O LOBISOMEM (1941)

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Tive que acrescentar um adendo à maratona de filmes sobre Frankenstein que venho postando aqui no blog. O Adendo é O LOBISOMEM (The Wolf Man) e vou explicar o porquê. Depois de FANTASMA DE FRANKENSTEIN, o personagem só retorna em FRANKENSTEIN MEETS THE WOLF MAN, que é o primeiro crossover do personagem com outro monstro clássico da Universal. Então, nada mais justo que apresentar este outro monstro e falar um pouquinho deste seu primeiro filme.

Só que estamos falando de um Lobisomem específico, cujo protagonista é Larry Talbot, vivido por Lon Channey Jr. Porque O LOBISOMEM não foi, obviamente, o primeiro filme de lobisomem… Não foi nem o primeiro filme de lobisomem da Universal, que ainda na década de 30 havia lançado THE WEREWOLF OF LONDON (1935). Mas este aqui foi o filme responsável por colocar lobisomens no mapa, definindo o modelo no qual a maioria dos futuros filmes com o personagem seria inspirado.

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Larry Talbot é o segundo filho de um barão inglês, Sir John Talbot (Claude Rains). Como não é o primogênito, não podia herdar a propriedade ou nenhum título e, sentindo que seu pai pouco se importava com ele, fez as malas e se mudou para os Estados Unidos. Como resultado da morte inesperada do filho mais velho de Sir John, tudo mudou. Larry voltou ao seio da família após dezoito anos, embora talvez mais por um vago senso de dever familiar do que por qualquer outra coisa. No entanto, quando Sir John sugere que eles devem esquecer o passado e reatar os laços, Larry aceita sua posição como herdeiro.

Quando Larry conhece Gwen (Evelyn Ankers), o sujeito começa a se sentir mais animado no local. Embora esteja noiva do chefe de guarda de Sir John, a moça também parece demonstrar algum interesse no protagonista. Tudo está indo bem até a fatídica noite em que Larry e Gwen visitam um campo cigano, acompanhado por Jenny, amiga de Gwen, que deseja ler sua sorte. Mas o cigano Bela (Bela Lugosi) fica meio agitado quando olha para a palma da mão dela e vê um pentagrama. Momentos depois, Larry vê Jenny sendo atacada por um lobo e vai salvá-la. Acaba mordido, mas consegue matar o animal. Os únicos corpos encontrados, no entanto, são o de Jenny e de Bela. Nenhum lobo… Bela era, naturalmente, um lobisomem, e agora esse também será o destino de Larry.

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O roteiro original de Curt Siodmak tinha o personagem de Larry como um americano chamado Larry Gill, que não tinha qualquer relação com Sir John Talbot. Ele simplesmente veio à Inglaterra para instalar um telescópio para o velho. Mais importante, essa primeira versão sugeria que Larry simplesmente acreditava que ele era um lobisomem, mas a questão da transformação física ficava ambígua. Ainda há vestígios dessa versão no filme quando Sir John acredita que seu filho está sofrendo de uma ilusão provocada por algum choque, e que o lobisomem é uma metáfora para o lado sombrio da personalidade humana. Uma metáfora que teria se tornado real na mente de Larry.

Embora essa versão tenha ideias interessantes, e de fato é a base para o excelente CAT PEOPLE, de Jacques Tourneur e produzido por Val Lewton no ano seguinte. A Universal, no entanto, tomou a decisão de pedir a Siodmak que reescrevesse o script para tornar o lobisomem um monstro real, sem ambiguidade. Afinal, é o que o público da Universal esperaria. Os filmes de Lewton/Tourneur adotaram uma abordagem diferente de se fazer horror, mas ambas aproximações são válidas à sua maneira.

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Em O LOBISOMEM, Lon Chaney Jr. tem a sua melhor performance. Ele faz de Larry Talbot um personagem dramático e complexo que talvez seja a chave para o grande sucesso do filme. Ele é o mais trágico de todos os monstros da Universal, um homem que não fez nada para merecer seu destino. E Chaney consegue transmitir tudo isso sem recorrer a um sentimentalismo barato. Outro ator que vale destacar é Claude Rains como Talbot pai, excelente como sempre. Bela Lugosi brilha no seu breve tempo na tela, mas é  vergonhosamente subutilizado. Merecia muito mais…

O diretor George Waggner pode não ter sido o realizador mais inspirado do mundo, mas é bom o suficiente para trabalhar os elementos de horror com competência, consegue criar uma atmosfera densa e ainda dá uma boa atenção ao estado psicológico do protagonista. A fotografia e direção de arte se combinam para tornar O LOBISOMEM visualmente aterrorizante, especialmente nas cenas noturnas, nas florestas e pântanos envoltos de névoa, todos cenários construídos em estúdio. Acabam parecendo artificiais, mas num bom sentido, dando ao filme a sensação de um conto de fadas sombrio. E ainda temos a maquiagem de lobisomem criada por Jack P. Pierce (o mesmo da série de FRANKENSTEIN), que mais uma vez torna icônico o visual de um monstro clássico.

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Posso dizer com toda certeza que O LOBISOMEM é um dos grandes filmes de monstro do período e sua estrutura de tragédia grega é fascinante, que funciona maravilhosamente bem como um filme de horror, mas com um impacto emocional maior do que a maioria dos filmes do gênero que a Universal produzia.

3 pensamentos sobre “O LOBISOMEM (1941)

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