PAUL SCHRADER GOES WEST

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Um dos maiores monumentos do cinema americano atual é esse senhorzinho aí em cima, que atende pelo nome de PAUL SCHRADER. Diferente de caras como John Carpenter, William Friedkin, Michael Mann, David Cronenberg, e outros velhinhos que já fizeram muita coisa legal, Schrader continua à pleno vapor, escrevendo e dirigindo, se adaptando e se reinventando no cinema contemporâneo e às novas tecnologias, novos formatos, novos meios de exibição, como um garoto de 72 anos.

Celebremos Paul Schrader… Porque se depender daqueles outros ali em cima, estamos perdidos. Sério, eu espero estar errado, mas vamos cair na real que nunca mais teremos um filme novo do Carpenter, Coppola, Friedkin, Mann, Cronenberg… Clint Eastwood deve fazer mais uns dois no máximo. Brian De Palma não consegue lançar nem seus filmes que já estão prontos. Fora de Hollywood, Paul Verhoeven é um milagre que esteja lançando algo este ano, mas não tenho muita esperanças. Johnnie To já anunciou a aposentadoria… Um ciclo que vai se encerrando aos poucos. E Abel Ferrara? Scorsese ainda se salva. Até quando, já não sei.

Enquanto isso, temos Schrader. Seu último filme, FIRST REFORMED, é maravilhoso e encabeçou a lista dos meus filmes favoritos do ano passado. E o cara disse essa semana, durante a premiação dos Critics Choice Awards, que agora vai fazer um western. No elenco, já apontou Willen Dafoe e Ethan Hawke, e o título por enquanto é NINE MEN FROM NOW, que remete ao clássico de Budd Boetticher, SEVEN MEN FROM NOW, com Randolph Scott e Lee Marvin. Sem mais informações no momento, é só aguardar de joelhos.

UM FILME SAINDO DA TUMBA

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Depois de THE OTHER SIDE OF THE WIND, de Orson Welles, mais um filme perdido/inacabado/não lançado de outro mestre do cinema pode ganhar sua oportunidade de ver a luz do dia. Ao que tudo indica, o grande mestre do horror moderno, George A. Romero, realizou, entre SEASON OF THE WITCH (72) e THE CRAZIES (73), um filme de 60 minutos chamado THE AMUSEMENT PARK, por volta do ano de 1973, aparentemente feito para a TV, mas nunca lançado e agora ressuscitado como uma obra digna do pai dos zombie movies!

Quem anunciou a existência dessa maravilha foi o escritor Daniel Kraus (que trabalhou com Romero) através de sua conta no Twitter. O sujeito disse que procurava o filme há vinte anos e agora estava diante da obra. Em vários tweets, Kraus vai nos deixando com água na boca chamando o filme de “uma revelação” e “o filme mais abertamente horripilante de Romero“.

Kraus ainda diz “Onde você pode ver essa obra-prima selvagem? Você não pode. Mas eu estou me dedicando a mudar isso. Este é realmente um daqueles objetos mágicos (amaldiçoados?) no qual não posso acreditar que tenha caído nas fendas cinematográficas. Vamos arrastar de volta“. Sabe-se que a esposa do falecido, Suzanne Desrocher-Romero, havia dito no começo do ano que um filme de Romero de 1973 seria restaurado e liberado. Agora sabemos que é THE AMUSEMENT PARK.

Então, agora é aguardar a restauração da obra e o seu lançamento, seja lá por qual via. Não sei quanto tempo isso vai levar, mas só de saber que teremos um filme inédito de George A. Romero, filmado nos anos 70, para poder conferir num futuro próximo já é uma das mais belas notícias deste final de década.

THE OTHER SIDE OF THE WIND EM VENEZA

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Saiu na semana passada o line up do Festival de Veneza deste ano e, fora de competição, teremos THE OTHER SIDE OF THE WIND. Nunca ouviu falar? Então prepare-se: Trata-se do último filme do gigante Orson Welles nunca completado, talvez a mais lendária e não vista produção de todos os tempos.

Na época, Welles prometeu que THE OTHER SIDE OF THE WIND seria o seu grande retorno triunfal, reuniu um elenco de figurinhas carimbadas, como os diretores John Huston e Peter Bogdanovich, mas também Susan Strasberg, Lilli Palmer, Edmond O’Brien, Cameron Mitchell, Dennis Hopper e por aí vai… As filmagens aconteceram entre 1970 e 1976 e segundo Huston, em sua autobiografia, o set era dos mais pirados que ele já pisou e que Welles simplesmente não tinha roteiro definido, portanto uma desorganização criativa pairava no ar ao mesmo tempo em que andava de mãos dadas com a poesia fílmica de seu diretor. Mas as fontes independentes de financiamento eram diversas e não muito confiáveis, a produção do filme se arrastou por muitos anos e Welles ainda tentava completá-lo quando morreu em 1985.

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Rymsza inventariando os rolos de THE OTHER SIDE OF THE WIND

Com a ajuda da Netflix, ano passado houve um esforço de crowdfunding que arrecadou 400 mil dólares para concluir essa obra final de Welles. O gerente de produção original do filme, o produtor Frank Marshall, supervisionou a conclusão do projeto, trabalhando em conjunto com o cineasta Filip Jan Rymsza, que foi um dos principais nomes na captação de recursos para esta finalização. Peter Bogdanovich, que era amigo de Welles, trabalhou diligentemente por muitos anos para completar THE OTHER SIDE OF THE WIND, mas sempre encontrou obstáculos e agora serviu de consultor no projeto Netflix. As poucas pessoas que chegaram a ver alguns trechos que Welles conseguiu completar na época de sua morte, apresentaram opiniões contraditórias, alguns dizendo que é um filme estranho e desanimador, enquanto outros o proclamam uma obra de gênio.

THE OTHER SIDE OF THE WIND passa então em setembro no Festival de Veneza e logo depois deve entrar na grade do Netflix. E se não entrar no Netflix Brasil, pelo menos já teremos outros meios de conseguir… Provavelmente, a melhor notícia do ano.

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ENCONTRARAM UM ROTEIRO PERDIDO DE STANLEY KUBRICK

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Não sei bem o que vão fazer com isso agora, mas um roteiro perdido escrito pelo diretor Stanley Kubrick e pelo romancista Calder Willingham, em 1956, foi descoberto pelo escritor Nathan Abrams, enquanto pesquisava e colhia material para um livro que está elaborando sobre a produção do último filme de Kubrick, DE OLHOS BEM FECHADOS. De acordo com Abrams, o tal roteiro foi baseado em “Burning Secret“, um romance de 1913, do escritor austríaco Stefan Zweig, e Kubrick e Willingham adaptaram-no à sociedade americana contemporânea dos anos 50. Só que o roteiro lidava com temas espinhosos e controversos demais para o período: um homem de 30 anos faz amizade com um garoto pré-adolescente com a intenção de usá-lo para ter acesso à sua mãe casada, na esperança de se tornar seu amante. O projeto surgiu num momento em que Kubrick estava começando a carreira como diretor e ainda não tinha a reputação aclamada que teve posteriormente, nem tinha influência nos estúdios. BURNING SECRET chegou a ser considerado pela MGM, mas a produção nunca ganhou sinal verde, possivelmente por causa da sensibilidade do tema em 1956.

Uma versão do romance de Zweig, baseada em outro roteiro, diferente da que fora escrita pelo diretor de LARANJA MECÂNICA, chegou a ser filmada em 1988 pelo ex-assistente de Kubrick, Andrew Birkin. No Brasil chama-se O SEGREDO DE UM HOMEM e tem Klaus Maria Brandauer e Faye Dunaway no elenco.

DEL TORO

Não sei ainda se foi mesmo merecido, porque ainda não vi THE SHAPE OF WATER, mas fiquei felizão ontem em saber que um sujeito que sempre se assumiu como diretor de gêneros populares (horror, sci-fi, ação), dedicou sua carreira em contar histórias sombrias e fantasiosas, recebeu ontem o prêmio de melhor diretor nos Golden Globes. Dá-lhe Guillermo Del Toro e que venham o Oscar!

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THE SHAPE OF WATER NOS GOLDEN GLOBES

É sempre motivo de celebração quando um exemplar de cinema fantástico ganha destaque em determinados círculos… O novo filme do Guillermo Del Toro, por exemplo, foi agraciado com maior número de indicações no próximo Golden Globes. THE SHAPE OF WATER concorre nas categorias de Melhor Filme Dramático, atriz (Sally Hawkins), direção, roteiro, atriz coadjuvante (Octavia Spencer), ator coadjuvante (Richard Jenkins) e trilha sonora. Não assisti ainda, mas já na torcida.
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