O prólogo de PANIC BEATS é uma das coisas mais absurdamente geniais que existe no cinema exploitation europeu! Uma sequência antológica e perturbadora, digna de um Lucio Fulci ou Jean Rollin, na qual um cavaleiro de armadura medieval, interpretado pelo grande Paul Naschy, persegue uma mulher completamente nua desesperada e gritando através de uma floresta nebulosa. A perseguição termina quando mulher cai por terra e é brutalmente espancada até a morte pelo cavaleiro com uma maça “estrela da manhã”. Aí vem os créditos iniciais e o resto do filme, que nunca chega ao nível do prólogo, mas que ainda possui algumas cartas na manga e vários bons momentos digno do cinema euro cult.
Somos transportados para a moderna Paris, onde o bem-sucedido arquiteto Paul de Marnac (também interpretado por Naschy) recebe um diagnóstico médico de sua esposa, Geneviève. Um coração fraco e doente torna imperativo que ela receba um longo descanso e evite grandes emoções. Paul sugere uma estadia prolongada em sua casa de campo, herdada de sua família, longe da cidade movimentada. Antes mesmo de chegar no local, no entanto, o casal já enfrenta algumas perturbações quando o carro fica sem gasolina e são atacados por um par de ladrões. Paul encara os vândalos numa situação meio bizarra e consegue afugentá-los e Geneviève consegue se controlar.
Finalmente o filme estabelece a ação na casa de campo. O local é cuidado por uma velha senhora, Maville, e sua jovem sobrinha fogosa Julie. E os de Marnac podem concentrar suas energias na recuperação de Geneviève e até mesmo tentar reavivar seu amor. Mas para Geneviève a paz e a tranquilidade são ilusórias. Ela acaba sempre se perturbando pela horrível lenda do antepassado de Paul, Alaric de Marnac, um cavaleiro do século XVI que assassinou sua esposa infiel e se tornou um devoto satanista, o mesmo sujeito do magnífico prólogo, obviamente…
E aí vem o lado sobrenatural da coisa. Enterrado no cemitério local, a lenda diz que Alaric sai do túmulo a cada 100 anos para uma vingança sangrenta em qualquer noiva Marnac que não consegue cumprir os seus padrões. Uma noite, enquanto Paul está em Paris a negócios, Geneviève desmaia e quase morre de susto quando vê o fantasma de Alaric, de armadura e tudo mais, surgindo no local. Será que a lenda é real ou apenas ilusão provocada dos já desgastados nervos de Geneviève? Ou será que tem outras coisas bem mais complexas por trás de tudo?
Ainda sou um bocado neófito em termos de Paul Naschy. Assisti a pouca coisa que o sujeito fez, mas já deu pra notar porque foi um dos maiores atores do cinema exploitation. E, pelo visto, um grande diretor também. É o próprio Naschy quem dirige o ótimo PANIC BEATS e é o primeiro trabalho na função que eu parei para conferi. Naschy também escreveu o roteiro usando seu nome nome verdadeiro, Jacinto Molina, e demonstra que tem uma sólida ideia de como trabalhar com elementos estéticos e narrativos do horror gótico.
Se não fosse pela quantidade de nudez e pelos assassinatos sangrentos que ocorrem ao longo do filme, poderia até se passar como um bom exemplar de thriller de horror old school que os italianos faziam nos anos 60, mas a violência gráfica e peitos de fora garante o toque preferencial de Naschy pelo excesso, pelo choque, pelo cinema de exploração, que particularmente eu aprecio mais… E Naschy é definitivamente um cara esperto, escrevendo um script para si mesmo em que garante uma série de cenas de pegação com mulheres nuas. Hehe!
Obviamente PANIC BEATS é recomendado a quem já possui um certo gosto pelo exploitation europeu e sabe apreciar esse tipo de material. Temos um elenco bem afiado na medida do possível, especialmente Naschy, que é sempre um prazer poder vê-lo atuando, e que dirige habilmente a obra, sabe bem como extrair aquilo que é preciso para encher os olhos mesmo com um orçamento limitado. As sequências de tensão e suspense e até mesmo onde a violência explode na tela são muito bem cuidadas.
O filme, no entanto, tem lá seus problemas, tropeça em algumas ocasiões quando tenta se explicar demais, exagera nos diálogos expositórios e algumas sequências desnecessárias acabam por ser muito longas, quando poderiam ter simplesmente sido deixadas na sala de edição. Em suma, PANIC BEATS se arrasta em alguns momentos…
Ainda bem que os pontos positivos superam facilmente os negativos. E temos o prólogo… Só isso já vale o filme inteiro.
Legal ! Ver um filme do saudoso Paul Naschy (Jacinto Molina, o eterno lobisomem espanhol) eu tambem conheço pouco dos filmes dele conheço ” A Noite dos Walpurgis lançado na Coleção Lobisomem,Vampiros e Zumbis VOL.1 da Show time Classicos “e “Crimson – A Cor do Terror lançado pela Vinny Video” .. infelizmente outros filmes dele não foram lançados no nosso mercado de DVD .. geralmente esses filmes Exploitation são assim ,mesmo as vezes o pessoal exagera mas mulheres nuas e esquecem do roteiro e aí fica um filme chato para assistir …. mas tambem que se dane nos queremos ver as mulheres lindas nuas mesmo o resto filme depois a gente aprecia se bom ou ruim ,hein!
Boa resenha de um mais um filme que desconhecia Paul Naschy,um abraço de Anselmo Luiz.