PREMONIÇÃO até que é um suspense bem decente levando em conta o orçamento risível que teve, uma premissa preguiçosa e recheado de clichês, o elenco medíocre e os efeitos especiais toscos… Mas se as expectativas não forem muito altas e o espectador conseguir ignorar esses detalhes negativos e quiser assistir apenas um thriller vagabundo sem grandes pretensões, dá pra se divertir um bocado com essa tralha num sabadão…
A trama é basicamente uma variação de A HORA DA ZONA MORTA, aquela maravilha de David Cronenberg, com o Christopher Walken, baseado em Stephen King. Mas aqui temos Casper Van Dien como protagonista – um desses atores promissores dos anos 90 (pra mim sempre será o eterno Johnny Rico de TROPAS ESTELARES) que acabou relegado ao universo dos filmes de ação/terror lançados diretamente no mercado de vídeo. O sujeito interpreta Jack Barnes, um detetive que acaba tendo uma experiência de quase-morte no cumprimento do dever, durante uma perseguição de carro que acaba de forma trágica… E que a produção faz uso de stock footage, ou seja, utilizam imagens de uma perseguição de outro filme mais abastado – que eu não consegui identificar qual era – porque fica bem mais barato que filmar a própria sequência… É esse o nível da produção que temos aqui. hehehe!
Bom, o fato é que Barnes volta à vida e agora passa a ter premonições de desastres que estão prestes a acontecer na cidade. Um vagão do metrô que descarrilha, o subsolo de um edifício que explode por causa de um vazamento de gás… E por aí vai. E à medida em que precisa lidar com esse dom, ou maldição, Barnes corre contra o tempo para tentar evitar as catástrofes que prevê, ao mesmo tempo em que investiga uma possível conexão desses desastres com um grupo terrorista (que no início do filme invade uma fábrica usando máscaras de George W. Bush… What a fuck?).
Em momento algum o filme faz questão de dar algum sentido ou explicação sobre o fato do protagonista começar a ter essas visões, exceto pela experiência de quase-morte. Em determinado momento, o personagem conhece outro sujeito que teve a mesma experiência e, pimba, passou a ter visões. Então, ao que parece, uma experiência de quase-morte é suficiente para virar o próximo Nostradamus. Enfim, Barnes apenas passa a ter essas visões e pronto. Por mim, tudo bem, a última coisa que quero num filme desse tipo é ficar pensando em explicações lógicas.
A maior parte do filme seguimos os passos de Barnes nessa confusão, o que ajuda a manter o interesse, porque Van Dien até que apresenta um bom desempenho, consegue sergurar o tipo de obra que é PREMONIÇÃO. O restante do elenco é ruim de doer e alguns diálogos são terríveis. As cenas de ação são bem filmadas, com exceção da tal perseguição de carro com imagens de outro filme, que é uma bagunça (poucos sabem fazer esse tipo de “colagem” como um Jim Wynorski), mas a maioria das sequências mais excitantes são tiroteios que, se não chegam ao nível de um Michael Mann, ao menos são simples, secos e sem frescuras. O diretor é um tal Jonas Quastel, um canadense que já tem vários pequenos filmes de gênero lançados em “vídeo”.

Não é um Michael Mann, mas tá tudo bem…
Mas o grande barato de PREMONIÇÃO são os efeitos especiais toscos e baratos. Capazes de revirar o estômago do espectador mais exigente, vulgo “cinéfilo brioche”, mas pra mim são as melhores partes do filme, renderam boas risadas. Especialmente a sequência final envolvendo um helicóptero em CGI ridículo e a cena do desastre no metrô, que é impressionante de tão mal feita.
PREMONIÇÃO não merece um texto maior que este. Ficamos por aqui. Pode parecer um completo desastre, como nas visões do protagonista, mas definitivamente não é um filme ruim se você assistir com poucas expectativas. Tem disponível no Brasil em DVD.