Vocês sabem, SUSPIRIA, o clássico absoluto do horror italiano do mestre Dario Argento, será lançado num remake dirigido por Luca Guadagnino, de ME CHAME PELO SEU NOME. Pra mim, remakes nem fedem nem cheiram, mas acabo assistindo. Se forem bons, elogio, se forem ruins, lamento a perda de tempo… Poderia ter visto coisa melhor. Mas mantenho sempre a ideia de que o original estará lá para ser visto e revisto independente de quantas refilmagens fizerem. No caso de SUSPIRIA, até acho que pode sair algo interessante. O cinema de horror atual anda num bom momento e acho o Guadagnino um sujeito com talento. É só não esperar nada no mesmo nível que é a maravilha do Argento que vou encarar de boa…
Sobre o filme do Argento, revi há poucos dias em DVD em casa mesmo. Uma belezura. Mas a melhor experiência que tive com o filme, foi mais ou menos há um ano quando SUSPIRIA passou remasterizado no Instituto Moreira Sales, da Paulista, onde tive a oportunidade de sentir o poder sensorial dessa obra-prima do horror em todo o seu esplendor. Quero dizer, aquela telona explodindo a exuberância de cores e o volume até o talo, ficou simplesmente impossível sair da sessão sem estar, no mínimo, atordoado.
Nem é o meu filme favorito do Argento, fico com INFERNO (1980) ou PROFONDO ROSSO (1975), mas SUSPIRIA tem um cantinho reservado no coração e revê-lo é uma experiência visual transcendental, seja numa tela de cinema, seja na TV em DVD. Sempre fico de queixo caído com sua narrativa onírica, a trilha sonora experimental do Goblin, o design de produção estilizado e as composições visuais meticulosamente trabalhadas em benefício do horror, de um universo de horror muito próprio, um mundo de beleza, mistério, oculto e violência… É um festival sensorial único, a síntese do filme de horror como arte.
A sinopse é bem simples: uma estudante americana de balé, Suzy Banyon (Jessica Harper), chega numa noite tempestuosa em Freiburg, na Alemanha, para estudar numa prestigiosa academia de dança. Quando um táxi a deixa na entrada do local, ela vê uma jovem na porta agindo de modo estranho antes de sair para a noite, correndo pela floresta encharcada e escura. No dia seguinte, quando Suzy se estabelece na escola, descobre que a garota que viu na noite anterior foi brutalmente assassinada. A partir daí, Suzy começa a perceber que há algo nitidamente bizarro, ocorrências estranhas vão rolando na escola e com seu corpo docente, e ela resolve meter o nariz para descobrir…
Qualquer coisa além disso já não tem tanta importância. Quero dizer, para ser sincero, a trama e seus dispositivos narrativos, construção de personagens e etc, não são exatamente o que mais interessam ao Argento, ainda que integrem o universo formal do diretor como contador de história de terror. O fato é que Argento chega a um ponto da carreira no qual o enredo e personagens se tornam completamente subservientes ao visual, à atmosfera, à música. O que realmente importa em SUSPIRIA, portanto, é a lógica de pesadelo que motiva os personagens a agirem de forma absurda em cenários barrocos onde a violência é bela. São exatamente os momentos em que o trabalho visual se destaca que SUSPIRIA se revela tão magistral e original. A sequência do primeiro assassinato é uma das minhas favoritas, digna de antologia: a violência, o sangue, a faca entrando no coração exposto e os últimos e trágicos enquadramentos (alguns dos mais icônicos do horror italiano)… O que se vê na tela é pura poesia.
Dizem que Daria Nicolodi, atriz e roteirista italiana que era casada com Argento e que escreveu o roteiro de SUSPIRIA, baseou-se nas experiências de sua avó, que frequentou uma escola de atores onde os professores também ensinavam magia negra aos alunos… Vai saber se isso é verdade. Em outras declarações, ela diz que a ideia de SUSPIRIA teria surgido de um sonho que teve. O que faz mais sentido. A sensação parece ser mesmo a de um pesadelo estruturado num conto de fadas macabro, com os personagens falando coisas sem sentido e percorrendo os corredores sinistros e ricamente decorados da Academia de Dança. É como se Suzie entrasse numa espécie de buraco do coelho, como em Alice no País das Maravilhas, só que o mundo paralelo aqui é mais peculiar ao pesadelo, ao horror. SUSPIRIA me mostrou o quão aterrador, poético e sofisticado o cinema de horror italiano pode ser (e não só o Argento, mas também Fulci, Bava, Soavi, Freda, etc).
Então, que venha o remake, mesmo tendo consciência de que vai ser praticamente impossível superar este aqui. Mas se for bom, já tá valendo.
Ah, e só pra lembrar, SUSPIRIA é o primeiro exemplar de uma trilogia unida a partir da ideia das “Três Mães”, um triunvirato de bruxas ancestrais e maléficas cuja magia poderosa lhes permite manipular eventos mundiais em escala global. Os outros filmes são o já citado INFERNO e THE MOTHER OF TEARS.
Eu vi esse filme outro dia por conta do remake que está por vir. Eu não gostei Roninho… hahahahaha. Elogio o visual e a trilha sonora, achei isso muito legal, mas a história é muito pobre, os personagens não tem profundidade, as coisas acontecem sem motivo, não é explicado no final… Dou 5/10 pelo todo. Revisa A Star Is Born todas as versões, incluindo a de 2018 quando puder! (mesmo que você não ligue para remakes hahahaha). Bjs primo.
Quem diria que Dario Argento já tinha feito uma obra prima como essa Suspiria hoje já não tem inspirações para fazer grande coisa , eu assisti á esse filme em DVD mesmo sua atmosfera é misteriosa e sinistra e os cenarios do filme são fantastico ,assim com á sua fotografia e sobre o remake .. para mim particularmente todos são ruins e desnecessários ,odeio remakes e esse está na minha lista de ignorar ou nunca assisti-lo.
Belezura de filme! Eu queria ser estuprado pela filha do Dario Argento. Maior inveja daquele moleque