Vamos recapitular: o primeiro SILENT NIGHT, DEADLY NIGHT era sobre um garoto que viu seus pais sendo assassinados por um sujeito fantasiado de Papai Noel. Anos depois enlouquece e começa a tirar a vida das pessoas vestido de bom velhinho. No segundo, é a vez do irmão caçula desse maluco seguir seus passos. O terceiro, de alguma maneira, força uma continuação direta e traz novamente o assassino do segundo para tocar o terror. Agora, chegou a vez de INITIATION – SILENT NIGHT, DEADLY NIGHT 4, de Brian Yuzna.
A abordagem deste aqui me lembrou o caso do excelente HALLOWEEN III. Para quem não sabe, a ideia de John Carpenter era transformar a sua série em filmes independentes para serem lançados no período de Halloween, cada um com sua trama, seus personagens, deixando o serial killer Michael Myers enterrado no segundo filme. Infelizmente, o público não gostou da proposta e no quarto HALLOWEEN trouxeram o personagem de volta do mundo dos mortos. Ainda que HALLOWEEN 4 seja muito bom, a série só foi decaindo daí pra frente…
Enfim, em INITIATION a coisa funciona da mesma maneira que o terceiro HALLOWEEN, no sentido de não possuir relação alguma com os filmes anteriores da série a qual pertence. Na verdade, a coisa vai ainda mais além… Não apenas não tem relação como a história não tem absolutamente NADA a ver com o próprio Natal! Sim, o clímax transcorre numa noite de natal, há decorações natalinas em alguns cenários, uma cena de reunião familiar em volta da árvore de natal, mas a impressão que dá é a de que o roteiro foi escrito para ser um terror qualquer, independente de datas comemorativas. Suponho que em algum momento da pré-produção, resolveram que poderiam vender melhor o filme inserindo-o na série SILENT NIGHT, DEADLY NIGHT, acrescentando os devidos elementos de natal e pronto. Mas, querem saber? Isso pouco importa, porque INITIATION é muito bom!
Outro filme que INITIATION me lembrou vagamente foi O BEBÊ DE ROSEMARY, do Polanski. Trata-se de uma história de bruxaria, com rituais obscuros, mas com um subtexto de emancipação feminina que poderia se passar em qualquer época do ano. O filme começa com uma mulher que despenca do alto de um edifício em inspontânea combustão, sob o olhar do bizarrento Clint Howard. Depois, somos apresentados à protagonista, a belezinha Neith Hunter, uma aspirante a jornalista que quer mostrar serviço e começa a investigar esse estranho acontecimento para impressionar seu chefe (Reggie Bannister, da série PHANTASM) e tentar se igualar profissionalmente ao seu namorado, também jornalista. No entanto, a cada descoberta a moça se afunda num perigoso universo e acaba descobrindo que, na verdade, corre o risco de se tornar a próxima vítima de uma seita de bruxas, que tem Clint Howard como capanga.
Nada de muito original, mas nem tão óbvio quanto parece… algumas soluções são interessantes e gostei muito da direção do Yuzna. Confesso que preciso ver muita coisa dele ainda, só vi SOCIETY e este aqui por enquanto (pois é, nunca vi as continuações de RE-ANIMATOR), mas até agora tem se revelado um diretor notável, uma mente criativa do gênero do horror nos anos 80/90. O sujeito sabe como criar um climão bem elaborado, atmosférico, como nas cenas em que a mocinha tem alucinações pertubadoras com insetos – o enquadramento da barata gigante é de arrepiar – ou a tensa sequência em que Clint Howard entra em ação para raptar a protagonista . Além disso, é simplesmente sensacional os planos que Yuzna consegue criar tirando proveito dos efeitos especiais repugnantes criados pelo genial Screaming Mad George.
INITIATION não é uma obra prima, quero deixar bem claro que possui falhas, algumas coisas de roteiro mal explicadas, mas é terror dos bons! Algo que pode prejudicar (na verdade, nem me importo) é o fato de carregar o nome SILENT NIGHT, DEADLY NIGHT no título (a única referência que se faz à série é quando Howard liga a TV e está passando um dos filmes anteriores). Ignorando esse detalhe, temos um exemplar que merece ser redescoberto pelos fãs do gênero.
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Necronomicon e A Noiva do Re-Animator são ótimos filmes, mas achei Faust e o terceiro Re-Animator muito ruins!!!
Também conheço quase nada do Yuzna. Mas Society é um daqueles filmes difíceis de esquecer, então pretendo conferir mais alguma coisa do cara, talvez O DENTISTA, que muitos falam bem.
O pior é que este texto é uma republicação de uma postagem do ano passado do blog antigo. De lá pra cá ainda não vi nada do Yuzna… Hehe!