KING KONG VS GODZILLA (1962)

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Parecia uma ideia absurda, reunir os dois monstros gigantes mais famosos do cinema, King Kong e Godzilla, num mesmo filme, só para vê-los brigar e destruir coisas… Mas aconteceu, KING KONG VS. GODZILLA é um fato. Tudo por causa de Willis O’Brien, que tinha feito os efeitos especiais para o KING KONG original lá de 1933. No final da década de 50, ainda nos Estados Unidos, O’Brien tentou levar adiante um projeto que seria intitulado KING KONG vs. FRANKENSTEIN, em que “Frankenstein” seria um monstro gigante criado de diferentes animais. Mas nenhum estúdio americano se interessou, exceto um produtor, John Beck, que acabou oferecendo o projeto para produtora japonesa Toho, que substituiu Frankenstein por Godzilla e voilá, o resultado foi este petardo.

Na trama, eventos meteorológicos misteriosos no Ártico estão causando preocupação suficiente para a ONU enviar um submarino para investigar. Não demora muito, Godzilla aparece no local. emergindo de um enorme iceberg. Lembrando que no desfecho de GODZILLA RAIDS AGAIN, o segundo filme da série, o lagartão é soterrado por pedras de gelo numa ilha misteriosa… Como foi parar no Ártico eu já não sei e o filme, dessa vez, não faz questão alguma de explicar.

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Enquanto isso, uma empresa farmacêutica japonesa envia um cientista para uma remota ilha do Pacífico para garantir suprimentos de uma nova droga que é encontrada apenas nesta ilha. A empresa também está procurando uma grande atração publicitária, então os relatos de um gigante gorila no local torna a ilha ainda mais interessante para eles: o monstro poderia ser uma ótima jogada de marketing e vendas.

Neste caso, estamos falando do rei!O inigualável King Kong! E capturá-lo acaba por ser surpreendentemente fácil, já que o tal remédio da ilha é capaz de colocar o macaco gigante para dormir um profundo sono. King Kong é, então, rebocado para o Japão em uma grande jangada e é evidente que isso vai dar merda. Em pouco tempo King Kong está à solta causando tanto destruição quanto Godzilla, que também se dirigiu para o Japão.

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Agora, os japoneses têm dois monstros gigantes para lidar, cada um com suas diferenças,  cada um com seus pontos fortes e fracos, e para os pobres cidadãos japoneses só resta correr e gritar. Tóquio está, mais uma vez, em rota de perigo e parece haver apenas uma solução, fazer uma rinha, botar os dois monstros para brigar e, com um bocado de sorte, destruir um ao outro.

O campo de batalha é definido, longe das grandes cidades, e Godzilla é estrategicamente direcionados ao local para uma luta épica. King Kong é que resolve complicar as coisas e acaba transportado por balões depois de causar confusão, sequestrar uma moça e subir no alto de um prédio, remetendo ao clássico de 1933. A cena em que é transportado pelos balões é dessas coisas absurdamente malucas que demonstram porque esses filmes de monstros japoneses são tão atrativos… Mas qual monstro será o mais forte? Você terá que assistir ao filme para descobrir.

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Ishirô Honda, diretor do primeiro e clássico GODZILLA, está mais uma vez na função, o que contribui um bocado para a coisa dar certo, o cara é um mestre e se especializou no tema monstros gigantes destruindo maquetes. Aliás, os efeitos especiais do filme são excelentes e Honda sabe como utilizá-los. Claro, sob o olhar atual acaba ficando cômico algumas imagens, mas são graciosos. Especialmente quando os atores fantasiados de monstros interagem com as maquetes.

Há muita ação em KING KONG VS. GODZILLA e vários momentos marcantes. Toda a sequência da batalha final épica entre os dois monstros é, no mínimo, de encher os olhos e faz valer o título do filme. Kong atira pedras, Godzilla revida com seu sopro atômico, Kong tenta enfiar uma árvore na goela de Godzilla, este revida com uma voadora em stop-motion… E por aí vai. Uma coisa linda de se ver.

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Os monstros são mesmo tudo o que se poderia esperar para um filme do tipo: destrutivos e ameaçadores. Mas é preciso dizer que Kong acaba se destacando, roubando o filme para si, o olhar japonês para o grande gorila é curioso. Honda queria que o macacão fosse feito de stop-motion, como no clássico de 1933, mas por conta do orçamento teve que aceitar mais uma vez um ator vestido de fantasia de gorila. Acabou dando certo, o trabalho de expressão corporal do sujeito fantasiado é pitoresco e acaba que Kong tem os momentos mais divertidos do filme, como a sequência em que enfrenta um polvo gigante ou a cena em que se embebeda com o remédio da ilha e cai embriagado… Já Godzilla acaba sendo mais do mesmo dos filmes anteriores, soltando seu rugido característico… Vejam bem, não estou reclamando, Godzilla é um dos meus monstros de cabeceira, e basta ele surgir na tela para eu ficar animado, mas aqui em KING KONG VS. GODZILLA acabou ficando um pouco apagado…

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Curioso como tanto Godzilla quanto King Kong chegaram até aqui com alguns pontos em comum: era o terceiro filme de cada um dos personagens – King Kong só tinha aparecido em KING KONG e em O FILHO DE KING KONG (1933), embora KING KONG VS. GODZILLA não tenha relação alguma com estes. Já Godzilla só havia aparecido em GODZILLA e GODZILLA RAIDS AGAIN. É o primeiro de ambos personagens filmado em tela larga, 2.35 : 1, e como todos os filmes anteriores eram em preto e branco, este aqui foi o primeiro deles à cores.

KING KONG VS. GODZILLA tornou-se um dos exemplares mais populares internacionalmente da série Godzilla. No início da década de 1990, a Toho planejava um remake, no entanto os proprietários dos direitos autorais de King Kong desse período queriam uma taxa de licença para o uso do King Kong que era muito alta para a produtora japonesa, que resolveu mudar o conceito e produziu o ótimo GODZILLA VS. KING GHIDORAH (1991).

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Atualmente, apesar de ainda se fazer filmes de Godzilla no Japão (como o fraquinho SHIN GODZILLA), o lagartão já virou um produto internacional e em 2014 foi levado às telas numa versão que o insere num universo compartilhado por King Kong em KONG: A ILHA DA CAVEIRA, lançado em 2017. E finalmente em 2020, teremos um novo encontro entre os dois monstrengos. Não dá pra saber ainda se será tão divertido quanto este  KING KONG VS. GODZILLA, de Ishiro Honda, mas acho que pode render algo bem divertido.

2 pensamentos sobre “KING KONG VS GODZILLA (1962)

  1. Pingback: MOTHRA VS. GODZILLA (1964) | dementia¹³

  2. Sensacional esse texto falando deste classico que passava nas sessões filmes da TV Record ( na epoca adimistrada pela á Familia Paulo Machado de Carvalho ,que saudades eu tenha dessa velha Record ,pois á nova eu nem assisto) na decada de 80 e já faz muito tempo acho que desde de 1986 que esse filme não é exibido na TV Aberta ,foi lançado em VHS e DVD pela Continental Video. Os efeitos especiais foram feitos por Eiji Tsuburaya ,o criador de serie Ultraman (1966) e Ultraseven (1967) que tambem fez os efeitos de “Godzilla ” (1954).
    Acho que King Kong sempre nos fascinou inclusive tem uma homenagem para ele no seriado japones ” Uchu Enjin Gori Aka Spectreman ” (1971) no Episodio 5 ” O Exilio de Spectreman aka O Horror das Pessoas Contaminadas” onde Dr.Gori transforma o seu assistente Karas em gorila gigante ( lembrando King Kong quando ele esta em cima de um edificio e aparece aviões para ataca-lo , essa cena lembra muito o classico de 1933 ) e começa á aterrorizar á cidade e então o nosso heroi vai enfrenta-lo ,esse episodio foi escrito pelo o grande Kazuo Koike o autor do mangá ” O Lobo Solitario “.
    Puxa ! que saudades dessa época .. como tinha conteudo para nós telespectadores naquele periodo .. que não volta mais .. mais fica na lembrança de quem viveu aquela época.

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