ESPECIAL DON SIEGEL #15: COVIL DA MORTE (Edge of Eternity, 1959)

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Há uma sequência já no final de COVIL DA MORTE em que o protagonista, o xerife vivido por Cornel Wilde, troca sopapos com o vilão da trama num carrinho suspenso, parecido com um bondinho, por sobre o Grand Canyon a quase 800 metros de altura. É o clímax do filme, no que o diretor Don Siegel chamou de “sequência mais aterrorizante e horrenda” que já filmou em sua carreira. Obviamente os planos detalhes e os closes nos atores foram realizados com projeção ao fundo, mas há várias tomadas em planos abertos que é coisa de louco, realmente tensa e mostra a situação que os dublês se meteram.

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Enfim, é uma sequência muito útil para sintetizar COVIL DA MORTE: um trabalho mais focado no impacto causado pela imagem.

Em termos de trama, diálogos, personagens, não há muito o que dizer. Siegel utiliza esses elementos apenas como base narrativa para criar sensações, dar ao filme um apelo visual magnífico de tirar o fôlego com um cenário absurdo de bonito ao fundo e trabalhar a ação nesse tempo e espaço. Mas se alguém ainda tem curiosidade, trata-se de um filme policial, com um assassinato misterioso a ser resolvido pelo xerife, uma conspiração envolvendo estrume de morcego (?!) e uma historinha de amor que rola no meio disso tudo e que poderia soar bem piegas nas mãos de um diretor qualquer, mas de certa forma funciona.

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Não deixa de se tratar de uma obra assumidamente menor na filmografia do homem e pode passar despercebido por conta dessa trama que não é lá das mais elaboradas e os personagens que estão longe de serem marcantes, como em outros trabalhos mais celebrados do diretor, como  THE LINEUP, DIRTY HARRY, CHARLIE VARRICK, THE BEGUILED ou THE KILLERS. Mas basta deitar os olhos na plasticidade do filme para ficar hipnotizado com a fotografia, as cores, a profundidade das paisagens do Grand Canyon, tudo filmado num Cinemascope lindão e suntuoso, de encher os olhos (o primeiro filme de tela larga do Siegel)…

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Bem, acho que já deu pra perceber que o que realmente importa por aqui é esse belíssimo tratamento visual, que compensa qualquer outro detalhe que alguém poderia encasquetar. Aliás, o fato de filmar no local, com o cenário estonteante de fundo, foi o que interessou a Siegel quando resolveu encarar o projeto. E só por esse trabalho estético não tenho receio algum de dizer que COVIL DA MORTE é um dos pontos altos subestimados da carreira do Siegel, que merecia urgentemente uma redescoberta.

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