, embora sempre com muito gore e exagero. E o filme é bem curtinho, não chega a 90 minutos, mas a enrolação logo depois do início faz com que o final, as mortes e até a construção de uma atmosfera de suspense, sejam feitas às pressas.

O primeiro também tinha a vantagem de mostrar várias mulheres nuas. Aqui, temos duas ceninhas, no máximo.

O bom é que Tony Todd não faz apenas uma apariçãozinha rápida como no filme anterior. Aqui ele é um dos principais personagens e está ótimo como sempre! Dá pra se divertir com seus discursos e canastrice enquanto esperamos o banho de sangue. No elenco, temos também a presença de Tom Holland, que nos anos 80 dirigiu dois clássicos do horror naquele período, como A HORA DO ESPANTO e BRINQUEDO ASSASSINO, e o grandalhão R.A. Mihailoff, que já encarnou o Leatherface em O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA 3, do Jeff Burr.

Como já disse, se colocado em comparação com o primeiro, o nível cai um pouco, mas motivos para conferir HATCHET II é o que não falta, nem que seja como um passatempo sem compromisso num domingão à tarde sem nada pra fazer. Apenas uma observação, como na minha resenha de HATCHET vários amigos demonstraram a sua indignação perante à obra, a esses eu recomendo distância deste aqui! E HATCHET III vem aí!

TERROR NO PÂNTANO (2006)

No texto sobre FROZEN, também dirigido por Adam Green, eu disse que daria uma chance a este filme aqui… percebi que havia algo neste cineasta que pudesse diferenciá-lo da grande maioria dos demais diretores “especialistas” americanos do gênero em atividade. E os amigos Herax e Otávio ainda chegaram a reforçar a ideia de que valia a pena conferir. E valeu mesmo, o filme conseguiu me fisgar de imediato. Logo nos primeiros minutos temos Robert Englund em uma pequena participação como um caçador de crocodilos sendo estraçalhado por um brutamonte deformado! Um filme que começa assim, deve valer a pena…

TERROR NO PÂNTANO (Hatchet) tem uma trama bem simples que mistura clichês clássicos do gênero, um tom de humor que lembra UMA NOITE ALUCINANTE, com elementos da série SEXTA-FEIRA 13 e etc. Ben é o nosso protagonista, um sujeito parecido com um “emo”, só que mais velho, que vai até o “carnaval” de Mardi Gras com um grupo de amigos para tentar se distrair e esquecer o fim de seu relacionamento, mas acaba não conseguindo naquele ambiente pecaminoso e ofensivo. Pra quem não sabe, esta festa de Mardi Gras é aquela onde as moças se sentem confortáveis e mostrar alguns atributos em troca de um colarzinho colorido… esses “emos” são meio estranhos mesmo.

De qualquer forma, ele consegue convencer um de seus amigos a fazer uma programação inusitada. Ao invés de ficar olhando para peitinhos a cada 3 passos nas ruas onde a festa acontece, algo bem chato, realmente, Ben arranja um passeio de barco para conhecer um local cuja lenda diz ser amaldiçoado. E lá vão eles, com mais um grupo de pessoas. E deparam-se com uma autêntica maldição, a típica história da casa isolada no meio do pântano onde no passado um violento crime ocorreu envolvendo Victor Crowley, um menino deformado. E agora seu espírito vingativo (ou será o próprio?) está a solta destroçando qualquer pessoa que se aproxime do local… por aí vai.

Tenho certeza que se TERROR NO PÂNTANO fosse realizado no início da década de 80, Victor Crowley seria um desses ícones do slasher e o filme, óbvio, seria um clássico! As mortes são lindas, exageradas, violentíssimas, criativas e, o melhor de tudo, sem efeitos de CGI. 100% de maquiagem à moda antiga e muita groselha para sujar o cenário! O desfecho também é legal. Os cinéfilos mais extremos vão perceber que não há nada de mais, no entanto, para um filme americano de horror recente, chega a ter um grau de ousadia.

De bônus, além de Robert Englund, temos a presença de Richard Riehle e do grande Tony Todd.

Em 2010 foi lançado o segundo filme da série, também dirigido pelo Green. Espero que ele consiga manter o mesmo nível e o excelente climão de slasher movie oitentista realizado fora de época.

FROZEN (2010)

Este é o primeiro filme do diretor Adam Green que eu assisto. O sujeito é o responsável por essa série de terror chamada HATCHET, que tem um machado nas artes dos cartazes e já possui dois filmes. Aparentemente não me atraem em nada, mas há quem diga que são bons. Talvez depois deste aqui eu dê uma chance. FROZEN não é exatamente um filmaço, mas para o gênero “indivíduos em situações extremas tentando sobreviver e sair dessa com vida” até que ele funciona.

Três personagem, dois melhores amigos de longa data e a namorada de um deles, ficam presos em um desses teleféricos que levam esquiadores para o alto das montanhas geladas para…er… esquiar. Por um erro de logística os teleféricos são desligados sem que ninguém saiba que eles estão lá. O resort ficará fechado por uma semana, todas as luzes foram apagadas, eles estão em uma altura considerável, uma tempestade de neve começa a cair, a pele de seus rostos começam a queimar com o frio, lobos famintos fazem a ronda logo abaixo… enfim, é provável que não seja as melhores férias que essa turma planejou.

A primeira reação do espectador é começar a imaginar maneiras de sair dali se estivessem na mesma situação. Várias delas acabam sendo colocadas em prática, mas logo percebe-se que nem tudo é tão fácil. Li uma resenha onde o cara sugeria que eles deveriam tirar as roupas e fazer uma corda, certamente funcionaria, mas não os culpo de não pensar nisso… eu mesmo não pensei. A solução que eles encontram no desespero é meio burra, geralmente isso torna até motivo para críticas!

Bem, pra mim, que fica torcendo para que os personagem justamente cometam burrices que resultem em ossos quebrados, membros decepados e muito sangue, achei bem legal! E o filme segue com várias atitudes estúpidas, outras inteligentes, e acaba sendo melhor do que eu esperava.

O grande problema de FROZEN ainda está na deficiência que esses roteiristas de filme de terror americano possuem em escrever diálogos. Isso sim chega a irritar e me peguei pensando “ninguém falaria uma coisa dessas nessa situação!”. E para um filme com essa história, que se passa praticamente num mesmo ambiente, dois ou três personagens sentadinhos um ao lado do outro, fazer render seus 90 minutos, é preciso muito diálogo. Nem tudo é perfeito. Mas valeu. Provavelmente eu nunca vá assistir esse filme na vida, mas pra passar o tempo serviu pra alguma coisa…