Meu “diretor favorito do fim de semana” foi o John Landis (UM LOBISOMEM AMERICANO EM LONDRES), que peguei pra passar a régua em alguns dos seus trabalhos que eu ainda não tinha visto, como ANIMAL HOUSE, KENTUKY FRIED MOVIE e este SCHLOCK, que é o seu primeiro filme como diretor. Uma comédia deliciosa que presta homenagem aos filmes B dos anos 50 e 60, cheio de clichês de filmes de monstro.
A trama é simples e direta. Uma espécie de “pé-grande” chamado Schlock, que ficou congelado por 20 milhões de anos, acorda de seu longo sono e toca o terror em uma pequena cidade no sul da Califórnia, deixando um rastro de corpos, comendo muitas bananas e criando o caos em qualquer lugar que se mete. Em meio às investigações policiais e reportagens sensacionalistas da mídia local, o monstro encontra uma garota temporariamente cega e se apaixona, mas infelizmente ela acha que Schlock é apenas um cachorro. Depois que seus olhos melhoram, ela vê a criatura peluda à sua frente e grita desesperada, machucando o coração do pobre macaco pré-histórico…
O plot é basicamente isso. O resto do filme se constrói em como os indivíduos da cidade reagem a Schlock, numa série de situações engraçadas e absurdas. O que não quer dizer que teremos 78 minutos de pessoas correndo e gritando ao ver a criatura sedenta de sangue. O que torna este filme tão único é que é totalmente imprevisível. Não temos a menor ideia de como Schlock ou alguém da cidade reagirá um ao outro nos mais diversos tipos de ambientes, locais e interação. Uma mais ridícula que a outra…
Há uma cena em que as pessoas estão assistindo a polícia e cientistas investigarem a cena de um crime na entrada de uma caverna e Schlock espreita por trás da multidão. Uma senhora acaba percebendo e em vez de fugir, diz: “Por que você não corta esse cabelo? Por que não arruma um emprego?“. O chefe da polícia vê Schlock, mas não parece assustado e tenta algemá-lo enquanto lê seus direitos. Assim, na maior naturalidade… Umas ceninhas bestas, mas que fazem uma sutil alegoria ao estado de espírito americano do período, a reação da sociedade com o outsider, com as pessoas que não se encaixam no padrão “certinho” que as instituiçõs idealizam… É por isso que no fim das contas acabamos por nos simpatizar por Schlock, essa criatura desajustada com suas atitudes rebeldes diante dos chatos e hipócritas que erguem os bastiões da moral, bons costumes e do politicamente correto… Felizmente, nosso grande Schlock quebra as algemas com facilidade e continua tocando o terror.
Na sua jornada, Schlock varia desde atitudes violentas para o extremamente amigável. Em um minuto ele arranca o braço de um repórter sensacionalista e no instante seguinte vai tomar sorvete com algumas crianças. Num outro momento, ele destroça o carro de um sujeito, e é hilário porque ele fica sentado no seu assento e não faz nada. Mas a minha parte favorita de SCHLOCK é quando o monstro vai ao cinema! Pra começar, ele senta ao lado do grande Forrest J. Ackerman, de quem rouba a pipoca, e os filmes que assiste são deliciosos B movies antigos – como THE BLOB, com o Steve McQueen – e um monte de coisa acontece para atrapalhar a sessão do macaco… E eu só posso dizer que vi essa cena com um largo sorriso no rosto.
Vale destacar o visual de de Schlock, um dos primeiros trabalhos do maquiador Rick baker, apesar do baixo orçamento, e a performance da criatura, ou o ator dentro da “fantasia de macaco”. Um belo trabalho inusitado e espontâneo de expressão corporal e que, curiosamente, é o próprio John Landis quem o faz.
Há muitos outros detalhes que Landis joga pra dentro, há muitas referências a outros filmes, alguns bem conhecidos, como uma genial paródia da famosa cena de esmagamento de ossos de 2001: UMA ODISSEIA NO ESPAÇO, de Stanley Kubrick, e, obviamente, o clímax do clássico KING KONG original. No geral, SCHLOCK é uma bobagem divertida, uma produção capenga de apenas 60 mil dólares que se destaca devido à sua estranheza, às referências apaixonadas de seu diretor e a uma espécie de humor cretino que raramente é visto hoje em dia.
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Outra coisa engraçada , esse filme me lembrou do episodio do “SPECTREMAN” o quarto episodio “Operação Sequestro Diabolico – Epilogo ” em que o Dr.Gori manda o seu assistente Karas ir para á Terra e descobrir tudo sobre o comportamento humano ,ele vai para á cidade de Tokio com uma roupa parecido com uma roupa mexicana com um chapeu preto e oculos escuro e só causa confusão nesse episodio ,matando três motoristas de taxi que estavam jogando cartas em sua folga,roubando lanches de três garotas e assustando -as,dançando em um discoteca cheia de jovens e matando um bebado que o convidou para beber um goró e tambem o atendente do barzinho….lembra um pouquinho !! Um Abraço de Anselmo Luiz.
Esse é aquele tipo de filme que da gosto de assistir principalmente do diretor genio do humor ácido John Landis,eu sou muito fã e não sabia que ele realizou esse filme ,fiquei ate curioso em assisti-lo ,os filmes da filmografia dele que não conheço fora mencionado é esse KENTUCKY FRIED MOVIE só conheço esse filme por causa de materias que sairam em algumas revistas especializadas em cinema e video na decada de 80 e 90,fora isso desconheço esse filme do Landis .. mas se tratando dele deve ser mais um filmaço como aquele humor que só ele sabe fazer,pena que ele está meio sumido da tela grande atualmente ,espero novas resenhas deste diretor escritas pelo o genio do Dementia 13 , Sr.Perrone!
Haha, longe de mim ser gênio, mas a gente faz o que pode, meu caro Anselmo Luiz! Gênio é o John Landis, e foi uma beleza conferir esses títulos pela primeira vez. Vou ver se escrevo mais sobre ele sim… Aliás, revi também OS IRMÃOS CARA DE PAU depois de século e me surpreendi MUITO! Baita filmaço que não me lembrava… Espero ter algo a dizer sobre esse também. Grande abraço!
Voce é um genio sim conhece muito cinema comparando com você eu sou um simples amador .. esse filme de (Landis) os “Os Irmãos Cara de Pau ” desde que assisti o filme pela primeira vez ,eu nunca esqueci de cena alguma do filme ,principalmente a cena que á Carrie Fischer destroi o predio onde mora John Belushi ,os dois irmãos saem dos escombros com se nada tive acontecido ,cena em ele são perseguidos pela ruas ,tanto pela á policia quanto os Nazista que caem da ponte em construção o som da musica de Wagner “Cavalgadas das Valkirias ” ou dança não sei o titulo o acerto o titulo é hilario,o filme é espetacular ,sua ultima exibiçao foi na Rede Record ,quando passava filme de domingo as 20:00 mais ou menos esse horario eu acho, essa foi ultima vez em que assisti esse filme do Landis na TV Aberta ,um abraço de Anselmo Luiz.