…OU CINCO FILMES DO DIRETOR PARA INICIANTES
Não é tarefa das mais fáceis dar o primeiro passo e saber por onde começar a desbravar o extenso currículo de um diretor que possui a filmografia de um Joe D’Amato, com seus, de acordo com o imdb, 199 filmes – provavelmente há mais. Uma escolha errada pode ser frustrante. Então preparei uma seleção de filmes para adentrar no cinema deste incansável mestre do cinema italiano. Não são títulos absolutos, ou seja, haverão vários outros filmes que servem ao propósito. Começar por esses, no entanto, já seria de grande ajuda para entender a essência do cinema do homem.
LA MORTE HA SORRISO ALL’ASSASSINO (73): D’Amato tentando brincar de horror gótico, não se contenta em apenas explorar uma vertente do gênero e acaba fazendo uma mistureba muito louca com vários elementos que tangem o sobrenatural e o real, tudo jogado em cena sem qualquer coesão ou preocupação temporal. Mas temos Klaus Kinski interpretando um médico, o que é sempre bom. Não é dos melhores filmes do homem, mas coloquei nessa lista por ser o que podemos chamar de “primeiro D’Amato movie“, onde ele começa a demonstrar um estilo próprio. Algumas cenas são bem chatas, na verdade, mas outras compensam com uma boa dose de gore, atmosfera densa e as cenas com o Kinski.
EMANUELLE IN AMERICA (77): A bela Laura Gemser na pele da sua personagem mais famosa, a Emanuelle nera, que não tem nenhuma relação com aquela Emanuelle da Sylvia Kristel. Esta aqui é uma repórter que investiga o submundo do sexo para descobrir relevantes assuntos que eu já não faço a menor ideia do que seja… Mas como não faltam cenas de sexo explícito, lesbianismo, zoofilia, não preciso me preocupar em lembrar detalhes da trama. Uma curiosidade é a cena de snuff movie que aparece no final. Na época especulou-se que fosse real e que D’Amato havia conseguido tais imagens com a máfia russa! Ah, tem como não amar esse cinema?
IMMAGINI DI UN CONVENTO (79): O Nunsploitation, filmes de horror/erótico com freiras sapecas e insaciáveis, era muito comum naquela época e D’Amato deixou sua contribuição no subgênero com mais de um exemplar. Este aqui é o melhor, mais acessível, bem dirigido e fotografado, e contém algumas cenas barra-pesadas de lesbianismo e sexo explícito, como o estupro na floresta. A sequência final na qual o padre, interpetrado pelo Donald O’Brien, tenta benzer os corredores do convento com as freiras possuídas esfregando as periquitas é uma das mais memoráveis que D’Amato já realizou!
BUIO OMEGA (79): Considerado por muitos o filme mais perturbador de D’Amato, a trama gira em torno de um triângulo amoroso bizarro entre um taxidermista, sua mulher defunta e a criada praticante de magia negra. No decorrer da história temos assassinatos, corpos desmembrados, canibalismo, necrofilia e uma aula de direção de D’Amato, na cena em que o protagonista abre o corpo de sua amada e a prepara para ser empalhada. Um misto de pura maestria visual com o que há de mais extremo, subversivo, abjeto e doentio… A sequência toda é tão bem feita, que na época gerou boatos de que a produção tivesse arranjado um corpo real para as filmagens. É ver para crer.
ANTROPOPHAGUS (80): Tisa Farrow e alguns amigos vão parar numa ilha Grega aparentemente abandonada e descobrem, da pior maneira possível, que toda a população foi brutalmente assassinada e devorada pelo grotesco Nikos, o famoso canibal interpretado pelo grande George Eastman. Apesar da narrativa lenta em alguns momentos, é um dos filmes mais atmosféricos e brutais de D’Amato. A cena em que Nikos devora um feto é digna de antologia do horror europeu, assim como o desfecho, cujo gore faz a alegria dos espectadores sedentos por sangue.
+1
EMANUELLE & FRANÇOISE LE SORELLINE (75): Não acho que seja um exemplar essencial nessa iniciação, mas como atualmente é o meu filme favorito do D’Amato, vale a pena listar como um anexo. Quando Françoise comete suicídio após ser abandonada por um crápula – novamente George Eastman – sua irmã, Emanuelle, decide por em prática um plano mirabolante e maquiavélico para se vingar. Primeiro ela o seduz, depois deixa-o sedado e, por fim, tortura o sujeito acorrentado num quarto secreto que ela construiu em sua casa. O filme tem bastante nudez, mas não o suficiente para excitar, nem tanto gore para chocar, mas a direção de D’Amato é das melhores que já vi, a trilha sonora é excelente, os atores estão muito bem e o final, apesar de óbvio, fecha com chave de ouro essa pequena jóia do cinema italiano.
Joe D’amato chocou o público com os seus filmes nos anos 70. Desta lista já vi IMMAGINI DI UN CONVENTO e EMMANUELLE IN AMERICA. O seu objetivo era lucrar com a junção dos filmes de canibais e o erotismo / hardcore.
Tendo ele trabalhado em muitos westerns com Demofilo Fidani está explicada a sua loucura!
Conheço bem essa fama do Fidani em ser louco de pedra. Hehe!