A CASA DE FRANKENSTEIN (1944)

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A CASA DE FRANKENSTEIN (House of Frankenstein), lançado um ano depois de FRANKENSTEIN ENCONTRA O LOBISOMEM, foi um dos infames (mas comercialmente bem-sucedido) filmes de crossover de monstros da Universal. Aqui temos Drácula, Lobisomem e o Monstro de Frankenstein, embora talvez curiosamente seus papéis não sejam realmente centrais. Não é lá um filme muito bom, mas tem seus momentos e é estranhamente agradável de se assistir. Até porque possui uma variedade formidável de ícones do horror do período em seu elenco: Boris Karloff retornando à serie, John Carradine, Lon Chaney Jr e J. Carrol Naish.

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Na trama, o Dr. Gustav Niemann (Boris Karloff) continua o trabalho do famoso Dr. Frankenstein e, como resultado, agora está apodrecendo na prisão. Ele ainda sonha em retomar o trabalho, mas parece improvável que seja capaz de fazê-lo encarcerado. Então o destino intervém – a prisão é atingida por um vendaval que destrói os seus muros, permitindo que Niemann e um outro prisioneiro, o corcunda Daniel (J. Carrol Naish), escapem.

Agora, Niemann pode voltar às suas experiências. Mas há duas tarefas que ele precisa realizar primeiro: encontrar os cadernos do Dr. Frankenstein e se vingar dos homens cujo testemunho o colocou na prisão. Então, com Daniel como seu fiel assistente, ele tem uma série de atividades ambiciosas para colocar em prática. E a partir daqui o filme vira uma bagunça de monstros surgindo pra todo lado…

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Na fuga, um encontro casual com um show itinerante da Câmara dos Horrores dirigido por um tal professor Lampini (George Zucco) oferece a Niemann a oportunidade útil de disfarce perfeito, permitindo que viaje pelos campos sem ser reconhecido ou atraindo suspeita. Uma das exposições de Lampini é o esqueleto de Drácula. É claro que ninguém acredita que é o esqueleto do famoso vampiro, mas quando Niemann remove a estaca do esqueleto, descobre que é realmente o Conde Drácula, que volta à vida.

Encerrado o arco com o Drácula, Niemann está ansioso para voltar ao seu laboratório, especialmente depois de encontrar não apenas os preciosos cadernos do Dr. Frankenstein, mas também os corpos congelados do Lobisomem e do Monstro de Frankenstein. O cientista tem um interesse particular em transplantes de cérebro e agora ele tem muitos cérebros e muitos corpos para brincar. E obviamente, como se trata de um filme horror, você não pode sair por aí ressuscitando mortos e transplantando cérebros de monstros sem que algo dê errado. E nesse caso, o que dá errado é um trágico triângulo amoroso entre o corcunda, o lobisomem e uma cigana…

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Talvez o grande problema de A CASA DE FRANKENSTEIN seja justamente essa combinação desnecessária de vários monstros… Quero dizer, claro que eu adoro a ideia de juntar esses ícones do horror num mesmo filme, mas que seja de uma maneira bem pensada. Por aqui, a trama do Dr. Niemann com seu fiel ajudante, o corcunda Daniel, já tinha material suficiente para um grande filme. Mas resolveram entuchar de monstros sem exatamente uma conexão lógica com o enredo.

O roteiro de Edward T. Lowe Jr (baseado na história de Curt Siodmak) não consegue resolver essa dificuldade. O trecho de Drácula, por exemplo, acaba sendo como um curta-metragem dentro do filme. A história do Lobisomem apaga totalmente a presença do Monstro de Frankenstein, que acaba desempenhando apenas um papel insignificante no final. Como disse, o principal foco da trama é a história da obsessão de Niemann por superar as conquistas de Frankenstein, combinada com os trágicos envolvimentos românticos causados ​​pela chegada da bela cigana Ilonka (Elena Verdugo) no pobre corcunda Daniel. E isso bastava.

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Se os vários aspectos da trama nunca se juntam com muito sucesso, é preciso destacar pelo menos que o filme é tecnicamente bem executado. O diretor Erle C. Kenton mantém um ritmo frenético e oferece muitas emoções ao longo dessa bagunça. Alguns toques visuais são bem interessante (como a cena do assassinato do morcego-vampiro visto apenas em silhueta). A Universal sempre teve a proeza de conseguir fazer com que seus filmes de terror menores, sem grandes orçamentos, parecessem produções mais ricas e aqui não é exceção. Os cenários são impressionantes, especialmente a caverna de gelo onde Frankenstein e Lobisomem são encontrados. As cenas de transformação de monstros são bem feitas, especialmente a do Drácula que vai do estágio de esqueleto até chegar a um vampiro de carne e osso.

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E as atuações, como sempre, variam de boas à excelentes. O desempenho de Karloff é interessante, com seu Dr. Niemann sempre afável, falado em voz baixa e até gentilmente, mas basta alguém se colocar em seu caminho e ele os descarta com crueldade de tirar o fôlego. É como se ele estivesse tão obcecado por seu trabalho que matar é apenas uma pequena irritação. Só é meio estranho vê-lo de volta à série sendo que ele fora o primeiro monstro de Frankenstein, nos três filmes maids marcantes. Portanto é meio bizarro vê-lo contracenando com o monstro (desta vez interpretado por Glenn Strange, que se tornaria oficialmente o monstro nos filmes seguintes produzidos pela Universal).

Lon Chaney Jr. poderia ter interpretado Larry Talbott/Lobisomem até de olhos fechados a essa altura, mas ele adiciona seus toques característicos de pathos, a tragédia, a vontade morrer, o que é sempre bom de ver. John Carradine é um Drácula sinistro e eficaz, uma pena que aparece tão pouco, mas no filme seguinte, A MANSÃO DE DRÁCULA, ele retorna ao personagem. J. Carrol Naish é quem acaba se destacando por aqui como o corcunda Daniel, um assassino de sangue frio, um fiel ajudante e uma vítima de um amor que deu errado.

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A CASA DE FRANKENSTEIN pode até ser desconjuntado, é um pouco mais do que um amontoado de idéias não muito originais e de acumulação de monstros sem qualquer sentido, mas tudo é tão  bem executado visualmente que não se pode deixar de perdoar seus defeitos. E é sempre divertido vê-los tentando espremer ainda mais de uma fórmula tão desgastada. Acaba por ser mais um filme de monstro da Universal que recomendo uma conferida.

2 pensamentos sobre “A CASA DE FRANKENSTEIN (1944)

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