
O ponto principal que favorece FÚRIA MORTAL (Out for Justice) é ter um dos grandes mestres do cinema americano de ação conduzindo a bagaça. Estou falando do John Flynn, diretor subestimado de filmaços como THE OUTFIT, ROLLING THUNDER, BEST SELLER e CONDENAÇÃO BRUTAL, autênticas aulas de cinema que devem valer muito mais que alguns semestres de uma faculdade de cinema. Sendo assim, FÚRIA MORTAL é o tipo de filme que seria bom independente de quem fosse o protagonista, especialmente com a quantidade de bons astros de ação do período (fico pensando como seria se fosse estrelado por um Bruce Willis, Stallone ou até um Wesley Snipes), mas calhou de ser Steven Seagal.

A simplicidade do enredo sem muita frescura também contribui para a grandeza da obra. Evidente que as mensagens de bom moço do Seagal prevalecem algumas vezes, jogando na cara como ele é um sujeito integro, ético e bondoso com os animais, mesmo interpretando um policial casca-grossa em busca de vingança. Mas nada que perturbe a paz de quem está assistindo (contanto que ele não deixe de matar os caras maus com tiro na cara, não vejo problema algum). Seagal interpreta o policial nova-iorquino, descendente de italianos, Gino Felino (putz, mas que nomezinho cretino) que após a morte de seu parceiro, Bobby, resolve fazer justiça com as próprias mãos (pedindo ao seu superior apenas uma espingarda e um tempinho pra realizar a tarefa).
O cenário da jornada é o submundo do Brooklyn. Gino cresceu no local, rodeado de gangsters, e conhece todo mundo, inclusive o assassino de seu parceiro. O facínora é Richie, interpretado por William Forsythe com a máxima personificação do mal. O sujeito é tão impulsivo, que logo após matar Bobby à sangue frio, atira na cabeça de uma senhora em pleno trânsito lotado, pelo simples motivo que o carro dela estava congestionando a via… E se para o sucesso de um bom filme ação um dos elementos é a criação de um bom vilão, então temos aqui um exemplar de primeira qualidade. E Forsythe desempenha seu ofício com extrema perfeição.

Só que Richie não conta com a ajuda de ninguém nas ruas, a não ser alguns capangas. O sujeito é drogado, maluco e quer entrar para o crime organizado, mas com as atitudes que eu citei ali em cima e até a suposição da policia de que já esteja ligado ao crime organizado, faz com que a máfia queira sua cabeça numa bandeja. Ainda há a própria policia comum que quer prendê-lo pelos crimes, com toda burocracia que envolve os processos de prisão, algo que Gino não quer de jeito algum.
Gino possui, portanto, dois problemas em sua missão:
1° Problema: Encontrar Richie antes da máfia e da policia, para que possa aplicar sua vingança com paz e tranquilidade, mas Richie encontra-se desaparecido e é meio complicado encontrá-lo. Pelo menos para quem está procurando, porque o sujeito está sempre nos lugares mais óbvios.
2° Problema: O roteiro ainda acrescenta novas idéias para deixar a jornada de Gino mais complexos que um um filme do Tarkovsky. Gino cresceu no mesmo bairro de Richie e considera o pai deste seu segundo pai, e isso gera um conflito psicológico que bota o herói para esquentar os miolos, embora Steven Seagal, que é ator de alto nível, consiga manter a pose sem modificar a expressão (talvez algum músculo da parte inferior do queixo tenha contraído com mais força quando a mãe de Ritchie pede para não matar o seu filho).
Atuação por atuação, vamos ficar com o Forsythe que entra para uma galeria de vilões mais malvados e interessantes do cinema dos anos 90. Forsythe é um puta ator expressivo e até hoje rouba a cena em qualquer filme ou série que aparece, nem que seja pra fazer uma pontinha. Sem dúvida alguma seu Ritchie merece um destaque.

Assim como o Seagal não chega nem aos pés de Fosythe em termos de construção dramática, pelo menos se sai bem nas cenas de luta. Ah, nisso o cara é demais! E o John Flynn, magistral, se aproveita disso de forma magnífica. Especialmente em duas cenas: a primeira é uma perseguição de carro em alta velocidade que desemboca dentro de um açougue onde Gino arrebenta uns cinco sujeitos utilizando objetos dos mais inusitados – dos quais deve ter aprendido no aprofundamento de sua arte marcial no Japão – uma linguiça, por exemplo. Outro momento espetacular é a da briga num bar com as mesas de sinuca. Simplesmente A MELHOR sequências de luta que o Seagal protagonizou em toda a sua filmografia.
Não precisa nem ser fã de carteirinha de Steven Seagal para curtir OUT FOR JUSTICE. Se você aprecia um bom filme de ação policial, então este aqui já está qualificado. Com uma história simples, curta, mas muita diversão garantida, boa dose de ação e violência, Seagal distribuindo tiros, porradas e frases politicamente corretas, além de contar com direção de John Flynn, é indiscutivelmente um filme imperdível. Se tivesse que eleger o melhor filme de Steven Seagal, sem dúvida seria este aqui.
Meu filme favorito do homem, e concordo que esse seja o melhor, realmente Seagal se esforçou um pouquinho pra atuar neste aqui, interessante o roteiro também focar nas relações dos personagens, envolvendo até mesmo o motivo da morte do parceiro, o William Forsythe tá lokaço nesse filme, pena que não dão Oscar pra atuações em filmes de ação, ah o sujeito do cachorro, é um desgraçado que mereceu a porrada que tomou, e lógico, Seagal quebrando tudo, inclusive braços, a cena do açougue é genial, com ele usando as ferramentas, mas a sequência do bar é superior, ele quebra cara do bar inteiro e improvisa até um nunchaku com as bolas de sinuca, esses roteiristas de hoje deveriam fazer uma faculdade pra ver como filmes de ação são feitos de verdade, de duas uma: o desaprenderam a fazer filmes de ação ou levam o material a sério demais, não duvido nada que a galera tomava umas cervejinhas, enquanto criava esses roteiros, sem noção e com muito pirotecnia, hehehehe.
Caro amigo, você poderia, por favor escrever sobre OPERAÇÃO VINGANÇA (1981- com John Savage), THE SOLDIER(1982- com Ken Wahl), 41DP-INFERNO NO BRONKS(1982-com Paul Newman), O CÓDIGO DO SILÊNCIO (1985) e COMANDO DELTA(1985)- estes dois com Chuck Norris’s, FUGA À MEIA-NOITE (1988-com Bob De Niro), MAIS FORTE QUE O ÓDIO (1988-com Sean Connery) e ENTREGA MORTAL (1989-com Gene Hackman? Muito obrigado.
Sugestões anotadas! Valeu!
Comando Delta 1 e 2 já foram analisados, só procurar nos arquivos.
Sim… Tá no blog antigo. Na verdade, a maioria dos ultimos posts são republicações pra não deixar o blog parado. Ambos Comando Delta serão republicados aqui em breve.
Para esse é um dos melhores filme de Seagal.. o filme prende atenção eu assisti varias vezes a sua ultima exibição na TV Aberta foi no SBT 22/10/2011 no Cine Belas Artes e sua primeira foi na Rede Globo em 18/04/1994 no Tela Quente ,isso quando a tela era quente mesmo pois hoje em dia só filminho bobo passa nela… triste fim da TV Aberta.
logico! Força em Alerta é sensacional .. esse aqui tambem merece ser apreciado por fãs de filmes de filmes “casca-grossa” .William Forsythe rouba o filme mesmo e já entrou na galeria dos vilões do filmes do Seagal assim como Tommy Lee Jones e Gary Busey ambos em “Força em Alerta ” tambem roubam o filme do nosso homenageado de hoje.. dificil descrever esse filme só assistindo-o pra tirar a prova .. eu acho ele espetacular a cena do salão de bilhar ou sinuca e uma das melhores cenas de lutas dos filmes de Seagal .. cara acaba com todo mundo e luta final entre Gino e Richie tambem é boa assim como á luta final dele contra o jamaicano gemeo no filme ” Marcado para á Morte ” e derrota o cara e ele diz aquela frase “espero que não sejam trigemeos “.. pena que não tenham mais filmes assim em Hollywood atualmente.. abraço de Anselmo Luiz.
Porque Hollywood ficou bunda-mole! hehe… Pelo menos ficam os filmes de antes para ver e rever… Grande abraço!
Caro amigo, claro, lógico e evidente que respeito sua opinião. Mas, à mon avis, o melhor dele é A Força em alerta ( aliás, você já fez resenha sobre ele?) de Andrew Davis ( O fugitivo), que também considero melhor diretor que Flynn. Um forte abraço. PS: que tal no futuro, uma imersão na filmografia de um tal de Spielberg ( com extensas e detalhadas resenhas de cada um de seus filmes)?
A Força em Alerta é o próximo da lista pra escrever… Mas também acho espetacular!
Spielberg é uma boa pauta. Valeu!
Steven Seagal deveria ter vencido Oscar por este filme em 91. John Flynn deveria ter vencido a Palma de Ouro em Cannes de melhor diretor e Willian Forsythe deveria ter sido escolhido como melhor ator coadjuvante no Festival de Veneza. É por essas injustiças que esses prêmios não tem credibilidade. E Out for Justice deveria se considerado pelo Congresso Norte Americano como obra de relevante valor histórico e cultural. Infelizmente, a arte erudita e troglodita não é reconhecida nesse mundo cruel.
E tem a maravilhosa Shannon Whirry, que é uma das namoradas do Ritchie. Ô mulherão…
Caro colega, divido convosco a indignado com o descaso e acrescento a fotografia, música incidental e um prêmio honorário a cidade de NY como coadjuvante de escala, mãããs, melhor que fique assim, nosso nicho, essa ¨sessão meia-noite¨ que assistimos a qualquer hora. Que o mundo não veja. Eu, tu, eles os premiamos com palmas da alma.
E Whirry é uma tremenda bilutetéia.
E eu esqueci de citá-la no texto… Que mulher!
Saudações!
A atuação de Seagal se resume em espremer levemente os olhos, ali está concentrada todas as emoções que pretende com o personagem, discreto, interpretativo, pura arte. Descartando agora a psicologia do ator e adentrando na área da diversão do cinema ¨sem culpa¨, essa obra é sensacional! Disputa no lado direito do meu peito o posto de ¨o melhor de Steven¨. Assisti-lo descendo a panca é sempre um deleite, é único e é onde ele apresenta sua personalidade. Pequenino destaque pro figurino do herói, um kimono/regata/pijama/ou algo que o valha… E Forsythe? Impecável! Esses caras que aparentemente não demonstram grande propósito ou pouco ou nada tem a perder, são geralmente os mais perigosos, guiados pelo caos, Richie assusta, nos causa repulsa! E Flynn, pô! Entende tudo isso, demonstra paixão no trampo e entrega um magistral clássico do policial/ação.
Abração, na 2ª pessoa do singular.
Disse tudo! hehe… Grande abraço!