ESCOLA NOTURNA não é lá dos melhores slashers que eu já vi. É um exemplar bem comum de um modo geral, com algumas ideias decentes que acabam prejudicadas pela previsibilidade do roteiro, que não consegue segurar por muito tempo a identidade do assassino ou suas motivações… Mas tem algumas peculiaridades redentoras que fazem valer a pena uma conferida. Ei, é um filme que tem um assassino de capacete de motociclista com uma faca decapitando moças! Então momentos de diversão é o que não falta.
É curioso que ESCOLA NOTURNA teve o “privilégio” de constar na famigerada lista dos “Video Nasties“, filmes que foram censurados, mutilados ou proibidos, especialmente em território britânico no período; este aqui acabou tendo lançamento por lá só em 1987. Vendo hoje, me surpreende essa decisão porque ESCOLA NOTURNA está longe de ser dos mais sangrentos ou subversivos filmes de horror em comparação com vários outros exemplares da época. A quantidade de elementos sexuais e nudez é pouca e em termos de violência, a maioria dos assassinatos acontecem fora de campo… O que se vê são as consequências dos crimes. Uma cabeça que acaba em um vaso sanitário ou outra que desce lentamente entre os peixes de um aquário público, sob os olhos horrorizados dos visitantes, e por aí vai… Porque nosso assassino não apenas decepa-lhes a cabeça, mas também as mergulha na água, uma particularidade que intrigará o investigador da polícia, interpretado pelo italiano Leonard Mann.
E essas execuções absurdas e misóginas (as vítimas são todas mulheres) são mais como rituais, e a suspeita então volta-se para um professor de antropologia libertino que não hesita em praticar “aulas particulares intensivas” com suas alunas, se é que me entendem… Além disso, ele é o único professor do sexo masculino numa faculdade para moças (na qual as vítimas eram estudantes). Descobrimos também que ele não é o único garanhão da escola. A diretora do colégio parece, er… gostar das mesmas coisas que ele, e não pretende ter competição. Mas a verdade por trás dos assassinatos será bem diferente no fim das contas…
Quem dirige ESCOLA NOTURNA é o veterano Ken Hughes, bom artesão que brinca com todos os clichês do slasher: assassino neurótico emergindo dos mais variados lugares, vítimas jovens, câmera subjetiva, enquadramentos peculiares… Para ser justo, eu curti o filme porque tem mais a cara de um Giallo do que slasher. Lembra muito os filmes italianos feito na mesma época. Desde a trilha sonora de Brad Fiedel até a presença de Leonard Mann, mais conhecido pelos papeis em Spaghetti Western, tudo contribui para dar a impressão de que estamos diante de um suspense policial italiano.
Algumas sequências são bem interessantes e vale destacar, como a do restaurante, onde o diretor literalmente brinca de esconde-esconde com o espectador e a cabeça de uma das vítimas; na parte erótica, temos uma excêntrica cena de sexo num chuveiro em que o professor de antropologia esfrega um tolete de tinta vermelha em sua aluna/amante (Rachel Ward). No final, sobra tempo até para uma frenética perseguição de carro e moto pelas ruas apertadas da cidade… No entanto, ESCOLA NOTURNA também pode desapontar pelo fato de ter esse motociclista armado com um facão decapitando as moças, algo muito promissor, mas, como já disse, quase nunca vemos as tais decapitações de fato.
Mas é um filme de detetive/assassino honesto, com boa atmosfera de horror em alguns momentos e alguns toques de humor negro (voluntários ou não). Cabeças rolando, mistério (embora fácil de resolver), lesbianismo, excentricidades antropológias… Os entusiastas do slasher vão se divertir.