KINJITE: DESEJOS PROIBIDOS (1989)

Filme todo errado, fim de carreira, literalmente, pra uma galera envolvida – último filme do diretor J. Lee Thompson, último filme do Bronson pra cinema, uma das últimas produções da Cannon, já toda endividada e sem muito orçamento pra investir… Tudo isso meio que reflete também o tom desesperado de KINJITE: DESEJOS PROIBIDOS (Kinjite: Forbidden Subjects) em querer ser uma espécie de exploitation de extrema urgência, feito pra ganhar bilheteria, abordando temas apelativos, como tráfico humano, de menores, mas que só resulta mesmo num produto do mais baixo nível – racista, sexista, xenófobo para um caralho…

Bronson interpreta o tenente Crowe da polícia de Nova York. Ele tem uma obsessão por um cafetão e traficante de crianças chamado Duke (Juan Fernández), que está sempre à procura de carne fresca, incluindo a vestal Nicole Eggert na cena de abertura, que tinha 17 anos na época, e que recentemente postei sobre um filme com ela por aqui: THE HAUNTING OF MORELLA.

Crowe tem uma filha adolescente com quem é muito protetor (daí o interesse especial em Duke) e quando ela é apalpada no ônibus por um executivo japonês que se mudou para Los Angeles, o sujeito fica furioso, faz um discurso terrivelmente racista bem no meio de uma multidão de asiáticos. Aqui a coisa entra numa situação tão bizarra que os roteiristas mal se esforçam pra resolver… Mas tudo bem. O fato é que Crowe não sabe que o homem que tocou na sua filha teve sua própria criança, muito mais nova, sequestrada por Duke. Sem o seu conhecimento, Crowe agora está ajudando o abusador de sua filha…

O personagem de Bronson em KINJITE é uma espécie de extensão de seu personagem em DESEJO DE MATAR, o vigilante Paul Kersey. Um revoltado contra o sistema e angustiado pelo mundo violento que o rodeia. Ele bate nas pessoas, atira nelas e, pasmem, enfia um vibrador na bunda de um cara para arrancar informações dele… Há uma cena em que Crowe “sequestra” o próprio Duke e o faz comer um Rolex caríssimo. E depois coloca fogo no carro do traficante. O personagem do Bronson deveria procurar um psiquiatra urgente. Mas, como estamos diante de um filme, uma obra de ficção, é preciso dizer que essa cambada mereceu o tratamento do policial. Incluindo a punição de Duke no final do filme e que comento a seguir.

Duke é um vilão da pior espécie. O cara sequestra a menina japonesa, a leva para seu apartamente onde ele e seus capangas (um deles o grande Sy Richardson) fazem fila para “experimentá-la” antes de a entregar no mercado de prostituição infantil. Se existe algo que não dá pra acusar de KINJITE é de não ser subversivo. Eu diria até que poucos cineastas do underground chegariam a tão baixo nível…

Algumas cenas memoráveis: Obviamente que a do Bronson segurando um pênis de borracha seria um destaque. Outra que gosto é quando Crowe e seu parceiro colocam o personagem de Richardson de ponta cabeça na varanda de um prédio, só para assustá-lo e arrancar algumas informações, e o sujeito acaba despencando lá de cima numa piscina. É divertida. Mas fica melhor ainda pelo grau baixíssimo da produção. Richardson tem a pele negra e quando vemos o dublê boiando é um cara branco… Que situação. O clímax de KINJITE também é bacana, uma ceninha de ação, bem elaborada, com Bronson sendo o badass de sempre, empunhando um revólver e despachando meliantes. E, claro, agora sim, quando Duke é preso e está sendo colocado numa cela, os prisioneiros ficam alvoroçados. Um deles é ninguém menos que Danny Trejo, que tem apenas uma fala, mas é bem receptiva. Ele dá as boas-vindas ao recém chegado:

Sobre o executivo japonês, como disse, fica por isso mesmo. O cara recupera a sua filha, mas nunca acerta as contas com Crowe por ter passado a mão na filha do policial…

Enfim, apesar do mau gosto que paira no ar em vários momentos, vocês vão me desculpar, mas KINJITE é simplesmente impagável. Ver Charles Bronson segurando uma manjuba de borracha pra enfiar lá “onde o sol não brilha” de um sujeito é simplesmente algo que nem um Dirty Harry teria coragem. São MUITAS as sequências dessa porcaria que me fazem dar altas risadas e várias cenas que tornam isso aqui marcante, uma diversão das boas. O tipo de filme que acabo curtindo pelos motivos mais bizarros possíveis.

Um pensamento sobre “KINJITE: DESEJOS PROIBIDOS (1989)

  1. Sua primeira exibição na TV Aberta foi em 22 /11/1993 no Tela Quente na Rede Globo e depois foi exibido á exaustão na sessões de filmes dessa mesma emissora citada . Acho essa cena do Bronson segurando objeto masculino de borracha e vai enfia-la no orifício do criminoso em questão .. essa cena não passava na exibições em que esse filme foi exibido nas sessões de filmes da Globo, pois eu mesmo não me lembro dessa cena ,logico! o filme eu lembro todo , mais essa cena eu desconhecia pois realmente não sei se isso passou na nossa puritana TV Aberta ,que já exibiu coisas piores do que isso , em sua última vez foi exibido na Rede Brasil acho foi esse ano ,mas eu não assisti no dia em ele foi exibido , saiu em DVD no Brasil pela MGM /Fox ,não comprei o filme por que não tem á sua dublagem clássica,acho que vou compra-lo e conferir essa cena em questão ,boa postagem ,bem curtinha mais legal .
    Um Abraço de Anselmo Luiz.

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