ESPECIAL McT #4: A CAÇADA AO OUTUBRO VERMELHO (The Hunt for Red October, 1990)

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Voltando aos poucos com as atividades por aqui, após uma pausa para descanso e viagens, prosseguimos com a filmografia do John McTiernan pra variar. A CAÇADA AO OUTUBRO VERMELHO foi meio injustiçado por minha pessoa durante muito tempo. Uma revisão em 2013 ajustou as coisas. É um filmão! Embora ainda não ache dos melhores trabalhos do diretor, consegue tranquilamente ser um thriller de uma eficiência absurda na construção e condução de sequências de tensão, e isso sem precisar apelar para a carga de ação deflagradora que havia em PREDADOR ou DURO DE MATAR.

É um trabalho, digamos, mais sério e político, se comparado aos outros dois filmes citados do McT, apesar de que já em 1990 o tema “Guerra Fria” estava um bocado defasado. Trata-se de uma adaptação do livro homônimo de Tom Clancy, que por sua vez foi inspirado num episódio real ocorrido em 1975, no qual um pequeno navio de guerra soviético foi amotinado e sua tripulação pediu asilo no ocidente.

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No caso do filme (e do livro do Clancy), um moderníssimo submarino russo, chamado de Outubro Vermelho, dirige-se em direção aos Estados Unidos munido com poder de fogo nuclear suficiente para iniciar (e terminar) a terceira guerra mundial num piscar de olhos. O governo soviético alega não ter nada a ver com isso; os americanos não vão esperar o submarino chegar mais perto para perguntar “qualé?”. Nisso, entra em cena o analista da CIA Jack Ryan (Alec Baldwin), que contém informações sobre o comandante do submarino, encarnado pelo Sean Connery, e acredita na possibilidade do sujeito ter desertado e está, na verdade, tentando escapar para os Estados Unidos. Enquanto ninguém sabe exatamente o que se passa, inicia-se a tal caçada ao Outubro Vermelho

Jack Ryan é uma figurinha carimbada na literatura e no cinema. Harrison Ford interpretou duas vezes (JOGOS PATRIÓTICOS e PERIGO REAL E IMEDIATO), Ben Affleck também em A SOMA DE TODOS OS MEDOS, e está para ser lançado JACK RYAN: SHADOW RECRUIT, com Chris Pine no papel (que, aparentemente, parece ser uma bela merda). Mas é em OUTUBRO VERMELHO que o personagem criado por Clancy aparece pela primeira vez na tela grande. É curioso, porque Ryan não é um agente de campo, não é um homem de ação, portanto é bem diferente do tipo de herói que McTiernan havia desenvolvido nos seus trabalhos anteriores no gênero ação, como o Dutch (Schwarzenegger, em PREDADOR) ou McClane (Willis, em DURO DE MATAR). No único tiroteio do filme, Ryan precisa mandar chumbo como um completo principiante, tremendo nas bases, diante da situação de perigo.

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Como disse antes, o filme não apela para sequências de ação. É mais focado na construção atmosférica de tensão, intrigas e, claro, a sensação claustrofóbica de se ambientar uma narrativa quase inteiramente dentro de submarinos. Tudo isso revestido por um thriller político inteligente, bem articulado e cuidadosamente dirigido pelo McTiernan – os combates de submarinos, embora lentos e táticos, são de deixar a mão suando!

Mas o grande destaque de OUTUBRO VERMELHO é o desempenho de Sean Connery no papel do comandante russo. Belíssima atuação, o sujeito constrói uma figura repleta de fraquezas e ambiguidades encobertas pela pompa e imponência de um maioral soviético. Sem sombra de dúvida um dos grandes momentos da carreira de Connery e provavelmente o tour de force de OUTUBRO VERMELHO. Apesar de ter ficado mais famosinho, Jack Ryan acaba por ser um mero coadjuvante por aqui. Fica claro que o filme é um veículo para Connery demonstrar seu talento.  A produção conta ainda com Scott Glenn, Sam Neill, James Earl Jones, Tim Curry, Stellan Skarsgård e vários outros.

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Para finalizar e encher mais um pouco a bola do McTiernan, há uma pequena sacada em OUTUBRO VERMELHO que demonstra porque o sujeito é um dos grandes do cinema americano: o diretor resolve toda a questão do idioma russo, que é transitado para o inglês, num simples movimento de câmera que é de uma genialidade de arrepiar. É logo no início do filme e não vale ficar descrevendo, mas não tem como não perceber ou ficar indiferente quando acontece. É mágico! E são momentos como esse que o cinema guarda seus encantos.

4 pensamentos sobre “ESPECIAL McT #4: A CAÇADA AO OUTUBRO VERMELHO (The Hunt for Red October, 1990)

  1. Pingback: ESPECIAL McT POST FINAL: FILMOGRAFIA NO BLOG | DEMENTIA¹³

  2. Pingback: A Caçada ao Outubro Vermelho (John McTiernan, 1990) | Análise Indiscreta

  3. Essa sequência final, com Sean Connery e Alec Baldwin é linda demais. Eu acabei de ver o filme, gostei, mas confesso que não fiquei muito satisfeito com o desenrolar final da trama. De qualquer forma, é um filme tenso, um verdadeiro jogo de xadrez. Apesar de à primeira vista parecer ser lento, consegue prender a atenção do espectador até o fim, e Sean Connery, como você escreveu, é um gigante em cena.

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