Saiu na semana passada o line up do Festival de Veneza deste ano e, fora de competição, teremos THE OTHER SIDE OF THE WIND. Nunca ouviu falar? Então prepare-se: Trata-se do último filme do gigante Orson Welles nunca completado, talvez a mais lendária e não vista produção de todos os tempos.
Na época, Welles prometeu que THE OTHER SIDE OF THE WIND seria o seu grande retorno triunfal, reuniu um elenco de figurinhas carimbadas, como os diretores John Huston e Peter Bogdanovich, mas também Susan Strasberg, Lilli Palmer, Edmond O’Brien, Cameron Mitchell, Dennis Hopper e por aí vai… As filmagens aconteceram entre 1970 e 1976 e segundo Huston, em sua autobiografia, o set era dos mais pirados que ele já pisou e que Welles simplesmente não tinha roteiro definido, portanto uma desorganização criativa pairava no ar ao mesmo tempo em que andava de mãos dadas com a poesia fílmica de seu diretor. Mas as fontes independentes de financiamento eram diversas e não muito confiáveis, a produção do filme se arrastou por muitos anos e Welles ainda tentava completá-lo quando morreu em 1985.

Rymsza inventariando os rolos de THE OTHER SIDE OF THE WIND
Com a ajuda da Netflix, ano passado houve um esforço de crowdfunding que arrecadou 400 mil dólares para concluir essa obra final de Welles. O gerente de produção original do filme, o produtor Frank Marshall, supervisionou a conclusão do projeto, trabalhando em conjunto com o cineasta Filip Jan Rymsza, que foi um dos principais nomes na captação de recursos para esta finalização. Peter Bogdanovich, que era amigo de Welles, trabalhou diligentemente por muitos anos para completar THE OTHER SIDE OF THE WIND, mas sempre encontrou obstáculos e agora serviu de consultor no projeto Netflix. As poucas pessoas que chegaram a ver alguns trechos que Welles conseguiu completar na época de sua morte, apresentaram opiniões contraditórias, alguns dizendo que é um filme estranho e desanimador, enquanto outros o proclamam uma obra de gênio.
THE OTHER SIDE OF THE WIND passa então em setembro no Festival de Veneza e logo depois deve entrar na grade do Netflix. E se não entrar no Netflix Brasil, pelo menos já teremos outros meios de conseguir… Provavelmente, a melhor notícia do ano.
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Putz grila! Pelo que eu li é um filme bem diferente do que se fazia na época e do que se faz hoje também. Parece que usa e abusa de metalinguagem, estética diferentes ( é colorido e preto e branco ) e é do Welles, que por pior que seja, deve ser muito melhor e mais interessante do que a maioria do que se vê. Imperdível! Parabéns pelo seu trabalho Perrone, mais uma pérola que eu conheci aqui e com certeza vai enriquecer minha vida.
Welles é desses artistas inconformados essenciais e definitivos da história do cinema… Um item raro nos dias de hoje. E com certeza teremos o prazer de ver algo extraordinário e único!
Valeu! 🙂