007 CONTRA GOLDFINGER (1964)

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Se existe um filme da série 007 que se qualifica como um clássico imortal, este filme é 007 CONTRA GOLDFINGER (Goldfinger), de Guy Hamilton. Terceirto capítulo da série sobre o espião à serviço secreto da coroa britânica, James Bond, ganhou importância para a franquia porque, de certa maneira, foi o exemplar que estabeleceu uma ideia, para a maioria das pessoas, sobre o que de fato é um filme de James Bond.

007 CONTRA O SATÂNICO DR. NO, o primeiro, que apresentou o personagem e sua famosa música tema, e MOSCOU CONTRA 007, o segundo, eram basicamente thrillers de espionagem ao espírito dos livros escritos por Ian Fleming, enraizado mais em intrigas palpáveis e de contextos reais, como a Guerra Fria. GOLDFINGER pegou elementos essenciais desses dois e deu um toque especial. Construiu um ícone maior que a vida, apresentou várias marcas registradas e tudo o que torna o personagem tão reconhecível e memorável.

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É aqui que começam também a explorar os limites entre a realidade e os excessos da fantasia do cinema de ação, uma das principais características da série. Um exemplo temos logo no início, quando Bond enxerga, através do reflexo da íris de uma moça, um bandido espreitando por trás prestes a atacá-lo. PELO REFLEXO DA ÍRIS!!! É pra isso que o cinema foi inventado… Temos também o famoso capanga que arranca a cabeça de estátuas arremessando seu chapéu-côco forrado de aço… Praticamente uma história em quadrinhos.

Depois disso, os filmes de Bond não se levaram muito a sério e, pessoalmente, fico feliz que isso tenha acontecido. Parte do que torna a série 007 tão fascinante pra mim é exatamente o tom exagerado, uma fórmula que começaram a desenvolver por aqui em GOLDFINGER. Uma fórmula que não vemos em DR. NO ou MOSCOU CONTRA 007

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Na trama, a preocupação com a estabilidade dos preços do ouro ao redor do globo coloca James Bond (mais uma vez interpretado por Sean Connery) na trilha de um contrabandista internacional de ouro, o excêntrico Auric Goldfinger (Gert Fröbe). Tendo encontrado o sujeito pela primeira vez em um hotel em Miami, Bond está ciente de que o homem é um adversário peculiar e muito perigoso. Goldfinger revela ser obcecado por duas coisas: ouro e levar vantagem a qualquer custo, seja numa partida de golfe ou até mesmo num amigável jogo de cartas à beira da piscina de um hotel.

Em relação ao “perigoso”, Bond descobre do pior jeito: Goldfinger não demonstra muito remorso em matar sua acompanhante quando ela o trai com o espião. Acaba assassinada de maneira única, asfixiada com seu corpo completamente coberto com tinta dourada. Uma das imagens clássicas da franquia.

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Bond visita Q, interpretado por Desmond Llewelyn, que ficou famoso entre os fãs da série por fazer esse personagem durante décadas. Suas engenhocas tecnológicas acabaram se tornando elemento essencial da franquia. E é aqui que Bond é apresentado pela primeira vez ao Aston Martin, seu veículo oficial e que utiliza logo em seguida para ficar na cola de Goldfinger. Ao se infiltrar em um complexo do vilão, Bond descobre o método engenhoso que seu adversário contrabandeia grandes remessas de ouro. Também descobre que Goldfinger tem algo maior planejado, uma operação com o codinome Grand Slam. Mas antes que ele possa sair do local, 007 é capturado. Só mais tarde ele realmente descobrirá quão grandioso é o Grand Slam

Mais momentos clássicos: Bond capturado, é amarrado a uma mesa com um cortador a laser em direção à sua “arma mais preciosa”. Como a cena do corpo coberto de tinta dourada, essa é outra das mais icônicas de toda a franquia. A paródia/homenagem dos Simpsons, no episódio You Only Move Twice, é evidência de seu poder na cultura pop.

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Tudo parece funcionar em GOLDFINGER – os personagens; o roteiro com um equilíbrio quase perfeito de humor irônico e convenções do thriller de espionagem, carregados de diálogos incríveis; o ritmo; a música tema de Shirley Bassey e John Barry… Continua sendo uma aventura atemporal, com o espião cínico, malandrão e mulherengo que adoramos. Claro, Bond dos anos 60 é um dinossauro sexista e misógino para os padrões chatos de hoje, mas Sean Connery é cool o suficiente para se safar. Falando nisso, não dá pra esquecer a bela Pussy Galore. Basta esse nome para garantir que seu papel seja lembrado entre a maiores Bond Girls. Mesmo com tão pouco tempo em cena…

Temos Goldfinger, um dos melhores vilões de toda a série, e seu capanga, o brutamontes Oddjob, o tal com o chapéu letal, que dá uma canseira ao nosso herói. A sequência de luta entre ele e Bond nas entranhas do depósito de ouro em Fort Knox é um dos grandes momentos do filme.

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Aliás, as cenas de ação de GOLDFINGER são de alto nível. O diretor Guy Hamilton era desses que sabia criar um bom espetáculo no gênero, com destaque para a perseguição de carros pelos bosques e no complexo de Goldfinger, no qual Bond utiliza vários acessórios que Q preparou em seu Aston Martin. E obviamente o deflagrador final, um tiroteio explosivo de grandes proporções e alta contagem de corpos. Hamilton voltaria a dirigir mais três exemplares do espião: 007 – OS DIAMANTES SÃO ETERNOS, COM 007 VIVA E DEIXE MORRER e 007 CONTRA O HOMEM COM A PISTOLA DE OURO. Esses dois últimos com Roger Moore no papel de Bond.

Todos esses elementos se combinam para tornar GOLDFINGER um clássico do cinema de ação e dos melhores e mais influentes filmes da série 007. Mesmo não sendo o meu favorito… Que aliás, não sei ainda exatamente qual é. Talvez A SERVIÇO SECRETO DE SUA MAJESTADE, ou O ESPIÃO QUE ME AMAVA, ou A CHANTAGEM ATÔMICA, que mal lembro, mas que me marcou muito quando era moleque… Enfim, comecei a rever novamente a série depois de uns vinte anos e até o final dessa “retrospectiva” eu descubro qual é o que mais gosto. Se calhar, acaba sendo mesmo GOLDFINGER. Sem dúvida vai estar entre os primeiros.

Os outros filmes do espião já comentados aqui no blog:

007 CONTRA O SATÂNICO DR. NO
MOSCOU CONTRA 007

7 pensamentos sobre “007 CONTRA GOLDFINGER (1964)

  1. Pingback: 007 À SERVIÇO SECRETO DE SUA MAJESTADE (1969) | vício frenético

  2. Pingback: COM 007 SÓ SE VIVE DUAS VEZES (1967) | vício frenético

  3. Pingback: 007 CONTRA A CHANTAGEM ATÔMICA (1965) – vício frenético

  4. REATA : Em outro comentário eu havia escrito que “007 contra o Satânico Dr.No” o foi o primeiro filme que havia visto na TV me enganei foi ” Com 007 só se vive duas vezes ” e depois ” 007 contra Goldfinger” em 1985 ,eu não lembro quando assisti á esse filme mas acho que foi em 1986 no Festival de Verão da Globo ..minha memoria esta cada vez mas péssima para me lembrar de filmes assistidos na TV Aberta. é á idade,pesado.

  5. Tem um conhecido que converso muita vezes quando eu vejo de vez quando e sempre conversamos sobre cinema ,ele tinha á coleção dos filmes de 007 mas ao assisti-los vendeu toda sua coleção,pois ele falou para mim que os filmes de James Bond não se encaixa nos padrões do filmes de hoje por causa do Sexismo e misógino ,ele trata as mulheres ,caramba ! eu falei para ele era o cinema daquela época Bond era ate assim nos livros ,malandrão ,galante e sempre leva um jeito de dormir com as mulheres na trama tanto de seus filmes ,quanto nos livros de Fleming .. fazer o que o cara caiu no mundo de hoje ,onde as mulheres não devem ser tratadas com objeto nos filmes e deve haver um equilibrio na performance de ambos os sexos em filmes .. tudo bem ,concordo mas eu não venderia á minha coleção por nada ,pois foi tão dificil para mim consegui-la ,pois sou muito fã do filmes de James Bond ,realmente esse é um dos melhores filmes de James Bond, foi o segundo filme do 007 que assisti na TV , o primeiro filme foi ” Com 007 Só Se Vive Duas Vezes ” no 11/02/1985 no Festival 20 anos da Rede Globo e “007 contra Goldfinger” eu assisti ele em 04/03/1985 no Festival 20 anos da mesma emissora e depois outro filme de 007 que assisti nesse festival de filmes da Globo foi “007 Contra á Chantagem Atômica” em 01/04/1985, junto o meu pai que era fã de James Bond ele assisti os filmes dele no cinema ,ele tinha os livros de Ian Fleming,gibis lançados na época da aventuras de 007 .. mas tudo isso foi vendido quando nos mudamos para uma casa menor .espero que você,caro Perrone, publique mas resenhas dos filmes de James Bond.
    Essa cena que Bond sera cortado no meio por um raio laser tambem foi parodiado no filme ” James Tonto -Operação U.N.O” nele o agente secreto fica em uma mesa em forma de disco girando ate que uma agulha ira retalia-lo ,o nome do vilão desse filme é Goldsinger … esse filme não passa há anos na TV.
    Um Abraço de Anselmo Luiz.

    • Exatamente, Anselmo, os filmes são frutos de sua época e não vai ser a transformação cultural ideológica que vai me fazer perder o interesse ou a diversão de um filme com um personagem como Bond.

      Sou extremamente à favor a causas progressistas em todos os sentidos (feministas, gays, negros, é um absurdo que ainda exista gente que seja contra essas pautas). Mas seria muita hipocrisia eu deixar de gostar de algo que adorava há 20 ou 30 anos porque “antes não tinha problema” e agora que é “considerado errado” eu deixar de gostar. Certo ou errado, vou continuar adorando os filmes de 007, do Clint, do Bronson, do Lee Marvin, filmes que hoje são considerados misóginos. Enfim, tô nem aí… Hoje se fala muito em “cancelamento” de fulano e ciclano… Provavelmente já cancelaram o Bond de Sean Connery. Acho isso uma tremenda bobagem…

      • Concordo com você, Perrone ! Tambem não vou deixar de gostar dos filmes de James Bond por ele ser o que é e não gosto de ideologia ,se ideologia fosse boa o mundo seria um utopia coisa que nunca foi quantas guerras tivemos por causa de ideologias baratas e sem sentido algum , e com você disse muitos filmes antigos são assim misóginos inclusive desses atores mencionados Clint, Marvin e Bronson dentre outros ,eu tambem respeito ás causas progressistas ( feministas, gays , negros e de índios ,por eu sou descente de índios .. minha avó por parte de mãe era índia e meu avô era cearense branco dos olhos azuis e não gosto desse assunto que o presidente quer invadir terras indígenas para favorecer o progresso desse povo ,mentira ! ele quer acabar com esse povo do qual nós somos descentes para dar de bandeja toda á riqueza que há nessas terras para os norte americanos explorarem tudo e acabar com o que resta de nossa floresta amazônica ,que esta pedindo socorro antes que acabem com ela de vez ) mas não levanto bandeira alguma,pois isso seria uma forma de ideologia… mas respeito essas causas, pois nessa sociedade de hoje com o avanço das redes sociais o respeito dentre as pessoas que frequentam isso acabou, todo mundo é dono da verdade e á opinião dos mais fraco nunca é ouvida, por isso, eu não tenho rede social e nunca terei ,gosto de frequentar blog’s e colocar á minha opinião sobre tal assunto escrito ,pois adoro cinema ,principalmente filmes antigos ,por fim viva os filmes de James Bond que para mim vai continuar sendo o agente secreto que irá salvar o mundo de qualquer ameaça que coloque á paz mundial em perigo,um abraço de Anselmo Luiz.

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