É mais fácil as pessoas lembrarem do Joel Schumacher como o cara que colocou mamilos no Homem-Morcego, dirigindo tralhas como BATMAN & ROBIN (97), e esquecerem que a grande maioria de seus trabalhos são bem legais. Acabei de rever OS GAROTOS PERDIDOS, seu clássico oitentista de vampiros, que sempre reprisava na Sessão da Tarde e que fazia, no mínimo, uns vinte anos que eu não via. Continua uma delícia.
A trama do filme todo mundo deve se lembrar. Começa com uma mãe (Diane Wiest) e seus dois filhos (Corey Haim e Jason Patric) se mudando para uma pequena cidade costeira da Califórnia. A cidade é atormentada por gangues de motoqueiros, punks e drogados e alguns misteriosos desaparecimentos. Sam (Haim), o mais novo, não demora muito para fazer amizade com dois outros garotos que afirmam ser caçadores de vampiros, enquanto Michael (Patric), o mais velho, é atraído por uma gangue liderada por David (Kiefer Sutherland) e uma bela garota, Star (Jami Gertz). O que Michael acaba descobrindo da pior maneira possível é que a gangue é formada por… Isso mesmo, vampiros!

Kiefer Sutherland e sua gangue de vamp… Ops, desculpem. Esta aqui é a banda Twisted Sister. A gangue de vampiros é essa aí embaixo. Mas, é quase a mesma coisa…
No mesmo ano de 87, tivemos NEAR DARK, da Kathryn Bigelow, outro grande filme de vampiros que a princípio até poderia dialogar com OS GAROTOS PERDIDOS dentro do gênero, ambos têm aquele visual estilizado que parece um videoclipe da MTV dos anos oitenta e chupadores de sangue jovens vestindo jaquetas de couro… Mas enquanto NEAR DARK é mais sombrio e consegue se aprofundar em questões de ser um vampiro num mundo moderno, o filme de Schumacher não passa muito da superfície, do visual estiloso, da trilha sonora cheia de hits oitentistas… Mas ao mesmo tempo possui uma energia, várias sequências memoráveis, personagens legais, um senso humor bacana, e a maneira como Schumacher mistura todos esses ingredientes é que mantém o encantamento e torna o filme bem mais popular que seu “concorrente”.
O filme até possui um olhar sobre a cultura adolescente, um lance da busca por aceitação, especialmente com Michael fazendo de tudo para provar que pode fazer parte da gangue de David. Não se aprofunda tanto nesse ponto, mas duas sequências espetaculares saem dessa ideia, a corrida de motocicletas no alto da colina e a que se passa nos trilhos do trem. Ambas me deixaram pregado na poltrona de tensão… Mas a maior parte do filme é uma aventurazinha de comédia divertida com toques de horror protagonizada por Corey Haim e os irmãos Frogs, os caçadores de vampiros, encarnados por Corey Feldman e Jamison Newlander.
Se há uma dupla teen que conquistou o público infanto-juvenil ontentista, essa dupla é formada pelos dois Coreys. Eu cresci assistindo aos filmes desses moleques e vê-los enfrentando vampiros era parte da magia de OS GAROTOS PERDIDOS. Os caras tinham tanta química, ao longo de vários trabalhos nos anos 80 e início dos 90 que já chegaram a protagonizar um reality show juntos (The Two Coreys), só que o programa foi um fiasco. Além disso, ambos estiveram envolvidos com drogas na adolescência, o que atrapalhou muito suas carreiras. Corey Haim morreu em 2010 aos 39 anos. Feldman pelo menos apareceu nas duas continuações que OS GAROTOS PERDIDOS possui, já nos anos 2000.
Vale ressaltar que OS GAROTOS PERDIDOS foi justamente a primeira vez que os dois trabalharam juntos.
O restante do elenco também se destaca. Kiefer Sutherland, em especial, está excelente como o líder da gangue de vampiros, com muita presença em cena, e Bernard Hughes, que faz o avô dos protagonistas, está simplesmente hilário, assim como todas as cenas em que os Frog Brothers aparecem. A sequência do jantar em que tentam desmascarar Max (Ed Herrmann) é engraçadíssima.
A direção de Schumacher é inspirada, tem estilo, com várias sacadas visuais e bom trabalho de câmera, como as sequências aéreas que mostram o ponto de vista dos vampiros voadores. O sujeito tem muito bom olho também para a composição estética, nos pequenos detalhes que enriquecem o visual (os cartazes de pessoas desaparecidas) em como consegue casar as imagens e a trilha sonora de maneira tão efetiva, sem soar brega, como vários exemplos dos anos 80. A sequência de ação final é muito bem conduzida, uma boa mistura de humor, tensão, horror e até um bocado de gore, como na clássica cena “death by stereo“, ou na curta, mas ágil, luta entre David e Michael…
Enfim, legal rever OS GAROTOS PERDIDOS depois de tanto tempo. Há muita coisa que tinha esquecido e que veio à tona com muito prazer nos olhos. Realmente não lembrava que o filme era tão estiloso. Mas o melhor de tudo foi perceber que continua tão divertido.
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Então, fique atento aos comentários porque vou avisá-lo quando eu começar a enviar ( via Sedex), ok? E, por favor, não esqueça as resenhas de filmes dos ícones GENE HACKMAN E HARRISON FORD ( sobretudo dos anos 80 e 90)- uma por semana, é pedir muito? Um forte abraço. HASTA LA VISTA BABY!!!!!
Perfeito. E já estou reunindo os filmes do Hackman e do Ford para rever e escrever uns textos. Mais uma vez, obrigado!
Eu nem lembro mais desse filme direito pois já faz uns 15 anos que ele passou na TV Aberta e pelo incrivel que possa aparecer ele tambem foi exibido nas tardes da Globo na decada de 90 ,já pensou um filme de terror exibido nas tardes de hoje em dia ia nesse horario vespertino ia dar um rebu nas redes sociais e não liga para mim lhe mandando atualizar o obituario do seu blog ,eu não sou ninguem perto de vosso conhecimento cinematografico e principalmente dono do seu blog ,Perrone ! Dá proxima vez que lhe aborrecer mandar eu colher uns feijões ou plantar batatas,ok! um abraço de Anselmo Luiz.
Haha, não se preocupe, Anselmo, aqui quem manda é o leitor. Abraço!
Boa noite. Caro amigo, do mesmo diretor, se puder, assista O CLIENTE ( 1994 ). Vai se surpreender de tão bom. E aproveite e escreva sobre ele. Hitchcock aplaudiria de pé. Muito obrigado pela atenção e um forte abraço.
Olá, Antonio, valeu a dica.
Aproveitando, não sei se viu, mas escrevi recentemente sobre O EMBAIXADOR, com o Mitchum, um dos filmes que vc me sugeriu. Abraço!
Bom dia. Caro amigo, leio todas as resenhas que você escreve. Aliás, até gostaria que você, se puder, as ampliasse, informando todas as locações, custo, bilheteria mundial, curiosidades, etc. Um forte abraço. PS: eu me mudei e gostaria de doar algumas ( muitas) revistas de cinema americanas dos anos 80 e 90. Você estaria, BY CHANCE, interessado? Caso positivo, para onde envio? Só um pedido: por favor, aproveite o máximo de informações das revistas em seus futuros textos, ok?
Olá, Antonio, tudo bem?
A ideia sempre foi trazer o máximo de informações possíveis nas resenhas, mas de vez em quando o tempo é curto e os textos acabam saindo no calor do momento, sem muita pesquisa. Mas farei o possível! 🙂
E sim, tenho MUITO interesse nessas revistas, seria uma boa fonte, com certeza, para futuros textos. Desde já, fico muito agradecido.
Você pode enviar para:
Ronald Perrone
Rua São Joaquim, 592, apartamento 25
Liberdade, São Paulo – SP
CEP: 01508-000
Mais uma vez, obrigado! Esse material será muito bem aproveitado! 🙂