THE MATRIX REVOLUTIONS (2003)

Minhas impressões da revisão de THE MATRIX REVOLUTIONS são meio malucas. Se por um lado eu consigo identificar tudo que desagradou os fãs na época (eu incluso), por outro já não me importei com nada e simplesmente embarquei nessa tragédia shakespeareana misturada com uma viagem pseudo-cyber-filosófica-espiritual cheia de ação épica… Achei um filme fascinante.

O grande problema pra mim desta vez foi bem diferente do que senti quando vi THE MATRIX REVOLUTIONS no cinema há quase duas décadas. Eu só queria que aquela bobagem toda acabasse o mais rápido possível…

Nesta revisão, não sei explicar porquê, acontece justamente o contrário. Eu queria mais e mais, eu queria uma série pra TV com vinte temporadas explorando a riqueza visual/espiritual/filosófica de THE MATRIX, eu simplesmente fiquei maravilhado e queria mais!

E, bom, as Wachowski se arriscaram pra caramba pra concluir essa bagaça. THE MATRIX tava no coração da moçada, quase todo mundo tinha curtido, tinha sua importância dentro dos blockbusters hollywoodianos, então este terceiro filme era muito aguardado. E elas vão lá e, PIMBA! não entregam nada daquilo que o público queria! Hahaha!

Convenhamos que o encerramento de uma série dessa magnitude nunca vai agradar todo mundo mesmo que tivessem feito “o básico”.

Mas THE MATRIX REVOLUTIONS acabou sendo uma aula de como subverter as expectativas do público e até mesmo de narrativa: por exemplo, colocando a tão aguardada batalha de Zion, dos homens contra as máquinas, no meio do filme, sem sequer contar com a presença do protagonista. Forçando toda a solução das suas questões filosóficas entregues numa única luta de tirar o fôlego entre Neo (Keanu Reeves) e o Agente Smith (Hugo Weaving).

A batalha de Zion é um esplendor que mal tenho palavras para descrever. Não lembro muito o que senti há quase vinte anos quando vi pela primeira vez, na tela grande, mas como não curti na época, é bem capaz de não ter achado grandes coisas.

Hoje foi bem diferente. São praticamente 30 minutos de espetáculo sensorial de ação de tirar o fôlego, que tem um peso poderosíssimo e uma sensação insuportável de ameaça, realmente convence – mesmo que por um momento – de que tudo está realmente fodido e que a humanidade vai ser extinta.

As irmãs Wachowski têm uma excelente percepção de onde colocar a câmera na ação. Os enquadramento nunca são óbvios, as figuras são milimetricamente posicionadas no quadro, um pouco distorcidas para ganhar movimento, apenas o suficiente para proporcionar um prazer visual que não é comum. A edição também é sólida: em nenhum momento a geografia é confusa ou incoerente.

E as cenas de artes marciais são compreensíveis. O que nos leva à luta entre Neo e Smith, toda belíssimamente construída, com quadros que remetem a um duelo de faroeste. Começa com os dois sujeitos em extremos opostos de uma longa rua, enquanto gotas de chuva os encharcam, entre duas filas de cópias do Agente Smith. É sublime.

Neo e Smith trocam algumas palavras antes de dar tudo de si numa briga de proporções épicas que carrega aquele aroma de inevitabilidade, como diria o Agente Smith.

Há uma outra sequência de ação que é menos lembrada do que esses dois mastodontes que citei aí em cima, mas que ainda impressionam: a que Morpheus (Laurence Fishburne), Trinity (Carrie-Ann Moss) e Seraph (Collin Chow) trocam tiros com uns caras que literalmente andam no teto do cenário… É uma dessas pequenas joias dentro do filme que também provam a maestria das Wachowski na condução da ação.

Mas uma das coisas mais importantes pra mim por aqui é como a coisa se resolve dentro de sua própria lógica filosófica de boteco e religiosidade de fundo de quintal (é quase uma versão sci-fi de passagens bíblicas), deixando um monte de ponta solta, um bocado de perguntas sem resposta, tudo tão aberto, pra desespero dos fãs.

Mas que ao mesmo tempo toca no fundamental: o nível de sacrifício exigido de seus personagens em algo reconhecidamente humano, fazendo-nos sentir o custo mortal por trás das figuras e feitos que se tornam lendas. Se THE MATRIX RELOADED rejeita os mitos que alimentamos, THE MATRIX REVOLUTIONS nos mostra como novos mitos são criados.

Enfim, depois dessa revisão, agradeço às Wachowski por não terem realizado algo pra agradar os fãs (não é mesmo, Disney?).

Passei tempo demais sem revisitar esse universo, deveria ter feito antes e mais vezes e redescoberto essa maravilha que é toda a saga THE MATRIX, especialmente se olharmos agora e percebermos que não tivemos nada remotamente parecido no gênero como essa trilogia desde então em Hollywood.

Que me perdoem os fãs da Marvel Cinematic Universe, mas todos os seus trocentos filmes juntos não dão nem pro cheiro que é a trilogia THE MATRIX.

★ ★ ★ ★


Quero saber as impressões de vocês. O que meus cinco leitores acham da trilogia THE MATRIX? Não deixem de comentar na caixa de comentários aqui do blog, ou no facebook, Twitter, Instagram… Bora papear.

5 pensamentos sobre “THE MATRIX REVOLUTIONS (2003)

  1. Revi o primeiro esse ano, pois estou no processo de apresentar os clássicos da minha infância/juventude para o meu filho. Ainda me causa impacto, é incrível como o filme é acachapante tanto temo depois. Nunca tive coragem de rever as continuações, mesmo tendo gostado do terceiro, assistido no cinema. Você me animou, vou colocar o filhote para ver as continuações também. 🙂

    • Bicho, eu realmente não assistia desde o lançamento… Pra mim foi uma experiência boa de redescoberta. Espero que a rapaziada que tenha se animado a rever curta também. 😀

  2. Assisti na época “MATRIX REVOLUTIONS” no cinema original em inglês e legendas em português ,pois naquela época era raríssimo um filme dublado nos cinemas .. não gostei e depois assisti o mesmo filme na TV Aberta em sua primeira exibição que foi em 15/04/2007 na sessão ” 8 e Meia no Cinema ” no SBT dublado e não gostei ,minha irmã comprou os Box’s tanto em DVD quanto em Blu-ray me convidou á re-assisti-lo ,só assisti o primeiro filme os outros não quis revê-los e talvez nunca o faria ,uma coisa eu concordo os Wachowski tiveram coragem de matar o seu protagonista principal … mas o estranho é o Neo vai voltar á Trinity tambem, ainda bem que Laurence Fishburne e Hugo Weaving não vai voltar nessa canoa furada que será esse novo Matrix ,sem conceito e explicação de sua volta á esse universo á explicação mas plausível é de encher á burra de dinheiro da Warner e dos Wachowski continuarem nos projetos de filmes espetaculares ,que revolucionou o cinema no seculo XX .
    Bom texto ,um abraço de Anselmo Luiz

    • Calma, Anselmo, vamos ver o que a rapaziada tá preparando em THE MATRIX 4, vai que tem uma solução interessante pro retorno desse povo… hehe!

      E cinema, além de arte, é espetáculo… E dependendo do espetáculo, é comercial. Pessoal vai encher o rabo de dinheiro sim, mas vou torcer pra ser recompensado com um baita filme. E se tiver sequências de ação do nível desses aqui, especialmente a cena na auto estrada, já nem importo tanto com roteiro, conceitos, etc, como o vão trazer Neo e Trinity e seja lá quem mais de volta… Hahaha!

      Valeu! 🙂

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.