ALÉM DA IMAGINAÇÃO 1.10: JUDGMENT NIGHT (1959)

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Em JUDGMENT NIGHT, um sujeito chamado Carl Lanser (Nehemiah Persoff) se vê de repente num navio percorrendo o oceano Atlântico. Estamos em 1942, em plena Segunda Guerra Mundial, e o sujeito não sabe direito quem é, quem são as pessoas ele encontra – embora tenha a sensação de tê-los conhecido antes – e nem como chegou ali. No decorrer da trama, as coisas vão ficando cada vez mais misteriosas, até porque Lanser, de alguma maneira, tem a certeza de que um submarino nazista está perseguindo o navio e, pela sua premonição, algo vai acontecer à 1h15 da madrugada.

Seus temores acabam se confirmando e exatamente no horário esperado surge um submarino alemão numa ofensiva contra a sua embarcação. Olhando através de binóculos, Lanser tem uma visão aterradora ao perceber a identidade do capitão do submarino… Seu navio afunda, a tripulação é metralhada ainda tentando sobreviver na água, e a consequência de todas essas ações trágicas e sádicas resulta num dos mais perturbadores infernos que a série poderia nos proporcionar.

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O roteiro de Rod Serling para JUDGMENT NIGHT provavelmente foi inspirado no mito do Holandês Voador, a famigerada lenda do navio fantasma cuja tripulação é condenada a vagar pelos mares por toda a eternidade. A diferença aqui é que o tal inferno consiste na sentença de Lanser em reviver o naufrágio daquele navio infinitamente. Noite após noite, o sujeito de repente se vê na mesma situação, sem saber como chegou ali, mas tendo certeza de que à 1h15, vai dar merda…

A direção do episódio ficou por conta de John Brahm, que já havia realizado um dos meus episódios favoritos até aqui, TIME ENOUGH AT LAST, e ainda viria a contribuir pelo menos uma dezena de vezes. Seu trabalho não é tão ousado como a de Robert Stevens (WHERE IS EVERYBODY?, WALKING DISTANCE), com seus enquadramentos entortados, Brahm geralmente era mais sutil e apostava mais no visual sombrio e atmosfera carregada. De fato, JUDGMENT NIGHT parece um pesadelo e por um bom tempo a impressão é que o protagonista vai acordar a qualquer momento.

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Um nevoeiro sempre presente nas externas e o uso de imagens desfocadas contribuem bastante para impressão confusa de Lanser da situação. Brahm usou imagens semelhantes em 1944 para retratar as ruas cobertas de neblina da Londres vitoriana na sua refilmagem de THE LODGER, de Alfred Hitchcock. A sequência do ataque no final também é muito bem conduzida, com explosões e efeitos especiais cuidadosamente utilizados e sem receio algum de chocar o público da época mostrando inocentes passageiros, incluindo mulheres e crianças, sendo destroçados pelo ataque submarino.

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Embora possa ser um pouco previsível, JUDGMENT NIGHT ainda é um ótimo episódio com um roteiro intrigante de Serling, uma performance maravilhosa de Nehemiah Persoff (que ainda está vivo, aos 98 anos), e um momento inspirado do diretor John Brahm. Sem dúvida um dos pontos altos da primeira temporada.

2 pensamentos sobre “ALÉM DA IMAGINAÇÃO 1.10: JUDGMENT NIGHT (1959)

  1. Pingback: ALÉM DA IMAGINAÇÃO 1.13: FOUR OF US ARE DYING (1960) | vício frenético

  2. Adoro os episódios, como este, que vão mais pro lado de terror. Parecem envelhecer muito bem e melhor do que outros.

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