Daqueles filmes que você para e dá aquela refletida… “Por que raios eu não assisti essa merda antes?” DE VOLTA PARA O INFERNO é o típico de filme de ação/guerra dos anos 8o que eu já deveria ter visto e não sei porque ainda não o tinha feito. Possui uma história sólida, relevante, pessimista de um certo ponto de vista, ao mesmo tempo em que todos os elementos divertidos e exagerados que me fazem sorrir em filmes do tipo se materializam por aqui. É dirigido pelo Ted Kotcheff, um casca-grossa com muito talento e sensibilidade, e reúne alguns dos atores mais badasses do cinema testosterona oitentista! Entre eles o grande Gene Hackman encabeçando o elenco.
Em uma narrativa ao estilo “men in a mission“, DE VOLTA PARA O INFERNO centra-se em um coronel dos Estados Unidos aposentado, Jason Rhodes (Hackman), que acredita que seu filho, Frank, um soldado que esteve em ação no Vietnã, ainda está vivo e mantido prisioneiro no Laos, mesmo passados dez anos do fim da guerra. Depois de conseguir financiamento de um magnata do petróleo (Robert Stack), cujo filho também desapareceu na mesma guerra, Rhodes recruta um grupo de ex-militares e velhos companheiros de guerra de seu filho para retornar à região em busca do pobre rapaz, além de outros americanos vivendo em cativeiro. A equipe inclui Fred Ward, Randall “Tex” Cobb, Reb Brown (o Capitão América dos anos 70), o grande Tim Thomerson e Patrick Swayze, num de seus primeiros papeis para cinema. Se esse não é um dos elencos com um dos mais altos níveis de truculência desse período, então eu já não sei mais nada da vida.
A primeira metade do filme é a reunião do grupo e o treinamento para colocar esses veteranos em forma antes de partir para a ação. Serve também para que o público se identifique com os personagens, com suas habilidades e trabalhe a química entre eles. Mas também pra mostrar o quão fodido é a vida de alguns indivíduos no pós-guerra, um bando de outsiders atormentados sem a mínima capacidade de se encaixar num convívio social decente. E vêem nessa oportunidade de retornar ao campo de batalha uma maneira de tentarem se reencontrar e dar sentido às suas vidas.
Dessa forma, DE VOLTA PARA O INFERNO serve de expansão ao universo do trabalho anterior de Kotcheff, um dos melhores filmes que existe na vida, que também trata de traumas do Vietnã, FIRST BLOOD, mais conhecido no Brasil como RAMBO – PROGRAMADO PARA MATAR, também conhecido como a obra-prima de Sylvester Stallone. Aliás, recomendo muito este texto sobre RAMBO, do amigo Lázaro Cassar, para o Action News.
A segunda metade do filme é tiro, porrada e bomba, como diz minha mulher… Mas sem a previsibilidade habitual. Por exemplo, todo o planejamento para a ação de resgate termina numa furada e grande parte da missão acaba acontecendo na base do improviso – o armamento de Rhodes é confiscado pela polícia local e precisa arranjar armas velhas no mercado negro; os helicópteros de resgate não estão onde deveriam e acabam roubando de uma base militar Vietcong; um dos personagens é mordido por uma cobra ao adentrar um túnel que dá no campo de concentração… E por aí vai. Quando a ação começa pra valer é de arregaçar! Kotcheff manda muito bem em criar um espetáculo de balas e explosões, com domínio de ritmo, de coreografia e de exageros típicos do cinema de ação/guerra oitentista. A ação final é ao mesmo tempo frenética, divertida, classuda e sem frescuras, mas também melancólica… Como em OS STE SAMURAIS, de Kurosawa, ou SETE HOMENS E UM DESTINO, de john Sturges, o filme não tem muito receio em terminar com algumas baixas de personagens importantes. Personagens que passamos metade do filme criando uma relação… Continuar lendo