E vem chegando o natal, aquele momento bonito de celebrar uma data tão especial, reunindo a família em volta da árvore de bolinhas (que você vai ter uma puta preguiça de desmontar depois), mastigar um pedaço de peru assado com uma taça de champanha e assistir aquele filme temático enquanto o espírito natalino invade os ambientes…
Agora, se quiserem que as coisas sejam um bocado diferente este ano, num clima de mau gosto e também de ódio e malevolência (já que o restante de sua família vai desejar sua cabeça numa estaca), a dica é arrumar o DVD de KRAMPUS – O JUSTICEIRO DO MAL! Você não vai se arrepender! 😀
Pode ser que aqui no Brasil a figura mitológica de Krampus não seja tão conhecida, mas em várias partes do mundo faz parte do folclore natalino. Em suma, trata-se do irmão malvado do Papai Noel, uma criatura que, na época de Natal, sequestra e pune as crianças que se comportaram mal durante o ano, em oposição ao bom velhinho, que dá presente às crianças que foram boas, fizeram o dever de casa e obedeceram aos pais.
Nos últimos anos tem saído vários exemplares de horror que tem Krampus como figura central, uma autêntica onda de krampusploitation! KRAMPUS – O JUSTICEIRO DO MAL foi um dos primeiros dessa leva recente. Só que, ao contrário de alguns concorrentes, digamos que a produção não é das mais abastadas. Na verdade, estamos diante de um autêntico filme de micro orçamento (custou em torno de vinte mil dólares), o que significa muita coisa… Claro, quem me acompanha há mais tempo sabe que eu adoro esses filmes mixurucas produzidos em fundo de quintal, cujas imagens estão no mesmo nível de vídeo caseiro de festinha de quinze anos dos anos 90… E é nesse sentido que o filme pode arruinar seu natal, não é para todos os gostos, mas os “privilegiados” por um certo apreço por este tipo de tralha vão se deliciar.
A trama de KRAMPUS – O JUSTICEIRO DO MAL gira em torno de Jeremy Duffin (A.J. Leslie), um sujeito que foi sequestrado por Krampus quando era moleque e jogado em um lago gelado para morrer. Por sorte, conseguiu escapar e voltar para sua casa sem que o monstro perceba. Trinta anos depois, Jeremy se torna um policial obcecado em resolver o misterioso caso de desaparecimento de crianças no período de natal, acreditando que se trata do mesmo responsável pelo seu próprio sequestro três décadas antes.
Parece interessante, não é mesmo? Mas deixa eu te contar uma coisa, KRAMPUS – O JUSTICEIRO DO MAL é ruim, horrível! Mas RUIM COM FORÇA MEEESMO! E é preciso reconhecer isso antes de perceber toda a sua beleza. Quero dizer, se visto da maneira correta (ou seja, regado à cerveja e com uns amigos com um gosto parecido com o seu), KRAMPUS – O JUSTICEIRO DO MAL acaba sendo um espetáculo de momentos constrangedores engraçadíssimo, dificilmente você não vai sair com espírito de natal renovado!

Reação do ator A.J. Leslie ao descobrir onde se meteu…
O filme é uma delícia de ruindade e eu não conseguia tirar os olhos da tela… Os atores são péssimos, os efeitos especiais são amadores, o roteiro é uma bagunça, os diálogos então, risíveis e só servem pra encher linguiça. E são vários os momentos dignos de antologia do que há de mais ridículo capturado em celuloide (ou digital, como é o caso). Há uma sequência que se passa na caverna de Krampus que é um primor, com Jeremy capturado após perder dois amigos, vitimas da criatura natalina. Ele consegue escapar e ao invés de Krampus persegui-lo, ele hipnotiza uma uma moça de topless acorrentada que surge do nada! É simplesmente genial.
A coisa só melhora. Há uma trama paralela que não tem nada a ver com Krampus, mas é sobre um cara chamado Hat, que Jeremy havia prendido uns anos antes e agora está solto, querendo vingança. O sujeito é interpretado por Bill Oberst Jr., que é disparado a melhor coisa do filme, o único que leva seu trabalho por aqui à sério.
E o que é a participação do Papai Noel? É uma das coisas mais bizarras e fascinantes que já vi, tratando Krampus como uma criança, gritando com um dos moleques sequestrados, e organizando a lista para seu irmão pegar os garotos que não se comportaram bem durante o ano. Só o visual do sujeito já é de rachar o bico:
A montagem de KRAMPUS – O JUSTICEIRO DO MAL merece um parágrafo à parte. Juro que é uma das piores que já vi na vida! Parece feita no windows movie maker e comprova que o diretor Jason Hull não tinha a mínima noção do que está fazendo. Ao invés de cortes secos e simples, os planos se desencadeiam constantemente com fades que mais parecem elipses temporais. Tipo, o cara sai de um quarto para a cozinha, rola um fade out e parece que a história adiantou algumas horas ou dias… Mas no plano seguinte, PIMBA!, o cara tá na cozinha, na mesma sequência… Nas primeiras vezes achei estranho, pensei que fosse um pequeno descuido, mas depois percebe-se que é apenas uma incompetência desleixada dos realizadores mesmo. E o pior é que a trilha sonora acompanha os fades, soando tudo mais amador ainda. Os fãs do Iñarritu, Nolan e Villeneuve teriam um infarto vendo isso aqui!
E ainda temos as constantes imagens desfocadas, tô falando de cenas inteiras em que o cameraman simplesmente não consegue ajustar o caralho do foco!!! Nem uma câmera de celular faz um trabalho tão tosco.
Ruim em vários sentidos, é preciso reconheço que o filme é um lixo. Mas eu adorei! Sei que não era essa a intenção dos realizadores, que me perdoem, mas dei boas gargalhadas com o nível precário da produção e a quantidade absurda de imbecilidades que torna tudo ainda mais hilário. E se você chegou até aqui e se interessou, parabéns! Você é dos meus! KRAMPUS – O JUSTICEIRO DO MAL está disponível em DVD no Brasil pela A2 Filmes, através do selo Flashstar, e se encontra fácil nas melhores lojas do ramo. Tá esperando o que para comprar o seu e fazer a alegria do natal?!
PS: Podem acreditar, o filme ainda teve uma continuação, KRAMPUS 2 – O RETORNO DO DEMÔNIO e já estou com o DVD em mãos para assistir, também lançado pela mesma distribuidora. Não, não precisa ter pena de mim, eu vou encarar o filme numa boa! Não se preocupem! E logo mais volto pra falar se a continuação é tão deliciosa quanto este aqui. Ho-Ho-Ho!
Parece perfeito para passar em aula de edição em curso de jornalismo: “Aprendam a NÃO FAZER ISSO1”
Cuidado para esses filmes ruins de doer á vista não fundir a sua cuca prezado Perrone ao ponto de você não fazer mais esses seus textos sempre explicativos e divertidos nesse blog fantastico no ao qual você escreve ,hein ?
Um feliz natal e boas festas são os meus sinceros votos ,um abraço de Anselmo Luiz.