Tenho visto e revisto um monte de coisa, filmes novos e velharias, mas e tempo pra escrever? Às vezes parece fazer mais sentido não escrever nada… E o blog vai sendo empurrado… Mas essa semana fui ao cinema e assisti a esse tal HEREDITÁRIO, do estreante Ari Aster, e acho que vale um pequeno comentário. É a nova sensação do horror que, embora eu tenha conseguido evitar saber qualquer coisa para ir “virgem” à sala de cinema, deixar-me surpreender, acompanhei as reações calorosas – algumas nem tanto – de amigos e que mexeram um bocado com a minha expectativa. Sabem como é, não é preciso muita coisa para alegrar este pobre coração, especialmente com um filme de horror. Mas HEREDITÁRIO é fantástico e não consegui desgrudar os olhos da tela durante toda a sessão.
Aster dirige bem para um estreante, é bom ficar de olho no sujeito. Tem noção de como trabalhar o tempo, os enquadramentos, como usar a trilha sonora, mas também o silêncio, e constrói uma atmosfera perturbadora em HEREDITÁRIO que me fascina. Gosto como o horror vai evoluindo dentro da trama de maneira gradual, subvertendo as expectativas, a partir de um drama familiar pesado que já é aterrorizante por natureza, com seu tom de tragédia, numa parábola sobre perda e degradação, cuja intensidade já deixaria vários filmes do gênero no chinelo. Isso até chegar num ponto em que a coisa descamba de vez para um horror mais explícito, mais hardcore. O ato final é de gelar a espinha.
Não é nenhuma obra-pima como alguns apontaram – compararam até com A BRUXA, que acho bem superior a este aqui e até tem algumas coisas no final que remetem um filme ao outro – mas não tenho muito o que reclamar, é uma obra redonda, muito bem pensada nos detalhes e alguns momentos são realmente memoráveis. A cena do acidente de carro, por exemplo, é irresistível, as aparições sutis, os sonhos… Gosto muito também da sequência na qual a mãe, interpretada pela Toni Collette, resolve fazer uma DR na mesa de jantar. Collette, aliás, está monstruosa e grande parte da força de HEREDITÁRIO é por causa da sua entrega apaixonada pela personagem. Seria pedir muito, à essa altura, uma indicação ao Oscar? De qualquer forma, recomendo. Um dos melhores filmes que vi este ano até o momento.