PROMETHEUS E CUMPRIUS!

Com o perdão da piadinha infame do título do post, mas cumpriu com folgas! PROMETHEUS é sensacional! Deve ser o melhor trabalho de Ridley Scott desde… quando? BLADE RUNNER, há trinta anos? E curiosamente marca o retorno do sujeito ao gênero que o consagrou (e ao universo ALIEN, que ajudou a criar, dirigindo o primeiro da série). Mas o que deve ser levado em consideração é que PROMETHEUS, cuja trama transcorre antes do filme de 1979, é um exemplar que caminha com as próprias pernas e não depende absolutamente em nada da franquia na qual está inserida. Utiliza de alguns elementos dos quais estamos familiarizados, mas desenvolve algo completamente novo, com seus próprios mistérios, personalidade e reflexões. E parece que isso não entra na cabeça da moçada que vem se decepcionando com o resultado. Metem o pau no roteiro, nas perguntas deixadas sem respostas (e talvez esperassem surgir na tela os famigerados aliens de dentes afiados babando aquela gosma transparente)… Tem defeitos? Tem. Mas como é bom poder conferir na tela grande um sci-fi cerebral que, ao menos em sua primeira metade, tenta  propor questões filosóficas, indagações metafísicas sobre a origem do homem, seguindo a tradição de clássicos da ficção científica existencialista, como 2001, do Kubrick, e SOLARIS, do Tarkovski, sem se preocupar em entregar respostas e soluções fáceis. Numa época em que a má vontade do público em botar a cachola para funcionar parece ser a regra, PROMETHEUS chega em boa hora para afrontar.

E como disse o amigo Leandro Caraça, “O filme começa como Kubrick e termina como uma produção zilionária do Roger Corman”. Então para quem reclama da falta de urgência, na segunda metade o filme chuta o balde e abre espaço para o bom e velho horror espacial, com direito a ataques de criaturas desconhecidas, personagens se ferrando bonito, inesperada dose de violência e sangue, suspense atmosférico de primeira qualidade, um clima tenso e crescente que culmina em deflagradoras sequências de ação… A cena que a personagem da Noomi Rapace precisa fazer uma cesária forçada, por exemplo, é de prender a respiração e se contorcer na poltrona! E quando as duas mocinhas (Noomi e Theron), ao final, tentam escapar de um esmagamento, correndo na mesma direção que a colossal nave alienigena está rolando (ao invés delas fazerem uma curva de 90º, um desvio óbvio), estava tão absorvido na ação em toda sua grandiosidade, que nem me importei com a imbecilidade das personagens (e se eu quiser realismo, vou assistir a um documentário).

Dizer que a parte técnica de PROMETHEUS é impecável, é chover no molhado. O visual é arrebatador do início ao fim; os efeitos especiais são deslumbrantes; o design de produção, de som, 3D, e o caralho à quatro, tudo em perfeita sincronia de acordo com as nossas necessidades sensoriais. No elenco (que é muito bom), destaco o desempenho da sueca Noomi, que faz uma protagonista forte e expressiva, além de ter uma beleza exótica de encher os olhos; e o Michael Fassbender, ator magnífico, que apesar de ser o andróide sem emoção da parada, consegue ser, de longe, o personagem mais tridimensional e interessante.

O veredito: Ignore por uns instantes a série ALIEN e suas baratas espaciais e aprecie PROMETHEUS sem moderação, um belíssimo sci-fi como há muito tempo não tinhamos, que te coloca para pensar e, de quebra, diverte à valer! Ridley Scott deve ter surpreendido até seus detratores com PROMETHEUS (que não fica devendo em relação às suas obras mais aclamadas, OS DUELISTAS, ALIEN e BLADE RUNNER), filmando com um rigor cinematográfico extraordinário que muita gente não esperava. Agora, quando o assunto for ficção científica, espero que o sujeito seja levado em consideração entre os grandes diretores do gênero.

8 pensamentos sobre “PROMETHEUS E CUMPRIUS!

  1. Belo comentário esse do Caraça. Filme culhudo demais na segunda metade, resolvido na raça.

    E achei que o filme até se explica demais…

  2. Fecho com o Ronald. Sou fã inveterado da saga “Alien”, e ainda mais do Ridley Scott, por seus trabalhos primorosos como “Gladiador”, por exemplo. Assisti Prometheus, saí com a convicção de ter a lacuna de minha expectativa muito bem preenchida. O filme prima por um impacto visual intenso (Scott era fotógrafo antes de diretor), e ótima cenas de ação e suspense. Ratifico que o filme tem vida própria, e transcende em muito o ranso do roteiro já batido do final da saga. Prometheus, não te dá todas as respostas, mas sedimenta as verdades mais importantes, que tangem por exemplo, a origem e identidade do
    Alien.

  3. É o “Suspiria” da Ficção Científica. O roteiro é uma merda? É. A filosofia é de boteco? É. Mas vai tentar fazer visuais tão fodas assim, mermão. Isso não existe na era do CGI. Que efeitos, que design e que… não acredito que estou dizendo isso… que 3D!

  4. Problema é que a cambada ta acostumada com filme que entrega tudo mastigado….como o Ronald disse no texto dele,se vc lança um filme que pergunta muito mais do que responde o povo começa com mimimi…
    O Ridley mesmo disse em entrevista que o filme tinha o DNA de Alien..mas era um filme que tinha vida propria.
    Pra mim um dos melhores do ano até agora..

  5. Um ótimo filme apesar das duras críticas recebidas pela imprensa. Um ótimo filme para quem é fã de ficção científica!!! Apenas isso!!! Curti bastante, ainda mais vendo em 3D no cinema.

    Agora estou na expectativa de “Prometheus 2”. Rs…

  6. Demofilo, o roteiro não possui nada de confuso. Esses críticos são muitos chatos! hehe… O filme abre sim, muitas questões filosóficas sem se preocupar a respondê-las, mas isso é ficção científica, pô! Eu adorei! Achei um grande filme… veja sem preconceitos!

  7. Falaram em roteiro confuso, profusão de personagens, imprecisões científicas clamorosas, etc etc Que o filme é só uma embalagem bonita, e muito pretensioso etc Enfim, mesmo sem ter visto o filme ainda, achei meio preconceituoso e de má-vontade todas essas críticas…

    DEMOFILO

  8. Engraçado, Ronald, é que os críticos têm batido tanto nesse filme, de forma praticamente unânime, que sinceramente me desanimou… Sua resenha, de um cara que considero bem quando se trata de filme, é um alento! Abraços…

    DEMOFILO

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